sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Quanto vale o tempo?

Quanto vale o tempo?

Com certeza a resposta tem haver com cada pessoa, seus valores, interesses, ambições, desejos, necessidades e crenças.

Se até num carro, numa casa ou apartamento colocamos um preço, parece comum a nós dar valor a coisas as quais consideramos importantes.

E o meu tempo, e o seu tempo, quanto vale? Como medir ou calcular?

A única tabela de valores parece estar em nossa mente, nosso “coração”.

Tempo todos nós temos; e há nisso certa democracia. São os mesmos 365 dias por ano, os 12 meses, ou 24 horas por dia. Há então pelo menos dois pontos:

Primeiro: Como o encaramos ou entendemos. Segundo: Como o usamos ou aproveitamos.

Quantas vezes ouvimos pessoas que passaram por uma grave doença ou acidente que quase lhes tirou a vida, dizerem: “Hoje, dou mais valor ao meu marido ou esposa, aos filhos, meus pais, aos amigos, ao cantar dos pássaros, ao fato de acordar e respirar”.

Há uma música que em parte diz: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer… devia arriscado mais, trabalhado menos…” Titãs: Epitáfio (Do grego: sobre o túmulo)

Poupar dinheiro parece ser uma decisão inteligente e coerente. Mas, e o tampo, por que poupá-lo?

Algo do tipo: Deixar para ser feliz amanhã. Trabalhar muito, fazer um “pé de meia” para curtir bem uma velhice que sejamos sinceros; não sabemos se chegará para nós.

Se até o dinheiro guardado pode não ser aproveitado que dizer do tempo?

Poucos dias antes de escrever essa coluna fui ao funeral de um amigo. Seu filho, também meu amigo, por vários minutos ficava acariciando os cabelos do pai, uma ou duas horas antes da cerimônia de cremação. Sei que na verdade, ele queria ter feito aquele afago, aquele cafuné no pai enquanto ele pudesse senti-lo. Mas por que relutamos em demonstrar o carinho, o amor, o perdão, até que o pior aconteça?

É ser dramático demais dizer que essa pode ser minha última coluna? Alguns dirão: “Ui, vire essa boca pra lá, estás louco?” Não. Apenas consciente que não temos certezas sobre minutos, horas e dias a frente; temos planos, talvez muitos planos, mas certezas fogem às nossas escolhas.

Creio que não há quem não concorde que o tempo parece estar passando rápido demais.

É impressão? Pode ser. Mas dá impressão que não é mera impressão. O excesso de informações, de atividades e preocupações fazem as horas, dias, meses e anos passarem “voando” diante os nossos olhos.

Já li há anos a história do menino que tinha um pai muito trabalhador, muito ocupado. Um dia o menino perguntou o quanto o pai ganhava. O pai respondeu. O menino fez um cálculo, poupou e surpreendeu o pai. Se aproximou dele e disse que queria muito falar com ele. Quando o pai disse que estava muito ocupado e com pressa para sair; o filho tirou o dinheiro do bolso e disse que pagaria por uma hora de atenção do pai. E pior que a história parece ser real. E não deve surpreender por ser real.

Pais sobrecarregados. Filhos com tantas atividades que nem têm tempo de serem crianças.

Pais dedicados e preocupados com o futuro dos filhos e com medo que sejam vítimas das drogas lhes enchem de atividades, mas raramente se incluem nelas.

Há pouco tempo pensei: “Por que Deus fez o dia com apenas 24 horas?”

Só depois percebi o engano no meu pensamento. O dia de 24 horas, o ano de 12 meses ou de 365 dias está perfeito. Eu é que estava tão atarefado como quem está em uma loja, adquiri vários produtos legais, normais, mas as mãos estão ocupadas demais para abrir a porta e sair. Então notei que uma das mãos tinha que estar livre, pelo menos uma, para abrir a porta ver que há muito mais de belo e sem preço a apreciar.

Olhar um pôr-do-sol, um céu estrelado, o mar, o sorriso dos filhos, a voz dos pais, o carinho do cônjuge, o abraço dos amigos, a paz de Deus, a boa música, o canto dos pássaros, as brincadeiras do cachorro, o sabor de uma boa comida, o descer de uma boa bebida; o se permitir amar e ser amado, o perdoar e se perdoar; ah se somar tudo isso, quanto custaria?

Custaria tempo para usufruir e fazer acontecer. Só custaria isso - Tempo. E quanto ele vale?

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Há democracia?

Há milhões de pessoas que dirão que vivemos num país democrático; assim como também existem milhões de pessoas que falam de países que são comunistas. Talvez, aqueles que creem que há países comunistas até os citem por nome, mas se estudarem e entenderem o que significa dizer que um país é - comunista - vão repensar.

Historicamente falando a - democracia - foi criada em Atenas, Grécia.

