segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Quem tem tempo de morrer?

Ela é implacável. Atinge jovens e idosos, com boa ou má saúde. Não controlamos nosso tempo de duração. Há quem se contente com 70 ou 80 anos. Dizem que se chegarem lá (na casa dos 70 ou 80) estarão satisfeitas. Não acredito. Não me cabe julgar, mas por mais simples e despretensiosa que seja a pessoa, é muito pouco. Já ouvi homens na casa dos 50 dizendo que assim que se aposentassem iriam para sua casa de praia esperar a morte chegar. Que loucura. Por outro lado conheço gente que mesmo que quisesse não tem tempo de morrer. Trabalhos, estudos, planos, hobby, etc. Não sobra um tempinho pra morrer, ou como diria um bom Mané: não dá nem tempo de dar uma morridinha. O Oscar Niemeyer era um desses. Também se hoje alguém morresse com 120 anos não teria em seu funeral seus pais, seus amigos de infância, tios, primos, filhos, colegas de trabalho. Mas não faltariam pessoas para a despedida. É claro que a vida, ou nosso organismo, difere um do outro. Há os que se vão cedo, outros mais cedo ainda, quando ainda tanto queriam realizar, lamentável. O capitão Rodrigo Cambará, de O tempo e o vento, de Érico Veríssimo, pediu para sua amada Bibiana, dizer a seu filho o seguinte: Teu pai, o capitão Rodrigo, sugou a vida até deixar só o bagaço. Um amigo disse que no dia de sua morte quer estar bem consciente, afinal será o dia mais importante de sua vida. Com tantas coisas boas a fazer. Com tantas coisas lamentáveis a observar, ainda assim há os que dizem: Se viver é um cansaço quero ficar para sempre cansado. Tantas voltas só para dizer que é ruim pensar em morrer com tantas coisas a fazer. O leitor que há pouco perdeu alguém amado para o sono profundo pode se ressentir do assunto, mas enquanto há vida há esperança, já é velho o ditado. Nós, os que ainda estamos lendo, temos de pensar na vida e na morte. Complexo? Não pensar na morte é quase inevitável. Não me atreveria a ir tão longe quanto a um conhecido que já até comprou seu caixão, ui. Tomara que a correria do dia a dia. O trânsito infernal. Os compromissos com o trabalho e empresa. As expectativas da família. Nosso hobby. O retorno de nosso time a elite. Que tudo isso nos faça pensar mais na vida. Ou em como estamos a conduzindo. Definitivamente estou sem tempo de morrer. Pretendo arrumar mais algumas atividades. Mas se um dia ela chegar, e quem é louco para disso duvidar, quero que a vida seja bem aproveitada. E o leitor, como está seu tempo? Se tiver com tempo sobrando, sem planos e objetivos, tome cuidado, pode acabar sobrando tempo para...

A mulher do barbeiro

Olivia já andava cansada com as contas atrasadas. Como assistente de uma dentista em Florianópolis ganhava pouco mais de mil reais por mês. O marido, Jaime, havia montado uma barbearia fazia quase um ano. Moravam nos fundos do terreno dos pais de Jaime. Quando precisavam de um carro, usavam o carro dos pais de Jaime. O movimento na barbearia não era de todo ruim, mas para sustentar a casa, nem pensar. Perto da barbearia de Jaime em Biguaçu, moravam Vânia e Carlos. Vânia era vendedora em uma loja também em Florianópolis. Carlos, estava desempregado. Certo dia Vânia e Carlos observaram um barbeiro da região que parecia prosperar rapidamente. O casal conversou, trocou ideias e tomaram uma decisão; Carlos montaria um negócio semelhante. Meses depois, Vânia fora a uma dentista. Os dentistas têm uma estranha mania de puxar assuntos com seus pacientes. O paciente ouve as perguntas, tem vontade de responder, mas com o sugador no canto da boca fica difícil, não dá pra conversar com dentistas, não nessas horas. Mas Vânia deu um jeitinho e falou: - Meu marido, o Carlos, acabou de montar seu próprio negócio. Agora ele é barbeiro. É uma ótima profissão, dá muito dinheiro. A dentista apenas concordou balançando a cabeça. A assistente ficou com vontade de desabafar sobre a barbearia de Jaime. Tinha vontade de dizer que ela é quem arcava com a maior parte das despesas, mas pensou, pra que desanimar a coitada? A Vânia continuou: - É sério gente. Lá perto de casa tem um rapaz que montou uma barbearia e em poucos meses já tem casa própria, tem um Uno Zero e está numa boa. Olivia não resistiu e perguntou mais detalhes sobre o local da tal barbearia. Vânia confirmou. Ela referia-se ao marido de Olivia, Jaime. Olivia não sabia se dizia a verdade, que demora até montar uma boa clientela, que ela é que assumia a maior parte das despesas da casa. Tinha pena da pobre Vânia, que mostrava-se tão otimista. Olivia não resistiu e falou: - Eu conheço o tal barbeiro! – Vânia, impressionada, perguntou: - Conhece ele de onde? – Olivia, respondeu: - É meu marido – Vânia ficou constrangida, sentiu um aperto no peito e disse: - Poxa, é mesmo? – Olivia desabafou: - Tomara que dê tudo certo, mas, o carro que dirigimos é dos meus sogros. A casa em que moramos fica nos fundos do terreno dos meus sogros. A principal renda da família é a minha, não a deu meu marido. Vânia ficou pasma. “Como cometemos tal engano?” Pensava ela. Ela lembrou que seu sogro também tinha um bom carro. Ela e Carlos moravam de aluguel, mas quem precisava saber? Pra todos os efeitos, a barbearia do Carlos estava indo muito bem. Pra que dar detalhes?

Respostas estranhas

Tenho assistido entrevistas onde se pergunta: O que você faria se o mundo fosse acabar? As respostam giram em torno de prazeres e dos mais variados. De fazer loucuras, de se liberar. Não ouvi ninguém responder algo ligado a espiritualidade. A algum valor maior. Não ouvi pessoas falando a respeito de Deus ou de Cristo. Ou as pessoas não têm pensado nisso ou estão sem esperança mesmo. Não acredito em fim do mundo. Só acho lamentável tantas pessoas pensarem que se fossem realmente morrer “amanhã” tudo que lhes interessaria seria suas satisfações pessoais. Não é a toa que se nota tanta falta de paciência, de respeito e de amor ao próximo.

Seu Manual

- Seu Manual qual é a regra para dizer preço caro ou barato? - Não se usa preço barato ou preço caro, pois caro/barato já quer dizer que custa um preço alto ou que custa um preço baixo. Use produto, mercadoria, serviço – barato ou caro. Exemplos: Este serviço está caro. Está barato o quilo do café neste supermercado. - Obrigado!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A língua do Joãozinho

Se é difícil controlar uma criança sapeca quanto mais a língua de uma criança assim. O Joãozinho, sempre ele, sempre é um tal de Joãozinho, parece até preconceito com o nome. Mas esse menino era demais, dizia o que vinha a cabeça, ou a boca. Certo dia viu uma mulher grávida e já perguntou: - É macho ou fêmea? - Cala essa boca. - Dizia Lucia, a mãe – Se diz menino ou menina, entendeu? Outro dia na praia viu um homem muito barrigudo e perguntou: - Moço, vai ser menino ou menina? – Mais uma bronca da mãe. Lucia não sabia mais como lidar com a língua do filho. De repente toca o telefone. Uma das amigas de Lucia, a Vera, havia acabado de ganhar seu bebê. Mas o que assustava era a segunda parte da notícia que dizia: O filho da Vera nasceu sem as duas orelhinhas. Se isso chocou as amigas quanto mais Lucia, a mais sensível. Decidida em visitar a amiga e o bebê Lucia lembrou da bendita boca do filho. Como controlar sua boquinha? Lucia pensou, chamou Joãozinho e disse: - Joãozinho, o filho da Vera nasceu. - Que bom mamãe! Quando vamos vê-lo? - Filho, preste atenção, o neném não tem as duas orelhinhas, se você fizer alguma piadinha, se disser alguma gracinha eu te dou uma surra, entendeu menino? – Joãozinho arregalou os olhos talvez tentando imaginar o pobre menino. A mãe olhou bem para Joãozinho e disse: -Em todo caso eu vou te dar umas chineladas agora mesmo, só para garantir. E Joãozinho sem receber um voto de confiança recebeu várias chineladas. Em seguida saíram para visitar Vera e o bebê, Joãozinho ainda soluçando. Assim que Vera entra na sala com o neném nos braços só se ouve: -Ah ele é lindo! É mesmo uma graça! Minutos depois todas as amigas estranham o silêncio de Joãozinho e sua mãe lhe diz: -Filho eu disse para não fazer piadinhas, não disse que tinha de ficar mudo- Joãozinho disse em tom triste, mas firme: -Deus abençoe os olhos dele - As amigas disseram: -Meu Deus Lucia, que menino sensível! Que linda acabou de falar. Como podem dizer que é arteiro, que só fala bobagens?- A mãe orgulhosa perguntou o porquê “Deus abençoe seus olhos”? Joãozinho respondeu: -É pra que ele nunca precise usar óculos!

Insensibilidade – desatenção – Ou...

Nada melhor que um papo de barbearia para trazer a tona nossos foras, nossas gafes. Que atire a primeira pedra aquele que nunca tiver dado uma “pedrada” em alguém. A mariana, empresária, chega a uma festa de uma turma de amigos do marido que haviam acabado de passar no vestibular. Assim que vê o primeiro careca lhe dá os parabéns. O careca gentilmente responde: - Obrigado. Mas eu não prestei vestibular, sou assim mesmo. Ele aqui é que passou – disse ele apontando para outro careca. Helena é advogada, seu avô havia falecido no último sábado. Na segunda-feira, assim que chega ao escritório em que trabalha desabafa com uma colega: - Meu avô morreu sábado. Foi sepultado ontem – A colega compartilha assim: - E eu então? Meu calo inflamou – Helena não podia acreditar no que acabara de ouvir. Ela desabafa sobre a morte do avô e a colega compara com o seu calo que inflamou. Tem um rapaz que é barbeiro, não vou dizer seu nome, nós barbeiro costumamos ser muito discretos nessas coisas. Era uma sexta-feira de verão, um cliente sentou e disse em tom de lamento: - Minha avó acaba de morrer. Foi há cerca de três horas. - Sinto muito – disse o barbeiro. A conversa seguiu com aquelas perguntas de sempre. Quantos anos tinha, se estava doente, etc. Uns 20 minutos depois e o barbeiro de memória curta conseguiu perguntar em tom animado ao rapaz: - E aí Pedro, vai fazer o que amanhã? Pegar uma praia? – O Pedro olhou através do espelho e disse com tristeza: - Não. Amanhã vou ao enterro de minha avó que acaba de falecer. O barbeiro pediu mil desculpas. Então nos perguntamos: em cada um desses casos foi insensibilidade, falta de atenção, memória curta, ou o quê? Que xingue de insensíveis os três citados acima aquele que nunca se arrependeu por falar uma indelicadeza. Ou aquele que sempre leva em consideração os sentimentos dos outros. Mas se não viu nenhum problema nos casos acima pode ser sinal de insensibilidade.

“Santa inocência Batman”

Com todas as informações disponíveis. Com alertas constantes por parte dos especialistas em segurança, ainda há muitas pessoas “inocentes”. Namorar, trocar confidências, mostrar muita intimidade, total confiança; pela internet, é no míninmo como diria o Robin ao parceiro morcego: santa inocência Batman. Crer num príncipe do outro lado da tela ainda acontece. Há um conselho ainda mais sábio. “Argucioso é aquele que tem visto a calamidade e passa a esconder-se, mas os inexperientes passaram adiante e terão de sofrer a penalidade”. Provérbios 22:3 Tradução do Novo Mundo.

Seu Manual

- Seu Manual eu li: várias agravantes e uma atenuante. Está certo? - Sim!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Saber responder

Em tempos de pouca paciência o seguinte conselho é útil em todas as ocasiões, com quase todas as pessoas: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Provérbios 15:1 Bíblia. João Ferreira de Almeida. Quem já experimentou sentiu o valor desse conselho. Diante o marido ou esposa, filhos, pais, amigos, colegas de trabalho ou escola, trânsito. Ser do tipo “não levo desaforo pra casa”, além de mostrar certa fraqueza e falta de domínio, pode levar a coisas piores. Ofensas irreparáveis e violência extrema são algumas das conseqüências de não aplicar o sábio conselho do Grande Livro.

