terça-feira, 27 de junho de 2017

Quando será a hora?



“Quando eu era criança tinha muito tempo e muita energia, mas não tinha dinheiro para fazer nada do que eu queria. Quando me tornei adulto passei a ganhar muito dinheiro e tinha muita energia, mas não tinha tempo para fazer o que eu gostaria. Hoje, tenho tempo e dinheiro, mas acabou completamente a minha energia”.

Ouvi algo parecido de um amigo há muito tempo e reescrevi do modo que acreditei ser o mais próximo dessa brilhante conclusão.

Quando é a hora, o momento, o instante de fazer aquilo que nos deixa felizes?

Na infância do passado havia diferenças. Não era incomum trabalhar e estudar; embora haja muitos que só trabalharam, se privando dos estudos.

Na infância atual quem escolhe o que fazer, os pais ou os filhos? Muitos vão dizer: “Ah, hoje os filhos fazem o que bem entendem”. Em muitos casos sim, já em outros, não. Há casos em que os pais, é que escolhem. O escritor Augusto Cury tem repetido em alguns de seus livros que uma criança de 7 anos hoje tem tantas informações quanto um imperador romano no auge do poder. Por quê?

Os pais, nas melhores das intenções, querem ver os filhos em bons colégios. Em outros horários querem que eles aprendam outro idioma. Também tem os esportes, futebol ou artes marciais, quando não, ambas. E pode-se arrumar tempo para aulas de música ou pintura. Na intenção de que os filhos tenham “um bom futuro” e fiquem longe das drogas, sobrecarregam os filhos.

Na vida adulta não há descanso. Trabalho. Crescimento profissional. Status. Dinheiro.

Aquela primeira casa ou apartamento precisa ser substituído por uma moradia melhor. O carro nem se fala. A cada ano, talvez a cada dois ou três e olha lá, tem que ser trocado.

E os idosos? Muitos estão largados em asilos, e nem todos recebem visitas.
Há aqueles vistos nas casas lotéricas fazendo suas apostas. Pra quê?

Ah, para ajudar os filhos, os netos. Pra quê? Tudo bem, cada um cuida da sua vida, mas a que custos? Homens e mulheres depois dos 70 ou 80 anos ainda buscando mais dinheiro.

Agora, as coisas que são verdadeiramente boas, que nos fazem rir, rir por dentro, no íntimo, aquilo que nos faz felizes, quando fazemos? Quando temos tempo?

Segundo o curto texto ali em cima, talvez curto como a nossa vida, nos mostre que nunca temos tudo, não ao mesmo tempo.

Ora energia e tempo, ora tempo e energia, ora tempo e dinheiro, mas, energia, tempo e dinheiro não é para todos, talvez para bem poucos.

Então me pergunto e também ao leitor: Ser feliz, ajudar outros a serem felizes; quando?

Pode ser num futuro distante. Pode ser que ele não chegue. Pode ser amanhã, quem sabe?

Mas, por que não hoje? O que nos impede?

Quando será a hora? Talvez assim que - decidirmos!

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Saber - Pra quê?


 
Há quase 50 anos acredita-se que o homem pela primeira vez pisou na lua. Há quem acredite com tranquilidade e quem duvida seriamente, mas há também quem diz: “Que diferença faz saber? O que mudaria em minha vida?”
 
Muitas pessoas e cientistas creem em Deus, outros não. E existem muitos que creem que o homem foi criado diretamente por Deus, outros acreditam que somos frutos de uma evolução.
 
Existem pessoas que defendem a pena de morte, outros são contra.
 
O Brasil e o mundo vivem um momento especial; grandes avanços tecnológicos e científicos e um declínio moral, social, de respeito a própria vida e a dos semelhantes; um incrível paradoxo de contra-evolução.
 
Diante todos os conhecimentos e desconhecimentos vivemos numa época em que podemos escolher: Saber - Pra quê?
 
Considerado o fundador da filosofia moderna, René Descartes (1596-1650), nos deixou essa frase de forte impacto, por mais simples que pareça: “ Penso, logo existo”.
 
Jean-Jaques Rousseau (1712-1778), também deixou frases aparentemente simples, porém, com o poder de levar a profundas reflexões. Pelo menos duas delas: “O homem nasce bom, a sociedade o corrompe”. E essa: “O homem nasce livre e por toda a parte é acorrentado”.
 
