quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Spotlight: Segredos Revelados


Sabemos que a pedofilia é praticada de maneira geral por pessoas próximas. Crianças, adolescentes e pais são persuadidos a confiar nos pedófilos como se fossem pessoas acima de qualquer suspeita.

Pais, padrastos, tios, avós, amigos da família estão entre aqueles que molestam crianças causando traumas terríveis.

Cabe o ditado: “Seguro morreu de velho”. Não quer dizer desconfiar de todos, mas ao mesmo tempo não confiar demais, principalmente quando o risco é a pedofilia.

"Ah, ele ou ela jamais seria capaz de fazer isso, ponho minha mão no fogo”. Então saiba que as possibilidades de se queimar são reais e consideráveis.

O perigo também se esconde atrás de títulos de “santidade”.

O filme – Spotlight – Segredos Revelados, baseado em fatos reais, conta a história de um grupo de jornalistas do The Boston Globe que investigou, descobriu, se apavorou e publicou um artigo sobre padres pedófilos.

Na ocasião, por volta de 2001, havia pelo menos 87 padres que haviam molestado crianças; detalhe: 87 só na cidade de Boston.

Há pesquisas que segundo o filme apontam que até 6% dos padres poderiam estar envolvidos em pedofilia.

Em especial crianças de famílias carentes e pouca estrutura, dizem que veem o líder religioso como se fosse “Deus”.

“Um dia ele pede para a criança recolher o lixo. Depois conversa mais. Um dia conta uma piada obscena (agora eles têm um segredo), e por fim mostra uma revista pornográfica” (Relato de uma das vítimas no filme).

Tudo termina, ou começa, quando “o padre tira a roupa e pede para o menino o masturbar e fazer sexo oral nele”. (Continuação do relato)

Quando acontece com meninos que são ou acreditam ser homossexuais tudo parece diferente; afinal de contas eles sentem que “deus” entende e aceita sua situação. (Também relatos do filme)

O filme – Spotlight – Segredos Revelados - deve ser mais anunciado, divulgado, assistido e discutido.

Concluir que isso acontece apenas em outros países é ingenuidade.

Pensar que isso só acontece “lá longe” é fechar os olhos a uma terrível e devastadora realidade.

Quando os abusos são cometidos por lideres religiosos à coisa é agravada por vários motivos.

Primeiro: Estão entre aqueles que parecem estar – acima de qualquer suspeita.

Segundo: O medo de denunciar um “homem de Deus”.

Terceiro: A maneira como a igreja por tantas vezes oculta, esconde, transfere o padre pedófilo para outra paróquia. Já molestou aqui, ficará conhecido. Quem sabe numa cidade onde ninguém saiba. E se abusar lá se transfere outra vez...

Pais precisam alertar e conversar com os filhos. Alguns falam besteiras e contam piadas sobre sexo com amigos, mas não são capazes de ter uma conversa respeitosa, porém aberta com filhos e filhas, os alertando contra os pedófilos. Dizer o que fazer e para quem contar. Que pode ser o vovô, o papai, a mamãe, o titio, o padrasto, o melhor amigo dos pais e até um “homem de deus”.

A denuncia pode não resolver por completo, mas dará a oportunidade de se fazer justiça e talvez impedir que outras crianças venham a ser molestadas.

E a imprensa? Parabéns a imprensa. Parabéns aos jornalistas que investigam e publicam.

Jornalismo é isso, abrir temas importantes. Falar o que não parece conveniente e o que alguns não desejam ouvir.

Imparcialidade é importante sempre. Não podemos deduzir que a maioria dos lideres religiosos são pedófilos, mas o número é assustador. Mais assustador ainda é saber que os que têm poder para denunciar e punir por tantas vezes apenas encobrem.

Dizem que segredo deixa de ser segredo quando revelado.

Há segredos importantes a serem guardados e outros não.

Pedofilia, pessoas próximas e principalmente, “homens de deus” devem ser monitorados, descobertos, julgados e condenados (não transferidos como tem acontecido).

Quando conversar com uma pessoa religiosa pergunte a ela como sua igreja trata ou lida com casos assim.

