terça-feira, 28 de agosto de 2012

“Uma farta mesa”

Nem tudo é o que parece ser. Já se percebeu muitas atitudes, pensamentos, ideais e teorias disfarçados. “Uma farta mesa” está à disposição da população e o resultado se ouve e se vê por aí. O disfarce é bem feito. Leva a inversão de valores. Ouve-se meninos de 4 ou 5 anos de idade dizendo: “Viu ontem os peitos dela?” A criança que disse isso se referia a novela que passa depois das onze da noite. Outras pessoas, das mais variadas idades, divertem-se com um homem que tem 3 mulheres. Primeiro o homem “driblava” a situação, agora o que causa diversão é ver as 3 mulheres aceitando mais que um triângulo amoroso. Nas páginas de um livro e principalmente na tela da TV as palavras adultério, traição, imoralidade, vingança, são substituídas por “caso amoroso, sensualidade, liberdade, felicidade, justiça”. As bobagens colocadas na internet são ali colocadas porque quem as coloca sabe que haverá quem tenha tempo sobrando para “curti-las”. Programas de TV que discutem o Bullying colocam na direção das câmeras apenas as pessoas “mais bonitas”. Tudo isso faz lembrar um trecho de uma música da banda Legião Urbana – “Não é a vida como está, mas sim as coisas como são. A culpa é de quem? A culpa é de quem? Eu canto em português errado acho que o imperfeito não participa do passado...” Num restaurante ou a mesa da casa de um amigo, nos servimos da quilo que mais gostamos. É fácil passar direto por aquilo que não agrada nosso paladar. Alimentar nossa “cabeça” com “produtos” de qualidade duvidosa é uma decisão pessoal. Pena é que crianças sejam levadas a mesma mesa, mas sem nenhuma boa orientação. De certa maneira estamos como que a bordo de um “barco”, “barco” esse que desliza num oceano cada vez mais perigoso no campo mais delicado, o moral. E a “farta mesa continua a disposição”.

Curiosidades

Os dados a seguir são do maravilhoso livro – Desterro - de Gilberto Gerlach. Encontrará algumas palavras escritas diferente porque são fiéis a grafia da época e fiz questão de ser fiel ao livro: Por volta do ano de 1793, a Capitania de Santa Catharina tinha uma população estimada em 25 mil habitantes. Na Villa do Desterro, 3757 habitantes, sendo mil militares. Na Capitania havia 4216 casas, na Vila Desterro, 666 casas. Em torno de 44 tabernas na Villa, 18 lojas de fazendas, 3 engenhos de assucar, 191 engenhocas para pilar arroz, 297 moinhos e 32 curtumes. Outros dados: havia 19 sapateiros, 8 alfaiates, 4 barbeiros, 2 boticas e 2 casas de pasto, 4 ferreiros, 2 marceneiros, serralheiros, tanoeiros, funileiros, entalhadores e pintores – dois de cada profissão.

Avenida das Torres

Mesmo com algumas lombadas na Avenida das Torres ainda há motoristas abusando da velocidade. Talvez esqueçam que muitas crianças atravessam essa Avenida, além de adultos é claro. Depois não adianta se consolar com frases horríveis do tipo: Era pra ser.

Seu Manual

- Seu Manual o correto é “haja visto ou haja vista”? - No português contemporâneo é expressão invariável. Equivale a veja. Nunca use haja visto. Entendeu? - Sim! O correto é haja vista.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O lobisomem pinguço

Henrique chegou em sua borracharia e encontrou o Valdemar dormindo logo ao lado de sua porta. Valdemar vivia bêbado e dormia em qualquer canto. Não era um sujeito ruim, mas incomodava moradores e comerciantes do bairro pedindo dinheiro para a cachaça, ou ficava enchendo a paciência dos outros com seu papo-furado. Um dia Henrique teve uma ideia e disse a Valdemar que precisava falar um sério assunto com ele. Só não imaginou que ele levaria tão a sério. Henrique disse: - O Valdemar você que anda por aí a noite toda já viu o lobisomem? – Valdemar, com sua voz rouca e português enrolado, respondeu: - Que lombisomem que rapaz. Nunca vi lombisomem nenhum. - Sabe por que você nunca viu o lobisomem? Porque você é o lobisomem. - Eu não so lombisomem coisa nenhuma – Valdemar saiu indignado com Henrique. Uma hora depois Valdemar voltou com um cigarro na boca e perguntou ao borracheiro: - Me diz uma coisa. Ta vendo que eu to fumando. Lombisomem fuma? – Henrique argumentou: - Quando vira lobo não fuma, mas quando está como homem fuma sim. A prova está bem aqui na minha frente – E lá saiu Valdemar indignado mais uma vez. No final da tarde Valdemar voltou: - O Henrique, se lombisomem existe por que eu nunca vi? - Mas é claro Valdemar, você vira lobisomem e então não consegue se ver. - O Henrique. E se alguém quiser matar o lombisomem? - Aí você tem de se cuidar. Como se mata um lobisomem, Valdemar? - Ah, isso eu sei. É com uma bala de prata – respondeu Valdemar meio preocupado. Os comerciantes do bairro estranharam o sumiço de Valdemar. Quando aparecia era no final da manhã ou no início da tarde. À noite ninguém mais o via pelas ruas. Dias depois Valdemar apareceu na borracharia. Já havia tomado algumas pingas. Esperou até o último cliente sair e perguntou ao Henrique: - O Henrique sabe se tem alguém desconfiado de mim. Daquele assunto sabe né? - Não. Será que você tem andado muito por aí à noite? - Valdemar viu que não tinha ninguém por perto e disse: - Que nada rapaz. Consegui uma corrente e um cadeado. Amarro uma mão na outra e passo a corrente até o pé e fico quietinho. Deixo a chave meio longe e só solto de manhã rapaz. De repente tem um maluco por aí que tem uma bala de prata. Eu é que não vou me arrisca. Ó, não conta pra mais ninguém.