Auguste Comte (1798-1857) considerado o pai da sociologia, com o lema da “filosofia positiva”, tinha como objetivo em sua filosofia: “ Conhecer para prever, prever para prover”.
 
Linda lógica de Comte. De que adiantaria muitos conhecimentos se eles não fossem bem utilizados para prever e prover?
 
Entre tantos pensamentos, dúvidas e ansiedades podemos nos perguntar: Até que ponto as pessoas desejam realmente conhecimento? Que conhecimentos desejam? E para que o desejam?
 
Já nos foi explicado há tempo que a - educação vem de casa, pelo menos, deveria. A escola nos passa ensinamentos e certos conhecimentos. No mais, é ir atrás, desejar, buscar, abrir a mente, entender, deixar de lado nosso modo todo pessoal de ver o mundo, ou mesmo vê-lo à maneira como nos foi ensinado.
 
O filósofo brasileiro, Renato Janine, nascido em 1949, em seu livro: O afeto autoritário, diz algo que nos leva a refletir. Falando a respeito da programação da TV brasileira, Janine diz que ela - oferece a sociedade a pauta de suas conversas. O autor destaca que - basta ouvir o que as pessoas estão falando numa segunda-feira para saber o que foi ao ar nos principais programas dominicais.
 
E aí entra a questão: Qual a qualidade da programação? Ela tem ajudado a desenvolver nosso intelecto? Tem nos incentivado a entender o que é cidadania, ser melhores pais, professores e filhos? Ela, a mídia, tem interesse em ter uma sociedade inteligente o bastante para evitar fazer a pergunta tema dessa coluna?
 
Quem sabe responder: Os brasileiros têm uma verdadeira democracia? A imprensa é totalmente livre? Se não é, quais os motivos? Por que não como carne na sexta-feira santa? E por que essa sexta sempre cai numa sexta e não varia como as demais datas? Por que razão grande parte da população é escravizada por inúmeras datas comemorativas e imposta a gastos sem nem saber o motivo real daquela data; se concorda ou não?
 
Outra importante frase de reflexão: “ A pessoa ingênua, inexperiente, acredita em qualquer palavra, mas quem é prudente pensa bem antes de cada passo”. Bíblia. Provérbios 14:15
 
Então, se o homem foi ou não a lua pode não fazer diferença. Mas a verdade sobre isso tem peso. Afinal de contas, optamos por crer ou não crer naquilo que nos dizem.
 
Em tempos de contra-evolução, do paradoxo entre avanços e declínios, das conversas das redações de jornais a bares e barbearias; dizer o que pensamos é importante, é direito adquirido de um pouquinho de democracia.
 
Agora, buscar ouvir outras ideias, estudar, abrir a mente, ter pensamento crítico baseado no conhecimento mais concreto possível não é para qualquer um. Pensar - Pra quê?
 
Saber - Pra quê? Ora, o saber traz grandes responsabilidades.
 
Saber? Claro que sim!

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Aquela voz no rádio


 
Nasci em janeiro de 1973, em Florianópolis, mas sempre morei em São José.
 
A infância dos meninos dos anos 70 e 80 foi muito especial.
 
É claro que a das meninas também foi muito diferente das de hoje, especial.
 
Futebol de rua; 5 vira 10 ganha, pipas, bang bang, pega-pega, esconde-esconde, bilboquê e peão; nesse último nunca foi bom, e nos demais mais ou menos, mas era divertido e era só o que importava.
 
Certa manhã do ano de 1981 algo diferente aconteceu. Na escola onde estudava chegou um repórter com um daqueles gravadores que logicamente não caberia no bolso.
 
Ele falou com vários alunos e cada um pedia uma música e oferecia a alguém. Participei. Não lembro a música e nem para quem ofereci, mas no dia marcado para ir ao ar as participações fiquei sentado esperando ouvir minha voz no rádio.
Para a infeliz surpresa do leitor e também minha creio que a gravação não foi exibida ou me passou despercebida.
 
