quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Bicão Profissional

Aurélio e Tomaz estavam a passeio na cidade de Antônio Carlos quando de repente viram e ouviram uma grande movimentação. Curiosos, aproximaram-se e viram que se tratava de uma festa casamento. E casamento naquela região, é festão. Aurélio convidou Tomaz a entrarem no salão. Tomaz argumentou que não haviam sido convidados e nem conheciam os noivos, disse que não iriam. Aurélio é bom na argumentação e acabou convencendo Tomaz. Lá dentro viram o que não se vê em qualquer festa. Em vez de muitos detalhes em decoração, fartura. Era carne de todo tipo, o cheiro do churrasco e a gelada fez os dois amigos pensarem que tomaram a decisão certa. Com os pratos bem cheios de maionese, polenta frita, carne, muita carne, e uma cerveja bem gelada os dois sentiam-se no paraíso. De longe viram os noivos cumprimentando os convidados. Tomaz, receoso, perguntou a Aurélio: - O que vamos fazer quando o noivo chegar aqui? – Com a boca cheia Aurélio respondeu: - Fica frio. Tem muita gente, ele nem vai notar que não nos conhece – Minutos depois o noivo se aproxima. Tomaz sente o peito arder de medo. Aurélio parece não se importar. O noivo chega bem perto e diz: - Olha aqui. Eu sei que vocês não foram convidados. Isso é uma festa de família. Terminem de comer e saiam, por favor – Tomaz em seus pensamentos dizia que queria desaparecer. Aurélio sabia que com o alto volume da música os convidados em volta não haviam ouvido a bronca, por isso quis sair bem da situação. Levantou-se e, como se fosse amigo do noivo deu-lhe um forte abraço e os parabéns. De fato, quem via a cena até pensava que eles fossem amigos. Até Tomaz que já conhecia o jeito de Aurélio ficou chocado com sua atuação. Nem o noivo entendeu direito. Ficou em dúvida. Quando Aurélio e Tomaz terminaram de jantar, levantaram e disseram em voz alta aos noivos: - Desculpe amigo, mas temos que ir embora. A gente se fala. Obrigado pelo convite!

O Poder

Na última sexta-feira a noite mais uma vez ficou provado não apenas talento em compor uma história e boa atuação de atores, mas o poder que a imprensa, a mídia, exerce sobre a população. É absolutamente incrível como a “grande mídia” tem o poder de ditar conceitos, preconceitos, valores, etc. Se ela disser que de tal hora a tal hora todos devem sentar ou estar diante a televisão, é assim e pronto. Ruas vazias, estádios de futebol com pouquíssimos torcedores, até o consumo de luz caía nesses momentos. Nada de ligar chuveiro, ferro de passar ou qualquer outra coisa que tirasse os olhos da TV. Cabe com certeza a cada pessoa avaliar seus próprios conceitos e quanto tempo temos disponível. Conceitos e tempo que só são revelados e colocados como certos ou errados pela “grande mídia”, afinal, ela decide e a população obedece. Incrível!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

“Na cara e na coragem”

