terça-feira, 19 de março de 2013

Papo de barbearia Violência contra mulher

“Um bom homem. Um sonho de genro. Um bom colega de trabalho. Um cara bom de papo. Gente fina”. Não são poucos os casos em que elogios assim são atribuídos a homens que parecem gente boa, mas na realidade espancam suas esposas. Já li relatos de pais que saiam da casa da filha felizes com “o sonho de genro” que tinham. A sós, o marido dava bofetadas na mulher. Socos. Batia sua cabeça contra a parede. Colocava uma faca no pescoço do próprio filho para torturar e ameaçar a esposa. Desse acontecimento veio a conversa. Da conversa dados estatísticos. Há uma região dos Estados Unidos onde acontecem em média 16 denuncias por minuto, num telefone destinado a isso. Enquanto ainda falávamos no assunto sentimo-nos interrompidos por uma reportagem no rádio que numa incrível coincidência falava no mesmo assunto. É no mundo inteiro. Em todas as camadas sociais. O papo se estendeu. Há mulheres que denunciam maridos agressores, mas voltam a ser agredidas. Algumas até mortas. Uma advogada concordou que falta apoio após as denúncias, apoio as mulheres agredidas. Um rapaz vindo do nordeste nos espantou com seu comentário, mas depois entendemos sua colocação. Ele disse que a Lei Maria da Penha foi à pior coisa que aconteceu em sua região. Esse seu comentário é que nos causou espanto. Como pode ter sido ruim, amigo? Ele explicou seu ponto de vista. Disse que antes da lei as mulheres ali apanhavam e pronto. Agora, com a Lei, as que denunciam são mortas pelo marido na próxima agressão. O que ele quis nos dizer foi o seguinte: Em sua visão, as mulheres lá antes apanhavam e pronto. Foi assim por décadas. Agora há bem mais mortes. Por quê? Pesquisas que lemos e conversamos mostram que mulheres que não denunciam não o fazem por vários motivos. Algumas porque não querem criar os filhos sozinhas. Outras têm medo de que parentes não acreditariam em suas afirmações. Outras é pela dependência financeira. Outras sabe lá por que motivo. Muitos desses agressores têm histórico de que na infância viram a mãe ser espancada. Alguns desses foram espancados e até estuprados quando ainda meninos. Nada justifica, mas talvez lance uma luz sobre a gravidade da situação. Se é que esse papo teve conclusão talvez seja a seguinte: Mulheres agredidas devem denunciar sim. Denunciar os covardes que praticam qualquer tipo de agressão. Só se espera que elas possam receber o apoio e proteção que tem direito e merecem. Ah, e para aquelas que ainda não se casaram fiquem atentas. Qualquer mínimo sinal de tendência a violência, intolerância, é sinal “vermelho”. É hora de procurar um homem de verdade. E isso não é fim de papo!

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