Quem tem mais de trinta anos deve lembrar essa historinha. Era um daqueles pequenos discos. Minha mãe acertou no presente, pois ouvi muitas e muitas vezes.
O senhor, ou melhor, sendo fiel a história, o velho precisou ir até a cidade e ao lado do seu burro avistou um garoto. O velho resolveu convidar o garoto para acompanhá-los.
Lá se foram os três naquele quente dia de verão. De repente ouviram alguém dizer:
- Não, eu morro e não vejo tudo, um velho e um garoto a pé e um burro andando ao lado. Gritaram:
-E vocês dois, deixem de ser tolos, parem de andar a pé e montem logo nesse burro.
O velho envergonhado disse ao menino:
- Suba no burro, garoto – E lá se foram. O velho a pé e o garoto montado no burro.
A caminhada seguia tranquila, até que:
- Mas que falta de respeito. O garoto numa boa montado no burro e o pobre velho andando a pé. Desce daí, garoto.
O velho sem jeito disse ao menino:
- Desce filho – E montou ele no burro.
Agora, seguiam o velho montado no burro e o garoto andando ao lado, até que:
- Mas é muita falta de vergonha mesmo, um velhote sentado todo prosa e o pobrezinho do garoto andando.
O velho já meio chateado, disse ao garoto:
- Filho, suba você também – E lá subiu o garoto de modo que agora estavam enfim os dois montados no burro. Tudo agora parecia resolvido, até que:
- Vejam aquilo! Que absurdo. E vocês dois, estão loucos, querem matar o pobre burro?
E lá desceram os dois. O velho disse:
- Garoto, vamos carregar o burro- E agora seguiam os dois carregando o burro com muita dificuldade, mas alguns disseram:
-Ah, olhem só. Venham e vejam um velho e um garoto num sol de rachar e carregando um burro.
- Ora essa – Disse o velho e soltaram o burro.
O velho falou, decidido:
- Não adianta garoto. Qualquer coisa que fizermos que decisão tomarmos, sempre alguém vai falar alguma coisa. Portanto, monte você no burro. Chega de ouvir os outros.
Aprendi a seguinte lição:
Jamais podemos esperar que as pessoas aceitem e até aplaudam tudo o que fizermos.
Entendo que não é o caso de não nos preocuparmos com a opinião dos outros, mas reconhecer que muitas vezes se dermos ouvidos a tudo o que se diz a nosso respeito acabamos nunca saindo do lugar e consequentemente nunca chegando a lugar algum.