Vez por outra depois de ouvir alguma coisa a meu respeito, alguém diz: Você conta histórias dos outros, quero ver escrever isso? Respondo: Publico minhas gafes com tranquilidade. Essa semana tem uma especial. Nesta quarta-feira, dia 17, completo 15 anos de casado com uma bela mulher chamada, Janaina. Acontece que o ano de 1997 foi um ano de algumas proezas. Primeiro, o noivo achou que não faria festa por falta de verba. Mas com apoio da família e amigos, saiu um ótimo churrasco, acompanhado dos pratos bem preparados pela minha mãe e as tias polacas. Segundo, a lua de mel. Sem dinheiro para bancar um passeio pela Europa, Estados Unidos, qualquer canto do país e nem do bairro, tive uma ideia. Um amigo de meu pai tinha um bom apartamento em Canasvieiras. Ele disse que só poderia me alugar seu AP se sua esposa concordasse. Falei isso a ela e a senhora sentiu-se bem em ouvir isso, que a palavra final seria a sua. Eu sabia que ela com certeza cobraria um valor justo pelo aluguel, mas também sabia que ele, o marido, não teria coragem de me cobrar o aluguel. Então a convenci de deixar que ele estipulasse o valor, alegando que ele estava mais “por dentro” dos valores. Ela concordou. (Espero que esta semana eles não recebam este jornal, ficaria mal) Quando disse a ele que ela havia concordado e que ele é que deveria dizer o valor do aluguel, ele respondeu: - Mas de jeito nenhum, rapaz. Use a vontade o apartamento. Não vou cobrar nada. A única recomendação da dona do AP era quanto a uma bonequinha que ela havia trazido do Caribe. Intocável. Terceiro problema. Eu não tinha carro quando me casei. Meu amigo Alemão e sua esposa levaram Janaina e eu até nosso local especial. Uma chuva fina e fria não me atrapalhou mais que um maldito cadeado que não abria de jeito nenhum. Já não sabia se mordia ou chutava o desgraçado do cadeado que queria destruir nossa tão esperada noite de núpcias. O Alemão foi à salvação. Abriu o cadeado e finalmente ficamos a sós, quero dizer, Janaina e eu. Enquanto a noiva delicadamente arrumava algumas coisas no quarto, eu, para ajudar, resolvi abrir espaço numa cômoda. Quando passei o braço com rapidez senti que algo havia voado e se espatifado ao chão. Era a bonequinha vinda do Caribe, xodó da dona do AP. Dali Super Bonder. Um dia um amigo, o Juca, disse que minha mulher casou comigo na cara e na coragem. Será? Poderia dizer que me fiz de pobre só para testar se ela me amava de verdade ou se tinha interesse em meus bens materiais. Conversava fiada. Acredito que foi o amor que a levou a ter essa coragem. E hoje, 15 anos depois, começo o dia entregando a ela belas rosas. Sei que ela irá sorrir ao ver as rosas e então as rosas é que serão presenteadas com seu lindo sorriso.

Biguaçu em Foco

A partir de hoje minhas crônicas estão também no JBFOCO. Geralmente serão crônicas diferentes e ocasionalmente as mesmas do SJFOCO. Agradeço ao Ozias e ao Décio por mais essa oportunidade de divulgar minhas crônicas. Hoje no JBFOCO – Garçom atrevido –

Descarados

Como pode alguém que diz que o mundo vai acabar em uma data x doar seu dinheiro nas vésperas. Será que pensa assim? Já que vai se acabar, que acabe na sua mão. Aonde é que está a bondade num gesto desses? Primeiro, quanto a “algo especial” a acontecer no mundo, não o fim do mundo, mas algo especial, só Deus sabe. E se alguém quer doar que doe de coração e não por medo ou desencargo de consciência.

Seu Manual

- Seu Manual veja, por favor, se estas frases estão certas. “O país reouve (e não reaveu) a credibilidade internacional depois de medidas tomadas pelo governo”. ‘“Se ela reouver (e não reaver) os bens roubados, poderá nos ajudar a pagar as dívidas”. - Está certo meu jovem!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Um novo sorriso diante o oceano

