Algumas notícias mexem com a nossa imaginação, ou pelo lado cômico ou pelo trágico.
Semana passada o jornalista Evaristo Costa, do jornal Hoje, deu uma dessas notícias. Ele disse:
- Ladrão foge e esquece currículo – A notícia mais completa informava que um taxista fora assaltado e como reagiu ao assalto levou uma facada nas costas e o ladrão fugiu. A parte interessante foi “ladrão foge e esquece currículo”, dentro do taxi. Aí a imaginação vai longe. Procurei ouvir amigos da Guarda Municipal, da Policia Militar, entre outros das mais diversas profissões, tudo no intuito de definir como seria um currículo de ladrão. Talvez o currículo dissesse: Nome, especialidade, e se tem habilidades com armas de fogo. Talvez algum destaque a boas maneiras durante o “serviço”.
Quem sabe alguma observação de que o sujeito costuma respeitar suas vítimas, especialmente mulheres casadas e mocinhas indefesas. Em um dos currículos constaria até uma pequena demonstração do método usado pelo experiente e dedicado ladrão:
- Bom dia! Posso ter um minuto de sua atenção, senhora?
- Pois não. Mas não tenho muito tempo!
- Serei breve. Bem, isto é um assalto. Passe por favor, dinheiro, cartões, joias, e o que tiver de valor, por favor.
- Claro. Desculpe a pergunta, sua arma tem registro?
- Perdão, senhora. Está bem aqui, veja. Pratico tiros com frequência. Sabe como é quem não se aperfeiçoa, fica para trás.
- Ah, é que me sinto bem mais segura assim, obrigado por sua compreensão, senhor ladrão.
- Não por isso. Foi um prazer. Ah, tem algumas fotografias que parecem de família, creio que a senhora quer ficar com elas.
- Sim, obrigado!
- A senhora se cuide, por favor. Há muitos ladrões despreparados por aí.
- O senhor também, nem todos lhes respeitam.
Um ladrão como o citado acima com certeza teria um bom currículo. Um cliente relatou que quando fora pescar teve seu carro arrombado. Aliás, muito bem arrombado. O vidro fora retirado com perícia. Nada quebrado, nem vidros nem portas nem painel. Tudo em ordem. O vidro que foi retirado ficou encostado na lateral do carro, próximo ao pneu traseiro. O dono do carro saiu “satisfeito”, admirado com o profissionalismo do ladrão: que currículo deve ter esse homem!
Quando chegamos ao ponto de pessoas ficarem “satisfeitas” por um ladrão pelo menos não ter sido violento é porque a coisa está feia.
Há uma teoria sobre o caso da notícia do Jornal Hoje: talvez o currículo se referisse a algum trabalho sério, anterior ao crime. Caso contrário o mundo está tão concorrido que não basta saber roubar, tem que ter um bom currículo.