Quem já não se extasiou com o cheiro do churrasco do vizinho, quem sabe aquele feijão cozinhando? E o perfume do café enquanto está sendo passado.
E quantas mulheres já disseram: Ah, se o meu marido fosse assim…
E quantos homens já suspiraram: Ah, que mulher, hein…
E os pais: Se meus filhos obedecessem assim, me sentiria rico.
E os filhos: Poxa, como os teus pais são gente boa.
E lá vai: Que emprego, hein. Que casa. Que vida!
Mas, e se pudesse trocar, trocaria ou mudaria alguma coisa?
Leia, por gentileza, essa breve história, de autoria do poeta, Olavo Bilac (1865-1918)
O dono de um pequeno comércio, amigo do poeta Olavo Bilac o abordou na rua:
Senhor Bilac, que bom que o encontrei. Estou precisando vender o meu sítio o qual o senhor bem conhece. Poderia redigir um anúncio no jornal?
Bilac escreveu:
“ Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros ao amanhecer. Há um extenso arvoredo cortado pelas cristalinas águas de um ribeirão. A casa é banhada pelo sol nascente e oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”.
Meses depois o poeta perguntou ao homem se ele havia vendido o sítio. O homem respondeu:
-Nem pense mais nisso. Depois que li o seu anúncio é que percebi a maravilha que tenho.
Então, se alguém me perguntasse hoje: Trocarias de vida com alguém? Bem, se eu tenho bom senso e ainda assim algo a reclamar, preferiria ser como o poeta que escreveu o texto acima.
O modo como encaramos as coisas; a gratidão e alegria por cada conquista; o valor do aprendizado de cada erro; poderiam nos fazer ver que a questão não é trocar, e sim como encarar.
Prefiro pensar que nossos olhos ficam embaçados com problemas e não visualizamos quão belo é o nosso “sítio”. E sabe lá quantos o desejam.
Que tal trocar a maneira de olhar?
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