Papo de barbearia “Senha preferencial”

Faz tempo que tenho ouvido pessoas comentando sobre as senhas preferenciais. Há quem diga que isso é muito bom, pois mostra respeito aos que têm necessidades especiais: Idosos, gestantes e deficientes físicos. Também há quem “torça o nariz” quando esse é o assunto. Há poucos dias estive num posto de coleta de sangue aqui na cidade. Chamavam-se duas senhas preferenciais e uma comum. Assim seguiu: para cada duas pessoas idosas, por exemplo, uma pessoa mais jovem. Ouvi alguns comentários semelhantes aos da barbearia. Há muitas pessoas que estão trabalhando, ou logo depois do atendimento têm de ir para o trabalho, ou seja, estão com certa pressa. Não há dúvidas de que alguns grupos de pessoas precisam de preferência, mas vale à pena perguntar: O que poderia ser feito em prol daqueles que têm muitos compromissos e que por conta desse tipo de atendimento acabam se atrasando? Deve haver uma solução para que fique bom para ambas as partes.

Seu Manual

- Seu Manual é verdade que não é bom usar a expressão – sendo que? - Isso mesmo meu jovem, não use. Não é expressão recomendável para unir orações. Exemplo: Encontrei-me com alguns amigos, (sendo que) dois deles não via há muito tempo. Prefira assim: Encontrei-me com alguns amigos, dois dos quais não via há muito tempo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A memória do Ezequiel

Ezequiel mal entrou em casa e já ouviu a Suely perguntar: - Trouxe o remédio do Marcelo? – Ezequiel sentiu como que uma pontada na cabeça, havia esquecido de comprar o remédio do filho. Começa o sermão da mulher: - Você só não esquece a cabeça porque está grudada no pescoço. Esquecer o remédio do próprio filho! Deixe, por favor, o meu absorvente no banheiro e guarde o leite na geladeira – disse Suely, impaciente. Como dizer a brava mulher que ele não havia passado no supermercado, nem absorvente, nem leite, nem nada. Suely, perguntou: - Ezequiel, onde está o absorvente? - Sabe querida, eu esqueci. - Meu Deus, Ezequiel. Por que você não se interna? Ezequiel nem conseguia responder as investidas da mulher. Reconhecia que era muito esquecido. Esquecera só na última semana o guarda-chuva na barbearia, o celular na farmácia, as chaves do carro não lembrava onde havia esquecido. Ninguém mais lhe telefonara além do barbeiro e do farmacêutico para avisá-lo dos pertences ali deixados. Ezequiel lembrou que há anos vinha pensando em fazer um curso de memorização, mas nunca lembrava de começar. Alguém havia falado que seria bom para ele, só não lembrava quem havia dito isso. Lembrou que por vezes saiu da casa pensando “de hoje não passa, vou telefonar e marcar o tal curso”. Só quando se deitava a noite é que lembrava que havia esquecido de procurar pelo curso. Por muito tempo tem sido assim. Havia dias em que pegava o telefone e antes de ligar lembrava de algo que havia esquecido e parecia mais importante no momento e lá ficava para depois o tal curso. “Amanhã será a primeira coisa que farei ao chegar ao escritório”, pensou Ezequiel. Logo cedo lá estava Ezequiel todo orgulhoso. Lembrava no trajeto dentro de seu carro que assim que chegasse ao trabalho a primeira coisa que faria seria procurar pelo curso. Assim que chegou ao escritório, uma empresa de contabilidade ouviu os colegas: - Bom dia Ezequiel! Tudo bem Ezequiel? Tem um recado do seu Horácio em sua mesa Ezequiel. Não deixe de ligar para a dona Elvira, ela quer os documentos para hoje. Com toda a enxurrada de informações e exigências, Ezequiel sentou e lembrou: vou olhar na internet o curso de memorização. Cumpridas as tarefas do dia, Ezequiel telefonou para a mulher e disse que chegaria mais tarde. Começaria o curso. Suely, do outro lado da linha (nem parecia àquela mulher furiosa do dia anterior), disse em tom bondoso e otimista: - Quem bom meu amor. Vá sim. Aproveite bastante. Já comprei o remedinho do Marcelo e ele está bem. Um beijo, querido. Ezequiel já estava orgulhoso consigo mesmo. Havia lembrado logo cedo de procurar pelo curso. Sua esposa estava animada. Saiu da firma, entrou no carro e foi. Com o rádio ligado acompanhou o inicio da Voz do Brasil e ficou atento as informações. Achou estranho chegar em casa tão rápido. Parecia haver algo de errado. Tinha algo para fazer? Menos trânsito? Tinha que ir ao supermercado? “Não, meu Deus, o curso, passei direto, esqueci o curso”, falava Ezequiel enquanto batia no volante do carro como se ele fosse o culpado pela sua falta de memória. Quando entrou em casa Suely fez uma dupla pergunta: - Que tal o curso, amor? Por que acabou tão cedo? – Ezequiel respondeu: - Ah, o professor deu apenas uma pequena tarefa. Amanhã teremos de dizer qual a primeira coisa que ouvimos ao chegar em casa.