Fim de noite

Osmar estava sem carro aquele final de semana, mas não seria um carro na oficina que o deixaria em casa. Depois de um banho especial e uma barba que o deixou com o rosto feito bumbum de neném ele ainda passa Kaiak e sente que está irresistível. Com uma boa roupa e cabelo ajeitado pega um táxi em Biguaçu e vai a seu clube preferido. Assim que entra deixa seus olhos verdes olharem em todas as direções acreditando que será à noite. De repente avista uma bela mulher. Ela é morena, cerca de trinta anos e olhos azuis. Osmar aproxima-se e elogia seu cabelo. Antes mesmo que ela o agradeça ele oferece uma bebida. A morena aceita com um lindo sorriso. Conversa vai e vem. Ela diz que é promotora pública e está neste clube pela primeira vez. Disse que estava ali para se divertir. Já por volta da meia noite despedem-se e ele diz que irá pegar um táxi. A bela morena oferece uma carona e Osmar prontamente aceita, pensa que sua noite está apenas começando. Assim que entra no carrão da promotora nota algo interessante. O carro tem adaptações e Osmar diz: -Hum, você tem carrinho de deficiente? A morena com ar de decepção levanta lentamente o braço esquerdo e só então Osmar vê o que não havia notado em duas horas de bate-papo. A mulher não tem a mão esquerda. Osmar tenta remendar. Tenta consertar. Até se desculpar, mas, depois de alguns estragos alguns consertos não dão jeito. Com um clima alterado, Osmar sai do carro e pensa que devia ser mais observador. Fim de noite.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Exame íntimo – Colonoscopia

Sempre achei que o exame do toque fosse o mais delicado, o mais íntimo, o mais difícil. Um dia alguém falou sobre uma tal de Colonoscopia. Deram detalhes. Começaram comparando com uma Endoscopia, mas a diferença estava no caminho percorrido por um tubo luminoso, longo e flexível com uma câmera. Enquanto na Endoscopia entra pela boca e vai até o estômago, o que me fazia pensar em dor e enjoo, na Colonoscopia o trajeto é outro, a começar pela entrada. Torcia para que nunca precisasse desse exame, ou então que fizesse só depois dos 70, com todo respeito aos da casa dos 70, mas é que nessa idade, imagino, o homem tem mais coragem, mais maturidade. Imaginar a entrada do aparelho se dói, se dá enjoo, é horrível. Pois enfim chegou o dia, bem mais cedo que eu poderia imaginar. A preparação é de fato delicada. Laxantes, dieta, muito Gatorade, nada de comida. Lá no HU, ótimo atendimento por sinal, tanto pelas enfermeiras bem como pela higiene do local, dei continuidade a preparação. Um líquido nada gostoso que deveria tomar em pouco mais de uma hora. Tomei em menos de meia hora. Sabendo que iria várias vezes ao banheiro e querendo proteger a parte do corpo que seria invadida levei lenço umedecido. Minha mulher meu repreendeu por eu desfilar de avental e roupão e com o pacote de lenços umedecidos pelos corredores do hospital. Nada de vergonha. Nove visitas ao banheiro. Acertei em levar os lencinhos. Finalmente minha chamada. O médico, a enfermeira, e mais três estagiários, duas moças e um rapaz, na faixa dos 20 anos. Os três jovens evitavam me encarar, não sei se por vergonha ou se lá no fundo estavam com vontade de rir, vai saber o que passa pela cabeça deles. Fiquei apreensivo imaginando o início do exame. Anestesiado, virei de, digamos, de costas para o pessoal e os deixei a vontade para o exame. O medo da dor foi uma triste surpresa. Esperava que doesse, não doeu nada, do começo ao final, nada de dor. Não sei até que ponto isso é bom. Ano que vem farei 40 anos. Será a vez do toque, já fiz um parecido, mas depois da Colonoscopia acho que tudo fica mais fácil, refiro-me a exames. Se já fez esses exames, parabéns. Se ainda não fez por medo ou preconceito, mude de ideia amigo. Esses exames podem significar vida, e não fazê-los, a morte. É sério. Quando fizer o seu, não deixe de contar aos amigos, incentive-os. A Colonoscopia pode revelar problemas tais como o câncer, entre outros é claro, que se detectados a tempo tem grandes chances de cura.

Saber responder

Em tempos de pouca paciência o seguinte conselho é útil em todas as ocasiões, com quase todas as pessoas: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Provérbios 15:1 Bíblia. João Ferreira de Almeida. Quem já experimentou sentiu o valor desse conselho. Diante o marido ou esposa, filhos, pais, amigos, colegas de trabalho ou escola, trânsito. Ser do tipo “não levo desaforo pra casa”, além de mostrar certa fraqueza e falta de domínio, pode levar a coisas piores. Ofensas irreparáveis e violência extrema são algumas das conseqüências de não aplicar o sábio conselho do Grande Livro.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O sofá do Aderbal

Aderbal sonhava em ter um sofá bonito em casa. Sempre que andava pela Felipe Schmidt, olhava as lojas que exibiam belos sofás. Quando ainda solteiro, mas já namorando, foi encontrar a amada no Shopping Itaguaçu, iriam ao cinema. Mas é claro, Aderbal primeiro admirou um belo sofá e pensou que quando casado, teria um daqueles em sua casa, mesmo que fosse uma humilde casa. De repente, lembra da namora e caminha em direção ao cinema. Aderbal é um sujeito um tanto romântico e pensa em comprar balas para a amada. Numa dessas lojas vê balas coloridas e mesmo sabendo que tem pouco dinheiro pede duzentos gramas de bala. Aderbal pensa que vira o preço do quilo, mas que nada, era o preço de cem gramas. Quando a simpática moça lhe dá o preço, ele fica pasmo. Envergonhado, não diz que se confundiu com o preço, achando que era preço do quilo, não de cem gramas, a bala era cara mesmo. Aderbal paga a conta e nota que sobrou exatamente o valor das entradas do cinema. Ele fica preocupado com a possibilidade de a namorada pedir pipocas ou algo parecido. Não tinha dinheiro nem para uma água. Assim que se encontram começam aquelas coisas de namorados: -Oi amor. -Oi meu lindo. Senti saudades. -Eu também. Você ta linda. Vamos? -Hum, vamos meu cheiro. Ela olha para a pequena lanchonete, ali no cinema. Aderbal, vendo seu olhar, lembra que não tem mais um centavo. Antes que ela peça algo, ele diz: -Ta com sede, Helena? Porque se estiver com sede tem um bebedouro aqui. Aproveite e tome água agora e não terá de levantar depois. Meio sem entender o deselegante convite ela vai até o bebedouro e toma água. Três anos depois... Casados, Aderbal e Helena resolvem comprar um sofá. Havia chegado o dia tão aguardado por Aderbal. Assim que entram no Koerich, ele vê o sofá. O sofá é um sonho. Faz até lembrar aqueles sofás das novelas das nove. Aderbal senta, estica-se, Helena senta na outra ponta, o sofá forma um L. Chega o vendedor e diz: -Ah, vejo que gostaram. É muito confortável, não é mesmo? -O, e se é! – diz Aderbal, empolgado. -Querem ver outros? -Não, não, é esse mesmo, é o sofá que sempre sonhei! Feita a compra se despedem do vendedor e vão aguardar o sofá em casa. -Aderbal, Aderbal- grita a Helena- O caminhão chegou, o sofá chegou. Os entregadores pedem licença para entrar e tentam: -Pra lá, não, pra cá, vira, vira, não, não, ah meu Deus – diz um dos entregadores. O outro olha para Aderbal e diz: -Olha amigo, não entra de jeito nenhum, não vai caber na sua sala. Aderbal, desconsolado, mede daqui, mede dali e nota que não cabe mesmo. Tristes, olham os homens levarem de volta o esperado sofá. Aderbal senta no chão da pequena sala, da pequena casa. Helena com as mãos na cintura não sabe o que dizer. Mas Aderbal levanta-se e a convida para irem ao cinema. Antes de saírem, Aderbal olha para Helena e diz: -Se estiver com sede, tem água na geladeira.

Opiniões

Quando damos nossa opinião a respeito de um assunto de pouca importância pouca importância terá nossa opinião. Quando o assunto é sério merece uma séria opinião. Portanto quando opinar sobre algo relevante seja no âmbito religioso, político, social, cultural; certifique-se de mais informações, conheça bem o assunto em questão. Verifique os fatos, o que é boato, o que é verdadeiro. Simplesmente dizer que a voz do povo é a voz de Deus é o fim. E opiniões “vazias” é o que mais se ouve por aí.

Seu Manual

- Seu Manual eu li: Cada convidado como em média “duzentos gramas” de carne. Está certo? - Sim. Duzentos gramas, e não “duzentas gramas”. - Obrigado!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Pare e pense

Alguns acham que não é muito bom pensar demais. Talvez acreditem que o pensar demais inibi decisões. Outros gostam de boas reflexões. Veja dois casos. Primeiro - O exemplo deixado nessa crônica. O dono de um pequeno comércio, amigo do poeta Olavo Bilac, (1865 – 1918) abordou-o na rua: - Senhor Bilac, estou precisando vender o meu sítio que o senhor tão bem conhece. Será que poderia redigir um anúncio para o jornal? Bilac escreveu: - Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranquila das tardes na varanda. Meses depois, o poeta encontrou o homem e perguntou se havia conseguido vender o sítio. - Nem pense nisso – disse o homem. E acrescentou – Quando li seu anúncio é que percebi a maravilha que tenho. Como é comum darmos valor a algo apenas depois de perdê-lo. Não precisa ser assim. Segundo – Um rapaz contou que assim que chegou a adolescência começou a sentir vergonha de beijar seu pai, principalmente em público. Depois pensou melhor e achou aquilo uma bobagem, sabe lá por quanto tempo terei meu pai comigo, refletiu o jovem de 15 anos. Em menos de um ano seu pai adoeceu e morreu. Ele diz que se sente feliz por não ter deixado de demonstrar o carinho que sentia pelo pai, inclusive em público. Quem sabe se tivéssemos o hábito de pensar sempre antes de falar e agir faríamos muitas coisas diferentes. Olhar a volta e ver o que temos hoje, trabalho, saúde, amigos, planos, esperança. Não esperar por datas comerciais para distribuir beijos e abraços e reafirmar nosso amor, nosso carinho aos que realmente amamos. Um radialista dizia: - Não é bom parar, porque se parar a gente pensa e se pensar a gente chora. O problema não é o parar e o chorar. O problema é se choramos de saudades, alegrias, ou remorsos. O amigo do poeta Olavo Bilac conseguiu parar e pensar. Viu o quanto tinha. O garoto de 15 anos parou e pensou sobre a brevidade da vida, sobre por quanto tempo teria seu pai por perto. Ambos foram beneficiados por parar e pensar.

O tal sujeito

O barbeiro Zezinho era um cara paciente, para alguns até um tanto bobo. O Gervásio, do cachorro-quente, era durão, não levava desaforo pra casa, e nem fazia fiado. Um tal sujeito, novo no bairro, tinha uma lábia fora de sério. O tal sujeito foi até o carrinho de cachorro-quente de Gervásio e lhe passou uma conversa. Aquela história de que acabou de pegar um serviço, ainda não recebeu e ta separado, tudo muito difícil. Conseguiu o quase impossível, um cachorro-quente fiado. No dia seguinte passou a conversa no barbeiro Zezinho. O sujeito pediu fiado, cabelo, barba e bigode. Disse que até havia comprado um cachorro-quente no vizinho, Gervásio, mas que ainda não tinha recebido para poder pagá-lo. Assim que fizesse cabelo e barba iria ao banco retirar dinheiro. Voltaria imediatamente pagar o barbeiro. O Zezinho aceitou. Enquanto Zezinho barbeava o bom de papo, ficou sabendo que ele iria até o banco a pé, na Rua Leoberto Leal, em Barreiros. Como era um dia muito quente, Zezinho sentiu pena do sujeito e lhe ofereceu dinheiro para o ônibus. Disse que poderia pagar junto com o cabelo e a barba. O sujeito aceitou. Ainda bem que o tal sujeito não preferiu um taxi. No dia seguinte, logo cedo, Gervásio foi até o salão de Zezinho e disse: - É verdade que tu fizeste fiado para aquele cara? Ele fez cabelo, barba e ainda tu deu dinheiro pra ele pegar o ônibus? Tu és muito burro! O barbeiro respondeu: - Tu também vendeste um cachorro-quente pra ele, não vendeu? - Ah, mas eu não vou deixar assim. Acabei de descobrir onde ele trabalha e fui até lá. Dei uma dura nele. O cara ficou apavorado. Disse que ainda hoje vem me pagar. De bobo eu não tenho é nada! No dia seguinte o barbeiro foi curioso até o carrinho de cachorro-quente do Gervásio e perguntou: - E aí Gervásio. O cara veio te pagar? - O Zezinho, tu nem sabe. O cara é gente fina mesmo. Esteve aqui ontem à noite, levou mais três cachorros-quentes, uma coca-cola, e uma cerveja e disse que vêm pagar nós dois ainda hoje. Oito anos depois Zezinho e Gervásio ainda estão esperando o tal sujeito. Talvez esteja voltando a pé.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Unidos e separados

Depois de anos de união, seu Álvaro e dona Maria decidiram pela separação. Diálogos, discussões, desacordos, e talvez desilusões levaram um casamento de 15 anos ao triste fim. Separações são sempre dolorosas, sempre deixam cicatrizes e como essas marcas não precisam ser físicas, nem sempre são tratadas. Marido sofre, esposa sofre e filhos sofrem muito. Três meses haviam se passado desde a separação quando a família foi surpreendida por uma notícia mais difícil que a primeira. Dona Maria fora diagnosticada com uma doença degenerativa. Grave, sem cura, penosa. Seu Álvaro levou consolo a ex-esposa e a filha Bruna de 14 anos. Ao olhar para a ex-companheira percebeu que apenas um consolo, um abraço e um tudo vai ficar bem, seria pouco, muito pouco. Seu Álvaro decidiu que a partir daquele dia, embora divorciado, cuidaria de dona Maria sempre, quanto tempo e com o que fosse necessário. Com o tempo lhe apareceu um novo relacionamento, uma nova união. Com uma condição inegociável. A nova esposa teria de concordar plenamente com seu apoio a dona Maria. Os anos foram passando e a doença aos poucos destruindo a qualidade de vida de dona Maria. Precisava de ajuda para praticamente tudo. Até ficar sentada já era difícil. A única resistência dela era quando ia ao banheiro. Mesmo com todo o apoio de seu Álvaro e sua anterior convivência, isso não lhe conformava. Ele também nisso a respeitava. Criou mecanismos simples e úteis para ela ficar mais a vontade. Treze anos se passaram. Dona Maria descansou. Seu Álvaro chorou ao lado daquela que um dia fora sua namorada, um dia sua esposa, um dia sua amiga e paciente. Hoje seu Álvaro diz que se lhe perguntassem por que eles se separaram não mais encontraria uma resposta cabível. Ele apenas sabe que estiveram sempre unidos.

