segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Rapaz que quase amou. Parte I

Há algumas coisas que presenciamos que seria melhor que nunca tivessem acontecido. Mas não dominamos o mundo, apenas observamos.
O rapaz que quase amou talvez tenha amado. Talvez tenha sentido.
Um dia o menino chamado Franco, de 14 anos, foi trabalhar. Não que ele quisesse, o pai o mandara.
O pai educava a maneira antiga, e não que todos os antigos assim educassem, mas o pai de Franco educava com mão pesada. A força do chicote não assola apenas os cavalos, assolava o corpo de Franco e de seus cinco irmãos. Se a palavra carinho não era conhecida naquela casa, a palavra medo estava na presença do pai. A mão do velho não tocava nos filhos o quanto tocava no chicote.
Franco certo dia foi mandado embora do serviço. A pressão em sua jovem cabeça era grande. Como o pai reagiria?
Assim que o velho entra, pergunta, cuspindo:
-O que foi que tu fez, rapaz? Perdeu o trabalho por quê?- Sem dar chance de resposta pegou seu instrumento preferido e começou uma surra que mudaria a vida de Franco.
-Não pai. Não pai – gritava Franco, mas o velho não o ouvia, só ressoava o som do açoite. Franco tentava fugir, mas o velho lhe segurava e batia mais. A surra não ficou somente nas chicotadas, foi a socos e chutes.
Com a insistência da mãe de Franco, o velho parou.
Franco foi conduzido pela bondosa mãe até a cama, onde, aliás, ficaria por três dias.
Mas passado os três dias Franco foi à procura de outro serviço, as pernas e costas não aguentariam mais uma daquelas.
Não fora difícil encontrar serviço. Aquele ano de 1983 ainda traria grandes mudanças à vida de Franco, não bastasse àquela surra.
Era uma segunda-feira de inverno e no grande pátio em que trabalhava, Franco precisou acender uma fogueira, era necessário. A inexperiência levaria Franco a cometer um irreparável erro de cálculo. No lançar álcool sobre o fogo deixou que uma considerável quantidade escorresse por suas pernas. O fogo, impiedoso, ardeu-lhe nas pernas.
O menino há poucos dias surrado pelo pai, agora se debatia pelo chão e rolava e busca de ajuda.
Como seria a vida de Franco daquele dia em diante?
(Continua na próxima semana)

Nosso melhor advogado

Há pessoas que passam a vida sem precisar de um advogado, a não ser de si mesmo.
Se de médico e louco todo mundo tem um pouco, de advogado também. Quem de nós não é bom “advogado”? Claro, advogado no uso figurado da palavra. Puxamos sabe Deus de onde as melhores desculpas, as melhores defesas, o melhor álibi. Desde criança praticamos e na fase adulta, somos “profissionais”.
Quando se aponta nosso erro, nossa falha, a mente trabalha, defende, cria, desculpa-se.
Quando se fala de nosso filho, viramos advogados.
Ah é claro, quando não estamos no papel de advogado de defesa, de nossa defesa, estamos no papel de promotor, o acusador.
Mas quando admitimos nosso erro e nos desculpamos demonstramos humildade que, aliás, não é fraqueza, mas sim, uma qualidade de pessoa madura e espiritualizada.
Ou seremos sempre nossos melhores advogados.

Calazans

O Calazans teve uma ótima ideia, e já faz tempo. Montou sua livraria no Camelódromo de Campinas, o “Camelão”. Aproveite seu próximo passeio por lá e visite esta livraria diferente.

O fim da “Maria gasolina”

Quem tem mais de não sei quantos anos lembra bem a expressão acima.
Era aplicada as mulheres que só olhavam para homens que tivessem carro.
Hoje os bate-papos de barbearia revelam que a coisa mudou. Por quê?
Porque só não tem carro a mulher que não quer. Ficou fácil comprar.
Na barbearia ele falou e ela concordou: O que elas querem hoje é:
Estabilidade financeira e cabelo alisado. Já não há mais a “Maria gasolina”.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

E se fosse eu? E se fosse você?

