É difícil alguém que não tenha fé. Difícil também alguém que
nunca tenho feito um investimento, seja na empresa, casa ou carro.
Quando investimos é porque temos fé de que nosso
investimento dará “frutos”.
Fé pode ser defina como: Crença, crença em doutrinas
religiosas, fidelidade a compromissos e promessas, confiança, a certeza de que
algo irá acontecer.
Temos fé de que o inverno vem depois do outono, assim como
agricultores têm fé de que a chuva virá.
Temos até fé de que muitos assuntos importantes acabam em
“pizza”. Aí já não é mais apenas fé, é que não somos tão ingênuos o quanto
parecemos.
Alguns depositam fé em que seu time será campeão, não será
rebaixado ou subirá a primeira divisão.
Há aqueles que investem sua fé em rezar para que seu time
vença. Mas, e se os torcedores do outro time também rezarem com fé; será que a
partida terminará empatada? Expressão um tanto feia, empatada.
Ouço aqueles que investem a fé de que qualquer doença poderá
ser curada. Nem entendo como podem chegar a ficar doentes.
Se fé fosse sinal de proteção quanto a todos os males que
nos afligem, ou ninguém sofreria ou ninguém tem fé.
Também escuto aqueles que confundem as coisas. Pensam que
“lá no céu há um banco pronto a receber investimentos”. Como se fosse um “toma
lá dá cá”. Eu invisto, mas espero retorno.
E que tal ter fé antes do vestibular ou de um concurso
público? Crer que a fé substitui os estudos, os esforços, pode ser frustrante. Estudar,
dedicar-se, e com fé ir em frente pode ser mais sensato. Haveria uma “ajuda
especial” para quem tem fé e não estuda?
Investir visando resultados honestos e satisfatório é algo
interessante e até necessário.
Isso se tratando de relações comerciais, ambas as partes
envolvidas e interessadas.
Crer que a fé é um “escudo” contra qualquer coisa má deve
ser ingenuidade. Senão, não haveria relatos de bons homens e mulheres que
sofreram e sofrem. E quem duvidaria de sua fé?
Imagino uma cena: Acontece um acidente com um ônibus. Dos 38
passageiros, além do motorista apenas um sai com vida. Na entrevista o
sobrevivente diz: “Foi um milagre, Deus me protegeu, tenho fé”! Creio que os
familiares das outras 38 vítimas mortas no acidente perguntariam: “Meu filho,
meu pai, minha mãe, meu irmão, por que não foram protegidos, será que nos
faltou fé?”.
Imagino a fé como qualidade maravilhosa. Sustenta em
momentos difíceis e felizes. Vivemos num país que permite ampla liberdade de
crenças. Não tanto quanto a de imprensa e a de expressão. Mas fé sem amor, sem
verdadeira bondade e com “interesses ou como investimento” deve ser questionada
apenas pelos que buscam esse tipo de “fé”.
Aceitar que estamos sujeitos aos males de um sistema
violento, corrupto, doentio e ainda assim manter a fé como “alicerce”, produz o
melhor de nós. Perseverança e resiliênça.
Investir, poupar, prosperar. Isso nada tem haver com
religiosidade e espiritualidade.
Respeitar, ser imparcial e amar não tem tanto
haver com religiosidade e sim com discreta, evidente e verdadeira fé!
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