Num mundo em que muitos reclamam do capitalismo. A população
entretida em inúmeros afazeres de ordem profissional, acadêmica, social e
recreativa.
A tal crise financeira. O desejo de ter cada vez mais.
Longos dias de trabalho. Picuinhas entre amigos e familiares. Toda uma correria
“maquiada” por uma aproximação on-line.
Estamos mais próximos graças à tecnologia ou estamos nos
enganando?
Em nossas aparições nas redes sociais através de
fotografias, opiniões e mensagens parecemos felizes, completos e decididos.
Por que parece ser preciso ocorrer uma tragédia para nos
fazer parar, pensar e usar de empatia? Nos colocar no lugar dos outros. Ou “sentir
em nosso coração a dor de outro”.
Tragédias envolvendo guerras, violência contra adultos,
mulheres, idosos e crianças ocorrem em todo o mundo e todos os dias. Parece que
o sofrimento alheio é algo distante.
Na realidade nem sempre é assim. Esta semana uma tragédia
mexeu profundamente com os sentimentos da maioria das pessoas, até aqueles aparentemente
menos sensíveis.
A tragédia na madrugada de terça-feira, dia 29 de novembro
de 2016 que tirou a vida de mais de 70 pessoas, entre elas a delegação com time
da Chapecoense ultrapassou Chapecó, Santa Catatina e o Brasil.
O time da Chapecoense de maneira modesta e incrivelmente
organizada superou dificuldades e ganhou a simpatia dos Catarinenses.
A tragédia nos fez usar além da empatia, a sensibilidade.
Não havia e não haverá como conter as lágrimas. Jornalistas
tentando manter o profissionalismo, mas com olhos marejantes e voz embargada.
Homens ficaram
perplexos e muitos admitiram que choraram.
De certa maneira parece que todos nos identificamos de
alguma maneira; seja como filhos, pais, amigos ou simplesmente humanos.
Afinal de contas, crianças vão enterrar o pai. Homens e
mulheres seus filhos.
Comentários em desespero e por falta de respostas são do
tipo: “Deus quis assim”. “Era para ser assim”. “Deus tinha um plano para quem
morreu e para quem não morreu ou não embarcou no avião”. “Que Deus é esse?”
As religiões continuam
deixando lacunas quando o assunto é a morte e tragédias.
Solidariedade às famílias e amigos é essencial. Mas houve
alguém ou alguns responsáveis?
Apurar o porquê aconteceu é vital. Se há responsáveis ou
irresponsáveis esses devem ser punidos.
Não trará de volta os que morreram, mas
punirá culpados e poderá evitar outras tragédias.
Que lição ficará em nossas vidas? O que pretendo mudar na
minha maneira de viver e encarar amigos, familiares, colegas de trabalho e
vizinhos?
Se continuarmos a aguardar por tragédias para nos fazer
refletir e nos unir haverá necessidade de mais mortes trágicas.
Mas se usarmos da capacidade de nos colocar no lugar dos
outros nas mais diversas situações, sentindo suas “dores em nosso coração”
vamos demonstrar – empatia.
Se nos sensibilizarmos com as pessoas em situações que não
são trágicas e demonstrarmos compaixão, usaremos de – sensibilidade.
Em memória das mais de 70 vítimas, familiares e amigos
podemos fazer mais do que lamentar.
Podemos nos tornar melhores!