quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Um salto para a sobriedade

Hoje levantei de maneira incomum. Antigamente não era difícil sair da cama dessa maneira. Às vezes acordava e quando olhava o relógio saltava da cama. Aliás, saía da cama com grande disposição. Até que hoje não está tão ruim. Afinal de contas poucos com a minha idade fariam o que ainda faço. Estou com 82 anos e mesmo sentindo que algo mudou ainda me surpreendo com minha energia. Quando tinha meus 40 e poucos anos não via mais da vida além do trabalho e das bebidas. O trabalho parecia custar a passar, o tempo parecia custar passar. Não via a hora de chegar a algum bar, passava por vários até chegar em casa. Minha mulher e 3 filhos tinham pouco minha presença. Certo dia um de meus filhos, o caçula, de 11 anos, apareceu em casa com um convite do AA. Não dei à mínima. Já minha mulher no mesmo dia me carregou para uma sala cheia de bêbados como eu. Talvez alguns ali já estivessem sóbrios. Eu não estava. Aquele dia foi marcante. Nunca esquecerei a data de 3 de julho de 1973. Foi à última vez que minha família, amigos - amigos se é que tinha - me viram bêbado. Aos 42 anos iniciava nova vida. Curtiria como dizem hoje os jovens, minha vida, minha família. Passaram-se três anos de uma vida diferente. Livre da dependência. Conversava com minha esposa e meus filhos. Eu os ouvia e eles me ouviam. A trajetória de felicidade foi cortada repentinamente. Numa tarde de inverno em 1976 meu patrão me chamou e disse a pior coisa que um homem pode ouvir. Um homem que é pai ou uma mulher que é mãe jamais deveria receber tal notícia. Meu garoto de apenas 14 anos, aquele mesmo menino que 3 anos antes aceitara um panfleto do AA na rua e o entregara a minha mulher. Maldita ironia da vida. Com a atitude de meu filho fui levado a cura das bebedeiras e agora, 3 anos depois um bêbedo o havia atropelado enquanto voltava do colégio. O bêbado subiu na calçada onde meu garoto caminhava com seus sonhos. Carregava uma alegria contagiante e o sonho de ser jogador de futebol. Não bebo há 40 anos, nem uma única gota de álcool. Hoje sonhei que estava bebendo num bar. Esse tipo de sonho não é incomum. Voltei a dormir. Sonhei então com minha família reunida numa das primeiras ocasiões de fim de semana sem eu estar bêbado. Num daqueles domingos chegou um cunhado com uma garrafa de bebida. Olhei atentamente para aquela garrafa doido para agarrá-la e esvaziá-la não numa pia, mas na minha boca seca de vontade. Por um instante olhei para meu filho e vi em seu olhar a pesquisa de minha decisão. Sonhei com esse dia. Lembrei de meu filho. Saltei da cama como se estivesse atrasado para o mais importante de todos os compromissos. Fui ainda cedo a uma sala de AA. Um dia alguém leu uma passagem bíblica onde dizia que um dia eu reencontraria meu filho. Falaram em ressurreição. Não me aprofundei nessa ideia até aquele dia. Imaginei que quando tiver a oportunidade de abraçá-lo de novo quero afirmar a ele que nunca, nunca mais coloquei álcool em minha boca. Com tudo que bebi cheguei até aqui. Meu filho viveu apenas 14 anos e eu 82 e sabe lá até quando. Amanhã quero acordar mais tranquilo. Não me contento em sentar numa praça e lamuriar. Meu garoto meu ajudou e vou continuar ajudando outros que bebem como eu bebia. Como me disse aquele consolador com uma Bíblia na mão: vocês se reencontrarão. Só então vou querer saltar da cama como hoje. Para abraçá-lo!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Reunião de condomínio (Um bate-papo)