Nosso papel na imprensa é dar notícias e informações. No filme Spotlight quando um líder religioso disse que é importante que a imprensa trabalhe em conjunto com instituições, ouve do editor: “Em minha opinião é melhor que a imprensa trabalhe de maneira independente”.

Pedofilia, pais e imprensa. Denunciar, divulgar e proteger. Caso contrário só haverá as lágrimas e os traumas das incontáveis vítimas desses terríveis abusos – guardadas em segredo!



quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Dois jeitos de ser


Quem já sentiu a necessidade de encontrar alguém para compartilhar a vida, namorado ou namorada, esposa ou marido, talvez tenha pensado em encontrar a “outra metade da laranja”.

O que esperamos com a “outra metade da laranja”? Encontrar alguém que combina muito conosco, alguém diferente para nos completar?

Como deve ser viver com alguém que tem os mesmos gostos, desejos, manias, ambições, medos e outras coisas muito parecidas?

E como deve ser compartilhar a vida com alguém com diferentes gostos, opiniões, desejos e medos?

Amizades não costumamos idealizar. Conhecemos alguém e dependendo da “afinidade” nos tornamos amigos ou não. Ainda assim é comum discordarmos em algumas coisas e opiniões de nossos amigos.

Casar com alguém muito parecido pode fazer com que ambos queiram seguir “os mesmos caminhos” e falte alguém para colocar um “freio”, para não agirmos por impulso em situações em que seria necessário um ponto de equilíbrio.

Um é muito ousado, “mete a cara” e pronto, não tem receio de que suas decisões deem errado. Pode até parecer um tanto irresponsável, ou é simplesmente ousado.

Alguém que pense diferente pode completar uma relação de maneira especial.

Ter como parceiro na vida e da vida alguém que pare e pense e que ajude a avaliar melhor as decisões sem precipitações deve ser bom.

Deve ser também complicado alguém muito melindroso, aquele ou aquela que acha que nada nunca vai dar certo e costuma ser um “freio de mão sempre puxado”.

Entre as “duas metades da laranja” que completam uma relação a “outra metade” pode ser parecida ou diferente.

Ser parecidos deve ter benefícios ou vantagens e desafios. Ser diferentes também.

A poesia na música de Peninha: Matemática; aborda uma relação “da outra metade da laranja” quando ela é diferente e feliz.  A essência da canção diz:

"Você ama matemática eu adoro português, me arrependo do que fiz e você do que não fez, eu preciso de silêncio e você de multidão, dois jeitos de ser, um só coração; é, e é por tudo isso que está dando certo, melhor coisa do mundo é ter você por perto... sou a pessoa mais amada da cidade”.

Então sempre que ouvirmos um amigo ou amiga se queixando do marido ou da esposa, de que ele faz e pensa assim, ela diz e pensa diferente, é a “outra metade da laranja” se expressando.

O problema, se é que há problema, talvez seja não termos percebido que essas “diferenças” podem justamente ser a essência, a elegância e a segurança de uma boa relação.

Sugar o melhor dessa “laranja” pode ser bem mais saboroso se valorizado em vez de criticado.

Saborear essa “diferença” pode nos ensinar em vez de nos irritar.

Aprender e compartilhar com essa “metade da laranja” nos fará vê-la como inteira, afinal de contas quando a conhecemos já éramos inteiros, talvez apenas não tivéssemos percebido e só percebemos graças a essas maravilhosas diferenças.


Dois jeitos de ser não precisa impedir de unir e de amar!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Barbearias


Quantos desabafos já aconteceram. Quantas revelações familiares já foram expressas.

Quantos conselhos já foram dados ou solicitados. Quantos pais “babaram” ao presenciar o primeiro corte de cabelo de um filho. Quantas vezes se discutiram assuntos que muitos dizem que não se discute: futebol, política e religião; espaço democrático.

Quantas crianças se tornaram adultos tendo como cúmplice de seus altos e baixos a barbearia.

Quantos chegavam a todo vapor e hoje entram com as dificuldades impostas pela idade avançada. 

Quantas vezes se faz um último atendimento sem o saber.