Seu Manual

- Seu Manual o que é uma pessoa inúbil? - Inúbil é alguém que não está na idade de casar. - Acho que sou inúbil.

sábado, 4 de agosto de 2012

Novos médicos

Na última sexta-feira, dia 20 de julho, estive com minha esposa na formatura dos alunos do curso de medicina da UFSC. A convite de meu amigo Carlos Maestri Castilhos, um dos formandos, assistimos a uma emocionante cerimônia. Cerca de 45 novos médicos, moças e rapazes, emocionados e vibrando ao ouvirem a Reitora dizer a cada um deles: - Confiro a... O grau de médico. Ouvir a paraninfo da turma dizer aos presentes que eles devem ser sempre honestos, íntegros, e acima de tudo, tratarem seus pacientes como se estivessem tratando de seus próprios familiares foi interessante. Um dos formandos recebeu o diploma das mãos dos seus pais que são médicos do HU. Acompanhar quem faz uma faculdade, tal como a de medicina por anos e vê-los dar um grito de pura e total emoção é contagiante. Lembrei durante a formatura de duas situações. Primeiro com respeito aos jovens médicos. Há algum tempo parecia haver algum preconceito por parte da população por acharem que não seria boa ideia serem atendidos por alguém com “pouca experiência”. Hoje percebo uma importante mudança. Temos visto e ouvido elogios a jovens médicos. Atenciosos, educados, humanos. Características também presentes em médicos veteranos. Conheço vários assim. Há, no entanto, aqueles médicos que carregam sobre si, além do jaleco o orgulho e a arrogância. Quem já não teve a infelicidade de ser atendido por um assim? Mas a população bem informada, conhecedora de seus direitos e educada, sabe diferenciar e exigir seus direitos. Maravilhosa profissão. Maravilhosos médicos que olham em nossos olhos e respeitam seus pacientes, tal como se fossemos de fato seus familiares. A segunda coisa que me lembrei foi de uma “certa ligação” entre médicos e barbeiros. É que os barbeiros de antigamente, bem antigamente, faziam ou realizavam alguns procedimentos médicos. Na idade média, os barbeiros, além de cortar cabelos e barbas extraiam dentes e realizavam sangria. Diz o jornal The Toronto Star: Durante a sangria era costume o paciente apertar uma vara com força em uma das mãos para que as veias dilatassem e o sangue jorrasse livremente. Para disfarçar as manchas de sangue a vara ela era pintada de vermelho. Quando não estava sendo usada era pendurada do lado de fora da barbearia para fazer publicidade. Os barbeiros herdaram a marca registrada da vara quando sua profissão foi dividida entre cirurgiões e barbeiros no reinado de Henrique VIII, rei da Inglaterra no século XVI. Hoje os barbeiros não extraem dentes nem mais realizam cirurgias de cataratas, mas se orgulham de saber a confiança que há séculos há com a “classe”. Agora temos barbeiros que continuam acompanhando seus clientes em seu desenvolvimento profissional e se tornarem pessoas capacitadas para ajudar e auxiliar, no caso dos médicos, até salvar vidas. Que esses formandos da UFSC, junto com outros de tantos lugares tragam por dentro do jaleco além de um ser humano um profissional competente e motivado pelos mais profundos sentimentos humanos. Sentimentos que unidos a seus preciosos conhecimentos nos passem a segurança de que estamos em boas mãos.

Alex Dog

Venha conhecer essa saborosa novidade do bairro Bela Vista. Cachorro quente tradicional, prensado e doce. Convide os amigos. Uma delícia! Rua Santa Catarina, 689, Centro Comercial Hermann. Telefone: 8414-4584

Seu Manual

- Seu Manual como vou saber quando usar se não ou senão? - Se não - quando puder substituir por caso não, quando não. Senão - (conjunção se + advérbio não) quando puder substituir por: do contrário, de outro modo, caso contrário, a não ser. Entendeu meu jovem? - Sim senhor. Obrigado!