-Quer relaxar? Quer uma conversa civilizada? Quer ouvir pessoas se expressando educadamente? Quer falar sem ser interrompido? NÃO VÁ A UMA REUNIÃO DE CONDOMÍNIO. -Que absurdo caro colunista. Todos sabem que não devemos perder a reunião de condomínio. Como participar das decisões se ficarmos em casa? - Eu sei, eu sei. O leitor falou a coisa certa. Mas e as perguntas que fiz ali no começo? - Não importa. Em todos os condomínios é assim. - Desculpe leitor, mas ouvir que em todos os condôminos é assim não me anima em nada. Eu mesmo já fui injustamente ofendido numa dessas reuniões. E por uma senhora, pra não chamá-la de velha mal educada. - É amigo colunista, mas se não for à reunião não poderá depois reclamar de nada. - Pior que é verdade. - Mas o que o incomoda tanto, amigo colunista? - Ah amigo leitor é a falta de educação. A maneira extremamente grosseira como alguns se tratam. - Falou bem amigo colunista. Alguns. Não generalize. - Olha só. Eu que costumo usar meu espaço nos jornais para incentivar os pais a irem às reuniões do colégio, do PROERD, do condomínio, agora estou aqui recebendo um sermão. - Não é sermão amigo colunista. Pare e pense. Tu estás aí digitando, refletindo sobre cada palavra, sobre as consequências de nossas decisões. Vamos lá rapaz. Reavalie. - É. Admito que tu me convenceste. Mas e aquelas figuras indesejáveis? - Ignore. Pense no bem daqueles que são educados. Pense no bem do seu imóvel. Concentre-se nisso. - Valeu amigo. Desculpe. Nem perguntei seu nome. - Consciência Educação da Silva. - Muito prazer. Eis um colunista a seu dispor.

Quase sem saída

Esta semana ao circular a noite pelo bairro Bela Vista avistei o que havia apenas ouvido nas notícias – ônibus escoltados pela policia, brigas feias no meio da rua, e a notícia do assalto a mão armada de um amigo comerciante onde seu carro foi levado pelo bandido. Detalhe: tudo isso em menos de uma hora. Há 40 anos aqui me surpreendo assim como os demais. Em seguida apanhei mais um livro de Harlan Coben – Não conte a ninguém. Meia hora depois troquei por um momento de livro e voltei a ler uma interessante expressão. Dizia assim: “E eu mesmo retornei, a fim de ver todos os atos de opressão que se praticam debaixo do sol, e eis as lágrimas dos oprimidos, mas eles não tinham consolador, e do lado dos seus opressores havia poder, de modo que não tinham consolador”. Nós, aqui da região, precisamos nos conscientizar de que as coisas mudaram, mudaram para pior. Pessimismo? Experimente o amigo leitor andar pelas ruas e acrescente a essa caminhada sorrisos e cumprimentos a quem passa por nós. Metade corresponde. Outra metade demonstra apatia. Já essa apatia pode ou não ser devido à violência a nossa volta. Pode estar dentro de muitos já cansados dos problemas ou talvez sejam apenas pessoas nada simpáticas, não tão agradáveis. Acostumar-se com apatia, violência, insegurança, leva tempo. Nesse meio tempo somos vitimados pela inocência que nos faz pensar que ainda vivemos nos dias do: Boa tarde seu Manoel. Bom dia dona Maria. Minha mãe vai bem sim, obrigado. Passe lá em casa para tomar um café. Também havia no passado vizinhos atentos. Se alguém desconhecido pisasse em nossa rua, todos ficavam de olho. E se olhasse para nossa casa então? A rua em que morasse um policial, ah, essa bandido passava longe. No comércio todos os fregueses eram amigos. Agora muitos trabalham com portas fechadas. Só as abrem para rostos conhecidos. No ônibus quando eu bobeava e não via um idoso ou mulher grávida ao meu lado, meu pai tocava em meu ombro e pronto, o recado estava dado. Hoje há pais que confundem educação com tolice, coitados, coitados dos filhos, os pais já eram. Como acostumar-se com uma mudança para pior? Como adaptar-se? Como definir quem é quem? Depois que li a passagem mencionada, aliás, está em Eclesiastes 4:1, meditei no contexto das palavras. Lágrimas, opressão, poder, falta de consoladores. Nunca antes se viu tantas pessoas religiosas e sem esperança ao mesmo tempo. Tantas denuncias da mídia, tantos planos e tão pouco sucesso. Voltei ao livro de Harlan Coben - Gênero Mistério. É o segundo que estou lendo desse autor. Não é a toa que há tanta inspiração para histórias de ficção policial. Ficção? Antes fosse pura ficção. Mas haverá saída.

Neymar

Muito tem se falado a respeito de Neymar na mídia, até o Pelé fez suas críticas. Já se sabe que ele faz esse, aquele, e outros comerciais. Sabe-se que já usou vários tipos de cortes de cabelo. Até futebol ele joga. Mas vamos e venhamos. A culpa é só do atleta, ou é do “sistema” que deixou chegar nesse ponto. Intermináveis ofertas. Que atire a primeira pedra aquele que seria capaz de negar tantas ofertas.

