segunda-feira, 30 de abril de 2012

A viúva errada

Alberto recebeu a notícia da morte de um ex-vizinho, o Mário. Disseram a Alberto o quanto seu colega havia sofrido, afirmaram aquela antiga história - enfim descansou. O problema é que Alberto não era bom com as palavras, tinha dificuldades em encontrar as coisas certas a dizer. Por vezes deu parabéns a mulheres pela sua gravidez quando elas não estavam grávidas. Consolar uma sofredora viúva seria um martírio. Quando via Lígia, a viúva de Mário, desviava, fez isso duas ou três vezes. Certa noite indignado com sua falta de coragem ensaiou o que dizer. Preparou um pequeno, mas emocionado discurso. Já na manhã seguinte encontrou a viúva em frente a uma praça. Ela caminhava devagar e de cabeça baixa. Alberto recapitulou o discurso que tinha na mente, encheu-se de coragem, parou em frente à Lígia e disse: - Escute, por favor. Sei que estas sofrendo. Mas pense comigo. O pobre do Mário estava sofrendo muito. Estava vivendo um verdadeiro inferno. Sofria demais. Ninguém merece o que ele vinha suportando, aliás, suportando por muito tempo. As pessoas merecem e querem ser felizes. E tenha a certeza de uma coisa, ele está muito melhor agora. Pense nisso, seja generosa. Torça por ele. Agora sim ele se livrou do que o fazia sofrer. Está em paz e isso é o que importa. Lígia saiu aos prantos. Depois de dar alguns passos virou-se para Alberto e disse: - Cachorro. Ordinário. Vocês são todos iguais. Alberto não entendia. Seu consolo parecia perfeito. No almoço encontrou Henrique que também conhecia o casal. Ele disse a Henrique que havia encontrado com Lígia naquela manhã e ela estava muito mal. Antes de contar de seu consolo, Henrique disse: - Não é para menos, Alberto. O que o Mário fez foi imperdoável. Deixar a Lígia, aquela mulher incrível, foi horrível. - Ele a deixou? - Perguntou Alberto. - Sim – Respondeu Henrique, e continuou – Ele a traiu. Estava com outra mulher há anos. Simplesmente chegou em casa e foi dizendo que não aguentava mais aquela vida, que parecia um inferno, que merecia ser feliz e queria viver em paz. A coitada da Lígia está acabada, se conseguir vê-la outra vez procure falar com ela e consolá-la. Alberto lembrou de outro Mário, o marido de Marta, e perguntou: - E o Mário da Marta? - O Mário da Marta morreu rapaz. Eu já tinha te falado. A cabeça de Alberto parecia que iria explodir. Havia consolado a viúva errada.

Seu “Manual”

- Seu Manual quando é mesmo que eu não devo usar a palavra qualquer? - Não use qualquer ou plural, quaisquer, com significado de nenhum em frases negativas. Qualquer não tem sentido negativo. Exemplo: Não tome nenhuma atitude sem falar comigo. (e não qualquer atitude)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Galinha ou Mangalarga?

