O Toninho só tinha 7 anos e como qualquer criança nessa idade fazia muitas perguntas.
O pai de Toninho, o Agenor, gostava de uma boa conversa e isso fascinava o pequeno filho. Agenor, arrogante, falava de futebol, política e até de religião. O homem falava de ciência e economia, saúde e gastronomia. Mas não era preciso muita atenção para perceber que o papo do Agenor era meio furado. Quando falava dos avanços da NASA, por exemplo, dizia com convicção:
- A gastronomia está muito evoluída.
Os amigos tinham vontade de corrigi-lo, mas, como explicar ao arrogante Agenor que gastronomia e astronomia não são amigas íntimas.
Finalmente Agenor chegava em casa e o Toninho pulava de alegria. Na cabeça de Toninho Agenor era uma mistura de super-homem com um tal de Isaac Newton. Pelo menos ele havia ouvido que esse último sabia de tudo. Toninho começava com uma série de perguntas:
- Pai. Posso fazer uma pergunta?
- Claro filho.
- Pai, por que as estrelas só aparecem à noite?
- A filho isso é um assunto que você vai entender mais tarde quando tiver aulas de gastronomia.
- Sério pai? O que é gastronomia?
- É a ciência que estuda as coisas lá no céu, filho.
- Pai. Por que as pessoas morrem afogadas e os peixinhos só morrem quando saem da água?
- Filho, é que a respiração deles só funciona dentro da água.
- Pai, por que aqui em São José nunca cai neve?
- Ah filho, deve ser porque aqui é muito quente. Só esfria quando dá vento sul.
- Pai, por que os feriados variam e a sexta-feira santa sempre cai numa sexta-feira?
- Sabe filho, o papai precisa de mais tempo pra te explicar isso.
- Pai, como é que a mamãe ficou grávida?
- Ah filho. É que. Bem filho. Sabe de uma coisa? Ó a mamãe ta chamando pra jantar.
- Pai. O pai não fica chateado por eu fazer tantas perguntas?
- Claro que não filho. Se você não me fizer perguntas como vai aprender as coisas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário