terça-feira, 19 de março de 2013

Beneficio e arrependimento

Jaime é um daqueles caras que nasceram para negociar. Para ele comprar um Culeirinha por 50 e vender por 100 é moleza. Como gosta de cavalos chegou a comprar um por 500 reais, trocou por outro que valia 1000 e em seguida conseguiu negociar por uma CG que valia 2500. Mas dessa vez entrou outro bicho na história. Jaime fora alimentar seus cavalos não muito longe de casa. No caminho viu um cachorro, um pastor alemão, abandonado. No dia seguinte, uma segunda-feira, logo cedo lá estava o pobre cão. Sentiu pena, mas seguiu em frente. A noite encontrou mais uma vez o pastor. Já estava cansado e mancando. Dessa vez Jaime não resistiu. Pegou o cão e o levou a um conhecido ali perto, o Gilmar. Gilmar gosta de cavalos e cachorros, mas, sobretudo, gosta de sentir que levou vantagem em qualquer negócio. Jaime maquinou no caminho o que diria ao colega negociador. Assim que viu o Gilmar, disse: - Gilmar, olhe só esse cachorro. O nome dele é Benefício. Um pastor alemão puro. E não sabe da maior, ele anda sempre ao lado da gente com o cavalo, é incrível. É cão protetor. Entrou pra mim essa semana num negócio por 200 reais. O problema é que não posso ficar com ele. Vou te deixar ele por apenas 100 reais – Gilmar respondeu: - Poxa rapaz, até gostei do bicho, mas não tenho dinheiro – Jaime argumentou: - Pode me pagar em dezembro. - Em dezembro? Então eu quero! E lá se foi Jaime contente por ter ajudado o pobre cão que passava fome nas ruas. E lá ficou o Gilmar pensando: me dei bem nessa com o Jaime, barato e só em dezembro. No dia seguinte o Benéfico comeu uma galinha do Gilmar. No outro dia mais duas galinhas. Uma semana depois Gilmar telefonou para Jaime e disse: - O Jaime, quero te devolver o Benefício. Ele já me comeu 5 galinhas e faz a maior bagunça no sítio – Jaime argumentou: - O Gilmar, negócio é negócio. Tu já pegou o cachorro bem abaixo do preço. - Eu sei, eu sei, mas olha Jaime, não dá pra ficar com o Benefício aqui. Até porque não tenho nenhum benefício com ele, só prejuízo. - Sinto muito, Gilmar, mas o Benefício é teu. - Vamos fazer o seguinte, Jaime. Eu te dou 30 reais de arrependimento. Leve ele, por favor. - Ta bem, ta bem. Pego ele hoje à noite. Assim que Gilmar vê Jaime colocar Benefício dentro de seu carro lembra das 5 galinhas mortas e a bagunça que o cão fez por ali. Como gosta de pensar que sempre leva vantagem falou sozinho na varanda do sítio: Valeu à pena dar 30 pro Jaime. Fiquei com o arrependimento, mas ele ficou com o Benefício.

São José da Terra Firme

São José está completando 263 anos e com certeza uma bela maneira de aprender sobre nossa cidade é com o livro São José da Terra Firme, de Gilberto Gerlach e Osni Machado – ganhei autografado este o Desterro. Eis algumas curiosidades: “Uma estatística da época – 1797 – assinala que a Freguesia de São José era composta de 389 fogos (casas habitadas), com uma população total de 2.079 habitantes, incluindo os escravos, que eram em número de 412. Já existiam escravos libertos, no total de 14”. “Em 10 de outubro de 1848 é levado à forca o pardo Jacinto Martins, idade de 40 anos, natural de Minas Gerais, por haver matado a facão e machado um casal da raça negra, com quem morava, e estuprado a filha deste casal. Esta forca ficava ao lado da Igreja Matriz de São José, lado Norte (segundo o historiador Álvaro Tolentino de Souza). Anos depois esta forma de execução foi abolida.” Essas e outras incontáveis histórias estão no maravilhoso livro de Gilberto Gerlach.

Sexta-feira Santa na quarta-feira

Assim como o aniversário de nossa cidade cai em diferentes dias da semana, ano passado segunda, agora terça, ano que vem quarta, assim acontece com a data da morte de Cristo. Ele morreu no dia 14 do mês de Nisã, numa sexta-feira. Calcula-se a partir do Equinócio, cerca de 21 de março. Anota-se a lua nova mais próxima e então inicia o mês de Nisã. Lá nos dias de Jesus Cristo os dias iniciavam ao pôr do sol e não a meia noite como se dá hoje. Portanto na próxima terça-feira, dia 26, a partir do pôr do sol começara a real data da morte do Senhor. A sexta-feira Santa deste ano cai de terça até o pôr do sol de quarta da semana que vem.