Uma das conversas nas barbearias e em outros lugares nos últimos dias é esta.
-E esse estupro que envolve um filho de delegado e o filho de um dos diretores da RBS. O que irá acontecer?
Há os que dizem:
- Devem ser punidos com rigor.
Ainda outros dizem assim:
- Não vai dar em nada! É gente poderosa.
Também alguns dizem isso.
- Se fossem filhos de pobres estariam no São Lucas e estariam apanhando.
Ouve-se isto aqui também:
- Por que alguns jornalistas nem sequer comentam? Será que tem medo?
Os bate-papos de barbearias são um exemplo de bate-papos de qualquer outro lugar. Essas conversas levam a algumas análises. Se por exemplo o filho de um amigo ou o filho de um colega de trabalho se envolve em um assalto, será que comentaríamos o assunto abertamente com qualquer pessoa que se aproximasse? Exemplo:
-Sabe o assalto que aconteceu ontem? Então rapaz, foi o filho dele!
Dificilmente faríamos isso, pois, envergonharia o tal colega. Agora, imagine se fosse filho de alguém grande na empresa.
Mas com toda essa conversa alguns ainda falam:
- Isso tudo é bom para duas coisas. Primeiro para que alguns vejam que muitos têm “telhado de vidro” e a nossa liberdade de imprensa não é tão livre assim, há certos “detalhes”. Segundo, que muitos pensam que o melhor que podem dar a seus filhos tem haver com dinheiro, quando de repente e tragicamente descobrem que não.
E se fosse você? E se fosse eu? Reflita e responda a você mesmo: É complicado ou não?

Nunca vi...

Não, não é a aquela música: Nunca vi rastro de cobra nem...
Refiro-me a golpes financeiros. Ou será que o leitor já ouviu em algum noticiário ou conhece algum caso de alguém que tenha aplicado um golpe para comprar a casa própria. O que mais observamos são pessoas que já possuem muito em sentido material, mas nunca estão satisfeitas. O fato de não observarmos pessoas dando golpes a fim de comprar a casa própria ou coisa desse tipo deixa claro que não é a falta de dinheiro que faz com que pessoas cometam certos crimes, mas sim a ambição descontrolada ou a simples desonestidade.

Pai não entende nada ( Crônica de Luis Fernando Veríssimo)

A filha de 14 anos chega para o pai e diz:
-Pai, preciso comprar um biquíni novo.
-Mas filha, você comprou um biquíni no ano passado.
-Ah pai, quero um biquíni novo.
-Filha, teu biquíni é novo. E você nem cresceu tanto assim.
-Mas eu quero pai.
-Tá bom filha. Pegue esse dinheiro e compre um biquíni maior.
-Maior não pai. Menor.
Pai não entende nada mesmo!

Tapinha não dói?

É mesmo, faz lembrar aquela música: Um tapinha não dói. Será?
Com certeza há controvérsias como diria aquele da escolinha do professor Raimundo.
Mas o tapinha aqui mencionado é de bate-papos da barbearia sobre a proibição de dar palmadas nos filhos. Acompanhei com atenção especial a página do Diário Catarinense destinada a cartas dos leitores e gostei. Muitos enviaram suas opiniões claramente contrárias a essa lei. Eles concordam assim como muitos de nós não ter conhecido alguém que se tornou psicopata ou que tem raiva dos pais e se tornou um mau elemento por ter apanhado. Com toda certeza, espancamentos, humilhações, ou enfim qualquer coisa que machuque, deve ser sim punida, de fato nunca deveria acontecer. Agora, pais que amam e querem continuar disciplinando os filhos, com certeza esses continuarão sabendo fazer da melhor maneira. Imagine aqueles que acham engraçadinho o filho lhe dar um tapa no rosto. Se bem que eles talvez pensem: Um tapinha não dói.