Sábio conselho

Em dias de tanta ira, tanta impaciência, o conselho abaixo é mais que oportuno: “Uma resposta quando branda faz recuar o furor, mas a palavra que causa dor faz subir à ira”. Provérbios 15:1

Seu Manual

- Seu Manual qual a diferença entre retificar e ratificar? - Retificar é tornar reto, alinhar, corrigir. Ratificar é confirmar, validar. Entendeu? - Perfeitamente!

Bom negociante

Jorge vendia suas deliciosas rosquinhas de polvilho logo ali, na Avenida Presidente Kennedy. Dois homens se aproximam e um deles pergunta: - O amigo, quanto custa à rosquinha? - São duas por cinco reais, amigo – responde Jorge. - Me faça uma boa proposta que eu levo- argumenta o freguês. Jorge propõe: - Te faço quatro por dez reais. E lá se vai o freguês com as 4 rosquinhas na mão e convencido de que fez um bom negócio.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A mãe do Gabriel

Ela acorda sempre às 6:30h da manhã. Começa a preparar o café. Acorda Gabriel de 4 anos. Pega o lanche que o filho gosta e deixa na mesa. Gabriel está acordado, mas com preguiça, custa sair da cama. Mara abaixa-se ao lado da cama do filho e passando a mão sobre sua cabeça diz: - Levanta filhinho. Sei que está com sono, mas assim que lavar o rosto vai passar. Hum, a mamãe comprou o biscoito que você gosta. Ah, e aquele suco de uva. É para levar para a creche. Gabriel se espreguiça e senta-se na cama. Mara diz: - Por favor, filho, assim você vai se atrasar pra chegar à creche. Vamos, levante! Gabriel levanta e sem demonstrar pressa começa a tirar o pijama e a colocar o uniforme. Mara toma seu banho em 5 minutos. Já são 6:45h. A água para o café está fervendo. Gabriel está à mesa. Ela prepara seu lanche. Nescau e pão doce com margarina é o seu preferido. Ela termina de se arrumar. São 7:00h. Ela toma seu café rapidamente. Juntos escovam os dentes e saem às 7:15h. Uma caminhada de 10 minutos até a creche de Gabriel serve de uma conversa agradável com o filho, ainda que com passos rápidos. Antes das 7:30h chegam a creche. Gabriel dá um forte e demorado abraço na mãe. Ela sabe que precisa ir, mas ao sentir uma das mãos de Gabriel em suas costas e a outra acariciando seus cabelos, tem pena de largar o filho. Finalmente, cheia de remorso, diz: - Filhinho, a mamãe tem mesmo que ir. Te amo, te amo, te amo. Com essas palavras ela deixa Gabriel na creche e vai em direção ao ponto de ônibus. Às 7:35h ela entra no coletivo que já está lotado. Entra às 8:00h no serviço, mas o patrão admitia seu atraso por conta de Gabriel. Ele sabe que Mara cria sozinha o filho e tem de levá-lo todos os dias a creche. Às 8:30h ela chega ao serviço. Num escritório de contabilidade a muito trabalho, mas Mara pensa em Gabriel várias vezes. Pensa em como seria mais fácil se tivesse o apoio do pai de Gabriel. Ele dizia que a amava. Fez tantas promessas. Parecia um homem perfeito. Até registrou o filho, mas não ficaram juntos. Ele vê Gabriel no máximo uma vez por mês. Pai e filho que não tem intimidade. Às 18:00h quem pega Gabriel na creche é a mãe de Mara, dona Lucia. Mara está fazendo supletivo e vai buscá-lo por volta das 22:30h. Geralmente Gabriel já está dormindo. Ela lava-o no colo até sua casa. Às 23:00h toma banho. Gabriel já tomou banho e jantou com a avó. Ela terminha de arrumar algumas coisas em casa e prepara a roupa e o lanche do filho para o dia seguinte. Já é quase meia noite. Ela liga a TV. Assiste uma breve reportagem e sente o peso do cansaço sobre seu corpo. Tem apenas 21 anos. Imagina ter 60. Acorda a 1:00h e está passando o programa do Jô. A entrevista parece interessante, mas o sono é mais forte. Ela entra em seu quarto e vê que Gabriel dorme tranquilo. Ela deita-se e suspira demoradamente. Dorme. Em seus sonhos vê Gabriel indo para escola com o pai. Ele dá tchau e vai sorridente. Nos seus sonhos tudo é como ela imaginava. Estudava, trabalhava meio período e aguardava marido e filho para jantar. Juntos sorriam e colocavam Gabriel na cama. Ela deitava-se ao lado do marido e contava sobre seu dia. Ele ouvia e sorria. Ela dorme até as 6:30h.

