segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Mudou?

Renato não era lá o cara mais modesto da turma, mas ninguém o via como um sujeito arrogante. Conversava com um, trocava uma ideia com outro, estava sempre no churrasco da galera. Na praia chegou a estar entre os “farofeiros”, frango assado, pão de trigo, coca-cola, tudo na maior tranquilidade. Só o Julio achava seu jeito um tanto estranho, no fundo, bem lá no fundo, não achava que ele estivesse completamente a vontade. A turma dizia que isso era coisa da cabeça do Julio, “que bobagem, o Renato é dos nossos, é um cara humilde”, mas o Julio continuava intrigado. Chegou um ano em que o Renato passou num ótimo concurso público. Ele havia acabado de comprar um carro que era o melhor de todos da galera, mas já andava atrasando o pagamento de algumas parcelas. Renato assumiu o cargo e agora o salário era alto. Ainda chegou a participar do churrasco com a turma mais uma ou duas vezes, mas o papo dele era outro. Os amigos estranhavam ouvi-lo reclamando daquele carrão, reclamando dos apartamentos que se tem visto por aí. Os amigos até sentiam certo constrangimento, pois, alguns por mais que trabalhassem teriam de continuar com um carro mais ou menos novo e um apartamento que não era lá seu sonho, mas era sua realidade. Renato erguia bem a cabeça e falava com firmeza:
- Tem gente que tem mais é que se ralar. Quem não tem ambição nunca vai sair do lugar.
Havia alguns que balançavam a cabeça como que concordando, outros até saiam de perto. Um dia um dos amigos, o Bruno, não aguentou e disse:
- Eu não falei, não falei? O Renato ta mudado ou não?
O Ricardo disse:
- É impressão de vocês. Vamos fazer o seguinte. Vou ligar pra ele e convidar pra irmos a Palmas nesse domingo. E na hora do almoço nós tiramos do carro uma galinha assada, uma coca-cola e uns dez pães de trigo. Ele não vai resistir e vocês vão ver que ele não mudou nada.
A turma concordou. Renato topou. No domingo de sol lá em Palmas, Renato chateava a turma mostrando seu relógio de 1.500 reais. Depois falou que nas próximas férias iria para os Estados Unidos, “por aqui não tinha graça”, dizia ele.
Lá pelas 13:00h, Renato disse:
- Vamos almoçar?
Ricardo respondeu:
Fica frio, Renato. Já pensamos em tudo- Ricardo foi até seu carro e quando Renato viu e sentiu o cheiro do frango, olhou para os lados meio que preocupado com os olhares alheios. O Julio já ajeitava tudo quando Renato saiu com essa:
- Esta semana não estou bem do estômago. Comam a vontade, vou dar um mergulho e já volto.
A turma ficou pasma. O Ricardo disse:
- Puxa, ele mudou mesmo – O Julio corrigiu:
- Não mudou não. Nós é que nunca tínhamos percebido. A atual situação dele deixou bem claro o que ele sempre foi!

Prates

Apesar de o SBT ter assumido a rádio Guarujá o Prates não deve ir para a emissora. Conversei com ele semana passada e ele está bastante envolvido com atividades na TV, entre elas a apresentação do jornal do meio dia. Prates faz também um programa de rádio pela CBN de Lages.

Seu “Manual”

- Seu Manual esqueci o que é cacofonia.
- É a palavra no sentido obsceno, chulo, vulgar. Se forma pela junção de sílabas.
Exemplos: Aqui ela se disputa todos os dias... Fé demais. Entendeu?
- Sim!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A fé nos gols

