quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Arma com porte e registro


Em tempos de violência, assaltos e impunidade muitos discutem a liberação do porte e uso de arma de fogo.

Se haverá a liberação ou não é motivo de debates e discussões nas rodas de amigos. Ainda assim somos portadores de uma “ferramenta”, um membro, ou uma “arma” da qual temos liberdade para usar dentro de casa, no trabalho, em festas, templos religiosos e até no churrasco com amigos.

Ela nasce conosco e ao primeiro tapinha que tomamos na vida, pelo menos na maioria dos casos, e já abrimos a boca mostrando nossa “faca”, “espada”, “pistola”. E daquele dia em diante a usamos para quase tudo na vida. Para avisar da fome, da necessidade de limpeza ou mesmo de pura birra.

Assim como armas são usadas em algumas situações para salvar vidas de inocentes, armas similares são usadas para o mal, com a intenção de ferir, amedrontar e até matar.

Nossa língua tem todo esse potencial, dificilmente alguém duvidaria.

Afinal de contas, quem de nós já não foi consolado com boas palavras em momentos difíceis?

E quem de nós já não teve a triste experiência de ouvir palavras como que disparadas de maneira cruel nos momentos mais complicados da vida?

Já que temos nosso “porte e registro” dessa poderosa arma poderíamos fazer como quem usa uma arma de fogo: Praticar. Mirar o alvo certo. Atirar na hora certa e com a intenção certa. E principalmente saber quando não sacá-la.

Simplesmente falar o que nos vem à mente e dizer que: “Eu sou assim mesmo, falo o que penso e não quero nem saber, é o meu jeito”, pode até parecer direito nosso, mas o que revela sobre a nossa perícia no uso de nossa “arma legal”?

Frases importantes: “Palavras impensadas são como golpes de uma espada...”. Provérbios 12:18. 

Dizer o que bem pensamos sem levar em conta se estamos certos ou errados é no mínimo inconsequente.

Quantas brigas poderiam ter sido evitadas, quantas vidas poderiam ser poupadas com o simples ditado: “Quando um não quer dois não brigam”. Frase sábia: “Uma palavra branda acalma o furor, mas a palavra dura atiça a ira”. Provérbios 15:1

Até na arte de conquistar coisas realmente importantes e da maneira correta ela pode ser usada: “Com paciência pode-se convencer um governante, e a língua suave pode quebrar um osso”. Provérbios 25:15

Nos filmes de faroeste assistimos homens sacando suas pistolas e o mais rápido vence o adversário. A perícia em sacar a arma, de mirar e atirar impressiona.

Hoje, como portadores de nossas “armas” poderíamos usar de perícia, bom senso e respeito ao próximo. Poderíamos avaliar o modo como falamos, como sacamos (abrimos a boca), como miramos (o que pretendemos com nossas palavras) e o tiro certo (como a bala/palavra afetará a pessoa atingida).

Por vezes não mostramos perícia nem quando a usamos para defender a quem amamos. Dizemos coisas que normalmente não diríamos. Usamos de argumentos que nem a nós convenceria, mas simplesmente a usamos.

Parece que muitos demonstram uma “certa perícia” em certas épocas do ano, no final do ano, por exemplo. As palavras de calor humano, de desejos de saúde, sucesso, paz, fraternidade e outras “disparadas” com sinceridade ou só por educação. Naqueles últimos dias do ano parece que somos peritos em usar nossa arma mais poderosa, mas e nos outros 11 meses do ano?

A arma continua ali. Muitos de nós a olhamos diariamente, até sua higiene fazemos. O detalhe é fazer bom uso dela não só para evitar brigas, mas para manter a paz. Não apenas como um amargo remédio, mas como uma cura.

Está aí uma arma que todos nós usamos mal vez por outra. A palavra falada ou escrita tem poder. 

Nem sempre vamos ouvir palavras que só nos agradam, afinal de contas há remédios que são amargos, mas necessários. Ainda assim com a intenção correta e muita atenção nossa arma companheira pode nos fazer sentir bem por usá-la para o bem.

Aliás, o único que pode nos multar ou nos cassar esse “porte” seremos nós mesmos por ferir e afastar desconhecidos e amados.

Podemos curar ou matar com nossa “arma” pessoal e legalizada.

Melhor pensar duas vezes antes de sacá-la da próxima vez; talvez nem a usemos!







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