Seu Olavo estava contente com sua nova dentadura. Iria à praia com um novo sorriso. Numa bela manhã de domingo partiram em direção a Palmas. Seu Olavo, a esposa, os três filhos, genro, noras, e netos. Antes de sair seu Olavo tirou e escovou a dentadura. Lavava-a com o mesmo capricho que limpava seu carro. Antes de chegarem à praia estacionaram os carros e lá do alto de Governador Celso Ramos avistaram o maravilhoso mar. Uma visão paradisíaca. Um azul absoluto. Chegando a praia começaram a curtir o que parecia que seria um belo dia. Seu Olavo convidou a turma para um mergulho. Disseram a ele que a água estava gelada, que iriam mais tarde. Seu Olavo levantou-se, ajeitou a sunga verde e foi em direção ao mar, sorrindo. A família apenas observava. Todos admiravam a coragem de seu Olavo em enfrentar a água gelada. Seu entusiasmo quase os levara a mergulhar juntos com ele. Seu Olavo entrou no mar e virou-se para a família. Olhou para eles como quem olha para o resultado das sementes que plantara por toda uma vida. O sorriso ocultava a emoção de um homem de 65 anos que sente que cumpriu uma importante missão. Ele voltou-se ao mar e mergulhou. A família inteira o observava. Segundos se passaram e todos passaram a estranhar a demora de seu Olavo. Admiravam como era boa sua capacidade de segurar a respiração em baixo da água. Mais a demora em seu retorno preocupou a família. Todos se levantaram. O que teria acontecido com seu Olavo? Mandaram Antônio entrar na água e procurar pelo sogro, algo de ruim devia ter acontecido. Quando todos já estavam em pânico pela demora de seu Olavo e Antônio a caminho do mar, eis que surge seu Olavo. Retornou das profundezas fazendo respirar em paz a família. Ele os olhou e sorriu. Eles não sorriram. Seu Olavo achou estranho não sorrirem. Ao levar a mão à boca notou que havia perdido sua dentadura durante o mergulho. Começa uma busca frenética. Eram mais de cinco pessoas mergulhando e procurando pela dentadura assim como quem procura um tesouro. Seu Olavo teve uma ideia. Por que não falar com um salva-vidas, quem sabe esse herói dos mares não possa ajudar? Encontraram um simpático salva-vidas. Ele riu e disse que é muito comum pessoas perderem dentaduras na praia. Trouxe uma bacia cheia delas e mostrou-as a família. Eles disseram que não era preciso. Seu Olavo discordou. Meteu a mão dentro da bacia e pegou uma das dentaduras. Todos acharam aquilo estranho. Seu Olavo colocou uma delas em sua boca. A família sentiu náuseas. Ele provou várias. Mexia os beiços, abria e fechava a boca, até que ficou satisfeito. A família insistia em dizer – que coisa nojenta - O salva-vidas disse que estava tudo bem. Quando foram embora seu Olavo pediu para encostarem no mesmo lugar onde pararam na ida. Todos saltaram e olharam para o mar. Seu Olavo colocou as mãos na cintura e abriu um belo sorriso. Deu novo sorriso diante ao oceano. Jamais voltaria pra casa de boca vazia.

Seu Manual

- Seu Manual qual a diferença entre delatar dilatar? - Ora meu jovem. Delatar é denunciar, acusar de crime, revelar. Dilatar é aumentar, ampliar, estender, alargar. - Obrigado!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A arte de ficar quieto e a arte de falar

Dar os parabéns a uma mulher pensando que ela está grávida quando ela não está é constrangedor. Apontar um cara na rua e dizer: Que bicho feio! E só então ouvir alguém ao lado responder: É meu pai. Ou ouvir uma mãe dizer ao filho adolescente para ele colocar os óculos. O rapaz diz que o óculos o deixa muito feio. A mãe responde: Você é feio de qualquer jeito, coloque os óculos. A Sabedoria da Bíblia diz que a língua é um fogo. Linguagem metafórica. A arte de falar tanto encanta quanto espanta. Palavras levantam ou derrubam. Fazem com que um suicida desça da ponte ou pense em por que já não fez isso há muito tempo. Tudo depende de como se fala. Em “O poliglota” Humberto de Campos dá um belo exemplo disso. Nessa história Emílio Esteves estava numa roda de amigos quando chega outro companheiro trazendo um amigo seu. Ele o apresenta a todos na roda de amigos e ressalta: - Este é o fulano de tal. É nosso patrício e tem percorrido o mundo inteiro. Fala corretamente o inglês, o francês, o italiano, o espanhol, o alemão, além é claro, o nosso português. O rapaz sorria modesto diante tantos elogios que recebera. Falou ao longo de uma hora não mais que meia dúzia de palavras. Então se despediu e foi embora. - Que tal esse meu amigo? – Perguntou o rapaz que o havia apresentado: - Inteligentíssimo, e, sobretudo, muito criterioso- Respondeu Emílio Esteves. - Mas ele não falou quase nada – Argumentou um dos companheiros. Emílio explicou: - Pois, por isso mesmo. Vocês não acham que é talento e inteligência saber ficar calado em seis línguas diferentes? Seja em casa ou na barbearia. Na festa ou no funeral. Na briga ou na alegria, a arte de falar ou de ficar quieto pode evidenciar nossa inteligência. Saber usar bem o dom da fala é arte, pode ajudar e até salvar. No mais, é bom lembrar a antiga frase: Somos escravos de nossas palavras e senhores de nosso silêncio. De um jeito ou de outro todos os dias temos de usar essas artes. Falar ou ficar quietos.