O rapaz que quase amou

Esta é uma crônica que estarei publicando a partir da próxima semana. Convido todos a apreciarem esta bela história; ela é mais um exemplo de reflexão.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A conversa

Esta é uma conversa entre cinco pessoas, Justiça, impunidade, liberdade de expressão, povão e a dona conveniência. Eles se encontram e iniciam uma conversa sobre algo atual. Segue a conversa:
Povão- Vocês souberam o quê aconteceu? Viram quem está envolvido?
Justiça- Mas não vai ficar assim! Meu nome se fará jus, até nesse caso.
Impunidade- Ah como vocês são ingênuos. Quando é gente poderosa não dá em nada.
Liberdade de expressão- De minha parte vou falar sim, meu próprio nome me dá garantia. Nada me cala, nada!
Conveniência- Em todo caso acho que o melhor é ficar quieto, ninguém sabe o dia de amanhã.

O filho do goleiro

Muito tem se falado do goleiro Bruno. Também se fala é claro da vítima. No entanto fico pensando na criança, no filho. O que será dito a ela no futuro? A verdade sem dúvida, mas como essa noticia afetará a criança? Saber que sua mãe foi morta de maneira tão cruel e pelo próprio “pai”. Dá para usarmos de empatia, ou seja, nos colocar no lugar dessa criança no futuro?

Coisa horrível de se ouvir

Ainda tem se ouvido sobre o goleiro Bruno:
-Meu Deus, ele acabou com sua carreira.
Até parece que isso é importante. Vejo como importante a vida brutalmente tirada e o filho com uma ferida terrível. Não vai faltar goleiro!

Ratificar ou retificar

Ratificar - confirmar, validar o que foi dito ou prometido.
Retificar - tornar reto, alinhar, corrigir, recondicionar.
A testemunha ratificou diante do júri as declarações que fizera ao delegado.
O mecânico retificou o motor do carro.
Valeu Manual de Redação.

Dica

Up Altas Aventuras. Esse é mais um desses desenhos emocionantes que nos faz refletir.
Com uma história de dar nó na garganta o desenho nos faz ver a rápida passagem da vida. A dublagem não deixa a desejar, conta com a inconfundível voz de Chico Anysio.
Se vir o filme indicará também.

Qual sua opinião?

Aqui se faz aqui se paga. Concorda?
Pergunto, pois tenho ouvido e presenciado casos de idosos em asilo. Com certeza há casos especiais. E aquela história de “não se pode julgar”?. Julgar até julgamos, o problema é julgar corretamente. Mas falei dos idosos em asilos devido ao salário de alguns desses. Conheci há poucos dias num asilo um senhor que tem uma renda de onze mil e novecentos reais. Lembrei então de um caso que relatei em meu segundo livro.
Na história que relatei o “pai” com quase oitenta anos que sempre me falava que tinha onze filhos, mas nunca conviveu com nenhum deles. Teve esses filhos com varias mulheres e dizia que nunca quis conhecer ou conviver com seus filhos. Certa ocasião um rapaz de uns quarenta anos bate palmas em frente sua casa e lhe explica que é seu filho e seu sonho era conhecer o pai. Meu cliente, o senhor de quase oitenta anos disse que nem convidou o filho para entrar em casa nem tampouco deu sequência à conversa.
O filho foi embora decepcionado.
Por isso pergunto: Qual sua opinião? Não ter sido um bom pai, boa mãe, é motivo para ser deixado num asilo? Como são os sentimentos de um filho maltratado pelo pai?
Perdoar com certeza ajuda, traz alivio. Mas quem somos para julgar?

A Playboy de Portugal

O Diário Catarinense do último sábado trouxe esta interessante matéria.
A versão portuguesa da Playboy na intenção de homenagear o recém falecido José Saramago, pretende publicar em agosto fotos que incluem a imagem de Jesus Cristo, representado por um modelo ao lado de duas mulheres seminuas em poses provocantes.
A Playboy Enterprises que controla os direitos da revista em todo o mundo diz que a filial de Portugal irá perder a licença e, portanto fechará as portas. A direção geral da revista demonstrou total indignação com a atitude da versão portuguesa e diz que jamais teriam permitido.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ao pé da letra