João Marcos é repórter há mais de dez anos. Nos últimos anos cobre partidas de futebol como repórter de campo. Tem lá suas dúvidas quando o assunto é religião. Acha tudo muito confuso. Certo domingo João Marcos fora escalado para cobrir um jogo em sua cidade. Depois de conversar com o narrador e outros colegas João vai até o vestiário onde pretende fazer algumas entrevistas. Assim que chega a porta ouve algo que lhe soa estranho. Aproxima-se e olha lá dentro. Conta pelo menos seis jogadores de mãos dadas rezando, ou orando. Pedem por gols, pedem por vitória. João Marcos não dado a fé admira-se com a confiança dos jogadores. Pensa em não atrapalhar. Vai rapidamente até o vestiário onde está o time adversário. Pensa em conseguir ali junto ao colega da mesma emissora alguma entrevista e logo voltaria ao primeiro vestiário, quem sabe a oração já tenha terminado. Bruno, o colega de João Marcos, assim que o vê, diz:
- Silêncio, João – João caminha bem devagar e espia dentro do vestiário. Vê uns três ou quatro jogadores rezando, ou orando. Aproxima o ouvido com cuidado para não atrapalhar e escuta pedidos ao Senhor. Tem haver com gols, tem haver com vitória. Primeiro João Marcos novamente surpreende-se com tamanha fé de tantos jogadores, depois passa a quebrar a cabeça. Lembra que os pedidos por gols e vitórias eram feitos a mesma pessoa em vestiários diferentes. A quem o Senhor ouviria? Pensava João.
A partida começa. Aos dezoito minutos do primeiro tempo gol para o time da casa. João Marcos pensa: É eles foram mesmo ouvidos pelo Senhor. Aos trinta e seis minutos ainda do primeiro tempo o time visitante marca seu primeiro gol. João põe a mão na cabeça, até atrapalha-se ao passar para o narrador detalhes sobre o gol. Ele volta a pensar: O Senhor ouviu também o outro time. No segundo tempo mais um gol para cada time. A partida termina empatada. João Marcos não gosta dessa expressão, empatada, acha-a grosseira.
Naquela noite João Marcos volta para casa pensando no que vira e ouvira nos vestiários. Os pedidos. Quem seria favorecido? Havia algum goleiro menos merecedor? Lembrou que até antes de lutas já vira pessoas rezando. Será isso que chamam de fé? Pensava o repórter João Marcos. O repórter pensa em fazer sua primeira oração ou talvez rezar, mas pensava em “o que pedir? O que dizer?” Achou melhor apenas agradecer, havia muito a agradecer. Ele tem dois filhos e na qualidade de pai se tivesse que um dia intervir por um de seus filhos qual ajudaria? Qual prejudicaria? Pensou que mesmo como pai imperfeito jamais favoreceria um filho em favor de outro, que dizer do Senhor? Pai e Filho “lá em cima” pensou ele, devem ter outras preocupações. Afinal de contas, a partida terminou empatada.

Seu “Manual”

- Seu Manual qual a diferença entre absolver e absorver?
- Preste atenção meu jovem: absolver é inocentar, perdoar, desculpar.
Absorver é consumir, esgotar, sorver. Entendeu?
- Entendi. Muito obrigado!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Por que a mulher do Chico pergunta?

Por que a mulher do Chico pergunta?

O Chico e a Glória caminham pelos corredores do supermercado e ela pergunta:
- Chico, o que vai querer para o jantar?
- Pode ser bife acebolado, com arroz e batatas fritas.
- Não, bife acebolado não. Vou fazer macarrão.
- Chico, amanhã vou cortar o cabelo. Acha que tiro só um dedinho ou deixo bem curto?
- Acho que devia cortar bem curto. Vai combinar com teu rosto.
- Curto não. Vou mandar cortar só um dedo.
- Chico, minha mãe vem no final de semana. Será que é melhor ir buscá-la na rodoviária ou a deixamos vir de ônibus?
- Querida, o ônibus passa bem em frente aqui de casa e ela vem cedo.
- Quero que vá buscá-la, Chico.
- Ah Chico, eu vi um tom de amarelo tão lindo para nossa casa, mas estou em dúvida com aquele azul que vimos outro dia. Qual você gostou mais?
- Gostei do azul, Glória.
- Vamos pintar de amarelo, Chico. É lindo.
- Ai Chico, esqueci de comprar ovos. Temos de voltar ao supermercado. Quem vai até lá, eu ou você?
- Deixe que eu vou, Glória.
- Então não demore Chico, quero fazer logo esse bolo para mamãe.

Romance e Crônicas

Continuo convidando os leitores da coluna a lerem meus livros – Crônicas Na Cadeira do Barbeiro, Na Cadeira do Barbeiro Sua História Passa por Aqui, e o romance Um Sonho de Menino. Pode encontrá-los nas livrarias Catarinense e na Nobel do shopping Itaguaçú. Se preferir, ligue 3346-8801

Seu “Manual”

- Seu Manual qual a diferença entre infligir e infringir?
- Infligir é aplicar pena ou castigo, causar dano, prejuízo.
Infringir é transgredir, violar, desrespeitar. Certo?
- Certo. Obrigado seu Manual!

