Arnaldo vivia em Curitiba. Aos 44 anos e pai de 4 filhos
estava com o casamento por um fio.
Na realidade não era apenas o casamento de Arnaldo que
estava a perigo, seu “pescoço” também. Ele havia acumulado muitas dívidas e
estava desempregado já por 4 meses.
Certa noite ao chegar em casa se deparou com 4 homens o
esperando. Era uma cobrança de dívida de um agiota. Depois de ouvir algumas
duras palavras entrou em casa.
Assim que se senta em frente à TV sua esposa, Soraia, diz:
Arnaldo, não da mais.
Simplesmente não aguento mais. Eu até te amo, você é um bom pai, mas não tem
mais jeito. Quero o divórcio e não adianta você insistir. Namoramos por 4 anos
e tinha certeza que você era a pessoa certa. Mas você não para em emprego
nenhum. E pior, suas apostas, principalmente nas corridas de cavalos. Chega.
Acabou!
Arnaldo, arrasado, entra em seu pequeno escritório. Senta-se
diante a velha mesa onde por anos havia elaborado muitos planos, suas apostas
em corridas; quase nada dera certo.
Com muitas dívidas, desempregado, o abandono da esposa; tudo
parecia desmoronar a sua volta. O apostador teve um horrível pensamento.
Abriu a gaveta da escrivaninha e viu seu revólver, um 38.
Arnaldo pegou aquela arma e passou a contemplá-la. Parecia que ela lhe dizia
algo. Ele abre a arma e vê que seu revólver tem 4 balas.
Coloca o 38 sobre a
pequena mesa e pensa em fazer uma loucura. Acredita que deveria escrever algo
antes de executar o plano. Ele abre novamente a gaveta e vê alguns papéis.
Encontra sua certidão de nascimento e se emociona. Lembra-se
dos 40 mil reais que deve. Dos 4 meses que está desempregado. Então volta sua
atenção para seus documentos. Sua data de nascimento: 4 de 4 de 44. Em seguida
observa uma antiga foto sua ainda em preto e branco.
No verso da fotografia, dizia: Arnaldo Pereira aos 4 anos.
Ele pega a arma e de repente, como que uma luz se acende em
sua mente. Para um apostador tudo parece querer dizer alguma coisa; até o nada
parece levar a um palpite.
Arnaldo deixou os pensamentos viajarem, e foram longe:
Estava com 44 anos. Uma dívida de 40 mil.
Os 4 homens que o ameaçaram. O namoro
com a esposa que havia durado 4 anos. Os 4 filhos. Sua data de nascimento –
4/4/44. A arma com 4 munições. Óbvio, só poderia ser um sinal “dos céus”. O
número 4 seria seu número da sorte, sua salvação.
Lembrou que logo haveria uma corrida no Hipódromo onde
tantas vezes havia apostado e na maioria se ferrado. Mas dessa vez o Jockey
Club traria soluções.
Tudo parecia tão óbvio. Todas aquelas aparições com o número
4. É isso, pensou o apostador.
Sem contar que fazia 4 meses que havia vendido o carro.
Resolveu pegar um táxi.
Enquanto aguardava imaginava o quanto custaria à corrida. De
repente, vem um táxi e para mais uma surpresa do apostador a placa do táxi era:
VAI 4444.
Na mente de Arnaldo não havia o que duvidar. Eis a resposta,
ou a solução para suas dívidas.
Ao entrar no táxi se
apresenta e pergunta o nome do motorista. O taxista, com educação, diz:
- Prazer, seu Arnaldo. Meu nome é Torquato.
Torquato. Na mente do apostador e a essa altura dos
acontecimentos o nome lembra: “Tor quatro”.
Arnaldo contou sua comovente e intrigante história ao taxista.
Inclusive a placa do táxi e o nome do motorista. Disse a Torquato que só não
apostaria mais porque só tinha os 40 reais para pagar a corrida, claro, se não
passasse de 40 reais.
Torquato, sensibilizado com a história de Arnaldo, disse:
- Faça o seguinte meu amigo. Use os 40 reais para a sua
aposta. Com o dinheiro do prêmio você me paga.
- Poxa, nem sei como lhe agradecer, seu Torquato. Faço
questão de pagar o dobro do valor da corrida com o valor do prêmio que sei que
vou ganhar – disse com fé, Arnaldo.
A corrida havia custado 40 reais. Para Arnaldo, mais um
sinal. Ele era pura empolgação.
Torquato perguntou a Arnaldo em qual cavalo apostaria.
Arnaldo disse que no número 4, lógico.
O taxista ainda pegou 400 reais e emprestou a Arnaldo para
aumentar a aposta e o lucro.
Arnaldo sai em disparada. Quase perde o tempo da aposta. O
homem do guichê pergunta o número do cavalo. Arnaldo sorri de uma maneira que
nem o funcionário acostumado com as apostas consegue entender.
- No número 4, por favor, 440 reais no vencedor. O número 4.
Ele aposta e vai em direção ao local para acompanhar a
vitória e o fim dos seus problemas financeiros.
O taxista aguarda sentado num meio fio.
A corrida começa. Arnaldo se emociona. Olha para o céu ao
ver o cavalo número 4 em primeiro lugar e agradece sabe lá a quem.
A corrida segue. O número 4 é ultrapassado 3 vezes. Arnaldo
leva a mão ao peito.
Fim da corrida. O cavalo número 4 chega em 4º lugar.
O cavalo vencedor é o de número 5.
Arnaldo sai desconsolado. Quando chega a rua vê o táxi
estacionado. Só então lembra que agora tem mais uma dívida, aliás, duas, a da
corrida e o empréstimo de 400 reais.
Quando Torquato olha o triste semblante de Arnaldo, entende
tudo. Arnaldo se aproxima e quando começa a abrir a boca ouve o taxista dizer
calmamente:
- Não foi dessa vez, não é mesmo? Não esquenta com a corrida
nem com os 400 reais. Quer uma carona de volta?
- Não, muito obrigado. Vou tomar um ar e caminhar um pouco.
Desculpe. Não se preocupe.
O taxista vai embora. Arnaldo põe a mão num dos bolsos da
calça e encontra 4 reais.
Ele olha para sua direita e vê um carrinho de cachorro
quente onde muitas vezes comeu um lanche por 4 reais. Arnaldo se aproxima,
cumprimenta o dono do carrinho de cachorro quente e pergunta:
- Boa tarde. Quanto custa o cachorro quente?
- Está 5 reais – responde o homem.
Arnaldo com seus 4 reais senta no mesmo lugar onde estava o
taxista. Sente-se perdido.
Ele ouve uma música em alto volume. É um desses carros que
anunciam promoções de sorteio de carros e casas. Arnaldo olha a placa do carro e lê: ARN 5555.
Em seguida olha para o chão e encontra uma moeda de 1 real. Levanta a cabeça e
pensa: “ARN são as primeiras letras do meu nome.
A placa: 5555. Com mais 1 real
que achei agora tenho 5 cinco reais. Será finalmente um sinal?”
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