Sabemos que a pedofilia é praticada de maneira geral por
pessoas próximas. Crianças, adolescentes e pais são persuadidos a confiar nos
pedófilos como se fossem pessoas acima de qualquer suspeita.
Pais, padrastos, tios, avós, amigos da família estão entre
aqueles que molestam crianças causando traumas terríveis.
Cabe o ditado: “Seguro morreu de velho”. Não quer dizer
desconfiar de todos, mas ao mesmo tempo não confiar demais, principalmente
quando o risco é a pedofilia.
"Ah, ele ou ela jamais seria capaz de fazer isso, ponho
minha mão no fogo”. Então saiba que as possibilidades de se queimar são reais e
consideráveis.
O perigo também se esconde atrás de títulos de “santidade”.
O filme – Spotlight – Segredos Revelados, baseado em fatos
reais, conta a história de um grupo de jornalistas do The Boston Globe que
investigou, descobriu, se apavorou e publicou um artigo sobre padres pedófilos.
Na ocasião, por volta de 2001, havia pelo menos 87 padres
que haviam molestado crianças; detalhe: 87 só na cidade de Boston.
Há pesquisas que segundo o filme apontam que até 6% dos
padres poderiam estar envolvidos em pedofilia.
Em especial crianças de
famílias carentes e pouca estrutura, dizem que veem o líder religioso como se
fosse “Deus”.
“Um dia ele pede para a criança recolher o lixo. Depois
conversa mais. Um dia conta uma piada obscena (agora eles têm um segredo), e
por fim mostra uma revista pornográfica” (Relato de uma das vítimas no filme).
Tudo termina, ou começa, quando “o padre tira a roupa e pede
para o menino o masturbar e fazer sexo oral nele”. (Continuação do relato)
Quando acontece com meninos que são ou acreditam ser
homossexuais tudo parece diferente; afinal de contas eles sentem que “deus”
entende e aceita sua situação. (Também relatos do filme)
O filme – Spotlight – Segredos Revelados - deve ser mais
anunciado, divulgado, assistido e discutido.
Concluir que isso acontece apenas em outros países é
ingenuidade.
Pensar que isso só acontece “lá longe” é fechar os olhos a
uma terrível e devastadora realidade.
Quando os abusos são cometidos por lideres religiosos à
coisa é agravada por vários motivos.
Primeiro: Estão entre aqueles que parecem estar – acima de
qualquer suspeita.
Segundo: O medo de denunciar um “homem de Deus”.
Terceiro: A maneira como a igreja por tantas vezes oculta,
esconde, transfere o padre pedófilo para outra paróquia. Já molestou aqui,
ficará conhecido. Quem sabe numa cidade onde ninguém saiba. E se abusar lá se
transfere outra vez...
Pais precisam alertar e conversar com os filhos. Alguns
falam besteiras e contam piadas sobre sexo com amigos, mas não são capazes de
ter uma conversa respeitosa, porém aberta com filhos e filhas, os alertando
contra os pedófilos. Dizer o que fazer e para quem contar. Que pode ser o vovô,
o papai, a mamãe, o titio, o padrasto, o melhor amigo dos pais e até um “homem
de deus”.
A denuncia pode não
resolver por completo, mas dará a oportunidade de se fazer justiça e talvez
impedir que outras crianças venham a ser molestadas.
E a imprensa? Parabéns a imprensa. Parabéns aos jornalistas
que investigam e publicam.
Jornalismo é isso, abrir temas importantes. Falar o que não
parece conveniente e o que alguns não desejam ouvir.
Imparcialidade é importante sempre. Não podemos deduzir que
a maioria dos lideres religiosos são pedófilos, mas o número é assustador. Mais
assustador ainda é saber que os que têm poder para denunciar e punir por tantas
vezes apenas encobrem.
Dizem que segredo deixa de ser segredo quando revelado.
Há segredos importantes a serem guardados e outros não.
Pedofilia, pessoas próximas e principalmente, “homens de
deus” devem ser monitorados, descobertos, julgados e condenados (não
transferidos como tem acontecido).
Quando conversar com uma pessoa religiosa pergunte a ela como
sua igreja trata ou lida com casos assim.
Nosso papel na imprensa é dar notícias e informações. No
filme Spotlight quando um líder religioso disse que é importante que a imprensa
trabalhe em conjunto com instituições, ouve do editor: “Em minha opinião é
melhor que a imprensa trabalhe de maneira independente”.
Pedofilia, pais e imprensa. Denunciar, divulgar e proteger.
Caso contrário só haverá as lágrimas e os traumas das incontáveis vítimas
desses terríveis abusos – guardadas em segredo!