O tempo passou e mantive as brincadeiras com os amigos. E eis um mistério, não sei a data exata e nem o motivo, mas de repente eu estava apaixonado. Era mais uma paixão; havia a Daniela, uma linda loirinha da escola. A nova paixão aconteceu dentro de casa, na cozinha, em cima de um lindo balcão, daqueles feitos para durar décadas. Em cima dele entre outros apetrechos de minha mãe, dona Olga, havia um lindo rádio. Devia ter uns 20 centímetros de comprimento por uns 10 de largura e altura. Com aquele revestimento de madeira e a classe dos rádios dos anos 70, tinha um charme especial.
 
Mas é bem verdade que a beleza de um rádio é acrescida de vida com a voz do radialista.
 
E foi nessa vida dada ao rádio, ora pela música ora pela voz do locutor que me via por inúmeras vezes parado diante ele, outras vezes o ouvia fora da cozinha, debruçado na janela.
 
Passei a ouvir alguns programas nos horários em que não estava na escola ou em dias sem aula. Diário da Manhã, com o Walter Filho e seu “assustador” quadro - Aconteceu; Guarujá, Cultura, mas em especial a rádio Santa Catarina.
 
Naquela rádio havia ótimos programas, grandes comunicadores e um em especial me chamou a atenção; Nabor Prazeres. Sua voz, seu modo de conduzir o programa, a ênfase nas notícias. Foi uma espécie de cupido nessa paixão que nascia.
 
Nabor Prazeres apresentava um programa durante as manhãs. Aquela voz no rádio encantava as pessoas em muitas regiões.
 
Devido aos muitos prêmios que a rádio sorteava; ingressos para o cinema, circo, parque de diversões e até tortas percebi duas oportunidades. Como se diz: “Matar dois coelhos com uma só paulada”. Não levem a frase tão a sério, afinal de contas, é linguagem conotativa.
 
Além de ganhar prêmios teria a oportunidade de conhecer a rádio por dentro, e até de conhecer o radialista. Já pensou - ver de perto Nabor Prazeres; saber se era alto ou baixo, gordo ou magro, negro ou branco, cabelos escuros ou grisalhos, se era gente boa ou um sujeito ranzinza. Isso seria demais. Ganhei muitos prêmios, de todos os quais mencionei.
Quase sempre quem me levava até a emissora, que ficava no bairro, Coqueiros, na rua: Jaú Guedes da Fonseca, era meu cunhado e amigo Lindomar.
 
Enquanto os amigos diziam: Lá vai ele outra vez ligar para a rádio, parece mulherzinha, parece maricas… E lá ia eu. Descia até o bairro Bela Vista, onde eu morava, no Jardim Cidade, não havia os orelhões, os famosos e muito usados telefones públicos. Eram várias fichas telefônicas todas as semanas, pelo menos uma ou duas por dia.
 
Na rádio havia uma secretária muito bonita. Era alta, magra, cabelos negros e muito atenciosa. A sala de recepção onde aguardávamos os prêmios era pequena e muito aconchegante.
E na minha garganta, quase na ponta da língua, o desejo de pedir para entrar e conhecer o estúdio, e o Nabor (nem sempre quando íamos na emissora era a hora do seu programa, às vezes era outro locutor naquele momento), mesmo assim não tinha coragem de pedir para entrar.
 
Quantos telefonemas, quantos brindes ganhei, quantas vezes o Nabor Prazeres disse o meu nome ao oferecer uma música ou citar que eu havia ganhado um prêmio.
 
Muitos anos se passaram. O menino cresceu. Trabalhou muito e se tornou barbeiro.
 
Mas quando alguém é “tocado” pela comunicação, isso fica no íntimo, como que num lugar secreto até que algo a mais aconteça para libertar e viver essa paixão com seus prazeres e dores.
 
Depois de uns 13 anos na barbearia comecei a escrever: Livros, colunas em jornais, blog, e fui convidado para dar muitas entrevistas, em jornais, TVs e para emissoras de rádio.
 
Passei a entrar com certa frequência em estúdios de rádios; CBN, na Guarujá muitas vezes. Estive também na rádio Record, Guararema e outras.
 