Há pessoas com as quais não podemos brincar, não por elas serem pavio-curto, mas por levarem tudo a sério, ou ao pé da letra. A pessoa assim não percebe que existem figuras de linguagem, que quando dizemos que fulano está de cara amarrada, pensam em alguém com uma corda em volta do rosto e não numa pessoa com expressão facial irritada. O Osmar é assim. Ele fica indignado com o patrão que ao encontrar três ou quatro preguinhos no chão, lhe diz:
-O Osmar, preste atenção, que desperdício, mil pregos no chão- Osmar, sem entender em que escola estudou o patrão, ou onde aprendeu a contar, responde:
-Mil pregos? E juntando os poucos pregos coloca-os perto do chefe e argumenta:
-Isso aqui é mil pregos? E pensa: Onde meu patrão aprendeu a contar meu Deus.
Mas o Osmar tem mais um probleminha, ele concorda com todo mundo. Ele observa Otávio e José conversando:
-Ah José, eu acho que devia haver pena de morte! Osmar completa:
-Eu também acho. Devia ter pena de morte.
José argumenta com Otávio:
-Não, não Otávio. Acredito que se houvesse pena de morte no Brasil, apenas pobres seriam executados. Não seria justo!
Osmar diz:
- É verdade! A pena de morte não deve acontecer no Brasil- Otávio passa a falar de futebol:
Sabe José, acho que a Alemanha será a campeã este ano, aliás, tenho certeza!
Osmar dá sua opinião:
-Também acho que Alemanha será a campeã.
José fala:
- Não Otávio acho que a Holanda vencerá.
Osmar dá seu palpite:
- Concordo, acho que a Holanda vai pra final e ganhará- Otávio diz:
-Olha José, o Dunga fez tudo errado.
Osmar claro dá o seu parecer:
-É mesmo, fez tudo errado!
José defende Dunga e diz:
- Acredito que ele fez o quê pôde. Não o vi como mau técnico.
Osmar ergue a voz e fala:
- Não foi mau técnico não. Fez o quê podia ter feito.
O José pisca para Otávio e diz:
- Rapaz, viu que no ano que vem quase todos os feriados serão aos domingos?
Otávio continua:
- Sim rapaz, até a sexta-feira santa cairá num domingo!
Osmar bate os braços nas pernas e sai resmungando:
- Pobre é mesmo azarado, era só o que faltava, não vou ter quase folga nenhuma!
O Osmar leva tudo ao pé da letra.

Viagem a infância

Toy Story. Homens ou mulheres, jovens ou idosos, qual era seu brinquedo preferido?
Eu gostava muito de playmobil, carrinhos, bola, bolinhas de vidro e até do Falcon. Tudo isso antes do Atari. Com o tempo vieram sobrinhos e tchau brinquedos.
Sou saudoso assumido e quando ao lado da esposa e filhos assisti o Toy Story 3 fiz uma viajem no tempo, na mente. Lembrei que mesmo ao deitar não queria largar o novo brinquedo, e como eles eram importantes companheiros, como estimulavam a imaginação. Ao ver o filme lembrei meu filho brincando e lembrei como eu também viajava durante as brincadeiras. Agora respeito mais suas brincadeiras e lembro de mim mesmo. Viva esse momento ou vá reviver aqueles momentos assistindo mais um desses desenhos que divertem as crianças e ensinam a nós “adultos”.

A expectativa...

“A expectativa adiada faz adoecer o coração, mas a coisa desejada quando vem, é árvore de vida”. Provérbios 13:12 Tradução do Novo Mundo.
Sempre que aguardamos algo com ansiedade é frustrante demais quando não se concretiza. Se antes de acontecer, havia a expectativa, o desejo agora é substituído pela decepção. Ah como isso dói. É verdade que não é assim com todos, há aqueles mais tranquilos, menos ansiosos, melhor assim. E foi por isso que tantos sofreram ou não na última sexta-feira, o sonho do hexa foi adiado por pelo menos quatro anos. Para aqueles que estão sofrendo, talvez se concentrar em algo de valor superior, por “bens maiores”.
Para aqueles que não estão sofrendo, é isso aí, temos muito mais com o que nos preocupar. É bom sempre manter as expectativas em coisas que valem realmente à pena.