Indelicadezas

Sempre é bom guardar boas expressões, bons conselhos. Outro dia um cliente amigo, seu Marinho, psicólogo, disse: - Como é triste quando alguém chega até nós e desabafa sobre algum problema, sobre alguma dificuldade que está passando, e a pessoa que ouve a interrompe contando um problema seu. Anula a angústia do outro. Gostei dessa reflexão. Arte de comunicação é mesmo ouvir!

Verdades podem doer

Falar ou escrever pode ter consequências. Aparentemente todos gostam da verdade, ou pelo menos, dizem gostar. Uma jovem estudante catarinense expressou-se a respeito da escola em que estudava e tem tido duras consequências. Na imprensa os que costumam falar a verdade a princípio são elogiados. As pessoas dizem: “Esse é corajoso, fala a verdade, diz o que outros não têm coragem”. Até o dia em que o “elogiado” diz ou escreve algo que dói. Dói porque é verdade ou por que foi grosseiro? Descartada a grosseria fica a verdade, que muitas vezes dói. Exemplo: Dizer que com o feriadão pela frente vários irresponsáveis vão morrer e matar. Famílias chorando, camas vazias, carros arrebentados estampados nas capas dos jornais. A velha desculpa: Era pra ser assim. Tinha que acontecer. Chegou a sua hora. Não precisava ter sido assim. Poderia não ter acontecido. Hora marcada? Isente-se de culpa os culpados. A verdade é que falta responsabilidade.

Seu Manual

- Seu Manual eu li: No acidente, Pedro quebrou a omoplata. Está certo? - Sim. É a omoplata!

Eurico só queria um elogio

Pobre do Eurico parecia que tudo de bom que fazia passava despercebido. Jamais recebia um elogio. Nem pais, nem tios, nem professores, nem as meninas, nem as mulheres. E o detalhe é que ele era um cara e tanto. Trabalhador competente no ramo da informática, educado com todos: sujeito especial. Incrível que ninguém o elogiava. Certo dia na empresa em que trabalhava houve uma confraternização, e seu Evaristo, dono da empresa, faria vários elogios a vários funcionários. Eurico e seus amigos tinham a certeza: É hoje, é hoje que Eurico receberá o tão esperado e merecido elogio. Seu Evaristo começa seu discurso: - Temos em nossa empresa funcionários da mais alta qualidade. Lucas, com seu jeito introvertido é um exemplo de sensatez. Maria Eduarda, parece séria demais, é uma empreendedora. E segue com os elogios. Finalmente seu Evaristo olha para Eurico e abre a boca; nesse instante é interrompido por uma secretária e sai. Frustração. Mais uma vez sem elogios. Um chope com os amigos o reanima. Em outro lugar, num restaurante de Florianópolis, seu Evaristo janta com empresários. Quando seu Evaristo cita o nome de Eurico um empresário bem sucedido a sua frente diz: - Eurico trabalha em sua empresa? Meu Deus. Esse rapaz é um dos melhores do ramo aqui da região. Honesto e dedicado. Queria eu tê-lo em minha empresa. Que competência! Seu Evaristo lembra com constrangimento que jamais havia notado isso e jamais havia elogiado Eurico. Como fui tolo, que injustiça, pensou seu Evaristo. Decidiu que na manhã seguinte elogiaria o grande funcionário. Manhã seguinte, assim que seu Evaristo vê Eurico o chama e diz: - Eurico, bom dia. Quero falar com você. - Bom dia, seu Evaristo – O patrão prossegue: - Eurico, ontem estive num jantar com importantes empresários e alguém falou muito sobre você – Seu Evaristo se referia ao homem que havia elogiado a Eurico - Me diga, Eurico, lembra do “fulano de tal”? – Eurico responde com convicção: - Claro que conheço seu Evaristo, é o homem mais mentiroso que conheci em todo a minha vida. Não confie nele!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A fé nos gols

João Marcos é repórter há mais de dez anos. Atualmente cobre partidas de futebol como repórter de campo. Tem lá suas dúvidas quando o assunto é religião. Acha tudo muito confuso. Certo domingo João Marcos fora escalado para cobrir um jogo em sua cidade. Depois de conversar com o narrador e outros colegas João vai até o vestiário onde pretende fazer algumas entrevistas. Assim que chega a porta ouve algo que lhe soa estranho. Aproxima-se e olha lá dentro. Conta pelo menos seis jogadores de mãos dadas rezando, ou orando. Pedem por gols, pedem por vitória. João Marcos não dado a religião admira a fé dos jogadores. Pensa em não atrapalhar. Vai rapidamente até o vestiário onde está o time adversário. Pensa em conseguir ali junto ao colega da mesma emissora alguma entrevista e logo voltaria ao primeiro vestiário, quem sabe a oração já tenha terminado. Bruno, o colega de João Marcos, assim que o vê, diz: - Silêncio, João – João caminha bem devagar e espia dentro do vestiário. Vê uns três ou quatro jogadores rezando, ou orando. Aproxima o ouvido com cuidado para não atrapalhar e escuta pedidos ao SENHOR. Tem haver com gols, tem haver com vitória. João Marcos novamente surpreende-se com tamanha fé de tantos jogadores, depois passa a quebrar a cabeça. Lembra que os pedidos por gols e vitórias eram feitos a mesma pessoa em vestiários diferentes. A quem o SENHOR ouviria? Pensava João. A partida começa. Aos dezoito minutos do primeiro tempo gol para o time da casa. João Marcos pensa: É eles foram mesmo ouvidos pelo SENHOR. Aos trinta e seis minutos ainda do primeiro tempo o time visitante marca seu primeiro gol. João põe a mão na cabeça, até atrapalha-se ao passar para o narrador detalhes sobre o gol. Ele volta a pensar: O SENHOR ouviu também o outro time. No segundo tempo mais um gol para cada time. A partida termina empatada. João Marcos não gosta dessa expressão, empatada, acha-a grosseira. Naquela noite João Marcos volta para casa pensando no que vira e ouvira nos vestiários. Os pedidos. Quem seria favorecido? Havia algum goleiro menos merecedor? Lembrou que até antes de lutas já vira pessoas rezando, a quem o SENHOR atenderia, pensava o repórter. Será isso que chamam de fé? O repórter pensou em fazer sua primeira oração ou talvez rezar, mas pensava em o que pedir? O que dizer? Achou melhor apenas agradecer, havia muito a agradecer. Ele tem dois filhos e na qualidade de pai se tivesse que um dia intervir por um de seus filhos qual ajudaria? Qual prejudicaria? Pensou que mesmo como pai imperfeito jamais favoreceria um filho em favor de outro, que dizer do SENHOR? Pai e Filho “lá em cima” pensou ele, devem ter outras preocupações. Afinal de contas, a partida terminou empatada.

Dia do radialista

Dia 7 de novembro é o dia do radialista. Seja FM ou AM, musical ou voltada a notícias, o rádio continua sendo um baita companheiro. Lá nos anos 80 quando descobri esta maravilha me apaixonei. Por inúmeras vezes ligava para as emissoras e concorria a prêmios, mas o objetivo era conhecer o estúdio, era ver como funcionavam as coisas lá dentro. Algumas vezes fui convidado e entrei. Hoje lembro com muito carinho dos radialistas: Mambaí (estive em seu programa semana passada na Biguaçu FM), do Nabor Prazeres, Walter Filho, Clayton Ramos, Marcelo Fernandes, Prates, Mário Motta, e o Walter Souza, companheiro de todas as manhãs. A todos, de todas as emissoras, um grande abraço e os parabéns pela arte de vir até nós todos os dias, toda uma vida.

Seu Manual

- Seu Manual eu li: Seu doce preferido é a musse de chocolate. Está certo? - Sim. É a musse. (Não o musse) - Obrigado!

domingo, 4 de novembro de 2012

Tal avô, tal o neto

Lá pelas 17:00 h toca o telefone. Seu Valdemar atende: - Alô. - Oi vô, sou eu, tudo bem? Seu Valdemar tem mais de 10 filhos e pelo que sabe 23 netos. Achou chato perguntar o nome, então pensou: Leonardo, João Vitor, Lucas, Guilherme, Vinícius, Eduardo, achou enfim que fosse o Lucas. E continuou a conversa: - E você, como está meu neto? - Estou bem vô. Desculpe não ter ido te visitar nos últimos dias, é que estou com muita tosse – De fato seu Valdemar notou que a conversa era constantemente interrompida pela tosse do neto do outro lado da linha. Mas a conversa segue: - E teus pais estão bem? - Ah, estão bem, obrigado. Pediram para eu lhe mandar um abraço. - Obrigado, mande outro. - O vô está bem de saúde? - Sim, na medida do possível. Com quase 80 não dá pra reclamar. - Está sozinho em casa? - Sim. Tua avó saiu – Lucas sentiu um calafrio. A sua avó havia morrido há dois anos. Ou o avô havia se casado de novo sem que ele soubesse, ou era o tal do Alzheimer. O neto preferiu fingir que não tinha ouvido nada sobre a avó. Seguiram a conversa: - E essa tosse, está tomando algum xarope? – - Estou vô, mas, sabe como é que é. O tal do cigarro é que acaba comigo. Tenho que largar o fumo – Agora era a vez de seu Valdemar ficar perplexo. Nenhum dos seus filhos e nenhum de seus netos jamais havia fumado. Lucas fumando, impossível, pensou. Resolveu fazer de conta que não havia ouvido o neto falar sobre o cigarro. Seu Valdemar resolveu chamar o neto pelo nome e disse: - Lucas, te cuida meu neto – O rapaz do outro lado da linha disse: - Lucas? O senhor me chamou de Lucas? Meu nome é Gustavo. Filho do Reginaldo. Vô Antônio, o vô está bem? - Antônio? Meu nome não é Antônio. Meu nome é Valdemar. - Meu Deus, senhor, desculpe, disquei o número errado.

Não sei, nunca comi

Natanael gostava de fazer graçinhas. Por onde quer que andasse, Biguaçu, Antônio Carlos, Palmas e até São José. Era um verdadeiro abusado. Nunca se deu ao trabalho de saber se os outros gostavam de suas brincadeirinhas. Fazia as perguntas mais indiscretas deixando até sua mulher sem graça. Numa festa de casamento viu que um cego era o músico e ainda assim comentou -O cara é bom mesmo! Toca sem olhar para o teclado. Quando na rua alguém dizia: - Tem horas amigo? – Abusado, respondia: - Tenho! Os amigos o alertavam: -Olha rapaz, você ainda vai se dar mal. Um dia encontrou uma ex-colega de trabalho e perguntou: -Ta grávida? É pra quando? A moça disse que não estava grávida. Ele respondeu: - Mas dia desses engravida. Um vizinho lhe disse: - Natanael, minha avó se enterrou ontem – Irônico, respondeu: - Coitadinha, não havia coveiros no cemitério? No supermercado em que trabalhava gostava de fazer gracinhas. Uma jovem mulher aproximou-se e perguntou: - Tem remédio para baratas? – Lá vinha a graçinha do Natanael: - A barata ta doente é? Numa manhã de sábado viu uma senhora aproximar-se. A senhora segurava um pacote de ração para cachorro e perguntou gentilmente a ele: -Sabe se esta ração é boa? Natanael respondeu em alta voz esperando arrancar risos de alguém a sua volta: -Não sei, nunca comi. Natanael não havia percebido que o senhor alto e forte ao seu lado era o marido da educada senhora. O senhor virou-se e disse: -O que você falou pra minha mulher? Enquanto Natanael abria a boca em busca de uma resposta foi atingido pelo que parecia ser um atropelamento. O marido da senhora deu-lhe um soco fazendo-o parar alguns metros de distância. Explicado o motivo da confusão ao gerente, Natanael pela primeira vez conseguiu pedir desculpas por uma de suas brincadeirinhas. Hoje Natanael tem o nariz torto, apontando para o lado esquerdo. Às vezes algum amigo abusado pergunta: - Dando sinal que vai entrar à esquerda Natanael? – Ele não responde. Mas quando alguém lhe pergunta por que seu nariz ficou assim, ele diz: -Foi por causa de uma ração pra cachorro.

A professora

Cada um de nós é geralmente o melhor advogado que poderíamos ter. Quando se trata de nos defender, ou um dos nossos, somos peritos. Conversas começaram e não tiveram fim no caso da discussão entre professora e aluna do colégio “Melão”. Minha filha mais velha estudou lá por oito anos, o mais novo está há seis nesse colégio. Bom colégio por sinal. Difícil é querer julgar. A culpa é de quem? De um lado professores que deveriam estar bem preparados para lidar com quase qualquer situação. Um maravilhoso livro diz: “A mera opressão faz até o sábio agir como doido”. Ninguém é de ferro, somos imperfeitos. Do outro lado alunos, crianças, jovens, muitos dos quais saem de casa sem nenhuma ou com bem pouca educação. O “por favor, sim senhora, com licença, perdão, muito obrigado, sinto muito” tem ficado de fora de muitas famílias. Pais mal educados, sem pulso firme ( pulso firme sem aspas mesmo), mandam para as ruas, para as escolas, para a vida, filhos despreparados. Pais que querem um mundo melhor para os filhos, mas não produzem filhos melhores para o mundo. Se pai é mãe não ensinam por palavra e, principalmente pelo bom exemplo, não podem esperar muito dos filhos. O resultado se vê por aí. Pessoas causando constrangimento à sociedade e mais vergonha ainda para os pais. Isto é, para os pais que ainda têm vergonha.