Há homens que não mandam em casa e há homens que mentem. Os que dizem que precisam consultar a “patroa” sutilmente deixam uma mensagem. Os que decidem sozinhos muitas vezes dão com “os burros na água”. Os mais convictos dizem: Vou ver o que a minha mulher acha. Essa conversa me fez lembrar uma velha história. O seu Juvenal tinha uma criação de cavalos, de raça. Não faltavam também galinhas em sua fazenda. Ele era do tipo que mandava em casa, ou pelo menos, assim acreditava. Ficava indignado ao ver seus amigos pedindo autorização as esposas. Certo dia chamou o Chico, seu braço direito e depois de encherem o caminhão com cavalos de raça e galinhas saíram a procurar por algo raro. Seu Juvenal alertou o Chico: - Em cada casa em que o homem mandar, daremos um cavalo, tanto faz, ou o preto ou o branco. Mas se for à mulher que mandar, damos uma galinha. Certo? - Certo sim senhor! – Na primeira casa: - Bom dia! Quem é que manda aqui? O sujeito com um bigodinho olhou para a mulher ao seu lado meio que assustado e voltou a olhar para seu Juvenal. O fazendeiro disse: - Já vi tudo. Desce uma galinha, Chico. Na segunda casa: - Bom dia! O minha senhora, quem é que manda nessa casa, por gentileza? - Sou eu. Por quê?- Respondeu a mulher. Seu marido ainda argumentou: - Ió, ió, ió, que qui tem né? Que bicho doido esse home - Seu Juvenal falou: - Desce uma galinha, Chico. Ta difícil Chico, ta difícil. Na terceira casa: - Bom dia! O Meu amigo, quem manda aqui é tu ou tua mulher? - Mas bá tchê, é minha mulher, qualé o problema? - Uma galinha Chico, uma galinha. Horas depois o assunto chegou ao conhecimento de Rogério e Rosa que imediatamente entraram em acordo. - Não esqueça Rogério, não importa o que aconteça pra todos os efeitos você é quem manda- disse Rosa com autoridade. Seu Juvenal olha para o casal e pergunta ao homem: - Quem é que manda nessa casa, amigo? - Sou eu. Quem mais haveria de ser? – Respondeu Rogério. Seu Juvenal olhou para a Rosa e perguntou mais uma vez: - Quem manda aqui? Rosa disse em tom firme e delicado: - É meu marido! Seu Juvenal se emocionou e gritou para o Chico: - Desce um mangalarga, Chico. O Chico meteu a cabeça pra fora da carroceria e perguntou para o Rogério: - O senhor quer um cavalo branco ou um preto? O Rogério olhou pra mulher e disse: - Preto ou branco querida? Seu Juvenal gritou: - Desce uma galinha Chico. E vamos voltar logo pra fazenda porque eu nem avisei a Dorotéia que a gente ia sair.

Seu “Manual”

-Seu Manual qual a diferença entre absolver e absorver? - Meu jovem é assim. Absolver é inocentar, perdoar, desculpar. Veja a diferença. Absorver é consumir, esgotar, sorver. Entendeu? - Perfeitamente!

" Adeus ao TE ARRANCA"

O bairro Bela Vista perdeu uma de suas mais conhecidas figuras, José Airton dos Santos, conhecido como Te Arranca. Respeitado pelos moradores por ser uma pessoa honesta já deixou saudades.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A mãe do Gabriel

