segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O jornal

Seu Amauri e seu João gostam de um bom bailão. Certa noite a namorada de seu João disse que estava indisposta, queria ficar em casa. Seu João disse que também iria para casa assistir um faroeste. Ele não resistiu. Com seus 78 anos foi sozinho a um clube. Lá seu João encontrou o amigo Amauri, de 70 anos. Durante o baile seu João não se contentou em ficar sentado. Dançou até as pernas quase doerem. Entre um rodopio e outro ele vê um pessoal da imprensa chegando, era uma equipe de um conhecido jornal. Seu João tentou arrastar a parceira mais pra lá e depois mais pra cá, tudo para escapar das fotografias. Logo a jornalista aproximou-se dele e o entrevistou. Ele disse que não gostaria de aparecer em fotos de jornal, argumentou que é muito tímido. Dois dias depois, já com a namorada, seu João caminha pelas ruas do bairro onde mora. No ponto de ônibus está seu Amauri. Seu João apenas acena para ele, mas seu Amauri fala alto:
- O João, já viu o jornal de hoje? Olhe a capa do jornal de hoje.
A namorada de seu João pergunta:
- Quem é ele? Do que ele está falando?
Seu João olha para Márcia e diz:
- Esse é um louquinho aqui do bairro. Não fala coisa com coisa. Deixa pra lá.
Márcia acaba deixando pra lá mesmo. Ao entrarem num supermercado Márcia diz a seu João que vai comprar o jornal. Seu João gira a cabeça e vê os jornais e aponta dizendo que está ali. Ele a acompanha e ao chegar perto vê sua foto bem na capa. Ele fica nervoso e apenas consegue ler alguma coisa do tipo “bailes animam idosos”, e lá está ele dançando com uma mulher. Ele sente o coração quase saltar pela boca. Márcia caminha distraída e não observa a capa do jornal. Seu João arrisca falar:
- Ah mulher não vamos comprar jornal não. Só tem notícias ruins – E já foi virando Márcia para outro lado. Ela diz que quer o jornal. Ele diz:
- Ta bom, ta bom, depois eu pego pra você. Deixa eu ver essa promoção de coca-cola.
Seu João faz mais compras do que pretendia e consegue fazer com que Márcia esqueça o jornal. Na volta seu Amauri ainda estava no ponto, seu ônibus só passa a cada 40 minutos. Seu João atravessa a rua e Márcia pergunta por que atravessar aqui se já vão ter que virar ali outra vez. Seu João caminha meio encolhido com vontade de acertar o nariz de seu Amauri, mas não quer que Márcia passe perto dele. Seu Amauri avista o casal e grita do outro lado da rua:
- E aí, compraram o jornal? Márcia coloca a mão na cabeça e diz:
- Que droga João, acabei esquecendo o jornal. Esse teu amigo pode ser louquinho, mas gosta de jornal, gosta de informação. Quero conhecê-lo.

Responsabilidade ou irresponsabilidade

Quem fiscaliza a pessoa que irá alugar um imóvel? Até onde vai a responsabilidade do proprietário? Muita gente boa aluga um imóvel, mas bandidos também têm alugado. A população, ou seja, nós os vizinhos somos colocados em risco. É preciso acontecer uma tragédia para depois tocarem no assunto?

Seu “Manual”

- Seu Manual, esta frase está certa? Se ela reouver os bens roubados, poderá nos ajudar a pagar as dívidas.
- É isso mesmo. Reouver e não reaver.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Amanhã

Que dia é hoje? Quando falamos que vamos deixar para resolver algo amanhã pode ser o dia seguinte ou uma forma de dizer futuramente. Há o velho ditado “não deixe para amanhã o que pode fazer hoje”. Embora haja também aqueles que dizem com tranquilidade “ah, deixa isso pra depois”. Nem sempre é prático deixar as coisas para “amanhã”. Um pedido de desculpas. Um, eu te amo. Até um, muito obrigado, amanhã pode ser tarde demais. No último sábado de setembro estive numa bela festa de casamento numa churrascaria aqui em São José. Entre os animados bate-papos, bebidas e boa comida tornou-se notório o comportamento de dois homens. Um deles com cerca de 43 anos, o outro, de cabelos totalmente brancos na casa dos 70. O mais jovem que era o pai do noivo aproximou-se do mais velho, pegou em sua mão e a beijou. Em seguida beijou seu rosto e por alguns instantes manteve a cabeça desse senhor encostada em seu peito enquanto acariciava seu rosto. Pai e filho numa demonstração de carinho. Minutos depois, minha esposa e eu elogiamos sua atitude. O belo gesto de carinho era discreto, mas tocante. Trinta dias se passaram e recebemos a notícia da repentina morte do pai, um infarto. A imagem que nos veio à mente era aquela. Pai e filho numa bela demonstração de carinho.
Sabemos que os dias continuam com as mesmas 24 horas de sempre. Os anos continuam com 365 dias e o mesmo período de duração. Por que a impressão de que está passando tão rápido, muitos se perguntam. Essa louca “correria” do dia-a-dia pode ser uma armadilha. Armadilha de nos tirar não a liberdade, mas de nos prender em um sentimento de “por que não passei mais tempo com ele ou ela”, “por que não a visitei”, ‘por que não disse aquilo que seria tão importante”? Parece que quando se trata de nossos mais importantes relacionamentos “amanhã” pode ser tarde demais. Que dia é hoje? É dia de fazer o que tem de ser feito e dizer o que tem de ser dito. É dia de calar-se diante do que não é importante e demonstrar os melhores sentimentos. O presente é hoje. Amanhã é um talvez. Aquele último sábado de setembro foi a última oportunidade de pai e filho demonstrarem o que sentiam. Que bom que aquele filho não deixou a demonstração de seus sentimentos para um “amanhã”.

Seu “Manual”

- Seu Manual qual é a diferença entre caçar e cassar?
- Veja só meu jovem. Caçar é quando significa procurar. Como caçar um animal.
Cassar significa anular. O congresso cassou o mandato de três senadores.
- Ficou claro. Obrigado Seu Manual.

Não

Pode ser difícil dizer não. Em algumas situações parece quase impossível. Mas saber dizer não sempre que necessário pode evitar problemas e dores de cabeça. Para quem diz não dói na hora, mas pode evitar dores no futuro e até manter uma amizade.