Finados

Com todo o respeito aos que “visitam” seus entes queridos falecidos nesse dia, mas não esqueçam os vivos. Não se esqueçam de abraçar, beijar e perdoar. O melhor a fazer pelos outros é em vida. É hoje.

Seu Manual

- Seu Manual quando eu uso tão pouco e tampouco? - Tão pouco (separado) significa muito pouco, algo pequeno, curto. Tampouco (junto) significa também não, nem. - Obrigado!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Bicão Profissional

Aurélio e Tomaz estavam a passeio na cidade de Antônio Carlos quando de repente viram e ouviram uma grande movimentação. Curiosos, aproximaram-se e viram que se tratava de uma festa casamento. E casamento naquela região, é festão. Aurélio convidou Tomaz a entrarem no salão. Tomaz argumentou que não haviam sido convidados e nem conheciam os noivos, disse que não iriam. Aurélio é bom na argumentação e acabou convencendo Tomaz. Lá dentro viram o que não se vê em qualquer festa. Em vez de muitos detalhes em decoração, fartura. Era carne de todo tipo, o cheiro do churrasco e a gelada fez os dois amigos pensarem que tomaram a decisão certa. Com os pratos bem cheios de maionese, polenta frita, carne, muita carne, e uma cerveja bem gelada os dois sentiam-se no paraíso. De longe viram os noivos cumprimentando os convidados. Tomaz, receoso, perguntou a Aurélio: - O que vamos fazer quando o noivo chegar aqui? – Com a boca cheia Aurélio respondeu: - Fica frio. Tem muita gente, ele nem vai notar que não nos conhece – Minutos depois o noivo se aproxima. Tomaz sente o peito arder de medo. Aurélio parece não se importar. O noivo chega bem perto e diz: - Olha aqui. Eu sei que vocês não foram convidados. Isso é uma festa de família. Terminem de comer e saiam, por favor – Tomaz em seus pensamentos dizia que queria desaparecer. Aurélio sabia que com o alto volume da música os convidados em volta não haviam ouvido a bronca, por isso quis sair bem da situação. Levantou-se e, como se fosse amigo do noivo deu-lhe um forte abraço e os parabéns. De fato, quem via a cena até pensava que eles fossem amigos. Até Tomaz que já conhecia o jeito de Aurélio ficou chocado com sua atuação. Nem o noivo entendeu direito. Ficou em dúvida. Quando Aurélio e Tomaz terminaram de jantar, levantaram e disseram em voz alta aos noivos: - Desculpe amigo, mas temos que ir embora. A gente se fala. Obrigado pelo convite!

O Poder

Na última sexta-feira a noite mais uma vez ficou provado não apenas talento em compor uma história e boa atuação de atores, mas o poder que a imprensa, a mídia, exerce sobre a população. É absolutamente incrível como a “grande mídia” tem o poder de ditar conceitos, preconceitos, valores, etc. Se ela disser que de tal hora a tal hora todos devem sentar ou estar diante a televisão, é assim e pronto. Ruas vazias, estádios de futebol com pouquíssimos torcedores, até o consumo de luz caía nesses momentos. Nada de ligar chuveiro, ferro de passar ou qualquer outra coisa que tirasse os olhos da TV. Cabe com certeza a cada pessoa avaliar seus próprios conceitos e quanto tempo temos disponível. Conceitos e tempo que só são revelados e colocados como certos ou errados pela “grande mídia”, afinal, ela decide e a população obedece. Incrível!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

“Na cara e na coragem”

Vez por outra depois de ouvir alguma coisa a meu respeito, alguém diz: Você conta histórias dos outros, quero ver escrever isso? Respondo: Publico minhas gafes com tranquilidade. Essa semana tem uma especial. Nesta quarta-feira, dia 17, completo 15 anos de casado com uma bela mulher chamada, Janaina. Acontece que o ano de 1997 foi um ano de algumas proezas. Primeiro, o noivo achou que não faria festa por falta de verba. Mas com apoio da família e amigos, saiu um ótimo churrasco, acompanhado dos pratos bem preparados pela minha mãe e as tias polacas. Segundo, a lua de mel. Sem dinheiro para bancar um passeio pela Europa, Estados Unidos, qualquer canto do país e nem do bairro, tive uma ideia. Um amigo de meu pai tinha um bom apartamento em Canasvieiras. Ele disse que só poderia me alugar seu AP se sua esposa concordasse. Falei isso a ela e a senhora sentiu-se bem em ouvir isso, que a palavra final seria a sua. Eu sabia que ela com certeza cobraria um valor justo pelo aluguel, mas também sabia que ele, o marido, não teria coragem de me cobrar o aluguel. Então a convenci de deixar que ele estipulasse o valor, alegando que ele estava mais “por dentro” dos valores. Ela concordou. (Espero que esta semana eles não recebam este jornal, ficaria mal) Quando disse a ele que ela havia concordado e que ele é que deveria dizer o valor do aluguel, ele respondeu: - Mas de jeito nenhum, rapaz. Use a vontade o apartamento. Não vou cobrar nada. A única recomendação da dona do AP era quanto a uma bonequinha que ela havia trazido do Caribe. Intocável. Terceiro problema. Eu não tinha carro quando me casei. Meu amigo Alemão e sua esposa levaram Janaina e eu até nosso local especial. Uma chuva fina e fria não me atrapalhou mais que um maldito cadeado que não abria de jeito nenhum. Já não sabia se mordia ou chutava o desgraçado do cadeado que queria destruir nossa tão esperada noite de núpcias. O Alemão foi à salvação. Abriu o cadeado e finalmente ficamos a sós, quero dizer, Janaina e eu. Enquanto a noiva delicadamente arrumava algumas coisas no quarto, eu, para ajudar, resolvi abrir espaço numa cômoda. Quando passei o braço com rapidez senti que algo havia voado e se espatifado ao chão. Era a bonequinha vinda do Caribe, xodó da dona do AP. Dali Super Bonder. Um dia um amigo, o Juca, disse que minha mulher casou comigo na cara e na coragem. Será? Poderia dizer que me fiz de pobre só para testar se ela me amava de verdade ou se tinha interesse em meus bens materiais. Conversava fiada. Acredito que foi o amor que a levou a ter essa coragem. E hoje, 15 anos depois, começo o dia entregando a ela belas rosas. Sei que ela irá sorrir ao ver as rosas e então as rosas é que serão presenteadas com seu lindo sorriso.

Biguaçu em Foco

A partir de hoje minhas crônicas estão também no JBFOCO. Geralmente serão crônicas diferentes e ocasionalmente as mesmas do SJFOCO. Agradeço ao Ozias e ao Décio por mais essa oportunidade de divulgar minhas crônicas. Hoje no JBFOCO – Garçom atrevido –

Descarados

Como pode alguém que diz que o mundo vai acabar em uma data x doar seu dinheiro nas vésperas. Será que pensa assim? Já que vai se acabar, que acabe na sua mão. Aonde é que está a bondade num gesto desses? Primeiro, quanto a “algo especial” a acontecer no mundo, não o fim do mundo, mas algo especial, só Deus sabe. E se alguém quer doar que doe de coração e não por medo ou desencargo de consciência.

Seu Manual

- Seu Manual veja, por favor, se estas frases estão certas. “O país reouve (e não reaveu) a credibilidade internacional depois de medidas tomadas pelo governo”. ‘“Se ela reouver (e não reaver) os bens roubados, poderá nos ajudar a pagar as dívidas”. - Está certo meu jovem!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Um novo sorriso diante o oceano

Seu Olavo estava contente com sua nova dentadura. Iria à praia com um novo sorriso. Numa bela manhã de domingo partiram em direção a Palmas. Seu Olavo, a esposa, os três filhos, genro, noras, e netos. Antes de sair seu Olavo tirou e escovou a dentadura. Lavava-a com o mesmo capricho que limpava seu carro. Antes de chegarem à praia estacionaram os carros e lá do alto de Governador Celso Ramos avistaram o maravilhoso mar. Uma visão paradisíaca. Um azul absoluto. Chegando a praia começaram a curtir o que parecia que seria um belo dia. Seu Olavo convidou a turma para um mergulho. Disseram a ele que a água estava gelada, que iriam mais tarde. Seu Olavo levantou-se, ajeitou a sunga verde e foi em direção ao mar, sorrindo. A família apenas observava. Todos admiravam a coragem de seu Olavo em enfrentar a água gelada. Seu entusiasmo quase os levara a mergulhar juntos com ele. Seu Olavo entrou no mar e virou-se para a família. Olhou para eles como quem olha para o resultado das sementes que plantara por toda uma vida. O sorriso ocultava a emoção de um homem de 65 anos que sente que cumpriu uma importante missão. Ele voltou-se ao mar e mergulhou. A família inteira o observava. Segundos se passaram e todos passaram a estranhar a demora de seu Olavo. Admiravam como era boa sua capacidade de segurar a respiração em baixo da água. Mais a demora em seu retorno preocupou a família. Todos se levantaram. O que teria acontecido com seu Olavo? Mandaram Antônio entrar na água e procurar pelo sogro, algo de ruim devia ter acontecido. Quando todos já estavam em pânico pela demora de seu Olavo e Antônio a caminho do mar, eis que surge seu Olavo. Retornou das profundezas fazendo respirar em paz a família. Ele os olhou e sorriu. Eles não sorriram. Seu Olavo achou estranho não sorrirem. Ao levar a mão à boca notou que havia perdido sua dentadura durante o mergulho. Começa uma busca frenética. Eram mais de cinco pessoas mergulhando e procurando pela dentadura assim como quem procura um tesouro. Seu Olavo teve uma ideia. Por que não falar com um salva-vidas, quem sabe esse herói dos mares não possa ajudar? Encontraram um simpático salva-vidas. Ele riu e disse que é muito comum pessoas perderem dentaduras na praia. Trouxe uma bacia cheia delas e mostrou-as a família. Eles disseram que não era preciso. Seu Olavo discordou. Meteu a mão dentro da bacia e pegou uma das dentaduras. Todos acharam aquilo estranho. Seu Olavo colocou uma delas em sua boca. A família sentiu náuseas. Ele provou várias. Mexia os beiços, abria e fechava a boca, até que ficou satisfeito. A família insistia em dizer – que coisa nojenta - O salva-vidas disse que estava tudo bem. Quando foram embora seu Olavo pediu para encostarem no mesmo lugar onde pararam na ida. Todos saltaram e olharam para o mar. Seu Olavo colocou as mãos na cintura e abriu um belo sorriso. Deu novo sorriso diante ao oceano. Jamais voltaria pra casa de boca vazia.

Seu Manual

- Seu Manual qual a diferença entre delatar dilatar? - Ora meu jovem. Delatar é denunciar, acusar de crime, revelar. Dilatar é aumentar, ampliar, estender, alargar. - Obrigado!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A arte de ficar quieto e a arte de falar

Dar os parabéns a uma mulher pensando que ela está grávida quando ela não está é constrangedor. Apontar um cara na rua e dizer: Que bicho feio! E só então ouvir alguém ao lado responder: É meu pai. Ou ouvir uma mãe dizer ao filho adolescente para ele colocar os óculos. O rapaz diz que o óculos o deixa muito feio. A mãe responde: Você é feio de qualquer jeito, coloque os óculos. A Sabedoria da Bíblia diz que a língua é um fogo. Linguagem metafórica. A arte de falar tanto encanta quanto espanta. Palavras levantam ou derrubam. Fazem com que um suicida desça da ponte ou pense em por que já não fez isso há muito tempo. Tudo depende de como se fala. Em “O poliglota” Humberto de Campos dá um belo exemplo disso. Nessa história Emílio Esteves estava numa roda de amigos quando chega outro companheiro trazendo um amigo seu. Ele o apresenta a todos na roda de amigos e ressalta: - Este é o fulano de tal. É nosso patrício e tem percorrido o mundo inteiro. Fala corretamente o inglês, o francês, o italiano, o espanhol, o alemão, além é claro, o nosso português. O rapaz sorria modesto diante tantos elogios que recebera. Falou ao longo de uma hora não mais que meia dúzia de palavras. Então se despediu e foi embora. - Que tal esse meu amigo? – Perguntou o rapaz que o havia apresentado: - Inteligentíssimo, e, sobretudo, muito criterioso- Respondeu Emílio Esteves. - Mas ele não falou quase nada – Argumentou um dos companheiros. Emílio explicou: - Pois, por isso mesmo. Vocês não acham que é talento e inteligência saber ficar calado em seis línguas diferentes? Seja em casa ou na barbearia. Na festa ou no funeral. Na briga ou na alegria, a arte de falar ou de ficar quieto pode evidenciar nossa inteligência. Saber usar bem o dom da fala é arte, pode ajudar e até salvar. No mais, é bom lembrar a antiga frase: Somos escravos de nossas palavras e senhores de nosso silêncio. De um jeito ou de outro todos os dias temos de usar essas artes. Falar ou ficar quietos.

A sós

Sempre me perguntei por que algumas pessoas simplesmente não suportam ficar sozinhas. Enquanto terminava minha coluna li a de Martha Medeiros, no Dona DC. Ela falava sobre uma viagem que fez sozinha, aliás, muito bem acompanhada, dela mesma. Martha citou uma amiga psicanalista que disse a ela que não é por medo que as pessoas não viajam sozinhas, e sim por vergonha. Motivo? Numa sociedade que condena a solidão como se fosse doença é natural que muitos se sintam desconfortáveis de circular por aí desacompanhadas. Legal. Embora o procurar se isolar possa não revelar sabedoria, o outro extremo, o de não conseguir ficar contente com a própria companhia também é preocupante.

