segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A mãe do Gabriel

Ela acorda sempre às 6:30h da manhã. Começa a preparar o café. Acorda Gabriel de 4 anos. Pega o lanche que o filho gosta e deixa na mesa. Gabriel está acordado, mas com preguiça, custa sair da cama. Mara abaixa-se ao lado da cama do filho e passando a mão sobre sua cabeça diz: - Levanta filhinho. Sei que está com sono, mas assim que lavar o rosto vai passar. Hum, a mamãe comprou o biscoito que você gosta. Ah, e aquele suco de uva. É para levar para a creche. Gabriel se espreguiça e senta-se na cama. Mara diz: - Por favor, filho, assim você vai se atrasar pra chegar à creche. Vamos, levante! Gabriel levanta e sem demonstrar pressa começa a tirar o pijama e a colocar o uniforme. Mara toma seu banho em 5 minutos. Já são 6:45h. A água para o café está fervendo. Gabriel está à mesa. Ela prepara seu lanche. Nescau e pão doce com margarina é o seu preferido. Ela termina de se arrumar. São 7:00h. Ela toma seu café rapidamente. Juntos escovam os dentes e saem às 7:15h. Uma caminhada de 10 minutos até a creche de Gabriel serve de uma conversa agradável com o filho, ainda que com passos rápidos. Antes das 7:30h chegam a creche. Gabriel dá um forte e demorado abraço na mãe. Ela sabe que precisa ir, mas ao sentir uma das mãos de Gabriel em suas costas e a outra acariciando seus cabelos, tem pena de largar o filho. Finalmente, cheia de remorso, diz: - Filhinho, a mamãe tem mesmo que ir. Te amo, te amo, te amo. Com essas palavras ela deixa Gabriel na creche e vai em direção ao ponto de ônibus. Às 7:35h ela entra no coletivo que já está lotado. Entra às 8:00h no serviço, mas o patrão admitia seu atraso por conta de Gabriel. Ele sabe que Mara cria sozinha o filho e tem de levá-lo todos os dias a creche. Às 8:30h ela chega ao serviço. Num escritório de contabilidade a muito trabalho, mas Mara pensa em Gabriel várias vezes. Pensa em como seria mais fácil se tivesse o apoio do pai de Gabriel. Ele dizia que a amava. Fez tantas promessas. Parecia um homem perfeito. Até registrou o filho, mas não ficaram juntos. Ele vê Gabriel no máximo uma vez por mês. Pai e filho que não tem intimidade. Às 18:00h quem pega Gabriel na creche é a mãe de Mara, dona Lucia. Mara está fazendo supletivo e vai buscá-lo por volta das 22:30h. Geralmente Gabriel já está dormindo. Ela lava-o no colo até sua casa. Às 23:00h toma banho. Gabriel já tomou banho e jantou com a avó. Ela terminha de arrumar algumas coisas em casa e prepara a roupa e o lanche do filho para o dia seguinte. Já é quase meia noite. Ela liga a TV. Assiste uma breve reportagem e sente o peso do cansaço sobre seu corpo. Tem apenas 21 anos. Imagina ter 60. Acorda a 1:00h e está passando o programa do Jô. A entrevista parece interessante, mas o sono é mais forte. Ela entra em seu quarto e vê que Gabriel dorme tranquilo. Ela deita-se e suspira demoradamente. Dorme. Em seus sonhos vê Gabriel indo para escola com o pai. Ele dá tchau e vai sorridente. Nos seus sonhos tudo é como ela imaginava. Estudava, trabalhava meio período e aguardava marido e filho para jantar. Juntos sorriam e colocavam Gabriel na cama. Ela deitava-se ao lado do marido e contava sobre seu dia. Ele ouvia e sorria. Ela dorme até as 6:30h.

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