Seu Manual

- Seu Manual, veja se está certo. “Se caso você não puder vir, avise-me. - Está errado meu jovem. Nunca use juntas as palavras – se e caso. O correto da frase em questão é assim: “Se acaso você não puder vir, avise-me. Se acaso e nunca se caso. Entendeu meu rapaz? - Perfeitamente!

Uma frase de marido

- Vou ver o que minha mulher acha disso, mas independente do que ela pensar vou fazer o que ela achar melhor -

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O Rosalvo

Poucas figuras são tão incomuns como o Rosalvo. Complexado com o tamanho de seu nariz e com a infelicidade de viver em uma época em que bullying era coisa de outro mundo teve que se adaptar as circunstâncias. Talvez para sofrer menos chacotas dos amigos, ou sabe-se lá por que motivos adquiriu algumas maneiras estranhas. Ficou conhecido primeiro por concordar com todos, ou visto de outra maneira, nunca discordar de ninguém. Era assim. Se alguém dissesse perto dele: - O Figueirense não vai longe desse jeito. Está muito ruim! – Rosalvo respondia: - Pior que é. Não vai longe – Outra pessoa dizia: - Que nada. O Figueira está só no começo do campeonato. Está bem. – Rosalvo dizia: - É verdade. Ta só no começo está muito bom. Quando alguém dizia: - Este verão está mais quente que o verão passado – Rosalvo concordava: - Está mesmo! – Outro discordava: - Que nada. O verão passado foi bem mais quente. – Rosalvo dava sua opinião: - Sabe que é mesmo. O verão passado foi pior. Não importava a opinião, Rosalvo sempre concordava também com o último a opinar. Na vidraçaria em que trabalhava levava tudo ao pé da letra. Quando o patrão via alguns pregos no chão, dizia em tom de proposital exagero: - O Rosalvo, que isso, cem pregos jogados no chão. Que desperdício! Rosalvo abaixava-se, juntava três ou quatro pregos, levantava-se e indignado dizia: - Cem pregos? Isso aqui é cem pregos? To vendo três. Não sabe contar? Houve um dia em que os colegas quiseram aprontar uma com Rosalvo. Disseram a ele assim que entrou no carro: - Poxa Rosalvo. Este ano todos os feriados vão cair aos domingos. Todos! - Não pode ser – respondeu Rosalvo. Um dos colegas acrescentou: - Até a sexta-feira santa, Rosalvo, vai cair num domingo – Rosalvo perdeu a calma e disse em voz alta: - Que droga! Pobre é mesmo azarado. Eu ia viajar nesse feriado. Mas até sexta-feira santa no domingo. Que droga. No carro a caminho da casa em que trabalhariam aquele dia os colegas tentavam combinar um jeito de facilitar seu serviço. Acontece que era uma casa de três pisos, muitas portas e janelas e usariam centenas de filetes. Cortados em máquinas simples seria muito trabalhoso. Combinaram que tentariam convencer o dono da casa a usar massa colorida em vez de filetes. Já diante o dono da obra explicaram que filetes são bonitos, mas a massa colorida, ah, essa daria um tom especial as portas e janelas. Os vidraceiros torciam para que o homem aceitasse a proposta. Facilitaria muito seu serviço. O homem estava em dúvida. Os vidraceiros mostraram as cores possíveis. O homem se animou e para a alegria dos vidraceiros disse que apesar de achar filetes mais bonitos aceitaria a massa em vez dos filetes. Assim que o homem preparava-se para sair Rosalvo disse em alto e bom tom: - A massa vai deixar muito bonito, mas filete é filete, não tem igual. O homem voltou-se para os vidraceiros e disse: - Fim de conversa, quero filetes! Burro, estúpido, tanso. Foram alguns dos adjetivos usados para o pobre Rosalvo que só fez concordar sempre com o último.

Meus oito anos

O poema a seguir com o tema Meus oito anos é de autoria de Casimiro de Abreu (1839-1860), um dos mais populares poetas brasileiros. Nasceu no Rio de Janeiro e não conseguiu concluir seus estudos por ter de trabalhar no comércio por imposição do pai. Nos deixou belos poemas como este: Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! Como são belos os dias Do despontar da existência! - Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é – lago sereno O céu – um manto azulado, O mundo – um sonho dourado, A vida – um hino d’amor! Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d’estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar Oh! Dias da minha infância! Oh! Meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã! Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberto o peito, - Pés descalços, braços nus – Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis!