Seu Manual

- Seu Manual é verdade que é melhor dizer prefiro “a” em vez de “do que”? - É isso mesmo meu jovem. Vou dar alguns exemplos: O homem preferiu ser preso a denunciar os amigos. E não “do que” denunciar os amigos. As crianças preferiam água a refrigerante. E não preferiam mais água “do que” refrigerante. Portanto, use corretamente preferir “a” uma coisa ou uma pessoa. Não use “do que”. Último exemplo: Muitas pessoas preferem justificar o voto a votar. Entendeu? - Sim!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Um pão para dois

Era uma terça-feira de inverno. Um homem que costumava dormir pelas ruas enfrentando frio e fome havia encontrado um serviço. Passava o dia inteiro espalhando barro por todo um grande terreno em preparação para uma obra. O tal homem havia encontrado uma parceira, talvez com necessidades parecidas. Juntos haviam alugado uma casa com duas peças e sem banheiro. Ao final daquela terça-feira ele guardou suas ferramentas e parou diante uma pequena lanchonete. O dono fazia as pressas os lanches. Um ovo fritava na chapa, o cheiro do bacon invadia a rua. O homem fixou seu olhar sobre a chapa, sobre os lanches ali preparados. Na modesta casa talvez o aguardasse um pedaço de pão, quem sabe arroz ou qualquer coisa que saciasse a fome dum trabalhador braçal. Quem observava a cena perguntou ao homem: - Quer um lanche? - Um tanto bruto ele devolveu a oferta: - Ta pagando? - O observador respondeu-lhe com calma: - Se estou oferecendo, é claro que pago. Escolha o que quiser. Por um instante o olhar do homem grande parecia o de uma criança a quem se pergunta se quer esse ou aquele brinquedo. Depois de instantes pediu um X-EGG. O observador se distraiu e logo viu o homem agradecendo e indo embora com o lanche na mão. Curioso, perguntou ao homem se não iria comer e pedir um refrigerante. O homem disse: - Não, não. Eu vou levar pra comer em casa com a minha mulher. Não como nada longe dela. Vou dividir com ela. O observador sentiu que falhou em sua avaliação. Não havia imaginado que aquele homem bruto, sofrido, tinha também um coração. Estava disposto mesmo na fome em dividir um pão para dois.

Troféu Osvaldo Deschamps de Literatura e Arte

No último sábado mais de 20 escritores e artistas plásticos foram homenageados pela Associação dos Escritores da Grande Florianópolis. O evento foi realizado no colégio Maria Luiza de Melo – Melão. Depois de publicar 3 livros, mais de 3 anos como colunista do São José em Foco e um grande apoio da imprensa catarinense, TV, rádios, jornais foi um grande privilégio receber o troféu Osvaldo Deschamps de Literatura e Arte. Meus agradecimentos a Luciane Mari Deschamps, escritora e vice-presidente da Associação dos Escritores da Grande Florianópolis por ter apresentado meu trabalho a Associação dos Escritores. Aprendo a escrever a cada dia, em cada texto ou crônica, o que faço com satisfação e esperando levar algo de agradável aos leitores. Muito obrigado.

Seu Manual

- Seu Manual eu esqueci o que é catacrese. - É o uso inapropriado de termos específicos de certas situações ou para designar partes de objetos por falta de termos apropriados na Língua. Exemplo: O bico do bule. A asa da xícara. A perna da mesa. Entendeu? - Sim. Bule não tem bico, mas como chamar esta parte do objeto? Xícara não tem asa. Mesa não tem perna. São termos como que “emprestados” para dar nome ao que não teria. - Perfeitamente meu jovem!

Encontro com Fátima Bernardes

No programa da Fátima Bernardes da última segunda-feira, perguntou-se as mulheres da plateia se preferiam homens bonitos ou homens inteligentes. A maioria respondeu que prefere os inteligentes. Pergunta: O que seria para elas um homem realmente inteligente?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Os lábios de Val Kilmer

Rogério era conhecido como um dos maiores machões do bairro Bela Vista. Para ele um homem deveria se limitar a higiene, tudo mais era “frescura”. No trabalho, como pintor, não dava chance a demonstrações de delicadezas. A maneira de pegar as ferramentas, de falar, de usar as roupas, ou se comporta como macho ou é “fresco”. Preferia usar o palito de dente a usar o fio dental. Achava coisa feia o uso de fio dental e não percebia que ficar com a mão cobrindo a boca enquanto limpava os dentes não é nada higiênico. Banho tinha que ser frio. Até sua mulher sofria com seu estilo “machão”. Nada de muitos esmaltes. Sem essa de inventar modas com os cabelos. Um dia um dos filhos chegou em casa usando anel e já ouviu a bronca do Rogério: - Que isso rapaz? Macho que é macho usa no máximo um relógio. E relógio de homem, não essa “frescurada” de reloginho colorido. O filho tinha feito um furo na orelha, mas guardou o brinco no bolso, pensou em primeiro testar o pai, por isso colocara o anel. Quando ia a barbearia todos já sabiam sua frase assim que sentava na cadeira do barbeiro: - Corte de macho, Zé, corte de macho. Tentar lhe aparar as sobrancelhas poderia gerar uma briga. Para ele, homem não cortava sobrancelhas. Fazer as unhas então seria uma afronta, passar base, seria briga na certa. Tudo em torno de Rogério lembrava um verdadeiro e típico “machão”. O jeito de bater a porta do carro, a maneira de dirigir, de andar e de cuspir. Certo dia na barbearia Rogério surpreendeu alguns clientes conversando sobre novela. Disse a eles que novela era coisa de “mulherzinha”, homem fala é de futebol. Encerrou-se a conversa e passaram a prestar atenção ao filme que passava na televisão. O filme A Sombra e a Escuridão, de 1996, contava a história de dois leões que aterrorizaram certa região da África no final do século XIX. Pensaram que agradariam mais a Rogério vendo junto um filme em que os personagens tinham que ser muito machos para enfrentar aqueles leões. E assim seguiram os comentários: - Os caras tinham que ser muito machos para encarar as feras – disse Leonardo. Só que Rogério achava que “fera” era linguagem de fresco, o certo seria bicho brabo ou simplesmente leões. Logo alguém começou a tentar acertar os nomes dos atores. - O mais velho é o Michael Douglas – disse Antonio. Ninguém discordou. Leonardo seguiu: - Agora esse mais jovem é o... Todos aproximaram a cabeça em direção a TV e franziram a testa buscando na memória o nome do jovem ator. Não demorou muito e o machão da turma disse com convicção: - É o Val Kilmer. Ele fez o Batman. Eu reconheci pelos seus lábios. O barbeiro quase largou a tesoura. Antonio ficou de boca aberta. Seu João quase deixou cair à dentadura. Leonardo levou a mão à boca. Mas ninguém teve coragem de pedir que ele repetisse a afirmação. Contariam aos amigos, ou guardariam a frase como eterno segredo? Rogério havia reconhecido o Val Kilmer pelos seus lábios.

Seu Manual

- Seu Manual o que é onomatopeia? - Meu jovem, onomatopéia é a criação de uma palavra para reproduzir sons ou ruídos. Exemplos: Blim-blom (som da campainha) ou Tique-taque (som do relógio). - Legal!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O folgado do Ipiranga

Raimundo era folgado e assunto encerrado. Em casa mal chegava e as ordens já passava. “Baixem o volume desse rádio”, mas se o assunto o interessava, “aumentem já esse volume”. “Tirem já o lixo”. “Por que ainda tem louça na pia?” “Raimundinho me traga um copo de água, e gelada”. “Alguém me alcance uma toalha de banho, e rápido”. Raimundo pedia tudo para todo mundo, o bairro Ipiranga inteiro sabia disso. Se fosse um rei de verdade até faria algumas coisas sozinho, mas não o Raimundo. A mania de dar ordens e querer que se fizessem as coisas a sua maneira era levada até as ruas, até com desconhecidos. Pedia favores a qualquer um. Se é que alguém havia lhe apresentado um tal de “por favor”, ele havia esquecido. Certo dia Raimundo agrediu um vizinho por conta de brigas entre seus cachorros. O vizinho foi fazer um BO. A denúncia era grave, tinha até testemunhas. Raimundo olhou para um menino na rua e disse para ele ver se o tal vizinho não queria que lhe chamassem um táxi, disse que sangrando e nervoso daquele jeito um ônibus não seria boa ideia. Raimundo entrou no bar do seu Peruca. Era sábado pelo meio da manhã. Dia quente e bonito. Raimundo pediu uma cerveja bem gelada e começou aquela conversa de sempre que parece ter um rumo, mas não leva a lugar nenhum. Avaí sobe, Figueira desce, Criciúma e Joinville vão mesmo ou morrem na praia. Seu Peruca sabia que Raimundo preferia que alguém o servisse, então abriu a garrafa e começou a encher seu copo. Raimundo via a espuma branca subindo e o copo já transbordando. Sentia a boca seca tanto pelo calor bem como pela discussão acalorada com o vizinho. Assim que pegou o copo e ameaçou levá-lo a boca ouviu alguém dizer: - Quem é seu Raimundo? Quem perguntou foi um policial. Raimundo tomou o primeiro gole e disse: - Sou eu! Por quê? - O senhor está preso! Tem de nos acompanhar. Com o copo na mão Raimundo respondeu: - “Pera aí, pera aí”. Eu vou sim, mas primeiro vou acabar minha gelada. Trabalhei a semana inteira e to cansado. Eu vou numa boa, mas “pera” aí. Os policiais trocaram um olhar em que pareciam em dúvida. Ou esperavam ou arrumavam uma baita confusão com aquele sujeito dentro do bar. Raimundo tomou toda a cerveja e passou a mão na boca. Olhou para os policias e disse: - Vão pegando as algemas. Amarrem pela frente que é melhor pra sentar e passar a mão no rosto. Depois de algemado o conduziram até a viatura em frente ao bar. Abriram a porta e Raimundo entrou. Quando os policiais entraram e se acomodaram, Raimundo disse em alto e bom tom: - Toca pra delegacia!

Impaciência

É fácil ver nas ruas a falta de paciência das pessoas, não de todas, mas de muitas. Se o motorista da frente leva mais de três segundos para seguir em frente o de trás já mete a mão na buzina. Se alguém para o carro para alguém atravessar a sua frente, para um desembarque ou coisa parecida o motorista de trás já mete a mão na buzina. Se um caixa num supermercado, casa lotérica ou agência bancária manifesta um problema, alguém já xinga. Muitos andam com os “nervos a flor da pele”. Talvez não devessem deixar para mostrar um “espírito de paz e compaixão” em apenas algumas datas do ano. Paz e paciência são importantes todos os dias. Faz bem ao coração, melhora o senso de humor. Da próxima vez que for “buzinar” por raiva, procure ver qual o real motivo dessa impaciência. Com certeza não é o motorista da frente. Paciência.

Seu Manual

- Seu Manual qual a diferença entre delatar e dilatar? - Delatar é denunciar, acusar de crime. Dilatar é aumentar, ampliar, alargar. Entendeu? - Perfeitamente!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Currículo de ladrão

Algumas notícias mexem com a nossa imaginação, ou pelo lado cômico ou pelo trágico. Semana passada o jornalista Evaristo Costa, do jornal Hoje, deu uma dessas notícias. Ele disse: - Ladrão foge e esquece currículo – A notícia mais completa informava que um taxista fora assaltado e como reagiu ao assalto levou uma facada nas costas e o ladrão fugiu. A parte interessante foi “ladrão foge e esquece currículo”, dentro do taxi. Aí a imaginação vai longe. Procurei ouvir amigos da Guarda Municipal, da Policia Militar, entre outros das mais diversas profissões, tudo no intuito de definir como seria um currículo de ladrão. Talvez o currículo dissesse: Nome, especialidade, e se tem habilidades com armas de fogo. Talvez algum destaque a boas maneiras durante o “serviço”. Quem sabe alguma observação de que o sujeito costuma respeitar suas vítimas, especialmente mulheres casadas e mocinhas indefesas. Em um dos currículos constaria até uma pequena demonstração do método usado pelo experiente e dedicado ladrão: - Bom dia! Posso ter um minuto de sua atenção, senhora? - Pois não. Mas não tenho muito tempo! - Serei breve. Bem, isto é um assalto. Passe por favor, dinheiro, cartões, joias, e o que tiver de valor, por favor. - Claro. Desculpe a pergunta, sua arma tem registro? - Perdão, senhora. Está bem aqui, veja. Pratico tiros com frequência. Sabe como é quem não se aperfeiçoa, fica para trás. - Ah, é que me sinto bem mais segura assim, obrigado por sua compreensão, senhor ladrão. - Não por isso. Foi um prazer. Ah, tem algumas fotografias que parecem de família, creio que a senhora quer ficar com elas. - Sim, obrigado! - A senhora se cuide, por favor. Há muitos ladrões despreparados por aí. - O senhor também, nem todos lhes respeitam. Um ladrão como o citado acima com certeza teria um bom currículo. Um cliente relatou que quando fora pescar teve seu carro arrombado. Aliás, muito bem arrombado. O vidro fora retirado com perícia. Nada quebrado, nem vidros nem portas nem painel. Tudo em ordem. O vidro que foi retirado ficou encostado na lateral do carro, próximo ao pneu traseiro. O dono do carro saiu “satisfeito”, admirado com o profissionalismo do ladrão: que currículo deve ter esse homem! Quando chegamos ao ponto de pessoas ficarem “satisfeitas” por um ladrão pelo menos não ter sido violento é porque a coisa está feia. Há uma teoria sobre o caso da notícia do Jornal Hoje: talvez o currículo se referisse a algum trabalho sério, anterior ao crime. Caso contrário o mundo está tão concorrido que não basta saber roubar, tem que ter um bom currículo.

