domingo, 10 de dezembro de 2017

Um mundo cruel

A palavra cruel nos dá a ideia de: Rigor excessivo, barbaridade, desumanidade.

Crueldade nos faz lembrar de atos bárbaros e desumanos praticados por “seres humanos” contra seres humanos. Alguns exemplos: Escravidão, inquisição (onde a igreja católica torturou e matou dezenas de milhares de inocentes), guerras (nenhuma com justo motivo, como se pudesse haver motivo, onde centenas de milhões de civis e militares morreram); enfim, crueldade.

Mas há um outro tipo de “crueldade”. Um tipo que leva em consideração os mais ricos x os mais pobres; os mais bonitos x os mais feios; os mais estudados x os que não têm estudos e etc.

Pode até passar despercebido, pode ser que o leitor ou leitora diga que isso não é crueldade e tente encontrar outro nome.

Algumas situações: O filho de um pobre que fuma maconha não passa de um maconheiro.

Uma pessoa que tem bons estudos, bom emprego e aparente educação e usa drogas é - dependente químico. Se for um pobre é só um viciado.

Uma mulher acima do peso ou gordinha, se for famosa, dá exemplo em não se importar com o que diz a sociedade. Aumenta sua fama. Se for uma mulher pobre, como ela será descrita e apontada pelas sociedade e até pela família?

Se o George Clooney ou o Brad Pitt sair pelado na rua provavelmente as pessoas dirão: “Surtou”. “Deve estar trabalhando muito”. “É o estresse”.

Se for um homem pobre e desprovido de beleza (eufemismo de feio), possivelmente será apontado como - tarado, sem vergonha; ah uma boa surra.

Quem assistiu ao filme - Como eu era antes de você, onde uma bonita e meiga jovem se apaixona pelo homem, tetraplégico de quem se torna cuidadora, pode ou se emocionar ou pensar: O rapaz que ficou tetraplégico após um acidente é muito rico, muito bonito (sem essa de boa pinta, é bonito mesmo), muito inteligente, conhecedor de várias culturas e claro, se expressa, fala muito bem; mas e se… Se ele fosse muito pobre, feio, sem estudos, falando mal e dependendo de ajuda humanitária? Fica claro a “crueldade” do sistema, do mundo. Enfim, é um filme bonito, embora camufle uma realidade social.

A mídia que abre muitas discussões em suas novelas e demais programas, por exemplo, não abre a discussão sobre a diferença salarial; patrões/empregados. E quantas vezes já vimos atores negros aparecendo ou interpretando papéis principais? Ainda contamos nos dedos.

Ainda pode-se levar em conta famosos programas de TV onde o bullying é discutido, mas as pessoas ou os jovens que vão até ali para assistir não podem escolher o lugar em que vão sentar; um “orientador” define quem está “apto” a aparecer mais diante das câmeras e aqueles e aquelas que devem ficar um pouquinho mais longe.

Até presidiários pobres podem ficar indignados. Embora estejam presos porque praticaram crimes e não dá para ter pena, mas creio que devem ficar no mínimo “chateados” ao assistir aqueles que roubaram milhões e até podem ter causado mortes vão para seus luxuosos lares com uma tornozeleira eletrônica.

Num mundo que se diz lutar pela igualdade há guerras entre diferentes classes sociais.

Numa época em que se fala em religião, e talvez nunca antes tivéssemos visto tantas igrejas; fala-se em amor, paz e fim do preconceito; há um evidente retrocesso moral e de liberdade de expressão. Ou se fala muita bobagem, ou se hostiliza opiniões diferentes.

Nossa visão de cultura - avaliar e julgar o nosso modo de vida como o verdadeiro e o ideal; o etnocentrismo, tem nos levado a erros, a julgamentos equivocados, a trocar o doce pelo amargo e o amargo pelo doce.

Se o mundo é cruel a vida continua sendo uma dádiva maravilhosa. Se há pessoas cruéis há muitos dispostos a uma autoavaliação que pode nos levar a evoluir, crescer e nos tornar agradáveis a nós e aos outros. E isso é o oposto de cruel, é - misericordioso, é humano!

domingo, 3 de dezembro de 2017

Aquele que em tudo crê

Aquele que em tudo crê

Quem já não conheceu aquela pessoa que acredita em tudo o que lhe dizem?

Os escravos eram persuadidos, portanto, levados a crer que comer manga e tomar leite com minutos ou horas de diferença lhes faria muito mal; poderia os levar à morte. Essa maldosa e errada informação colocava medo nos ingênuos escravos e protegia os bens dos seus amos. Pura crueldade com base na ignorância.

Qualquer um de nós é capaz de lembrar de coisas que em nossa infância pareciam reais ou assustadoras e agora damos risadas.

Mas e hoje, quantas coisas ainda levamos a sério e lá no futuro é que entenderemos nosso equívoco?

O pior é crer em qualquer coisa sem base sólida e talvez morrer sem saber o porquê.

Se perguntarmos para alguém o motivo real; talvez para nós mesmos, o por que não comemos carne na sexta-feira santa; a razão pela qual acendemos velas em bolos de aniversários e perto de caixões em velórios; os motivos de estourarmos fogos na virada de ano; se procurarmos as respostas, talvez ficaríamos surpresos, assim como ficariam os escravos lá do passado que evitavam comer manga e tomar leite no mesmo dia.

Pessoas inexperientes creem em qualquer coisa que lhe dizem; pessoas experientes, “maduras” e inteligentes pensam antes de agir, analisam com calma tudo o que ouvem; mesmo que pareça ter vindo de fontes seguras; como em telejornais, e principalmente, nas redes sociais. Aliás, nas redes sociais praticamente qualquer pessoa publica o que quiser sem assumir responsabilidades.

Ouvir a opinião de mais de um médico ou dentista é muito importante.

Há poucos dias li algo especial: Aprender é um processo de superação de preconceitos e estereótipos. Sim, aprender não envolve apenas ter tempo, antes - a superação. Aceitar que muitos dos nossos conceitos e entendimentos podem não estar certos; ou pelo menos precisam ser ajustados. E quem está disposto a isso? Os que têm “sede” de aprender.

A sociedade parece estar acostumada ao: “Ele rouba, mas faz.” Como se isso justificasse ações levianas. Não seria um caso parecido a essa situação?

“Um marido traído mantém seu casamento alegando que embora a esposa seja infiel ela é linda, cozinha bem, é boa mãe, cuida bem da casa e até se dá bem com a sogra”. Esse marido poderia crer que a infidelidade da esposa pode ser aceitável diante suas boas qualidades.

Os ingênuos costumam acreditar em qualquer coisa que lhe dizem; está na Bíblia, em Provérbios 14:15.

Sermos ingênuos ou experientes, tolos ou inteligentes não depende da simples escolha do que somos ou queremos ser. Parece haver a necessidade de estudos, pesquisas, boas conversas e “mente aberta”.

Os pobres escravos foram vítimas de mentiras, mas numa situação e época completamente diferente.

E de qual grupo o leitor e eu fazemos parte, dos ingênuos ou dos prudentes?

A resposta deve ter bem mais haver com o agir e não com o falar!