Papo de barbearia Violência contra mulher

“Um bom homem. Um sonho de genro. Um bom colega de trabalho. Um cara bom de papo. Gente fina”. Não são poucos os casos em que elogios assim são atribuídos a homens que parecem gente boa, mas na realidade espancam suas esposas. Já li relatos de pais que saiam da casa da filha felizes com “o sonho de genro” que tinham. A sós, o marido dava bofetadas na mulher. Socos. Batia sua cabeça contra a parede. Colocava uma faca no pescoço do próprio filho para torturar e ameaçar a esposa. Desse acontecimento veio a conversa. Da conversa dados estatísticos. Há uma região dos Estados Unidos onde acontecem em média 16 denuncias por minuto, num telefone destinado a isso. Enquanto ainda falávamos no assunto sentimo-nos interrompidos por uma reportagem no rádio que numa incrível coincidência falava no mesmo assunto. É no mundo inteiro. Em todas as camadas sociais. O papo se estendeu. Há mulheres que denunciam maridos agressores, mas voltam a ser agredidas. Algumas até mortas. Uma advogada concordou que falta apoio após as denúncias, apoio as mulheres agredidas. Um rapaz vindo do nordeste nos espantou com seu comentário, mas depois entendemos sua colocação. Ele disse que a Lei Maria da Penha foi à pior coisa que aconteceu em sua região. Esse seu comentário é que nos causou espanto. Como pode ter sido ruim, amigo? Ele explicou seu ponto de vista. Disse que antes da lei as mulheres ali apanhavam e pronto. Agora, com a Lei, as que denunciam são mortas pelo marido na próxima agressão. O que ele quis nos dizer foi o seguinte: Em sua visão, as mulheres lá antes apanhavam e pronto. Foi assim por décadas. Agora há bem mais mortes. Por quê? Pesquisas que lemos e conversamos mostram que mulheres que não denunciam não o fazem por vários motivos. Algumas porque não querem criar os filhos sozinhas. Outras têm medo de que parentes não acreditariam em suas afirmações. Outras é pela dependência financeira. Outras sabe lá por que motivo. Muitos desses agressores têm histórico de que na infância viram a mãe ser espancada. Alguns desses foram espancados e até estuprados quando ainda meninos. Nada justifica, mas talvez lance uma luz sobre a gravidade da situação. Se é que esse papo teve conclusão talvez seja a seguinte: Mulheres agredidas devem denunciar sim. Denunciar os covardes que praticam qualquer tipo de agressão. Só se espera que elas possam receber o apoio e proteção que tem direito e merecem. Ah, e para aquelas que ainda não se casaram fiquem atentas. Qualquer mínimo sinal de tendência a violência, intolerância, é sinal “vermelho”. É hora de procurar um homem de verdade. E isso não é fim de papo!

Papo de barbearia II – Som alto

“Gosto não se discute”. Quem ousaria discordar? Mas a questão é outra. O amigo leitor (a) já deve ter visto e ouvido por vezes alguém ouvindo música em um volume alto demais, exagerado. Já parou para avaliar o tipo de música que se ouve nessas situações? Alguma vez ouviu uma boa música, de um bom compositor, de um bom cantor, em alto volume? Eu não!

Seu Manual

- Seu Manual qual a diferença entre tráfego e tráfico? - Tráfego meu jovem é movimento, trânsito, fluxo de mensagens. Tráfico é comércio, negócio ilícito, fraudulento. - Ah, é que havia esquecido. Obrigado!

Duvido

Duvido que pessoas que tanto falam em amor, bondade, paciência, respeito pela vida; até religiosas são. Dentre esses há aqueles que até evitam comer carne certos dias do ano. Religiosos. Duvido que alguém ainda praticará algum tipo de farra com animais indefesos. Será que estou sendo ingênuo?

Bilhete premiado

Não é coisa do passado. Ainda há pessoas caindo no conto do “bilhete premiado”. Há poucos dias um morador do bairro Bela Vista foi vítima dessa história. Bilhete premiado? “Olho aberto”. Tem muitos malandros por aí.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sabedoria x inteligência

Outro dia meu filho perguntou: “Pai, o sinônimo de inteligência é sabedoria”? Refletimos juntos sobre o sentido das duas palavras. Inteligência: Faculdade ou capacidade de aprender, compreender, intelecto. Sabedoria: Grande conhecimento, saber, erudição. Numa aplicação mais ampla de inteligência o dicionário usa a palavra perspicácia. Perspicácia significa basicamente “enxergar além do óbvio”. Meu filho e eu falamos um pouco a respeito dos inteligentes e dos sábios. Há pessoas muito inteligentes. Muito competentes em diversos assuntos. Uma capacidade intelectual impressionante. Há também pessoas sábias. Uma pessoa sábia é capaz de usar bem sua inteligência. Uma pessoa sábia, mesmo que não tenha “grandes estudos” faz bom uso do que sabe e conduz bem a sua vida. Sendo assim, torna melhor, mais feliz a sua vida e dos a sua volta. Existem aqueles inteligentes que conduzem mal a sua vida, tornando lamentável a sua vida e dos a sua volta. Aqueles inteligentes que surpreendem por seu vasto conhecimento de assuntos e a triste revelação de não saber resolver problemas com o marido ou esposa, filhos, vizinhos, parentes, colegas de trabalho ou escola. Coisa boa é observar como um sábio conduz sua vida. Não dá uma de entendido, mas quando precisa saca lá do fundo de suas reflexões a solução para resolver problemas que para muitos é complicado. Isso quando não evita os problemas, sábios costumam evitar problemas, quando não evitam, resolvem, e com maestria. Um inteligente pode ser sábio, maravilha. Se não, é só mais um que adquiriu conhecimento, mas usa pouco. Um sábio sempre é inteligente. Pode estar aí pertinho do amigo leitor, ou leitora. Mas preste atenção, eles costumam passar despercebidos, afinal de contas, só dão o ar de sua graça quando necessário. O sábio nem sequer se preocupa em parecer ser corajoso. O sábio é tão corajoso que nem sempre demonstra sua coragem. Ele avalia se vai valer à pena. Perspicácia. Vê além do óbvio. Vê lá na frente o resultado de suas ações. Depois de alguns minutos meu filho e eu concluímos que vale a pena buscar a inteligência, mas a sabedoria, ah, essa é mais desejável do que um tesouro. Ela própria é um tesouro.