Dança

Zé Carlos aprendeu a dançar bolero. Treinou a exaustão. Um dia, durante um baile, entrou na pista dançado bolero com charme e perfeição. Mas Zé Carlos não havia notado que estava tocando samba. Ou ele dançava o ritmo do momento, ou sairia da pista. Zé Carlos “dançou”.

Seu Manual

- Seu Manual o que é uma hipérbole? - É uma expressão que exagera os fatos a fim de impressionar. Exemplo: Já falei mil vezes para você confiar em mim. Riu tanto que rasgou a boca. Entendeu? - Sim!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Encontro saudoso

Foi puro acaso. No calçadão da Felipe Schmidt todos se encontraram, um a um. Vinha da Praça XV seu “Bom Dia” e logo avistou dona “Boa Tarde”. Emocionaram-se e disseram um ao outro: - “Bom Dia”. - “Boa Tarde”. - Que bom te ver! - Eu é que digo! - Como tem passado “Dona Boa Tarde”? - Ah meu amigo, que saudades dos bons tempos, de quando éramos reconhecidos e tão bem usados. - Calma dona “Boa Tarde”. Tenho Esperança que os bons tempos voltarão. - Por falar em Esperança, essa não morre mais, olha quem vem lá. - O “dona Esperança”. Estávamos justamente falando na senhora. - Que surpresa, alguém falando em mim! - Ah, não diga isso “dona Esperança”. Tenho certeza que nós estamos bem menos em moda – disse “dona Boa Tarde”. - Olha quem vem logo ali – disse “seu Bom Dia” – É o “Por Favor”. - “Bom Dia, Boa Tarde, Esperança”, que prazer tenho em vê-los! - Ah, essa sua Educação é maravilhosa “seu Por favor” – falou “dona Esperança” – Aliás, alguém tem visto a “dona Educação”? - Vejam que coincidência – disse “dona Boa Tarde” – Olhem quem se aproxima. - “Seu Bom Dia, dona Boa Tarde, seu Por Favor, dona Esperança”, sinto imensa satisfação em estar aqui com vocês. Me orgulho de conhecê-los e de tê-los encontrado hoje. - A “dona Educação” de sempre. Não mudou nada – Disse “seu Por favor”, havia até um ar meio de galã, mas talvez fosse só cortesia. - Vocês nem vão acreditar em quem está vindo para cá. Estávamos a pouco conversando em frente o edifício Dias Velho – Quem? – Perguntaram todos curiosos. - O seu “Obrigado” – respondeu “dona Educação”. - Meus queridos e preciosos amigos – falou vigorosamente seu “Obrigado” – Quem bom encontrá-los! - Seu Obrigado, tem visto “dona Gentileza”? – Perguntou “dona Educação”. - A vi ontem. Está muito desanimada. Foi aposentada quase que a força. É lamentável! “Seu Bom Dia”, cheio de recordações, disse: - Ah que saudades dos tempos em que éramos populares. As pessoas nos usavam a todo o momento. Bons tempos aqueles. - Calma “seu Bom Dia”. Ainda há os que não nos abandonaram – disse “dona Esperança”. Ela continuou: - Ontem mesmo fiquei observando um casal com cerca de 50 anos de idade. Falaram em nós todo o dia e em todos os lugares os quais frequentaram. - Sério? – Perguntou seu “Por Favor”. - Sim, é sério. O marido assim que viu a esposa abrir os olhos disse “Bom Dia”. Foram juntos a padaria e além de repetir essa preciosidade disseram a moça atrás do balcão “Por favor”, dois pães. Em seguida disseram muito “Obrigado”. No almoço quando foram servir-se, o marido disse a esposa por “Gentileza” me alcance o arroz. Depois do almoço disseram a várias pessoas “Boa Tarde”. Ao caminharem por um supermercado lembraram até da dona “Com licença”. Logo depois do pôr-do-sol, deram “Boa Noite” a vizinhos. Ah, mas a parte mais tocante veio depois. - E o que foi? – Perguntou curioso seu Por Favor. - O marido olhou para a esposa e disse: Sabe meu bem, com toda falta de respeito que há hoje, eu sempre mantive viva a “Esperança” de encontrar alguém como você. A esposa olhou para o marido e disse: Dentre todas as suas maravilhosas qualidades o que mais me encanta é sua incomparável “Educação”. Confesso que ao ouvir esse casal senti saudades do seu “Elogio” - Seu Bom Dia, dona Boa Tarde, seu Por Favor, dona Esperança, dona Educação, seu Obrigado se abraçaram e combinaram uma visita a dona Gentileza e a dona Com licença que se sentem muito esquecidas. A Esperança é manterem-se unidos e fazê-los voltar à boca e a vida dos que as esqueceram. Talvez até encontrem o Elogio pelo caminho.

Seu Manual

- Seu Manual eu ouvi uma pessoa dizer: Senti muito dó dele. Está certo? - Está sim! Muito dó. - Obrigado!

domingo, 2 de setembro de 2012

BMX Pantera

Sou saudosista assumido. Dia desses quando o assunto era bicicleta, lembrei da minha primeira. O ano era 1983. Observava os colegas com suas bicicletas e imaginava quando seria minha vez de pilotar a minha. Quando meu amigo Rogério disse que estava disposto a vender sua BMX Pantera, por sete mil cruzeiros, fiquei pensando em como conseguir o dinheiro. Pensava em quando seria o momento de pedir a meu pai. Numa manhã de sábado enquanto meu pai se barbeava entrei no banheiro e dei a notícia: - Pai. O pai não vai acreditar. O Rogério quer vender a bicicleta dele. É uma BMX Pantera, pai. É altas bicicleta, ta inteirinha. E ele só quer sete mil, pai – Meu pai, com o rosto cheio de espuma e o prestobarba na mão, disse me olhando pelo espelho: - E você acha que é assim filho? Pensa que sete mil não é nada? – Achando que não devia desistir, argumentei: - Pai, se o pai me der essa bicicleta, eu prometo que nunca mais peço nada para o pai. Meu pai deu uma gargalhada. Primeiro porque estava no ar à novela Eu prometo, e a frase estava em alta. Segundo por ter certeza que eu jamais cumpriria essa promessa. Ele terminou a barba, bateu o aparelho na pia e me disse: - Vá à casa do Rogério e diga que a bicicleta é sua. Já vou te dar o dinheiro. Saí pulando na rua. Não dava pra caminhar, fui aos pulos a casa do Rogério que morava a uns 50 metros de minha casa. Que sábado. Lavei aquela bicicleta como nunca tinha me lavado antes. Nos dias a seguir quebrei a promessa feita a meu pai. Acessórios. Punhos. Buzina. Um selim mais confortável. E uma espécie de estojo que ficava na barra superior da Bike com o poderoso nome BMX PANTERA. Ela era da cor prata, linda. Meu melhor amigo e vizinho, Alexandro, não tinha bicicleta, e mesmo com ciúmes da minha Bike, eu deixava ele andar com ela. Eu estudava no Cabral, no bairro Bela Vista, de manhã. O Alexandro estudava à tarde no Wanderley Junior, no bairro Ipiranga. Quando brincávamos juntos enquanto um pedalava o outro corria ao lado aguardando sua vez. Ao meio dia meu amigo ia me buscar no Cabral e no final da tarde eu ia buscá-lo no Wanderley. Certa manhã não encontrei minha BMX no ranchinho atrás de casa. Havia sido roubada. Com onze anos chorei mais que um bebê com fome. Foram vários dias até me acostumar sem ela depois de cerca de um ano. Algumas semanas depois meu cunhado Lindomar viu um menino com minha bicicleta num dos bairros da região. Ele me disse que tinha uma surpresa. Junto com meu pai ela havia recuperado minha Bike. Quando a vi no meu quarto foi mais uma choradeira. Um dia vendi minha BMX. Não sei se quem a comprou curtiu tanto quanto eu, mas confesso que me arrependo de tê-la vendido. Se eu a encontrasse hoje, isto é, se é que ela ainda existe eu a compraria e nunca mais a venderia. Eu prometo!

Seu Manual

- Seu Manual é meio dia e meio ou meio dia e meia? - É meio dia e meia. Assim como meia noite e meia. Lembre que é metade de uma hora. Meia hora. Portanto é meio dia e meia.

Alcoolistas?

Com o aumento do consumo de drogas o alcoolismo pode passar despercebido. Quem pode ser um alcoólatra ou alcoolista? Qualquer um que demonstre descontrole ou imoderação com frequência quando bebe. Conhece alguém assim? Não tem cura, mas há tratamento. É admitir o problema e procurar o AA. Feio e triste é a família continuar sofrendo, além do alcoolista é claro.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

“Uma farta mesa”

Nem tudo é o que parece ser. Já se percebeu muitas atitudes, pensamentos, ideais e teorias disfarçados. “Uma farta mesa” está à disposição da população e o resultado se ouve e se vê por aí. O disfarce é bem feito. Leva a inversão de valores. Ouve-se meninos de 4 ou 5 anos de idade dizendo: “Viu ontem os peitos dela?” A criança que disse isso se referia a novela que passa depois das onze da noite. Outras pessoas, das mais variadas idades, divertem-se com um homem que tem 3 mulheres. Primeiro o homem “driblava” a situação, agora o que causa diversão é ver as 3 mulheres aceitando mais que um triângulo amoroso. Nas páginas de um livro e principalmente na tela da TV as palavras adultério, traição, imoralidade, vingança, são substituídas por “caso amoroso, sensualidade, liberdade, felicidade, justiça”. As bobagens colocadas na internet são ali colocadas porque quem as coloca sabe que haverá quem tenha tempo sobrando para “curti-las”. Programas de TV que discutem o Bullying colocam na direção das câmeras apenas as pessoas “mais bonitas”. Tudo isso faz lembrar um trecho de uma música da banda Legião Urbana – “Não é a vida como está, mas sim as coisas como são. A culpa é de quem? A culpa é de quem? Eu canto em português errado acho que o imperfeito não participa do passado...” Num restaurante ou a mesa da casa de um amigo, nos servimos da quilo que mais gostamos. É fácil passar direto por aquilo que não agrada nosso paladar. Alimentar nossa “cabeça” com “produtos” de qualidade duvidosa é uma decisão pessoal. Pena é que crianças sejam levadas a mesma mesa, mas sem nenhuma boa orientação. De certa maneira estamos como que a bordo de um “barco”, “barco” esse que desliza num oceano cada vez mais perigoso no campo mais delicado, o moral. E a “farta mesa continua a disposição”.

Curiosidades

Os dados a seguir são do maravilhoso livro – Desterro - de Gilberto Gerlach. Encontrará algumas palavras escritas diferente porque são fiéis a grafia da época e fiz questão de ser fiel ao livro: Por volta do ano de 1793, a Capitania de Santa Catharina tinha uma população estimada em 25 mil habitantes. Na Villa do Desterro, 3757 habitantes, sendo mil militares. Na Capitania havia 4216 casas, na Vila Desterro, 666 casas. Em torno de 44 tabernas na Villa, 18 lojas de fazendas, 3 engenhos de assucar, 191 engenhocas para pilar arroz, 297 moinhos e 32 curtumes. Outros dados: havia 19 sapateiros, 8 alfaiates, 4 barbeiros, 2 boticas e 2 casas de pasto, 4 ferreiros, 2 marceneiros, serralheiros, tanoeiros, funileiros, entalhadores e pintores – dois de cada profissão.

Avenida das Torres

Mesmo com algumas lombadas na Avenida das Torres ainda há motoristas abusando da velocidade. Talvez esqueçam que muitas crianças atravessam essa Avenida, além de adultos é claro. Depois não adianta se consolar com frases horríveis do tipo: Era pra ser.

Seu Manual

- Seu Manual o correto é “haja visto ou haja vista”? - No português contemporâneo é expressão invariável. Equivale a veja. Nunca use haja visto. Entendeu? - Sim! O correto é haja vista.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O lobisomem pinguço

Henrique chegou em sua borracharia e encontrou o Valdemar dormindo logo ao lado de sua porta. Valdemar vivia bêbado e dormia em qualquer canto. Não era um sujeito ruim, mas incomodava moradores e comerciantes do bairro pedindo dinheiro para a cachaça, ou ficava enchendo a paciência dos outros com seu papo-furado. Um dia Henrique teve uma ideia e disse a Valdemar que precisava falar um sério assunto com ele. Só não imaginou que ele levaria tão a sério. Henrique disse: - O Valdemar você que anda por aí a noite toda já viu o lobisomem? – Valdemar, com sua voz rouca e português enrolado, respondeu: - Que lombisomem que rapaz. Nunca vi lombisomem nenhum. - Sabe por que você nunca viu o lobisomem? Porque você é o lobisomem. - Eu não so lombisomem coisa nenhuma – Valdemar saiu indignado com Henrique. Uma hora depois Valdemar voltou com um cigarro na boca e perguntou ao borracheiro: - Me diz uma coisa. Ta vendo que eu to fumando. Lombisomem fuma? – Henrique argumentou: - Quando vira lobo não fuma, mas quando está como homem fuma sim. A prova está bem aqui na minha frente – E lá saiu Valdemar indignado mais uma vez. No final da tarde Valdemar voltou: - O Henrique, se lombisomem existe por que eu nunca vi? - Mas é claro Valdemar, você vira lobisomem e então não consegue se ver. - O Henrique. E se alguém quiser matar o lombisomem? - Aí você tem de se cuidar. Como se mata um lobisomem, Valdemar? - Ah, isso eu sei. É com uma bala de prata – respondeu Valdemar meio preocupado. Os comerciantes do bairro estranharam o sumiço de Valdemar. Quando aparecia era no final da manhã ou no início da tarde. À noite ninguém mais o via pelas ruas. Dias depois Valdemar apareceu na borracharia. Já havia tomado algumas pingas. Esperou até o último cliente sair e perguntou ao Henrique: - O Henrique sabe se tem alguém desconfiado de mim. Daquele assunto sabe né? - Não. Será que você tem andado muito por aí à noite? - Valdemar viu que não tinha ninguém por perto e disse: - Que nada rapaz. Consegui uma corrente e um cadeado. Amarro uma mão na outra e passo a corrente até o pé e fico quietinho. Deixo a chave meio longe e só solto de manhã rapaz. De repente tem um maluco por aí que tem uma bala de prata. Eu é que não vou me arrisca. Ó, não conta pra mais ninguém.