Curiosidade Curiosidade

Uma estatística da época – 1797 – assinala que a Freguesia de São José era composta de 389 fogos ( casas habitadas ), com uma população total de 2.079 habitantes, incluindo escravos, que eram em número de 412. Já existiam escravos libertos, no total de 14.
( Do livro São José da Terra Firme, de Gilberto Gerlach e Osni Machado )

Trânsito

Meus amigos que enfrentam o trânsito no dia a dia dizem que ficam duas ou até três horas por dia no carro ou no ônibus - trajeto continente ilha e ilha continente.
Os que passam três horas por dia no trânsito ficam pelo menos 15 horas por semana ou 60 horas por mês dentro do automóvel ou do coletivo. Isso se não contarmos os passeios de fins de semana, tal como uma chegada à praia. Multiplicando tudo isso por 12 concluímos que meus amigos têm passado pelo menos 700 horas por ano no trânsito.
Parece loucura levar isso assim ao pé da letra? Um aluno que estuda 4 horas por dia passa, imagino, ao longo do ano letivo aproximadamente 800 horas por ano na sala de aula. Um aluno universitário em 4 ou 5 anos se forma com quase o mesmo tempo em que muitos ficam dentro do meio de transporte.
Enquanto o problema de mobilidade não tem solução que tal tentar aproveitar melhor esse tempo no trânsito. Não há como? Não acredito. Pensadores e pesquisadores com certeza oferecerão algumas alternativas apropriadas para melhor aproveitamento do tempo que muitos passam no trânsito. Música, leitura, cursos? Alguma solução que diminuísse o estresse e tornasse útil esse tempo será bem vinda.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A difícil arte de ouvir

Ouvir não é privilégio de muitos. Há de fato os surdos, mas mesmos esses podem ser bons “ouvintes”. Ouvir não é apenas escutar que alguém falou algo. Ouvir música de boa ou má qualidade. Ouvir barulhos ou ruídos. Ouvir vai muito além disso. Certa vez li numa revista Despertai que um filho perguntava para o pai qual é a arte da comunicação. O pai respondeu:
- Escute meu filho.
O filho achando que o pai não havia respondido voltou a perguntar e o pai disse:
- Já lhe respondi filho. A grande arte da comunicação é escutar.
Esse escutar envolve muito mais que ouvir sons. Envolve discernir, compreender, decifrar, entender o que há de fato por trás daquelas palavras. Talvez seja nas relações marido e mulher e pais e filhos que mais se note essa dificuldade. Dizem os especialistas nos estudos de comunicação que as mulheres, por exemplo, quando falam, desabafam com os homens, com os maridos, elas na verdade na maioria das vezes não estão pedindo conselhos ou palpites. Elas querem apenas ser ouvidas. Nossa tendência quase que natural é mal acabar de ouvir e já partir para o “por que não faz assim, ou por que não fez dessa maneira?” Elas nem querem saber nossa opinião. Só querem ser ouvidas e talvez nos ouvir dizer algo do tipo “puxa, isso deve estar sendo muito difícil para você”. Mas a verdade é que há homens que também apreciam ser ouvidos em vez de ouvir “ah, não foi por falta de aviso, ou bem feito, você nunca me escuta”.
O marido chega para a esposa e diz que a mãe está doente. Ele está arrasado. Estava louco de vontade de compartilhar com a esposa o problema que o amargurou durante todo o dia e quando conta para a esposa ela diz:
- Ah, mas é bem feito pra tua mãe, quando podia ser cuidar não se cuidou- Ela dá as costas e vai para o banho.
A esposa está no ônibus segurando o choro. Não aguenta mais as dificuldades no trabalho, quer os ouvidos do marido. Em casa, após ouvi-la, o marido dá dezenas de conselhos não solicitados. Ela pensa que o marido não sabe o que ela está passando.
Ser “rápidos no ouvir e vagarosos no falar, vagarosos no furor” diz na bíblia em Tiago 1:19.
Há em muitos relacionamentos uma grande mudança entre a época do namoro e o casamento. Certo escritor disse que é fácil num restaurante ver quem é um casal de namorados ou se são casados. Os namorados tendem a rir conversar, brincar, etc. Os casados (há exceções é claro) costumam comer, beber, pedem a conta e vão embora.
A difícil arte de ouvir pode ser aprendida com esforço semelhante a aprender a tocar um instrumento musical. Os instrumentos serão os ouvidos que tocarão uma bela música ao interlocutor. A verdadeira atenção. Ouvidos e coração abertos a difícil arte de ouvir.

Laine Valgas

É claro que o sucesso de Laine Valgas não se deve apenas a sua simpatia. Ela além do carisma demonstrado em suas matérias tem mostrado sua firmeza e profissionalismo em recentes entrevistas no Jornal do Almoço. Com imparcialidade tem deixado “sem palavras” aqueles que não têm mesmo o que explicar.

Seu “Manual”

- Seu Manual eu escrevo cela ou sela?
- Depende meu jovem. Use cela quando significar aposento, pequeno quarto.
Ou sela com s quando significar arreio acolchoado onde o cavaleiro senta. Entendeu?
- Perfeitamente!