O lobisomem pinguço

Henrique chegou em sua barbearia e encontrou o Valdemar dormindo logo ao lado de sua porta. Valdemar vivia bêbado e dormia em qualquer canto. Não era um sujeito ruim, mas incomodava moradores e comerciantes do bairro pedindo dinheiro para a cachaça, ou ficava enchendo a paciência dos outros com seu papo-furado. Um dia Henrique teve uma ideia e disse a Valdemar que precisava falar um sério assunto com ele. Era só uma brincadeira. Só não imaginou que ele levaria tão a sério. Henrique disse: - O Valdemar você que anda por aí a noite toda já viu o lobisomem? – Valdemar, com sua voz rouca e português enrolado, respondeu: - Que lombisomem que rapaz. Nunca vi lombisomem nenhum. - Sabe por que você nunca viu o lobisomem? Porque você é o lobisomem. - Eu não so lombisomem coisa nenhuma – Valdemar saiu indignado com Henrique. Uma hora depois Valdemar voltou com um cigarro na boca e perguntou ao barbeiro: - Me diz uma coisa. Ta vendo que eu to fumando. Lombisomem fuma? – Henrique argumentou: - Quando vira lobo não fuma, mas quando está como homem fuma sim. A prova está bem aqui na minha frente – E lá saiu Valdemar indignado mais uma vez. No final da tarde Valdemar voltou: - O Henrique, se lombisomem existe por que eu nunca vi? - Mas é claro Valdemar, você vira lobisomem e nem percebe. Valdemar, preocupado, perguntou: - O Henrique. E se alguém quiser matar o lombisomem? - Aí você tem de se cuidar. Valdemar, você sabe como se mata um lobisomem? - Ah, isso eu sei. É com uma bala de prata – respondeu Valdemar meio assustado. Os comerciantes do bairro estranharam o sumiço de Valdemar. Quando aparecia era no final da manhã ou no início da tarde. À noite ninguém mais o via pelas ruas. Dias depois Valdemar apareceu na barbearia. Já havia tomado algumas pingas. Esperou até o último cliente sair e perguntou ao Henrique: - O Henrique sabe se tem alguém desconfiado de mim. Daquele assunto sabe né? - Não. Será que você tem andado muito por aí à noite? – Valdemar vendo que não havia mais ninguém na barbearia, falou: - Que nada rapaz. Consegui uma corrente e um cadeado. Amarro uma mão na outra e passo a corrente até o pé e fico quietinho. Deixo a chave meio longe e só solto de manhã rapaz. De repente tem um maluco por aí que tem uma bala de prata. Eu é que não vou me arrisca. Ó, não conta pra mais ninguém.

Imprudência?

Na marginal da BR 101, próximo a entrada a Forquilhinhas, como não há mais entrada ou acesso a BR, alguns motoristas estão entrando na 101 de maneira bem arriscada. Viram o veículo totalmente à esquerda e então entram na BR. Isso além de atrasar motoristas que vem atrás os coloca em sério risco, pois é uma maneira totalmente inconveniente de entrar na BR 101. É imprudência?

Seu Manual

- Seu Manual quando devo usar nem um e nenhum? - Meu jovem é simples. Nem um (a) (em duas palavras) é quando significar nem um sequer, nem um só, nem um único. Nenhum (a) quando corresponder ao antônimo de algum. - Obrigado seu Manual!

Palavras no Tempo

Na última segunda-feira, dia 4, o Museu Histórico de São José prestigiou e foi prestigiado com o lançamento do segundo livro de Luciane Mari Deschamps. Dezenas de amigos, familiares e admiradores aproveitaram o aconchego do Museu e o clima agradável da noite para terem em suas mãos o livro Palavras no Tempo, que além de Luciane contou com a participação especial de Janaína Lúcia Alves, Janine Lúcia Alves e Márcia Lima. Márcia, por motivo de saúde, não pode comparecer. Desejamos pronta recuperação. Luciane é professora de Língua Portuguesa, especialista em Psicopedagogia e escritora. Ela traz em suas poesias as emoções que sentimos e muitas vezes não encontramos palavras que as expressem. Afinal de contas quem passa somos nós ou é o tempo? Parabéns a Luciane Mari Deschamps e as suas colaboradoras.