Papo de barbearia “Senha preferencial”

Faz tempo que tenho ouvido pessoas comentando sobre as senhas preferenciais. Há quem diga que isso é muito bom, pois mostra respeito aos que têm necessidades especiais: Idosos, gestantes e deficientes físicos. Também há quem “torça o nariz” quando esse é o assunto. Há poucos dias estive num posto de coleta de sangue aqui na cidade. Chamavam-se duas senhas preferenciais e uma comum. Assim seguiu: para cada duas pessoas idosas, por exemplo, uma pessoa mais jovem. Ouvi alguns comentários semelhantes aos da barbearia. Há muitas pessoas que estão trabalhando, ou logo depois do atendimento têm de ir para o trabalho, ou seja, estão com certa pressa. Não há dúvidas de que alguns grupos de pessoas precisam de preferência, mas vale à pena perguntar: O que poderia ser feito em prol daqueles que têm muitos compromissos e que por conta desse tipo de atendimento acabam se atrasando? Deve haver uma solução para que fique bom para ambas as partes.

Seu Manual

- Seu Manual é verdade que não é bom usar a expressão – sendo que? - Isso mesmo meu jovem, não use. Não é expressão recomendável para unir orações. Exemplo: Encontrei-me com alguns amigos, (sendo que) dois deles não via há muito tempo. Prefira assim: Encontrei-me com alguns amigos, dois dos quais não via há muito tempo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A memória do Ezequiel

Ezequiel mal entrou em casa e já ouviu a Suely perguntar: - Trouxe o remédio do Marcelo? – Ezequiel sentiu como que uma pontada na cabeça, havia esquecido de comprar o remédio do filho. Começa o sermão da mulher: - Você só não esquece a cabeça porque está grudada no pescoço. Esquecer o remédio do próprio filho! Deixe, por favor, o meu absorvente no banheiro e guarde o leite na geladeira – disse Suely, impaciente. Como dizer a brava mulher que ele não havia passado no supermercado, nem absorvente, nem leite, nem nada. Suely, perguntou: - Ezequiel, onde está o absorvente? - Sabe querida, eu esqueci. - Meu Deus, Ezequiel. Por que você não se interna? Ezequiel nem conseguia responder as investidas da mulher. Reconhecia que era muito esquecido. Esquecera só na última semana o guarda-chuva na barbearia, o celular na farmácia, as chaves do carro não lembrava onde havia esquecido. Ninguém mais lhe telefonara além do barbeiro e do farmacêutico para avisá-lo dos pertences ali deixados. Ezequiel lembrou que há anos vinha pensando em fazer um curso de memorização, mas nunca lembrava de começar. Alguém havia falado que seria bom para ele, só não lembrava quem havia dito isso. Lembrou que por vezes saiu da casa pensando “de hoje não passa, vou telefonar e marcar o tal curso”. Só quando se deitava a noite é que lembrava que havia esquecido de procurar pelo curso. Por muito tempo tem sido assim. Havia dias em que pegava o telefone e antes de ligar lembrava de algo que havia esquecido e parecia mais importante no momento e lá ficava para depois o tal curso. “Amanhã será a primeira coisa que farei ao chegar ao escritório”, pensou Ezequiel. Logo cedo lá estava Ezequiel todo orgulhoso. Lembrava no trajeto dentro de seu carro que assim que chegasse ao trabalho a primeira coisa que faria seria procurar pelo curso. Assim que chegou ao escritório, uma empresa de contabilidade ouviu os colegas: - Bom dia Ezequiel! Tudo bem Ezequiel? Tem um recado do seu Horácio em sua mesa Ezequiel. Não deixe de ligar para a dona Elvira, ela quer os documentos para hoje. Com toda a enxurrada de informações e exigências, Ezequiel sentou e lembrou: vou olhar na internet o curso de memorização. Cumpridas as tarefas do dia, Ezequiel telefonou para a mulher e disse que chegaria mais tarde. Começaria o curso. Suely, do outro lado da linha (nem parecia àquela mulher furiosa do dia anterior), disse em tom bondoso e otimista: - Quem bom meu amor. Vá sim. Aproveite bastante. Já comprei o remedinho do Marcelo e ele está bem. Um beijo, querido. Ezequiel já estava orgulhoso consigo mesmo. Havia lembrado logo cedo de procurar pelo curso. Sua esposa estava animada. Saiu da firma, entrou no carro e foi. Com o rádio ligado acompanhou o inicio da Voz do Brasil e ficou atento as informações. Achou estranho chegar em casa tão rápido. Parecia haver algo de errado. Tinha algo para fazer? Menos trânsito? Tinha que ir ao supermercado? “Não, meu Deus, o curso, passei direto, esqueci o curso”, falava Ezequiel enquanto batia no volante do carro como se ele fosse o culpado pela sua falta de memória. Quando entrou em casa Suely fez uma dupla pergunta: - Que tal o curso, amor? Por que acabou tão cedo? – Ezequiel respondeu: - Ah, o professor deu apenas uma pequena tarefa. Amanhã teremos de dizer qual a primeira coisa que ouvimos ao chegar em casa.

Seu Manual

- Seu Manual o que é uma pessoa inúbil? - Inúbil é alguém que não está na idade de casar. - Acho que sou inúbil.

sábado, 4 de agosto de 2012

Novos médicos

Na última sexta-feira, dia 20 de julho, estive com minha esposa na formatura dos alunos do curso de medicina da UFSC. A convite de meu amigo Carlos Maestri Castilhos, um dos formandos, assistimos a uma emocionante cerimônia. Cerca de 45 novos médicos, moças e rapazes, emocionados e vibrando ao ouvirem a Reitora dizer a cada um deles: - Confiro a... O grau de médico. Ouvir a paraninfo da turma dizer aos presentes que eles devem ser sempre honestos, íntegros, e acima de tudo, tratarem seus pacientes como se estivessem tratando de seus próprios familiares foi interessante. Um dos formandos recebeu o diploma das mãos dos seus pais que são médicos do HU. Acompanhar quem faz uma faculdade, tal como a de medicina por anos e vê-los dar um grito de pura e total emoção é contagiante. Lembrei durante a formatura de duas situações. Primeiro com respeito aos jovens médicos. Há algum tempo parecia haver algum preconceito por parte da população por acharem que não seria boa ideia serem atendidos por alguém com “pouca experiência”. Hoje percebo uma importante mudança. Temos visto e ouvido elogios a jovens médicos. Atenciosos, educados, humanos. Características também presentes em médicos veteranos. Conheço vários assim. Há, no entanto, aqueles médicos que carregam sobre si, além do jaleco o orgulho e a arrogância. Quem já não teve a infelicidade de ser atendido por um assim? Mas a população bem informada, conhecedora de seus direitos e educada, sabe diferenciar e exigir seus direitos. Maravilhosa profissão. Maravilhosos médicos que olham em nossos olhos e respeitam seus pacientes, tal como se fossemos de fato seus familiares. A segunda coisa que me lembrei foi de uma “certa ligação” entre médicos e barbeiros. É que os barbeiros de antigamente, bem antigamente, faziam ou realizavam alguns procedimentos médicos. Na idade média, os barbeiros, além de cortar cabelos e barbas extraiam dentes e realizavam sangria. Diz o jornal The Toronto Star: Durante a sangria era costume o paciente apertar uma vara com força em uma das mãos para que as veias dilatassem e o sangue jorrasse livremente. Para disfarçar as manchas de sangue a vara ela era pintada de vermelho. Quando não estava sendo usada era pendurada do lado de fora da barbearia para fazer publicidade. Os barbeiros herdaram a marca registrada da vara quando sua profissão foi dividida entre cirurgiões e barbeiros no reinado de Henrique VIII, rei da Inglaterra no século XVI. Hoje os barbeiros não extraem dentes nem mais realizam cirurgias de cataratas, mas se orgulham de saber a confiança que há séculos há com a “classe”. Agora temos barbeiros que continuam acompanhando seus clientes em seu desenvolvimento profissional e se tornarem pessoas capacitadas para ajudar e auxiliar, no caso dos médicos, até salvar vidas. Que esses formandos da UFSC, junto com outros de tantos lugares tragam por dentro do jaleco além de um ser humano um profissional competente e motivado pelos mais profundos sentimentos humanos. Sentimentos que unidos a seus preciosos conhecimentos nos passem a segurança de que estamos em boas mãos.

Alex Dog

Venha conhecer essa saborosa novidade do bairro Bela Vista. Cachorro quente tradicional, prensado e doce. Convide os amigos. Uma delícia! Rua Santa Catarina, 689, Centro Comercial Hermann. Telefone: 8414-4584

Seu Manual

- Seu Manual como vou saber quando usar se não ou senão? - Se não - quando puder substituir por caso não, quando não. Senão - (conjunção se + advérbio não) quando puder substituir por: do contrário, de outro modo, caso contrário, a não ser. Entendeu meu jovem? - Sim senhor. Obrigado!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Problemas: Evitar ou resolver

Nos tempos de escola resolver problemas geralmente referia-se a questões matemáticas. A professora passava um “probleminha”, e tínhamos de usar a matemática e o raciocínio para resolver. Surgia assim uma diferença entre nós – como resolver os problemas - Com o tempo descobrimos que existem outros tipos de problemas, alguns nem são questão de matemática, mas sim de pelo menos, um pouco de lógica. Há um ditado que diz: Se o seu problema tem solução não se preocupe, se não tem solução não adiantará nada se preocupar - Acho que é mais ou menos isso. A memória é um problema. De um jeito ou de outro temos problemas desde criança e hoje, quase todos os dias, se não temos, há algo de errado, talvez não tenhamos notado o problema. O tema, evitar ou resolver, é de alguma reflexão. Quando as coisas não saem do modo planejado, temos que resolver. Há assim a seguinte questão. Primeiro, evitar os problemas. Muitos podem ser evitados. Uma gravidez indesejada, admita-se, poderia ter sido evitada. Acidentes, um grande número deles, poderiam ser evitados. O trânsito é um exemplo. Não misturar álcool e direção. Não ultrapassar a velocidade permitida e etc. Um grande problema nesses casos é aquela velha desculpa: Era pra ser assim. Tinha que acontecer – Não tinha que acontecer e não teria acontecido se houvesse precaução, atenção. Não adianta “tapar o sol com a peneira”, só para amenizar as coisas. Mas há problemas que parecem inevitáveis. Ou devido a nossa imperfeição, ou por sermos “atingidos” por ações alheias. Aí entra a segunda palavra lá de cima, resolver. Se não conseguimos evitar certo problema temos que resolve-lo, administrá-lo. Nesse momento entra até a lógica lá dos tempos de escola, dos “probleminhas” que a professora nos passava. Parece mesmo que essa palavra, RESOLVER problemas são o “bicho de sete cabeças” de muitos. As pessoas andam sem paciência. Sem orientação. Muitos são guiados por uma consciência que lhes permite ver apenas o “seu lado” e as suas vantagens. Há aqueles que gritam, xingam, ofendem. Quando um problema não pôde ser evitado o negócio é resolver. Já que não dá evitar todos os obstáculos temos que ser “craques” nas soluções. Perspicácia significa ver além do óbvio. Tentar ver além do que está evidente a nossa limitada visão. Usar a arte de ouvir. Pensar antes de agir. Falar em amor e respeito não em apenas algumas hipócritas datas do ano, mas quando e onde for necessário. Eu tenho, tu tens, eles têm. Nossa grande diferença consiste não só em evitar os problemas, mas em como iremos resolvê-los.

Seu Manual

- Seu Manual qual a diferença entre mandado e mandato? - Mandado é uma ordem escrita judicial ou administrativa. Exemplo: Com o mandado de prisão nas mãos, o delegado prendeu o empresário. Mandato é a autorização que alguém recebe para praticar determinados atos. Exemplo: Jânio Quadros e Fernando Collor não cumpriram seus mandatos até o fim – Entendeu? - Sim!

Falso ditado

Um casal de moradores de rua, em São Paulo, virou notícia nacional. Motivo? Devolveram mais de 20 mil reais que haviam encontrado. Fátima Bernardes em seu programa mostrou vários casos semelhantes. Tudo isso derruba um ditado muito feio – A ocasião faz o ladrão – Errado! A ocasião revela o ladrão. Revela quem é ladrão e só não havia tido uma oportunidade. Quem é honesto, é honesta sob qualquer situação.