Saudosismo

Talvez seja apenas o saudosismo que me fez compartilhar hoje essa linda poesia de Casimiro de Abreu. Lembrar da minha infância num terreno cheio de árvores, cheio de frutas, do futebol ainda na rua. Cada uma dessas doces lembranças me faz pensar que assim como o passado deixou saudades e não volta mais, assim também o presente, o nosso hoje, será amanhã apenas o passado. Já que não posso voltar ao passado quero aproveitar o presente para que o “amanhã”, lá no futuro, eu sinta ainda mais saudades por saber que aproveitei muito bem esse presente.

Meus livros

Os livros Crônicas Na Cadeira do Barbeiro e o Romance Um Sonho de Menino estão disponíveis nas livrarias Nobel shopping Itaguaçu e na Catarinense. Se preferir ligue 3346-8801 ou 8436-6284 Professores talvez queiram usá-los com seus alunos, especialmente o romance Um Sonho de Menino que trata a delicada questão do alcoolismo.

Até quando?

Até quando seguirá essa preocupação com as casas noturnas após a tragédia na boate em Santa Maria? No próximo dia 7 de abril completará 2 anos a tragédia no Realengo, Rio de Janeiro, onde um rapaz de 23 anos entrou num colégio, onde havia estudado e matou pelo menos 12 crianças. Dias depois daquele crime entrei num colégio aqui da região com total tranquilidade. Essas tragédias chocam na hora, mas o tempo, a impunidade, o descaso, muitas vezes fazem isso cair no esquecimento. Continuamos a correr riscos até uma próxima tragédia. Até quando?

Seu Manual

- Seu Manual o correto é acender ou ascender? - As duas maneiras estão certas. Só depende de sua colocação no texto. Acender significa pôr fogo, ligar, alumiar. Ascender significa subir, progredir. Entendeu? - Perfeitamente!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Nem morto

João Carlos estava em dúvida – ou não estava ouvindo bem, ou tinha mais gente louca no mundo do que ele imaginava, e ele estava incluído nessa lista. Na empresa onde trabalhava fora surpreendido por seu pai que estava de saída e lhe pediu um difícil favor: - Ah, João Carlos, avise o Raimundo que a mãe dele morreu. João Carlos ficou perplexo. “Como dar uma notícia dessas? Por que meu pai não dá a notícia? Por que eu?” Resmungava João Carlos. Faltava uma hora para Raimundo voltar à empresa e deixar a maleta de ferramentas, era mecânico de elevadores. João Carlos não sabia como dar a tal notícia. Raimundo chegou cantando. João Carlos o cumprimentou e o seguiu até a sala dos mecânicos. Encheu-se de coragem e disse: - Raimundo. Tenho uma notícia nada boa. Tua mãe faleceu. Eu sinto muito. Raimundo, um homem de quase 50 anos e barrigudo começou a chorar. João Carlos chorava ao seu lado. No dia seguinte, assim que João chegou à empresa, perguntou por Raimundo. Disseram que ele já estava em algum prédio dando manutenção a elevadores. - Mas, e o velório da mãe dele? – Perguntou João Carlos. - Do que está falando, rapaz? – Perguntou o sócio de seu pai. A mãe de Raimundo não estava morta. Pelo menos não ainda. Seu pai entendera mal ao telefone. No telefone disseram que ela havia piorado muito e seu pai entendeu que ela havia morrido. O dia de João Carlos foi angustiante. Como encarar Raimundo no final do dia quando se encontrassem? O que dizer? No início da tarde a notícia foi certa. A mãe de Raimundo agora sim havia falecido. O sócio do pai de João Carlos deu a notícia a Raimundo. No dia anterior o pobre Raimundo havia chorado a morte de sua mãe e quando chegou ao hospital aos prantos seus irmãos não entenderam nada. Agora Raimundo tinha uma ponta de esperança de que poderia ser engano. Afinal de contas, aquele maluco do João havia se enganado no dia anterior. “Quem sabe hoje também seja alarme falso”, pensou Raimundo. Não era. Quando chegou calmo ao hospital os irmãos estavam aos prantos. Não entendiam a calma de Raimundo. Dois dias depois João Carlos e Raimundo se encontraram na empresa. João Carlos não tivera coragem de ir ao enterro. Não queria encontrar Raimundo. Agora estavam frente a frente. Raimundo olhou bem nos olhos de João Carlos e disse: - Lembra outro dia quando você disse que minha mãe tinha morrido? Ela estava viva. João falou: - Eu sei. Sinto muito pelo que disse e pela morte da tua mãe – Raimundo saiu sem dizer mais nada. João Carlos pensou que houve um lado bom dessa história. Raimundo acabou indo ao hospital aquela noite e teve a oportunidade de ver a mãe viva uma última vez. Claro que jamais diria isso a Raimundo. Pouco tempo depois disseram a João Carlos que o Manoel, um conhecido, havia morrido. João Carlos deu a notícia para algumas pessoas. Dias depois encontrou o mesmo Manoel quase em frente sua casa, mais vivo do que nunca. João Carlos torceu para que Manoel não ficasse sabendo que ele espalhara a notícia de sua morte que não acontecera, pelo menos não ainda. Outro dia disseram a João Carlos que seu Amaral havia morrido. Ele foi ao cemitério e entrou na casa mortuária. Lá estava seu Amaral, rodeado de amigos em lamento. João Carlos chegou perto da viúva para dar os pêsames, mas resolveu esperar o enterro. Só para ter certeza.