Demos: povo. Kratos: poder. Deveria ser igual a: “poder do povo ou governo do povo”.

O velho e bom companheiro - Dicionário - nos faz lembrar que democracia é: “Governo do povo. Sistema político baseado na participação do povo, etc”.

Lá na Grécia antiga, em Atenas, berço da democracia, havia o costume de se estabelecer um certo padrão. Apenas homens podiam participar dos temas levantados, e não bastava ser homem, tinha que ter provas do seu poder financeiro. Se tivesse pouco, ou fosse muito pobre, ficava de fora. E claro que as mulheres, estrangeiros e escravos também eram excluídos.

Ainda assim é fato que na Grécia antiga se deu o “ponta-pé” inicial, que viria a se desenvolver em muitos lugares e trazendo benefícios. Já em outros países ficaria só no nome, assim como o comunismo, sistema que de acordo com o padrão e essência da palavra nunca houve e não há em nenhum país no mundo. O que há são adaptações; se leva o nome de comunismo, mas bem longe dos ideais daqueles que um dia o sonharam.

É fato que em muitos campos, seja na religião, em escolhas pessoais, ou certa medida de liberdade de expressão a democracia se demonstre, em outros ela dá o que pensar.

Em termos de democracia podemos pensar numa breve e simples história que me veio à mente. Imagine um casal saindo em busca de saborear uma deliciosa pizza. O casal toma conhecimento de que existem em sua região mais de 200 pizzarias. Imaginam quantas boas possibilidades têm a sua escolha. Mas no caminho são barrados por alguém que ao saber de sua busca lhes diz:

- Na realidade temos aqui uma lista com o nome de 6 pizzarias. Fiquem a vontade para escolher qualquer uma delas - O casal, pasmo com a notícia, argumenta:

- Mas sabemos que existem mais de 200, talvez mais de 300 pizzarias, porquê não podemos escolher?

- É que essas foram pré selecionadas e sua escolha se baseia nessa restrita lista.

- Restrita? Além de tu dizeres que é restrita onde fica nosso direito de escolha, nosso direito democrático? Veja bem, meu amigo. Dessas 6 possibilidades há duas completamente desconhecidas, vejo outras 2 que sei serem bastante questionáveis e as outras 2, não confio nem um pouco, aliás, sei que não valem a pena.

O marido olha para a esposa e pergunta:

- E agora, escolhemos a menos pior, ou vamos embora?

Na escolha de uma pizzaria, churrascaria, salão de barbeiro ou cabeleireiro, médico ou dentista parece haver muitas opções, e liberdade de eleger a melhor; não simplesmente a - menos pior.
Se elegemos uma pizzaria e chegando lá encontramos uma barbearia; ou escolhemos um bom médico e nos levam a um no qual não confiamos com certeza não sentiríamos respeito a nossa liberdade.

Obrigações em fazer assim… Obrigação em optar entre fracas opções… Escolher uma e cair em outra.

Se fosse em Atenas, na Grécia antiga, ficaria claro que apenas alguns decidem. Hoje mudou muito. Ou teria mudado pouco? Quem de fato decide? Se diante centenas de opções nos é apresentado apenas meia dúzia e de baixa qualidade, fica a pergunta:

A culpa é de quem? Há democracia? Talvez, mas com várias restrições!


sábado, 9 de setembro de 2017

Quando a morte ronda a mente



No Brasil são 32 pessoas por dia, é o 8º país no mundo. No mundo, a cada 40 segundos, uma pessoa é atingida por esse mal. O problema se intensifica a partir do momento em que as vítimas deixam outras vítimas; familiares e amigos. Esses se perguntam: “Por quê?”. “Como eu não percebi?”. “O que eu poderia ter feito para ajudar; eu poderia ter impedido?”.

Esses índices e pensamentos são dados alarmantes e não podem passar despercebidos, não podem ser “varridos para debaixo do tapete das ilusões e da indiferença”. Afinal de contas, se a morte em si já deixa dor, sofrimento e saudades, imagine lidar com a perda de alguém amado que tirou a própria vida.

Quem tira a própria vida? Quem se torna seu próprio assassino? Que tipo de problemas essas pessoas enfrentaram? Elas dão sinais de que as coisa não vão bem e podem se matar?

Segundo a psicóloga, Ana Cláudia de Souza: “As pessoas propensas ao suicídio, são aquelas que estão passando por dificuldades na sua vida de relações”. Ela acrescenta: “Não existe alguém com tendência biológica ao suicídio...o suicídio é uma saída inventada num momento de desespero”.

Ana Cláudia ainda explica: “As pessoas para entrarem numa situação de desespero estão experimentando uma situação de solidão; não tendo com quem contar… estão isoladas de certa forma… os sinais sempre existem, mas geralmente quem está ao redor não consegue perceber”.