Já havia se passado 5 anos que eu tinha me mudado da rua Santa Luzia, onde vivi por 35 anos. Então, aos 40 anos de idade, passava pela rua que me havia deixado tantas boas recordações. Para minha surpresa e despertar de sonhos e desejos ao caminhar por ali vi uma placa de uma rádio - Rádio Comunitária - Luar FM 98,3. Aquela rádio na esquina da rua onde passei a maior parte da minha vida, uns 50 ou 60 metros de onde eu morava. Aquilo não me saía da cabeça.
 
Pensei, troquei ideias com o amigo repórter cinematográfico, Agenor Neto e o coordenador da rádio, Cristiano Souza, elaborei um programa, busquei apoiadores culturais. Joia, havia um projeto bem adiantado e modesto. O programa se chamaria - Na cadeira do barbeiro. Teria músicas antigas, nacionais e internacionais e em especial, entrevistas. Queria levar para o rádio a vida, as histórias de vida e das profissões daqueles que costumam estar do outro lado; de ouvintes a participantes com suas histórias. A ideia evoluiria para entrevistas com comunicadores de todas as áreas.
 
Mas faltava algo, as vinhetas. Num estalo me veio à mente: Já pensou se eu conseguisse falar com o Nabor Prazeres e pedisse para ele gravar as vinhetas; a voz dele anunciando meu programa.
 
Fiz alguns contatos e o Rubens Flores, mais conhecido como Rubinho, me passou o número de telefone do Nabor.
 
A ligação. Do outro lado da linha quase 30 anos depois não era a secretária para anotar meu nome, era ele, o Nabor. Claro que ele não me conhecia. Disse a ele que gostaria de ter sua voz em minhas vinhetas. Ele, educadamente, disse que estava aposentado e não gravaria as vinhetas.
 
Então, diferente de 30 e tantos anos antes quando queria conhecê-lo e não falava, dessa vez falei. Eu disse ao Nabor: “Sabe seu Nabor, eu costumava ouvir o senhor quando apresentava seus programas na rádio Santa Catarina. Ganhei muitos prêmios com a intenção de conhecê-lo e estive na emissora muitas vezes e nunca tive coragem de pedir para conhecer o senhor e os estúdios. Agora, aos 40 anos, vou estrear no rádio e a emissora em que eu vou apresentar o programa fica exatamente na esquina da rua onde morei por 35 anos e que por tantas vezes saí para ligar para a rádio. Então, seu Nabor, eu apenas havia pensado na honra que seria ter sua voz em minhas vinhetas, mas se está aposentado e não pode, entendo”.
 
Do outro lado da linha o homem que eu nunca havia visto pessoalmente falou: “Do que mesmo você precisa? Vou gravar suas vinhetas”. Fiquei emocionado e perguntei o preço, talvez eu nem pudesse pegar. Ele disse: “Não vou te cobrar nada, será uma honra para mim”.
 
Eu enviei a ele por e-mail os textos das vinhetas, abertura, passagem e etc. Dias depois ele me enviou as gravações. Não me cansava de ouvir o Nabor dizendo: “Agora, na rádio Luar FM o melhor da música e bate-papo - Na cadeira do barbeiro com Deivison Pereira”. “Você está acompanhando o programa - Na cadeira do barbeiro com Deivison Pereira”. “Você acompanhou pela rádio Luar FM o programa Na cadeira do barbeiro com Deivison Pereira”.
 
Por maior que fosse a expectativa de ouvir o primeiro programa que iria ao ar no domingo, dia 02 de junho de 2013, às 22h, gravado dias antes com o primeiro convidado, o jornalista, Clayton Ramos; só de ouvir as vinhetas já me sentia realizado. Quando imaginária isso?
 
Uma entrevista mais do que especial. Finalmente, uns 3 meses depois da estreia do programa, eu iria entrevistar o dono da voz e da competência que tanto havia contribuído para o desejo de trabalhar em rádio. Fui até buscá-lo em sua casa. Inacreditável. Ele estava ali no estúdio, não no da rádio Santa Catarina onde os estúdios eu nunca conheci, e sim na rádio onde eu apresentava o programa e agora o entrevistava.
Ouvir sua história, trajetória, inúmeros fatos interessantes sobre sua atuação como radialista e coordenador de várias emissoras, sua opinião sobre a qualidade do rádio atualmente; foi mais que especial. Ao sairmos do estúdio pude mostrar para ele a casa na qual havia morado por 35 anos.
 
