segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A rotina da velhinha e sua “gelada”

Um jovem de 18 anos entra na barbearia e começa um bate-papo descontraído até que nota algo preocupante. Ele vê uma velhinha sentada a mesa da manicure e logo abaixo da sua cadeira uma lata de cerveja. A velhinha conversa um pouco e segue saboreando sua gelada. É o modo que ele gosta de fazer as unhas, tomando sua “gelada” O jovem diz ao barbeiro:
- Aquela velhinha está bebendo mesmo. Que idade ela tem? – 82 anos – responde o barbeiro.
- Meu Deus. Não é perigoso?
O barbeiro diz que acha que ela está acostumada. E uma cervejinha com moderação não deve fazer mal. O rapaz chama à velhinha e diz:
- O minha senhora, me desculpe, mas a senhora não devia beber.
A velhinha olha e pergunta calmamente:
- E por que não deveria beber, menino?
- A senhora já tem muita idade, deveria se cuidar mais. Se cuidar bem da saúde poderá viver muito ainda.
A velhinha sorri e toma mais um gole sem se importar com a opinião do jovem.
Um mês depois a velhinha volta para fazer as unhas. Ela senta-se, coloca a cerveja em baixo da cadeira e pergunta ao barbeiro:
- O barbeiro, e como vai aquele teu freguês?
O barbeiro pergunta qual freguês? A idosa ela lembra:
- Aquele bem jovem que estava até preocupado comigo por causa da cerveja?
O barbeiro olha para a velhinha e diz em tom triste:
- A senhora não vai acreditar. Faz uns 15 dias, ele estava em sua moto e parece que havia bebido, e, infelizmente... Foi muito triste o que aconteceu. Ele só tinha 18 anos.
A velhinha ficou abatida com a notícia. Durante mais uns 6 anos ela seguia todo mês aquela sua mesma rotina.

Papo de barbearia (Ditados)

Alguém diz:
- Política, futebol e religião não se discutem!
Outro logo ali diz:
- É verdade! Isso só acaba em briga.
O que estava ao lado desse último discorda:
- Não acho que seja assim. Essas questões têm de ser discutidas sim. Acredito que o problema é a maneira como as pessoas discutem esses assuntos. Muitos querem ser os donos da razão.
Outro concorda e completa:
- O problema é que quando se fala “discutir” as pessoas logo lembram brigas, discórdias, e até de violência. Discutir pode ser trocar ideias. Ouvir com respeito à opinião do outro e mesmo que discorde, respeitá-la. Isso leva ao amadurecimento.
Dá-se então um silêncio e parece ter sido uma discussão proveitosa.

Seu “Manual”

- Seu Manual, qual a diferença de tão pouco e tampouco?
- Tão pouco meu jovem é “muito pouco, algo pequeno, curto, pouca coisa”.
Tampouco significa “também não ou nem”! Exemplos:
Quantas novidades em tão poucos dias. Não concordei com a resposta, tampouco aceitei novas ideias.
- Obrigado Seu Manual.

Entrevista com barbeiros

Convido os amigos leitores da coluna a conferirem uma entrevista com vários barbeiros antigos da nossa região. Participei dessa matéria devido o meu trabalho como cronista. A matéria está no Diário Catarinense no Caderno Continente dessa sexta-feira, dia 19, com a jornalista Gabriela Rovai. Entenda mais sobre o dia-a-dia dos barbeiros e do barbeiro escritor.

domingo, 21 de agosto de 2011

O jeito de falar do Tonho

O Tonho vive correndo. Trabalha desde bem cedo e não poupa nem fins de semana.
Outro dia ele passou em frente à barbearia de um amigo com sua bicicleta numa velocidade que deixaria até o Rubinho para trás. Minutos depois ele volta e diz olhando para um amigo que estava dentro da barbearia:
- O João, eu não vinha correndo com minha bicicleta rapaz, eu não escorreguei no areão ali na frente, eu não caí não me ralei todo rapaz.
João mais que debochado disse:
- Que bom Tonho. Que bom que você não vinha correndo, não escorregou, não caiu, não se machucou.
Tonho sem entender direito falou:
- Mas foi isso que aconteceu rapaz, só que ao contrário.
João com pena tentou ajudá-lo:
- Onde você está morando, Tonho? Tonho tentou responder:
João, não tem aquela rua que asfaltaram agora ali perto do posto de saúde? Não tem um supermercado? Não tem uma peixaria? Não tem uma casa de dois pisos nova? Então, eu moro ali do lado.
João colocou a bicicleta toda torta e o Tonho todo ralado dentro do seu carro e o levou até sua casa. Não pediu mais informações. Estava cansado daquela história do “não tem isso, não tem aquilo”. Quando chegaram à casa do Tonho sentiram um cheiro de churrasco de dar água na boca. Tonho desceu do carro e disse:
- O João, tu não quer descer? Não quer entrar? Não quer comer uma carne com a gente?