A sós

Sempre me perguntei por que algumas pessoas simplesmente não suportam ficar sozinhas. Enquanto terminava minha coluna li a de Martha Medeiros, no Dona DC. Ela falava sobre uma viagem que fez sozinha, aliás, muito bem acompanhada, dela mesma. Martha citou uma amiga psicanalista que disse a ela que não é por medo que as pessoas não viajam sozinhas, e sim por vergonha. Motivo? Numa sociedade que condena a solidão como se fosse doença é natural que muitos se sintam desconfortáveis de circular por aí desacompanhadas. Legal. Embora o procurar se isolar possa não revelar sabedoria, o outro extremo, o de não conseguir ficar contente com a própria companhia também é preocupante.

Seu Manual

- Seu Manual é verdade que é melhor dizer prefiro “a” em vez de “do que”? - É isso mesmo meu jovem. Vou dar alguns exemplos: O homem preferiu ser preso a denunciar os amigos. E não “do que” denunciar os amigos. As crianças preferiam água a refrigerante. E não preferiam mais água “do que” refrigerante. Portanto, use corretamente preferir “a” uma coisa ou uma pessoa. Não use “do que”. Último exemplo: Muitas pessoas preferem justificar o voto a votar. Entendeu? - Sim!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Um pão para dois

Era uma terça-feira de inverno. Um homem que costumava dormir pelas ruas enfrentando frio e fome havia encontrado um serviço. Passava o dia inteiro espalhando barro por todo um grande terreno em preparação para uma obra. O tal homem havia encontrado uma parceira, talvez com necessidades parecidas. Juntos haviam alugado uma casa com duas peças e sem banheiro. Ao final daquela terça-feira ele guardou suas ferramentas e parou diante uma pequena lanchonete. O dono fazia as pressas os lanches. Um ovo fritava na chapa, o cheiro do bacon invadia a rua. O homem fixou seu olhar sobre a chapa, sobre os lanches ali preparados. Na modesta casa talvez o aguardasse um pedaço de pão, quem sabe arroz ou qualquer coisa que saciasse a fome dum trabalhador braçal. Quem observava a cena perguntou ao homem: - Quer um lanche? - Um tanto bruto ele devolveu a oferta: - Ta pagando? - O observador respondeu-lhe com calma: - Se estou oferecendo, é claro que pago. Escolha o que quiser. Por um instante o olhar do homem grande parecia o de uma criança a quem se pergunta se quer esse ou aquele brinquedo. Depois de instantes pediu um X-EGG. O observador se distraiu e logo viu o homem agradecendo e indo embora com o lanche na mão. Curioso, perguntou ao homem se não iria comer e pedir um refrigerante. O homem disse: - Não, não. Eu vou levar pra comer em casa com a minha mulher. Não como nada longe dela. Vou dividir com ela. O observador sentiu que falhou em sua avaliação. Não havia imaginado que aquele homem bruto, sofrido, tinha também um coração. Estava disposto mesmo na fome em dividir um pão para dois.

Troféu Osvaldo Deschamps de Literatura e Arte

No último sábado mais de 20 escritores e artistas plásticos foram homenageados pela Associação dos Escritores da Grande Florianópolis. O evento foi realizado no colégio Maria Luiza de Melo – Melão. Depois de publicar 3 livros, mais de 3 anos como colunista do São José em Foco e um grande apoio da imprensa catarinense, TV, rádios, jornais foi um grande privilégio receber o troféu Osvaldo Deschamps de Literatura e Arte. Meus agradecimentos a Luciane Mari Deschamps, escritora e vice-presidente da Associação dos Escritores da Grande Florianópolis por ter apresentado meu trabalho a Associação dos Escritores. Aprendo a escrever a cada dia, em cada texto ou crônica, o que faço com satisfação e esperando levar algo de agradável aos leitores. Muito obrigado.

Seu Manual

- Seu Manual eu esqueci o que é catacrese. - É o uso inapropriado de termos específicos de certas situações ou para designar partes de objetos por falta de termos apropriados na Língua. Exemplo: O bico do bule. A asa da xícara. A perna da mesa. Entendeu? - Sim. Bule não tem bico, mas como chamar esta parte do objeto? Xícara não tem asa. Mesa não tem perna. São termos como que “emprestados” para dar nome ao que não teria. - Perfeitamente meu jovem!

Encontro com Fátima Bernardes

No programa da Fátima Bernardes da última segunda-feira, perguntou-se as mulheres da plateia se preferiam homens bonitos ou homens inteligentes. A maioria respondeu que prefere os inteligentes. Pergunta: O que seria para elas um homem realmente inteligente?