Ela acorda sempre às 6:30h da manhã. Começa a preparar o café. Acorda Gabriel de 4 anos. Pega o lanche do filho e deixa na mesa. Gabriel está acordado, mas com preguiça, custa sair da cama. Mara abaixa-se ao lado da cama do filho e passando a mão sobre sua cabeça diz:
- Levanta filhinho. Sei que está com sono, mas assim que lavar o rosto vai passar. Hum, a mamãe comprou o biscoito que você gosta. Ah, e aquele suco de uva.
Gabriel se espreguiça e senta-se na cama. Mara diz:
- Por favor, filho, assim você vai se atrasar pra chegar à creche. Vamos, levante!
Gabriel levanta e sem demonstrar pressa começa a tirar o pijama e a colocar o uniforme.
Mara toma seu banho em 5 minutos. Já são 6:45h. A água para o café já está fervendo. Gabriel já está à mesa. Ela prepara seu lanche. Nescau e pão doce com margarina é o seu preferido. Ela termina de se arrumar. Já são 7:00h. Ela toma seu café rapidamente. Juntos escovam os dentes e saem às 7:15h. Uma caminhada de 10 minutos até a creche de Gabriel serve de uma conversa agradável com o filho, ainda que com passos rápidos. Antes das 7:30h chegam a creche. Gabriel dá um forte e demorado abraço na mãe. Ela sabe que precisa ir, mas ao sentir uma das mãos de Gabriel em suas costas e a outra acariciando seus cabelos, tem pena de largar o menino. Finalmente, cheia de remorso, diz:
- Filhinho, a mamãe tem mesmo que ir. Te amo, te amo, te amo.
Com essas palavras ela deixa Gabriel na creche e vai em direção ao ponto de ônibus.
Às 7:35h ela entra no coletivo que já está lotado. Entra às 8:00h no serviço, mas o patrão admitia seu atraso por conta de Gabriel. Ele sabe que Mara cria sozinha o filho e tem de levá-lo todos os dias a creche. Às 8:20h ela chega ao serviço. Num escritório de contabilidade a muito trabalho, mas Mara pensa em Gabriel várias vezes. Pensa em como seria mais fácil se tivesse o apoio do pai de Gabriel. Ele dizia que a amava. Fez tantas promessas. Parecia perfeito. Até registrou o filho, mas não ficaram juntos. Ele vê o filho no máximo uma vez por mês. Às 18:00h quem pega Gabriel na creche é sua mãe. Mara está fazendo supletivo e vai buscá-lo por volta das 22:30h. Geralmente Gabriel já está dormindo. Ela lava-o no colo até sua casa. Às 23:00h toma banho. Gabriel já tomou banho e jantou com a avó.
Ela terminha de arrumar algumas coisas em casa e prepara a roupa e o lanche do filho para o dia seguinte. Já é quase meia noite. Ela liga a TV. Assiste uma breve reportagem e sente o peso do cansaço sobre seu corpo. Tem apenas 21 anos. Imagina ter 60. Acorda a 1:00h e está passando o programa do Jô. A entrevista parece interessante, mas o sono é mais forte. Ela entra em seu quarto e vê que Gabriel dorme tranquilo. Ela deita-se e suspira demoradamente. Dorme. Em seus sonhos vê Gabriel indo para escola com o pai.
Ele dá tchau e vai sorridente. Nos seus sonhos tudo é como ela imaginava. Estudava, trabalhava meio período e aguardava marido e filho para jantar. Juntos sorriam e colocavam Gabriel na cama. Ela deitava-se ao lado do marido e contava sobre seu dia. Ele ouvia e sorria. Ela dorme tranquila até as 6:30h.

Seu “Manual”

- O que significa a sigla IBOPE?
- Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.
- Obrigado!

domingo, 8 de abril de 2012

O rosto do filho

Até que ponto um homem pode esconder seus sentimentos? Que esforços estaríamos dispostos a fazer para aliviar a dor de alguém?
Luciano senta-se pela primeira vez na cadeira de um desconhecido barbeiro e mais do que falar, expressa seus mais profundos sentimentos. Fala como se há anos conhecesse o homem com a tesoura e pente nas mãos. Aquele homem na cadeira parecia sentir o coração sangrar em vez de bater. Talvez ele apenas quisesse ouvir algo que o confortasse, ou quem sabe queria apenas ser ouvido, nada, além disso. A sua dor, pela empatia de quem ouvia fora pelo menos compartilhada.
Luciano era jovem, pouco mais de trinta anos, muito educado e bem empregado. Sua chegada nessa cidade não era pela felicidade, mas pela busca de esperanças. Da cidade de onde viera não ouvira boas notícias. A angústia de aceitar que os médicos estavam certos era demais para ele. Quisera que estivessem equivocados. Quem sabe aqui encontraria uma luz, uma esperança. Veio até aqui com a notícia de um filho morto. No ventre da esposa, grávida de sete meses, estava sua maior dúvida. Por toda a sua vida havia sonhado com o rosto de um filho. Haveria como os médicos estarem enganados? Poderia seu primeiro e tão esperado filho nascer com vida?
Aqui os médicos não deram falsas esperanças, mas haviam usado palavras diferentes. Seria apenas eufemismo? No fundo querem amenizar minha dor com palavras suaves? – Pensava Luciano. Deixando as lágrimas cair sem constrangimentos ele diz:
- Minha esposa não pode me ver nessa situação. Ela está esgotada desde que ouvimos o diagnóstico há três meses. Ela tem noites inacabadas, dias angustiantes, se me vir assim será pior. Saio com meu carro e paro num lugar qualquer e choro por horas e só então volto para casa com uma dor disfarçada de sorriso. Não sei se ela acredita. Não sei mais o que fazer. Perdoe meu desabafo. Obrigado por me ouvir.
Meses depois eles caminham juntos. Num agradável fim de tarde com os pés sendo tocados pelas ondas do mar Luciano ajoelha-se e beija a mão de sua esposa. Ele encosta seu ouvido na barriga da esposa e encontra ali uma nova esperança.

