Alguns acham que não é muito bom pensar demais. Talvez acreditem que o pensar demais inibi decisões. Outros gostam de boas reflexões. Veja dois casos.
Primeiro - O exemplo deixado nessa crônica.
O dono de um pequeno comércio, amigo do poeta Olavo Bilac, (1865 – 1918) abordou-o na rua:
- Senhor Bilac, estou precisando vender o meu sítio que o senhor tão bem conhece. Será que poderia redigir um anúncio para o jornal?
Bilac escreveu:
- Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranquila das tardes na varanda.
Meses depois, o poeta encontrou o homem e perguntou se havia conseguido vender o sítio.
- Nem pense nisso – disse o homem. E acrescentou – Quando li seu anúncio é que percebi a maravilha que tenho.
Como é comum darmos valor a algo apenas depois de perdê-lo. Não precisa ser assim.
Segundo – Um rapaz contou que assim que chegou a adolescência começou a sentir vergonha de beijar seu pai, principalmente em público. Depois pensou melhor e achou aquilo uma bobagem, sabe lá por quanto tempo terei meu pai comigo, refletiu o jovem de 15 anos. Em menos de um ano seu pai adoeceu e morreu. Ele diz que se sente feliz por não ter deixado de demonstrar o carinho que sentia pelo pai, inclusive em público.
Quem sabe se tivéssemos o hábito de pensar sempre antes de falar e agir faríamos muitas coisas diferentes. Olhar a volta e ver o que temos hoje, trabalho, saúde, amigos, planos, esperança. Não esperar por datas comerciais para distribuir beijos e abraços e reafirmar nosso amor, nosso carinho aos que realmente amamos. Um radialista dizia:
- Não é bom parar, porque se parar a gente pensa e se pensar a gente chora.
O problema não é o parar e o chorar. O problema é se choramos de saudades, alegrias, ou remorsos. O amigo do poeta Olavo Bilac conseguiu parar e pensar. Viu o quanto tinha. O garoto de 15 anos parou e pensou sobre a brevidade da vida, sobre por quanto tempo teria seu pai por perto. Ambos foram beneficiados por parar e pensar.
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