Uma coisa de cada vez

O que mais o leitor ou leitora gostaria de ter? Normalmente a lista é extensa. Há aqueles que se contentam com o necessário, somente o necessário, como se o extraordinário fosse demais. Parece mesmo uma sábia decisão. Já unir juventude, sabedoria e dinheiro parece bem mais difícil. Esta semana lembrei uma frase que publiquei em forma de crônica em meu segundo livro. Desconheço o autor da frase, mas a crônica é mais ou menos assim: Um senhor caminhava próximo a uma praça quando notou um menino sentado num banco e muito triste. O senhor de oitenta e poucos anos aproximou-se e perguntou: - Garoto, por que não está brincando? Por que não aproveita seu tempo e sua energia? - É que estou muito triste, desanimado, senhor. - Quantos anos você tem, garoto? - Dez anos, senhor. - E por que está tão triste? - É que eu queria muito um carrinho a controle remoto, mas minha mãe não tem dinheiro. O sábio senhor sentou-se ao lado do menino e disse: - Sabe garoto, quando eu tinha a sua idade eu tinha muita energia e muito tempo, mas não tinha dinheiro para fazer nada do que queria. Depois me tornei adulto e ganhei muito dinheiro e tinha ainda muita energia, mas não tinha tempo para fazer o que queria. Hoje, tenho ainda bastante dinheiro e tempo então, tenho de sobra, mas já tenho pouca energia. É garoto, é difícil ter tudo o que queremos. Vou falar com sua mãe e se ela permitir vou comprar um carrinho a controle remoto para você. Mas lembre-se, sempre sentirá falta de alguma coisa. E hoje, o que o amigo leitor tem de sobra? Juventude? Saúde? Emprego? Dinheiro? Família? Experiência de vida? Tempo? Se tiver uma ou mais dessas coisas deve ficar contente. Se algumas já passaram é porque teve o privilégio de tê-las um dia. Se ainda não tem, o que tem feito para conquistá-las? Ter tudo ao mesmo tempo não é fácil, então é curtir o momento. Já foi dito que o hoje é um presente. O amanhã ainda está no futuro e será com certeza uma “colheita” do que hoje estamos “plantando”. Só não dá mesmo é querer tudo ao mesmo tempo e desvalorizar o que temos de bom. Felizes os não insatisfeitos.

Seu Manual

- Seu Manual eu li uma frase e fiquei em dúvida se está certa, dizia assim: O gerente deu-lhe duas semanas para que ele repusesse tudo no lugar. O certo não seria “reposse”? - A frase está certa, repusesse e não reposse. Veja outro exemplo: Se ele repuser ( e não repor ) o dinheiro no caixa, não o denunciaremos. - Poxa. Obrigado seu Manual.

Adoção

Com certeza é uma importante decisão pessoal e familiar, mas pessoas que adotam crianças têm uma dupla alegria na maternidade e paternidade. Melhor ainda ver pessoas que não se prendem a escolher a criança dos seus sonhos, olhando sexo, idade, cor dos olhos e etc. Pessoas com uma sensibilidade e amor que conseguem ver além do óbvio. Não é toa que propagandas de TV têm nos emocionado com histórias de famílias que têm dado e recebido esse presente, a adoção.

Cabeças fracas

Ainda tenho visto pessoas que bebem e dirigem. Alguns com a irresponsabilidade de dirigir com uma lata de cerveja na mão. Devem ser imediatamente denunciados!