Em 1981 não lembro de ter ouvido a minha voz no rádio naquela gravação feita na escola.
 
Mas em meados dos anos 80 a voz do Nabor marcou algo em minha vida; o amor pelo rádio e a comunicação.
 
Até hoje, quando paro para ouvir algumas das mais de 50 entrevistas é marcante a presença do Nabor Prazeres em cada programa, em cada vinheta. Na verdade o nome do programa - Na cadeira do barbeiro - ganhou força na voz do Nabor - Aquela voz no rádio!
 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Mãos ao alto, Bela Vista!

Quem sabe se essa frase ainda é usada pelos bandidos; inúmeras outras expressões podem ser usadas, e nada mudará a sensação de impotência, de frustração, decepção, raiva; um desejo por justiça, mas onde ela está?
 
Moradores de todo e qualquer bairro que passe pela crescente violência não fique se perguntando o motivo do nome: Bela Vista. É apenas porque escrevo essa coluna a partir do bairro onde moro desde que nasci, há 44 anos.
 
Se antes ouvíamos relatos de casos de violência do eixo - Rio de Janeira e São Paulo, já não é novidade que ela chegou na Grande Florianópolis; e pior do que isso, é difícil quem não passou por um ato de violência/roubo/assalto, ou não conheça alguém que tenha passado.
 
Como se não bastasse uma crise ética, moral, política e econômica a população ainda passa por uma onda de crimes entre assassinatos, estupros, furtos e muitos, muitos casos de assaltos a mão armada.
 
Passei por isso há pouco mais de dois anos, na ocasião estava o meu filho caçula que tinha 15 anos. Estávamos comprando cachorro quente. Pai e filho que trabalhavam duro, a noite, foram roubados e humilhados. O filho, um adolescente que devia ter a idade do meu, após o assalto se ajoelhou para juntar as moedas que o ladrão havia deixado cair. Não é humilhante?
 
E eu? Já estava com a carteira na mão e a altura do rosto quanto começou o assalto. Lembro que havia 90 reais na minha carteira; uma de 50 e duas de 20 reais. Por incrível que pareça, lógico que não foi por coragem ou ousadia; apenas fiquei pensando: “Estamos em dezembro, um mês de muita correria no trabalho, parar para refazer os documentos, entregar na mão dele, se ele quiser ele que pegue, não vou dar na sua mão. E se eu disser para ele deixar pelo menos o dinheiro para pagar nosso lanche, será que o ladrão vai ficar irritado? Meu filho está tranquilo. E se eu tentar desarmá-lo?”
 
Sério, tudo isso passou pela minha cabeça em segundos. Por isso não critico quem reage. Passei a entender que quem reage não o faz de maneira consciente, pelo menos não em todos os casos, é um lapso; não fomos e não somos e nem deveríamos estar preparados para isso. Quem bom que não reagi. Também não entreguei a carteira. Mantive meus 90 reais e meus documentos numa calmaria de dar medo.
 
Certo dia, um especialista em Segurança Pública, na melhor das intenções, dava conselhos no programa da Fátima Bernardes de como agir ao ser assaltado. Isso mesmo: Dicas e orientações sobre o que fazer e o que não fazer na hora de um assalto. Claro que visa nossa segurança, mas é rídiculo que tudo que o Estado tenha para oferecer seja isso.
 
Ou será que há mais? Na comunicação podemos fazer algo? Pessoas são assaltadas em pontos de ônibus antes de ir para um duro dia de trabalho. Outros são assaltados à luz do dia ou nas ruas ou em seus comércios. E ainda outros ao fecharem suas lojas ou ao chegarem em casa.
 
Importante lembrar que a polícia Militar tem feito seu trabalho. É comum policiais ficarem por mais de 4 horas numa delegacia para efetuar uma prisão de um bandido que será solto no máximo no dia seguinte.
 
São José costuma ter uma média de 4 viaturas circulando (muitas vezes menos) quando segundo estudiosos deveria ter 60. E quando dois policiais ficam mais de 4 horas para efetuar uma prisão é uma viatura a menos.
 
Por ora é isso, só isso; dizer para tomar cuidado.
 
Em todo caso já estamos com a sensação de - mãos ao alto!