Não há quem não tenha histórias vivenciadas em uma barbearia.

Na quinta-feira, dia 10 de outubro de 1996, iniciei na profissão e lá se vão 20 anos. Calculo mais de 50 mil atendimentos.

Amizades, experiências, troca de conhecimentos e um caminho para a comunicação, e poderia haver lugar melhor para praticá-la?

Do homem que só depois de cego realizou o sonho de conhecer o Pantanal e conheceu sua beleza através dos olhos do filho que lhe contou cada detalhe.

De um menino de 4 anos que havia sido retirado da casa dos pais naquela manhã e chorava copiosamente enquanto eu o atendia. Perguntei aos funcionários da casa lar por que havia sido retirado de casa. Responderam que por maus tratos. Com um mandado judicial a criança fora resgatada do sofrimento. Em ignorância perguntei o porquê chorava tanto se agora estava livre dos agressores e das carências. O óbvio: Era uma criança de 4 anos, preferia estar com os pais mesmo apanhando e com fome.

De pai e filho que viviam em discussão, pé de guerra, sem diálogo. Um dia o filho comprou uma moto. As brigas aumentaram. Um mês depois o filho morreu num acidente com aquela moto. O pai passou a se culpar. Se culpar porque nunca havia conseguido ter uma conversa pacífica com esse filho de 18 anos. O pai ficou deprimido. A situação piorou. A cada visita a barbearia se esforçava em segurar as lágrimas diante um evidente remorso. Meses depois ele se matou.

De um senhor de mais de 80 anos que falava de seus pelo menos 11 filhos com os quais nunca havia convivido. Contou que um dia um rapaz, um de seus filhos o procurou. O chamou no portão e se identificou. O senhor, frio como sempre fora nem sequer convidou o filho para entrar. E não era por insegurança, ou medo de assalto. Disse que não queria nem saber de contato com os filhos, nunca quis.

De pais viúvos ou divorciados que cuidam dos filhos de maneira especial. São pai e mãe.

Um padrasto tão bondoso que o enteado preferiu ficar com ele em vez de com a mãe biológica após a separação. A mãe era “só biológica”, ele era pai. Por isso nunca gostei do ditado: “Deus é pai não é padrasto”.

De mães que ainda jovens confiaram no namorado e acabaram grávidas. Hoje criam filhos sozinhas. Seus sonhos se tornaram uma cruel realidade. A benção de ter um filho e os desafios de criá-lo sozinha. Alguns nem pagam pensão. Outros jamais visitam os filhos ainda que o possam.

Do pai que se culpa por insistir em um passeio ao qual o filho não queria acompanhar. O filho acabou aceitando e num mergulho ficou paraplégico.

Do homem que tinha vergonha de ir a um urologista para tratar um problema nos testículos até que um dia soube que um dos clientes que aguardavam era urologista. O homem saiu da cadeira do barbeiro, baixou o calção e o exame ocorreu ali mesmo. Visão infernal. Mas por uma boa causa.

As brincadeiras e os foras são inevitáveis. Cheguei a convencer um cliente chegado a uma pinga que ele era um lobisomem. Depois ele perguntava se eu tinha contado para mais alguém.

O dia em que achei que o cliente que atendia fosse um “tanso” por não entender o que eu dizia. É que eu começara a conversa com um cliente que já havia saído e eu mantive a mesma conversa sem notar que já era outro cliente na cadeira.

Há tantas histórias que escrevi livros e há quase 8 anos mantenho crônicas semanais.

Nos últimos anos as crônicas tomaram um rumo diferente. Não são mais apenas histórias de barbearia. Caminhei por uma estrada onde o caminho se mostrou diferente do que imaginava. Passei a escrever, criar, contar, compartilhar e informar. Livros, colunas, crônicas, contos, artigos, programa de rádio com entrevistas e o nome – Na cadeira do barbeiro. Está aí um lugar que deixa as pessoas à vontade. Confiando no barbeiro se compartilha muitas histórias. Barbeiros costumam ter fama de fofoqueiros. Quase de tudo se comenta ali.