Novidade

Uma saborosa novidade está começando no Bairro Bela Vista. Cachorro quente tradicional, prensado e doce. Alex Dog. Rua Santa Catarina 689, Centro Comercial Hermann. Telefone 8414-4584. Semana quem vem mais detalhes nesse espaço. Confira!

terça-feira, 10 de julho de 2012

O pai do Toninho

O Toninho só tinha 7 anos e como qualquer criança nessa idade fazia muitas perguntas. O pai de Toninho, o Agenor, gostava de uma boa conversa e isso fascinava o pequeno filho. Agenor, arrogante, falava de futebol, política e até de religião. O homem falava de ciência e economia, saúde e gastronomia. Mas não era preciso muita atenção para perceber que o papo do Agenor era meio furado. Quando falava dos avanços da NASA, por exemplo, dizia com convicção: - A gastronomia está muito evoluída. Os amigos tinham vontade de corrigi-lo, mas, como explicar ao arrogante Agenor que gastronomia e astronomia não são amigas íntimas. Finalmente Agenor chegava em casa e o Toninho pulava de alegria. Na cabeça de Toninho Agenor era uma mistura de super-homem com um tal de Isaac Newton. Pelo menos ele havia ouvido que esse último sabia de tudo. Toninho começava com uma série de perguntas: - Pai. Posso fazer uma pergunta? - Claro filho. - Pai, por que as estrelas só aparecem à noite? - A filho isso é um assunto que você vai entender mais tarde quando tiver aulas de gastronomia. - Sério pai? O que é gastronomia? - É a ciência que estuda as coisas lá no céu, filho. - Pai. Por que as pessoas morrem afogadas e os peixinhos só morrem quando saem da água? - Filho, é que a respiração deles só funciona dentro da água. - Pai, por que aqui em São José nunca cai neve? - Ah filho, deve ser porque aqui é muito quente. Só esfria quando dá vento sul. - Pai, por que os feriados variam e a sexta-feira santa sempre cai numa sexta-feira? - Sabe filho, o papai precisa de mais tempo pra te explicar isso. - Pai, como é que a mamãe ficou grávida? - Ah filho. É que. Bem filho. Sabe de uma coisa? Ó a mamãe ta chamando pra jantar. - Pai. O pai não fica chateado por eu fazer tantas perguntas? - Claro que não filho. Se você não me fizer perguntas como vai aprender as coisas?

Aborto?

Há pouco tempo se discutiu a interrupção da gravidez em casos de estupro. Também já se discutiu a interrupção da gravidez em casos em que se afirma que a criança não sobreviverá. Agora se discute a interrupção da gravidez no caso de a mulher, ou um psicólogo, achar que ela não tem condições emocionais de cuidar do filho. “Fazer continua sendo fácil e rápido”. Acredito que se entrevistassem pais e mães de verdade, ou se fossem mostradas cenas reais do desenvolvimento do feto, ou da criança ali no útero, a ideia seria outra. Interessante que é possível que alguns que defendem o aborto são contra a “palmada”, tem pena de educar, mas não tem pena de tirar uma vida. Responsabilidade, boa moral e respeito pela vida ficam do lado de fora. Lá dentro de uma mulher grávida há uma vida, uma vida de alguém que se não for assassinado e sem direito a defesa, “amanhã”, poderá estar aqui, quem sabe lendo um jornal e sorrindo para a vida. Felizes somos nós que tivemos pais que nos deram a oportunidade de ter chegado até aqui.

Seu Manual

- Seu Manual o que é ironia? - Ironia é quando se tem a intenção de falar o contrário do que se está dizendo, com a intenção de ironizar, satirizar, criticar ou ridicularizar a pessoa ou algo. Exemplo: - Querida, como você está em forma! Aposto que não pesa nem duzentos quilos. Coitadinho do assassino! Foi condenado?

Papo de barbearia

Ainda se fala do programa de Fátima Bernardes, depois de quase duas semanas no ar. Talvez pelo fato de termos acostumado com o grande estilo jornalístico ao longo de uns 14 anos no Jornal Nacional. Mas o que parece estar gerando mais críticas são mesmo as fracas atrações. Tirando é claro temas como adoção e relação pais e filhos, no mais, nada de mais interessante. Pelo contrario, talvez uma mistura de Ana Maria com Faustão. Seja como for os bate-papos são os mesmos, o programa não agradou.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Nem morto

João Carlos estava em dúvida – ou não ouvia bem, ou tinha mais gente louca no mundo do que ele imaginava, e ele estava incluído nessa lista. Na empresa onde trabalhava fora surpreendido por seu pai que estava de saída e lhe pediu um favor: - Ah, João, avise o Raimundo que a mãe dele morreu. João Carlos ficou perplexo. Como dar uma notícia dessas? Faltava uma hora para Raimundo voltar à empresa e deixar a maleta de ferramentas, era mecânico de elevadores. João não sabia como dar a tal notícia. Raimundo chegou cantando. João o cumprimentou e o seguiu até a sala dos mecânicos. Encheu-se de coragem e disse: - Raimundo. Tenho uma notícia nada boa. Tua mãe faleceu. Eu sinto muito. Raimundo, um homem de quase 50 anos e barrigudo começou a chorar. João chorava ao seu lado. No dia seguinte, assim que João chegou à empresa, perguntou por Raimundo. Disseram que ele já estava em algum prédio dando manutenção a elevadores. - Mas, e o velório da mãe dele? – Perguntou João: - Do que está falando, rapaz? – Perguntou o sócio de seu pai. A mãe de Raimundo não estava morta. Pelo menos não ainda. Seu pai entendera mal ao telefone. No telefone disseram que ela havia piorado muito e seu pai entendeu que ela havia morrido. O dia de João foi angustiante. Como encarar Raimundo no final do dia quando se encontrassem? O que dizer? No início da tarde a notícia foi certa. Sua mãe havia acabado de falecer. O sócio do pai de João deu a notícia a Raimundo. No dia anterior o pobre Raimundo havia chorado a morte de sua mãe e quando chegou ao hospital aos prantos seus irmãos não entenderam nada. Agora Raimundo tinha uma ponta de esperança de que poderia ser engano. Afinal de contas, aquele maluco do João havia se enganado no dia anterior. “Quem sabe hoje também seja alarme falso”, pensou Raimundo. Não era. Quando chegou calmo ao hospital os irmãos estavam aos prantos. Não entendiam a calma de Raimundo. Dois dias depois João Carlos e Raimundo se encontraram na empresa. João não tivera coragem de ir ao enterro. Não queria encontrar Raimundo. Agora estavam frente a frente. Raimundo olhou bem nos olhos de João e disse: - Lembra outro dia quando você disse que minha mãe tinha morrido? Ela estava viva. João falou: - Eu sei. Sinto muito pelo que disse e pela morte da tua mãe – Raimundo saiu sem dizer mais nada. João pensou que houve um lado bom dessa história. Raimundo acabou indo ao hospital aquela noite e teve a oportunidade de ver a mãe viva uma última vez. Claro que jamais diria isso a Raimundo. Pouco tempo depois disseram a João que o Manoel, um conhecido, havia morrido. João deu a notícia para algumas pessoas. Dias depois encontrou o mesmo Manoel quase em frente sua casa, mais vivo do que nunca. João torceu para que Manoel não ficasse sabendo que ele espalhara a notícia de sua morte que não acontecera, pelo menos não ainda. Outro dia disseram a João que seu Amaral havia morrido. Ele foi ao cemitério e entrou na casa mortuária. Lá estava seu Amaral, rodeado de amigos em lamento. João chegou perto da viúva para dar os pêsames, mas resolveu esperar o enterro. Só para ter certeza.

Seu Manual

- Seu Manual eu escrevo agravantes no feminino ou no masculino? - Vou dar dois exemplos: “No processo havia várias agravantes e só uma atenuante.” Agravantes e atenuantes no feminino. - Obrigado!

Papo de barbearia

Depois do caso da mulher que dividiu o marido de maneira cruel, esquartejando-o, várias pessoas trocaram ideias na cadeira do barbeiro e em volta dela. Quem moraria com tranquilidade numa casa onde houve um crime bárbaro? Alguns têm receio até duma casa onde ocorreu algo como um suicídio, por exemplo. Quando se trata de um crime do tipo com requintes de crueldade muitos torcem o nariz, dizem que não morariam numa casa dessas. Houve um amigo que relatou o caso de um carro que está há tempo a venda e não se fecha negócio porque o antigo dono cometeu suicídio ali dentro. As opiniões variam. Como diz o ditado: Cada cabeça uma sentença.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um olhar e seus pensamentos

Eu já o conhecia. Havia passado por ele várias vezes a caminho de meu apartamento. Percebia sua grande dificuldade em descer e subir as escadas, mas foi num certo olhar que vi muito mais que essa dificuldade. Daí é que na literatura fala-se do processo epifânico. Epifania tem sentido religioso, significando revelação, mas é também aplicado a situações do dia a dia. Situações que ocorrem ao assistirmos a filmes, numa leitura, ou mesmo num fato comum como a observação de certa cena. Nesse instante, quase que automaticamente nos tornamos mais humanos, mais sensíveis, vemos as coisas de outra forma. Era por volta do meio-dia, eu estava ansioso com muitas coisas para fazer, e com alguma indisposição, para alguns talvez preguiça. Assim que desci do carro e fechei a porta, olhei para cima e vi o tal rapaz. Ele olhava pela janela, para algum ponto ao horizonte em que eu não conseguia ver por mais que olhasse na mesma direção. Fiquei ali parado alguns instantes. Deixei de pensar para onde ele olhava. Passei a pensar no que ele estaria pensando. Lembrei de quando ouvi a sua história. Do tiro de um agente da lei que o havia condenado aquela cadeira de rodas. O tiro foi um grande equívoco do policial. O rapaz era trabalhador e honesto. Sem passagens pela polícia. Com menos de trinta anos viu sua vida mudar completamente. Para onde ele olhava não mais importava, mas no que ele pensava com seu olhar tão fixo? Fui em direção ao prédio e comecei a subir as escadas. A indisposição ou preguiça, junto à ansiedade haviam dado lugar a uma reflexão que fazia sentir o prazer de subir cada degrau. Passei a lembrar das muitas vezes que vi seus amigos descendo ele sentado na cadeira, às vezes subindo. Seus amigos costumavam sair com ele. Sentir as pernas obedecendo ao meu comando. Saber que almoçaria e logo desceria tão rápido aquelas escadas que não mais me daria conta de como me obedecem minhas pernas. A tarde teria muitas tarefas. Pensei que não mais me lembraria naquele dia da cena tão impressionante. Durante a tarde por várias vezes lembrei aquele olhar. No que ele pensava? Que sonhos devia ter? O que gostaria de estar fazendo naquele dia? A noite chegou. Minha esposa foi ao apartamento do rapaz entregar um perfume. Sua mãe falou sobre o dia especial que o filho tivera. Ele estava muito ansioso. Aguardou quase o dia inteiro a entrega de sua nova cadeira de rodas. Ele mostrou-a a minha esposa. Com a ajuda do pai, do irmão, e mais um amigo, a nova cadeira estava montada. Minha esposa falou que entendia sua alegria pela nova cadeira, mas lamentava a situação. Ele disse que estava o dia inteiro na expectativa da chegada de suas novas pernas. Era assim que chamava a cadeira de rodas. Outro dia quando cheguei, olhei em direção de seu apartamento e lá estava ele, com o mesmo olhar, não sei se com os mesmos pensamentos. Olhares até apontam uma direção, mas jamais revelam pensamentos.

Seu Manual

- Seu Manual eu escrevo concerto com c ou com s? - Depende meu jovem. Concerto com c significa audição musical, harmonia de vozes ou de instrumentos. Conserto com s significa reparo, restauração, reforma. Certo? - Sim!

Quem foi Gustavo Richard?

Nasceu no Rio de Janeiro em 1847, foi professor e governou Santa Catarina entre 1906 e 1910. Anteriormente foi vice-governador entre 1890 e 1891. Gustavo Richard morreu em Florianópolis em 1929.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Experimenta

É comum dar algo de gostoso para alguém experimentar. E quando a coisa é ruim? Já experimentou dizer a um amigo, “hum, experimente isso, está horrível”? Num certo Centro de Saúde, depois de uma festa de aniversário, uma faxineira bebeu um copo de uma conhecida marca de refrigerante. Minutos depois, percebeu que seu estômago e fígado não estavam bem. Enjoo e mal estar. Logo lembrou de uma amiga, também faxineira, e pediu que ela desse uma olhada no tal refrigerante, ou melhor, que provasse para ver se estava mesmo estragado. A colega bebeu, achou ruim, e também passou mal. As duas tiveram uma ideia. Lembraram de uma conhecida farmacêutica e depois de explicarem o que lhes havia acontecido, pediram que ela provasse o refrigerante, só para ter certeza se estava mesmo estragado. A farmacêutica provou e minutos depois também estava passando mal. Parecia que o tal “refri” era mesmo um problema. Mas por via das dúvidas, as três mulheres tomaram uma decisão. Já que o assunto parecia ser tão sério, levaram o refrigerante ao secretário local. Impressionado com o relato, pediu um copo e bebeu o “maledito refri”. Não demorou e o secretário passava a mão pelo estômago e dizia: - É, ta estranho. Acho que está estragado. Até onde se sabe somente quatro pessoas foram vítimas do tal refrigerante “maldito”. Ainda bem que eles não deram para mais ninguém provar. Ou será que a garrafa já estava vazia? Se algum dia alguém nos oferecer algo só para ter certeza se está estragado, não experimente. É como diria o radialista Walter Souza, “eu morro e não vejo tudo”, ou a senhora que o corrigiu: “você vê tudo e não morre”. Pelo menos no caso relatado ninguém morreu.