quinta-feira, 5 de maio de 2016

Qual é a sua maior certeza?

Desde os nossos primeiros anos de vida nos acostumamos com ela. Em alguns provoca curiosidade, em outros medo e ainda há aqueles que a enfrentam cedo com dor e saudades. Costumamos ouvir que a única certeza que temos na vida é a morte. Essa frase poderia levar a pensamentos profundos. Que outra certeza poderíamos ter? O fato é que a morte causa medo ou receio na maioria de nós. Principalmente se formos falar da nossa. Podemos temê-la ou não. Podemos antecipá-la e às vezes adia-la (pela maneira como conduzimos nossa vida). Podemos dar pouca ou nenhuma atenção a ela. Mas jamais duvidamos dela. Onde estão os nossos tataravós, bisavós e os pais e avós deles? E quantas vezes já comparecemos a um funeral? Há uma frase que sempre me fez refletir. Diz assim: “Melhor é ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde há festa, pois a morte é o fim de todo homem, e quem está vivo deve refletir sobre isso”. Bíblia. Eclesiastes 7:2. Dá o que pensar. A princípio pode parecer loucura, mas não é. Em uma festa ou em qualquer outra ocasião alegre dificilmente refletimos. Podemos até comentar depois como foi divertido e quem reencontramos. Mas em um velório a coisa é diferente. Por mais que nos concentremos em tentar consolar os enlutados acabamos por olhar aquela alma ali deitada e a pensar: “Não somos nada mesmo”. Um dia aqui, outro pode ser ali. Trágico? Não, real! Um dia ouvi um senhor que acabara de se aposentar dizer: “Estou aposentado, vou pra minha casa de praia e esperar a morte chegar”. Ui. Parece até que a convidou. Saber que ela é real e não temê-la é uma coisa, mas convidá-la parece estranho. Nossos olhos, cérebro, audição, paladar, capacidade de reproduzir, de produzir, de criar, de amar, de fazer grandes e importantes descobertas. O empenho da ciência e medicina para aumentar nossa expectativa e qualidade de vida mostra o quanto desejamos que essa realidade se afaste ou que nunca chegasse. Lembro de uma frase do personagem da obra de Érico Veríssimo, capitão Rodrigo Cambara, de O tempo e o vento, ou – Um certo capitão Rodrigo. Quando estava para sair rumo a uma batalha o capitão disse a esposa, Bibiana: “Se eu morrer diga ao nosso filho e escreva em minha tumba – Eis o capitão Rodrigo – sugou a vida até deixar o bagaço”. O capitão ainda que do seu jeito sugou tudo o que pode da vida e na história morre aos 42 anos. Consolar os que precisam é importante. Não há muito a dizer, mas ouvidos e ombros são de grande ajuda. E com a correria do dia a dia, tantas atividades, trabalho, planos; esquecemos tantas coisas. Outras não é que esquecemos é falta de tempo mesmo. Se parar por uma hora, um dia, um mês, é um atraso, um tempo perdido, quanto mais morrer. Real ela é, mas não deve durar para sempre. Há tanto a fazer e a aprender. Vou tentar adiar. Não quero alguém usando uma frase engraçada a meu respeito: “O fulano morreu na sexta-feira e se enterrou no sábado”. Se enterrou? Não havia ninguém para enterrá-lo? Até piadas fazemos com coisas sérias. A vida está em nós. A sede de aprender, ensinar e construir. Agora não há mais tempo para falar sobre isso. Quem tem tempo de morrer? Temos muito a fazer. Eis mais uma certeza na vida - viver!

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