Com o tempo peguei o caminho mais próximo de todos nós; nossos sentimentos, ambições, frustrações, desejos, conhecimentos, opiniões, arrependimentos, sonhos e deixei “a cadeira do barbeiro criar asas”.

Da próxima vez que sentar numa cadeira de barbeiro saiba que há ali muitas histórias de vida e a sua pode ser uma delas.

No Portal Instituto Caros Ouvintes Para Pesquisa e Estudo de Mídia há cerca de 200 publicações entre crônicas, artigos e entrevistas.
Em meu blog: http://deivisonnacadeiradobarbeiro.blogspot.com.br/ Também há centenas de publicações.

Um amigo um dia me perguntou se é difícil escrever. Hoje entendo que é um desafio e uma necessidade. Desafios gramaticais e de conteúdo. Necessidade tal como um vício de expressar em crônicas e artigos temas que fazem parte do nosso cotidiano e entendo por relevantes.

A arte da comunicação consiste em primeiramente ouvir, depois falar e escrever.

Tudo isso e mais um pouco acontece bem aqui – Na cadeira do barbeiro!




quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Superativo ou hiperativo?


Desde que comecei a publicar minhas crônicas em 2009 vários personagens reais delas e outros me perguntavam por que eu não contava histórias minhas. Conto sim. Sempre contei.

Relatei minha primeira consulta com um proctologista. E para alegria de alguns e inferno de outros me comprometo a escrever sobre meu exame de próstata que deve ocorrer até o ano que vem.  

Prometo judiar meus leitores com os mais terríveis detalhes. Bom, pelo menos se o médico não for tímido.
O jornalismo tem por obrigação e ética profissional a preocupação de levar a sociedade, as pessoas, notícias e informações que de preferência sejam relevantes.

Acontece que algumas vezes o assunto que vamos abordar é algo que sentimos na pele e talvez por isso mergulhamos mais a fundo. Quem dera sempre fosse assim, independente de sentirmos ou não na pele.

Permitam uma explicação. Não pare de ler, embora pareça confusão, faz parte da explicação.

Amigos me diziam: “Poxa, que cabeça boa você tem, faz tantas coisas ao mesmo tempo”."Como consegue conciliar a barbearia, publicação dos livros, colunas em jornais, blog, crônicas no Caros 

Ouvintes, produzir e apresentar um programa de rádio, cuidar da família, do lado espiritual, com enxaqueca e ansiedade?”. “Coitada da tua esposa, eu não queria ser ela, não deve sobrar tempo”. 

“Sinto até vergonha de falar contigo, não faço nem um terço do que tu fazes e já acho que é demais, te admiro”. Comentários de amigos de diversas áreas.

Procure ouvir uma mente hiperativa: “Tenho que comprar... pagar... escrever... essa ideia parece boa... preparar uma palestra... consertar o carro... ah, a porta do banheiro lá de casa... tenho que ligar para meu próximo entrevistado... elaborar perguntas... preciso visitar novos apoiadores culturais... fazer uma reforma na barbearia e conferir esse novo corte... visitar meus pais... marcar minha consulta... será que vou lançar meu...”.

Num ritmo simplesmente alucinante. Em alta velocidade. É assim que funciona a cabeça, a mente de quem sofre de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade); claro que a relação logo ali em cima é reduzida, multiplique por 10 ou por 50 que não será exagero.

Os dois lobos frontais são as partes do cérebro menos desenvolvidas nos hiperativos.

Substâncias importantes são pouco ou lentamente produzidas em quem tem TDAH.

E note algumas das funções desses dois lobos frontais e das substâncias necessárias: Atenção, tomada de decisões, organização, resolução de problemas, planejamento, consciência e controle de emoções.

Pesquisas mostram que TDAH não é uma “doença”, que se adquire, se trata e se cura.

O TDAH é uma síndrome, um conjunto de fatores.

Já foi dito que pedir para quem sofre de hiperatividade se concentrar ou se organizar é o mesmo que pedir a uma pessoa que sofre de miopia se esforçar em ler sem os óculos.