Estão entre os que cometem suicídio; idosos, jovens entre 15 e 29 anos, além é claro de adultos e crianças.

Os sinais, para quem é da família ou amigo, parecem ficar claros após a tragédia.

Quando uma pessoa se decide pelo suicídio ela entra no que muitos terapeutas chamam de - falsa calmaria. Ou seja, aquela pessoa que parecia estar muito mal, de repente, demonstra uma súbita melhora. (Faz lembrar uma expressão popular da chamada - melhoradinha da morte, onde alguém muito doente parece apresentar uma rápida melhora em sua saúde e ânimo)

Por vezes o suicida dá sinais por resolver algumas coisas pendentes, organizar documentos e até distribuir presentes.

O psiquiatra, Guido Palomba, diz: “A questão do suicídio sempre está ligada a uma mente perturbada, que precisa de tratamento; sem transtornos mentais não há suicídio”

Os especialistas nos lembram de algo bastante lógico: “O instinto primário humano é o da preservação da vida e não tirá-la”.
E a imprensa? Um considerável número de psicólogos e jornalistas concordam que a imprensa não deve anunciar casos de suicídio, mas são a favor de boas campanhas de prevenção.

O psicólogo Manoel Marinho, também a favor de boas campanhas de prevenção, lembra da cautela que se deve ter ao mencionar o suicídio. Marinho alerta para o cuidado com expressões que podem ser - mal interpretadas por alguém propenso ao suicídio, por isso jornalistas, psicólogos e psiquiatras precisam trabalhar juntos a fim de evitar equívocos sobre o que dizer e escrever.

A religião. Por mais que cumpra um importante papel na sociedade certos conceitos e afirmações religiosas servem também como uma pancada nas famílias, um peso a mais.

Por exemplo, se religiosos vão até presídios realizarem suas evangelizações e dizem a um detento que já matou uma ou mais pessoas, estuprou, sequestrou e fez outras barbaridades, que ele, o criminoso, se arrepender dos seus crimes o Senhor a de perdoá-los; fica a questão: Se até criminosos têm direito ao perdão de Deus, por que alguém que num estado de perturbação mental chegou ao ponto de tirar a vida não teria direito ao perdão do Supremo Juiz do universo, amoroso e conhecedor dos “corações” humanos?

Ora, e quem se mata por ter ganhado na loteria, porque os filhos se formaram na faculdade, por ter se curado de uma grave doença ou por conseguir se aposentar? Nós nos matamos para nos aposentar?

Quem chega ao ponto de cometer suicídio está completamente doente, fugiu-lhe a razão, as esperanças; não quer dizer que não seja alguém que não tenha fé em Deus. Pessoas com fé também adoecem; câncer, diabetes e outras doenças. Só precisamos abrir a mente para entender que depressão e outros transtornos mentais são problemas que fogem ao controle dos que a têm.

A ajuda espiritual com certeza é importante, traz paz mental e equiíibrio. No entanto, na maioria dos casos se faz necessário ajuda profissional; psiquiatras e psicólogos, boa terapia e apoio da família.

Aí entra nosso “olhar” humano, amigo, sensível. Fazer de conta que não é nada de mais e dar exemplos horríveis do tipo: “Vou te levar para ver crianças com câncer ou outras doenças, aí tu me dizes se tens algum problema”. Que oportunidade de ficar com a boca fechada foi perdida. Frases do tipo só aumentam a dor de quem sofre a depressão.

Também se culpar por não ter percebido os sinais de um parente que se matou não é o caminho. A maioria de nós não o notaria. O que não podemos é fechar os olhos para essa triste realidade.

Pare e pense, a média é de que uma pessoa a cada 40 segundos comete suicídio em todo o mundo; 32 por dia só aqui no Brasil. Quantos se mataram durante os poucos minutos que leu essa coluna?

Há um ditado: “O pior cego é aquele que não quer ver”.

Esse “criminoso”, denominado, suicídio, pode atingir qualquer pessoa que tenha conflitos e perturbações mentais e não se tratar. É ir na contra-mão do extinto natural de sobrevivência.

Há pessoas lutando com tratamentos dolorosos para manter a vida. Outros aguardam a doação de um órgão. Alguém no mar que tivesse uma ou as duas pernas arrancadas por um tubarão ainda assim se esforçaria para sair de água e continuar vivo.

Por quê? Porque não há nada melhor do que respirar, ver, sentir aromas e sabores, receber beijos e abraços de pessoas amadas, cuidar da espiritualidade, produzir, viver.

Então, se estiver num momento especialmente difícil ou conhece alguém nessa situação saiba que há várias saídas. Procure por psicólogos e psiquiatras. Nada está perdido.

Jamais deixe esse vilão que parece a mais fácil alternativa levar vantagem…

Viva e viva!