Seu “Manual”

- Seu Manual qual a diferença entre fluir e fruir?
- Ora jovem. Fluir é correr em estado fluido, líquido, escorrer, passar (tempo).
Fruir é desfrutar, gozar, tirar vantagens, usufruir. Certo?
- Certo!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

14 DE NISÃ

Costumamos dar valor as datas. Sempre há aquelas que marcaram em especial nossas vidas. Há uma data mais do que especial. Existe uma data que marca o maior gesto de amor jamais visto no universo. Seja nessa ou naquela religião, a pessoa de Jesus Cristo é em muito o mais apreciado por milhões de pessoas em todo o mundo. As Escrituras Sagradas não revelam a data exata de seu nascimento, mas revela a data que abriu um caminho especial para a humanidade, a data de sua morte. Ele morreu no dia 14 do mês de Nisã. Como calcular esta data para o nosso calendário? Os meses nos tempos antigos começavam com a lua nova. Levando em conta que este ano o equinócio (período em que a duração do dia é igual à noite), ocorreu no dia 20 de março e a lua nova mais próxima iniciou no último dia 22, chegamos ao inicio do mês lunar de Nisã. A morte de Jesus ocorreu no dia 14, mas precisamos lembrar que naquele tempo os dias iniciavam ao pôr do sol, ou seja, assim que escurecia e não a meia noite como hoje. Portanto, contando a partir do pôr do sol do dia 23 de março, chegamos ao dia 5 de abril. Na quinta-feira, a partir do pôr do sol, inicia o dia 14 do mês de Nisã, a data da morte de Cristo. Muito embora ele tenha morrido por volta das três horas da tarde, foi no inicio da noite que ele realizou a Santa Ceia. Primeiro celebrou a Páscoa com os doze. Depois dispensou Judas e só então, com os 11 leais apóstolos realizou a Santa Ceia. Ele fez um pacto com os fiéis apóstolos. Ele morreu e foi ressuscitado no terceiro dia. Hoje não há porquê vê-lo como bebê indefeso ou como um homem agonizando na morte. Mas sim como Rei vivo e atuante.

Bistek

Agradável a praça de alimentação do Bistek Via Torres. Com música ao vivo aos sábados e pelo menos três opções de lanchonetes o local é atrativo a um bom bate-papo entre amigos ou para casais. Mais uma boa opção para os moradores da região.

Farra?

Mais uma vez a mesma história, a farra do boi. Claro que o boi não deve concordar com a expressão - farra. Conheço gente boa que participa. Não consigo é compreender como se divertir à custa do sofrimento ou agonia de um animal. Nenhum de nós deixaria um amigo provocar nosso cachorrinho em casa a exaustão só porque acha divertido.

Seu “Manual”

- Seu Manual quando devo escrever mau e mal?
- É assim meu rapaz. Mau é quando for o oposto de bom.
Mal é quando for o oposto de bem. Entendeu bem ou mal?
- Entendi bem!

Carne ou peixe?

Ouvi por vezes um líder religioso de Florianópolis dizer que a igreja não diz que é pecado comer carne na sexta-feira santa. De fato não há nada de mais em comer carne nesse dia, nada. Alguns, pensando em fazer sacrifícios trocam a carne por um banquete à base de frutos do mar. Viva a liberdade!