Papo de barbearia “Deus quis assim?”

As opiniões variam é verdade. Cada pessoa tem o direito de crer no que bem entende.
Mas depois de uma boa conversa e boa reflexão comentamos sobre alguns torcedores que subiram em um ônibus em movimento, digo, em cima do ônibus. Foi aqui em Florianópolis. Não importa para que time torcem. O ponto é, e se alguém tivesse morrido, ou se ferido gravemente o que se diria? Que “Deus quis assim ou era pra ser”. Deus quis assim com certeza não. “É muito fácil jogar para Deus a culpa por se dirigir em alta velocidade, embriagado e morrer ou matar e dizer que ‘era pra ser”. Não se culpa a Deus por nada, ainda mais por atos de irresponsabilidade ou pura imprudência. Isso também acontece em outras situações. Acontece quando a situação é estudar.
Ouvir pessoas dizendo que vão fazer um concurso público e está na “mão de Deus” é o fim da picada. Ouvir os que não passaram dizer que Deus não quis, ou não era pra ser também é feio. Parece fácil mesmo é ser irresponsável, negligente, e depois dizer, “Deus quis assim, era pra ser”.

Seu “Manual”

-Seu Manual eu escrevi: Houveram muitos acidentes nas estradas no fim de semana passado. Disseram que errei.
-Errou mesmo meu jovem! O verbo haver no sentido de existir, ocorrer, acontecer, na indicação de tempo passado é impessoal, não tem sujeito. Deve ficar na 3º pessoa do singular. Exemplos: Havia muitos manifestantes na rua. Houve muitos acidentes nas estradas no fim de semana. Ele não vinha aqui havia alguns meses. Entendeu?
- E se entendi seu Manual. Obrigado!


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Bicão profissional

Aurélio e Tomaz estavam a passeio numa cidade no interior de Santa Catarina quando de repente viram e ouviram uma estranha movimentação. Curiosos, aproximaram-se e viram que se tratava de um casamento. E festa de casamento de interior, é festão.
Aurélio convidou Tomaz a entrarem no salão. Tomaz argumentou que não haviam sido convidados e nem conheciam os noivos, disse que não iriam. Aurélio é bom na argumentação e acabou convencendo Tomaz.
Lá dentro viram o que não se vê em qualquer festa. Fartura. Era carde de todo tipo, o cheiro do churrasco e a gelada fez os dois amigos pensarem que tomaram a decisão certa. Com os pratos bem cheios de maionese, polenta frita, carne, muita carne, e uma cerveja bem gelada os dois sentiam-se no paraíso. De longe viam o noivo cumprimentando os convidados. Tomaz, receoso, perguntou a Aurélio:
- O que vamos fazer quando ele chegar aqui? – Com a boca cheia Aurélio respondeu:
- Fica frio. Tem muita gente, ele nem vai notar quem somos –
Minutos depois o noivo se aproxima. Tomaz sente o peito arder de medo. Aurélio parece não se importar. O noivo chega bem perto e diz:
- Olha aqui. Eu sei que vocês não foram convidados. Isso é uma festa de família. Terminem de comer e saiam, por favor – Tomaz em seus pensamentos dizia que queria desaparecer. Aurélio levantou-se e como se fosse amigo do noivo deu-lhe um forte abraço e lhe deu parabéns. De fato, quem via a cena até pensava que eles fossem amigos.
Até Tomaz que já conhecia o jeito de Aurélio ficou chocado com sua atuação.
Nem o noivo entendeu direito. Ficou em dúvida. Quando terminaram de jantar Aurélio a certa distância disse ao noivo em voz alta:
- Desculpe, temos mesmo que ir embora. A gente se fala.

