A maioria de nós costuma dizer que gosta que as pessoas sejam sinceras. Mas qual o ponto de equilíbrio entre franqueza e insensibilidade?
Um sujeito que tem muito medo de procedimentos odontológicos é um bom exemplo.
Ele pergunta a dentista sobre o implante que terá de fazer. Ela diz:
- Está vendo esta parede? Pois, imagine uma furadeira em minha mão. Agora imagine que estou fazendo um furo nesta parede. Depois pego um pino e enrosco aqui. Então pego uma ferramenta e começo a apertar esse pino ou parafuso. É assim. Entendeu?
Isso é um caso real. Ouvi de uma dentista. Se é que eu tinha algum medo ela acabou completamente com ele. Que sensibilidade. Minha e dela.
Mas não são apenas as dentistas que podem mostrar falta de sensibilidade. Carlos e Valda são recém casados. Certa noite ele perguntou para a esposa:
- Querida, eu sou feio, não sou? – Ela responde:
- Meu amor, eu nunca liguei para esse negócio de beleza. Isso é bobagem. O que importa é o que você é por dentro.
Fiquei com pena do Carlos. Talvez ele quisesse tirar uma “chapa”, como diria o Miguel Livramento só para ver se por dentro ele também é como por fora.
O Carlos ficou super chateado, mas não falou nada para Valda.
Maridos também costumam ser insensíveis. Amanda pergunta para o Paulo:
- Estou gorda, não estou?
- Não querida.
- Ah, fale a verdade – Paulo coloca a mão no queixo e diz:
- É. Dá pra melhorar um pouquinho. Eu pensei numa academia aqui perto. Na verdade até peguei o número do telefone e vi os horários. O que acha? – Ela botou pra chorar. Se o Paulo já tinha pensado em tudo aquilo é porque “devo estar horrível” pensou ela.
A dona Olinda mandou o filho Inácio colocar os óculos. Inácio disse:
- Mãe, eu não vou colocar os óculos porque fico muito feio de óculos.
A mãe devolveu:
- Inácio meu filho, você é feio de qualquer jeito. Coloque já os óculos.
E aí? Franqueza e honestidade ou franqueza e insensibilidade?
Talvez a grande questão seja mesmo sermos sinceros, mas pensar melhor em como dizemos algo. Não é o que se diz, mas como se diz.
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