Sofro de enxaqueca há 30 anos. Dores quase diárias. Lembro que em 1999 fiquei uma semana inteira sem dor. Nem penso mais em cura e não gosto que me mandem matérias sobre o tema, ainda que o façam com boas intenções. Convivo com a dor.

Há dois anos faço tratamento para o transtorno de ansiedade e no início desse ano recebi do meu psiquiatra a notícia, após cautelosa avaliação, de que tenho certo grau de TDAH.

Então aqueles elogios sobre eu ser um cara superativo, ótima memória, grande disposição, ousado, cheio de objetivos, saber conciliar bem meu tempo; veio por água abaixo.

Bom, pelo menos em parte. Toda essa agitação mental que me acompanha desde sempre foi explicada.  Não pode ser usada como desculpas ou justificativas, mas entendi o motivo de mergulhar em tantas coisas ao mesmo tempo. De me dar mal nos estudos, ser reprovado, ter dificuldade em prestar atenção, ser impulsivo, ofender sem perceber, aprender com mais facilidade estudando sozinho e do meu jeito.

Da barbearia fui aos livros de crônicas e depois a um romance. Ao mesmo tempo comecei a escrever as colunas de jornal, crônicas em meu blog, Caros Ouvintes, produzir e apresentar um programa de rádio.
Quando me dei por conta já estava com meu registro profissional de jornalista. Cheguei à comunicação com constantes estudos e práticas e nem penso em pegar um diploma; apenas continuo estudando.

A hiperatividade no adulto é descrita como a dificuldade em ficar parado. Em alguns se manifesta em atividades gerais, trabalhos, esportes e assim por diante. Pensamos em tudo e praticamente ao mesmo tempo. Não concluímos tarefas nem pensamentos. Há um constante engarrafamento de ideias, pensamentos.

Existem atividades estimulantes que podem acarretar prejuízos graves como: abuso de álcool, drogas, busca desenfreada por sexo, compulsão alimentar, dirigir em alta velocidade, atividades de risco, mergulhar no trabalho e outras igualmente perigosas.

Necessidade de troca de estímulos: troca incessante de emprego, términos abruptos de relacionamentos e não terminar cursos.

Para quem descobre o TDAH tardiamente, ou seja, na fase adulta, é também recomendado procurar terapia: Cognitivo comportamental para ajudar a desfazer crenças que já se instalaram em seu sistema de crenças; quanto a suas habilidades e capacidades.

Ser ativo é bom. Superativo talvez até seja, dependendo das circunstâncias. Ter TDAH, ou hiperatividade nunca é bom. O hiperativo sofre e inclui no seu sofrimento sem perceber as pessoas mais próximas.

Se notar seu filho (a) com mais de 6 anos com características hiperativas faça uma avaliação psiquiátrica. Se for adolescente não perca tempo. E se for adulto pode parecer tarde, mas há uma luz no fim do túnel. Descobrimos o porquê de muitas de nossas dificuldades. Iniciamos um tratamento e vamos levando a vida. Não existe multa para uma mente em alta velocidade, mas pagamos um preço alto por isso. Trabalho, relacionamentos amorosos, família, estudos, amizades podem ser comprometidos.

Buscar a opinião de um bom profissional da saúde, apoio da família e a decisão de fazer a nossa parte é essencial.

A mesma angustia que nos atormenta produz ideias e projetos que poderiam ser melhor planejados e executados se não tivéssemos essa dificuldade imposta pela hiperatividade. Levei tempo para admitir, pois mesmo já em tratamento tentava me convencer que deve ser frescura, coisa da minha cabeça.

Ajuda profissional é indispensável. Se for pesquisar escolha fontes confiáveis.

Ainda sonho um dia “aterrissar”. Imagino como deve ser assistir a um filme, ouvir uma música, admirar uma paisagem sem ser atropelado por inúmeros pensamentos, ideias e projetos.

E se um dia isso acontecer e eu não for atropelado pelos pensamentos em velocidade alucinante talvez passe a escrever sobre essa nova sensação. Ou seja, por mais que creia no tratamento até nesse momento de paz abriria caminho para soltar a imaginação e escrever sobre isso.


Caso contrario é porque eu estaria realmente curado. Curado de quê?