Seu “Manual”

- Seu Manual eu escrevi que o preço do café está caro. Disseram que está errado –
- Está errado mesmo. Não use “preço barato ou preço caro”. Caro e barato já quer dizer que custa um preço alto ou um preço baixo. Procure usar, produto, mercadoria, serviço.
Exemplos: Este serviço está caro. Está barato o quilo do café neste supermercado –
Obrigado seu Manual!

Amantes da prata

“O mero amante da prata não se fartará de prata, nem o amante da opulência, da renda. Também isto é vaidade”, Eclesiastes 5:10 Tradução do Novo Mundo.
Há pessoas que nunca estão satisfeitas com o que têm. Desde aqueles que nada têm e sonham o quanto gostariam de multiplicar uma fortuna se assim a ganhassem. Até aqueles que sem escrúpulos apenas pensam em somar a custa da carência dos outros.

Preconceitos

Se ainda não foi a um urologista para o exame do toque, ou pensa em não ir, leia a crônica “Um dia com ele”. Um dia com o proctologista ou com o urologista não é o fim.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O velho, o garoto e o burro

A indecisão nos faz sofrer, nos deixa angustiados. Vou ou não vou? Compro ou não compro? Digo ou não digo? Pergunto ou não pergunto? Essa história de dizer que não me importo com o que os outros vão pensar não é bem assim. Um pouco de sensibilidade e responsabilidade nos faz levar em conta os sentimentos dos outros. Até que ponto a opinião dos outros deve nos influenciar?
Quem tem mais de 35 anos deve lembrar a história do “Velho, o garoto, e o burro”, é do inicio dos anos 60.
No entanto a história do velho, o garoto e o burro nos tranquiliza. Eu devia ter uns 5 anos quando ganhei da minha mãe um disquinho azul com a história do velho que teria que ir a cidade fazer algumas compras. O velho tinha um burro e no caminho convidou um garoto para acompanhá-lo na breve viagem. Os três seguiam numa boa até que alguém disse:
- Olha vê se pode. Um velho e um garoto a pé e um burro andando ao lado.
Depois de colocar o menino montado no burro e caminhar um pouco eles ouvem:
- O guri folgado. Coitado do velho. Ele é que devia montar no burro.
E lá trocam de lugar. Agora o velho seguia montado e o menino andava ao lado.
Não demorou e algumas senhoras disseram:
- Mas que velho sem vergonha. Pobre menino. Por que não o deixa montar?
O velho chama o menino para cima do burro e agora seguem os dois montados até que:
- Seus loucos. Querem matar o pobre animal? O burro não vai agüentar.
O velho já indignado desce com o garoto e diz que agora os dois vão carregar o burro.
Mal começam a jornada e já ouvem:
- Vejam aquilo. Um velho e um garoto carregando um burro, não acredito.
Os dois imediatamente largam o pobre burro no chão. Finalmente o velho respira fundo e diz:
- Garoto, monte você no burro. Se ficarmos ouvindo tudo o que as pessoas dizem não vamos chegar a lugar algum. Vamos seguir nossa viagem.
E assim foram. É assim que lembro dessa história há mais de 30 anos. Talvez eu não a tenha contado exatamente como estava em meu disquinho que não tenho mais. Mas tenho em mente até hoje a lição: Não que não devamos nos preocupar com a opinião dos outros, mas se dermos ouvidos a tudo que se diz, a cada crítica, a cada opinião contraria, talvez ficaremos sem sair do lugar como quase aconteceu com o velho, o garoto e o burro.

Seu “Manual”

- Seu Manual é verdade que não é recomendável a expressão “sendo que”?
- É isso mesmo meu rapaz. Não a use para unir orações. Prefira assim, por exemplo:
“Encontrei-me com alguns amigos, dois dos quais não via há muito tempo”. Viu como é possível evitar a expressão “sendo que”?

Não sabe o que quer

A senhora diz;
-Ah minha filha, estou tão velha, tudo dói, acho que não vou durar muito.
A manicure tenta animá-la e diz:
- Não fale assim. Acho que a senhora ainda viverá uns cinco anos.
A senhora arregala os olhos e retruca:
- Não minha filha, cinco anos só não. É muito pouco. Vou viver muito mais. Já estou até me sentindo melhor.