domingo, 10 de dezembro de 2017

Um mundo cruel

A palavra cruel nos dá a ideia de: Rigor excessivo, barbaridade, desumanidade.

Crueldade nos faz lembrar de atos bárbaros e desumanos praticados por “seres humanos” contra seres humanos. Alguns exemplos: Escravidão, inquisição (onde a igreja católica torturou e matou dezenas de milhares de inocentes), guerras (nenhuma com justo motivo, como se pudesse haver motivo, onde centenas de milhões de civis e militares morreram); enfim, crueldade.

Mas há um outro tipo de “crueldade”. Um tipo que leva em consideração os mais ricos x os mais pobres; os mais bonitos x os mais feios; os mais estudados x os que não têm estudos e etc.

Pode até passar despercebido, pode ser que o leitor ou leitora diga que isso não é crueldade e tente encontrar outro nome.

Algumas situações: O filho de um pobre que fuma maconha não passa de um maconheiro.

Uma pessoa que tem bons estudos, bom emprego e aparente educação e usa drogas é - dependente químico. Se for um pobre é só um viciado.

Uma mulher acima do peso ou gordinha, se for famosa, dá exemplo em não se importar com o que diz a sociedade. Aumenta sua fama. Se for uma mulher pobre, como ela será descrita e apontada pelas sociedade e até pela família?

Se o George Clooney ou o Brad Pitt sair pelado na rua provavelmente as pessoas dirão: “Surtou”. “Deve estar trabalhando muito”. “É o estresse”.

Se for um homem pobre e desprovido de beleza (eufemismo de feio), possivelmente será apontado como - tarado, sem vergonha; ah uma boa surra.

Quem assistiu ao filme - Como eu era antes de você, onde uma bonita e meiga jovem se apaixona pelo homem, tetraplégico de quem se torna cuidadora, pode ou se emocionar ou pensar: O rapaz que ficou tetraplégico após um acidente é muito rico, muito bonito (sem essa de boa pinta, é bonito mesmo), muito inteligente, conhecedor de várias culturas e claro, se expressa, fala muito bem; mas e se… Se ele fosse muito pobre, feio, sem estudos, falando mal e dependendo de ajuda humanitária? Fica claro a “crueldade” do sistema, do mundo. Enfim, é um filme bonito, embora camufle uma realidade social.

A mídia que abre muitas discussões em suas novelas e demais programas, por exemplo, não abre a discussão sobre a diferença salarial; patrões/empregados. E quantas vezes já vimos atores negros aparecendo ou interpretando papéis principais? Ainda contamos nos dedos.

Ainda pode-se levar em conta famosos programas de TV onde o bullying é discutido, mas as pessoas ou os jovens que vão até ali para assistir não podem escolher o lugar em que vão sentar; um “orientador” define quem está “apto” a aparecer mais diante das câmeras e aqueles e aquelas que devem ficar um pouquinho mais longe.

Até presidiários pobres podem ficar indignados. Embora estejam presos porque praticaram crimes e não dá para ter pena, mas creio que devem ficar no mínimo “chateados” ao assistir aqueles que roubaram milhões e até podem ter causado mortes vão para seus luxuosos lares com uma tornozeleira eletrônica.

Num mundo que se diz lutar pela igualdade há guerras entre diferentes classes sociais.

Numa época em que se fala em religião, e talvez nunca antes tivéssemos visto tantas igrejas; fala-se em amor, paz e fim do preconceito; há um evidente retrocesso moral e de liberdade de expressão. Ou se fala muita bobagem, ou se hostiliza opiniões diferentes.

Nossa visão de cultura - avaliar e julgar o nosso modo de vida como o verdadeiro e o ideal; o etnocentrismo, tem nos levado a erros, a julgamentos equivocados, a trocar o doce pelo amargo e o amargo pelo doce.

Se o mundo é cruel a vida continua sendo uma dádiva maravilhosa. Se há pessoas cruéis há muitos dispostos a uma autoavaliação que pode nos levar a evoluir, crescer e nos tornar agradáveis a nós e aos outros. E isso é o oposto de cruel, é - misericordioso, é humano!

domingo, 3 de dezembro de 2017

Aquele que em tudo crê

Aquele que em tudo crê

Quem já não conheceu aquela pessoa que acredita em tudo o que lhe dizem?

Os escravos eram persuadidos, portanto, levados a crer que comer manga e tomar leite com minutos ou horas de diferença lhes faria muito mal; poderia os levar à morte. Essa maldosa e errada informação colocava medo nos ingênuos escravos e protegia os bens dos seus amos. Pura crueldade com base na ignorância.

Qualquer um de nós é capaz de lembrar de coisas que em nossa infância pareciam reais ou assustadoras e agora damos risadas.

Mas e hoje, quantas coisas ainda levamos a sério e lá no futuro é que entenderemos nosso equívoco?

O pior é crer em qualquer coisa sem base sólida e talvez morrer sem saber o porquê.

Se perguntarmos para alguém o motivo real; talvez para nós mesmos, o por que não comemos carne na sexta-feira santa; a razão pela qual acendemos velas em bolos de aniversários e perto de caixões em velórios; os motivos de estourarmos fogos na virada de ano; se procurarmos as respostas, talvez ficaríamos surpresos, assim como ficariam os escravos lá do passado que evitavam comer manga e tomar leite no mesmo dia.

Pessoas inexperientes creem em qualquer coisa que lhe dizem; pessoas experientes, “maduras” e inteligentes pensam antes de agir, analisam com calma tudo o que ouvem; mesmo que pareça ter vindo de fontes seguras; como em telejornais, e principalmente, nas redes sociais. Aliás, nas redes sociais praticamente qualquer pessoa publica o que quiser sem assumir responsabilidades.

Ouvir a opinião de mais de um médico ou dentista é muito importante.

Há poucos dias li algo especial: Aprender é um processo de superação de preconceitos e estereótipos. Sim, aprender não envolve apenas ter tempo, antes - a superação. Aceitar que muitos dos nossos conceitos e entendimentos podem não estar certos; ou pelo menos precisam ser ajustados. E quem está disposto a isso? Os que têm “sede” de aprender.

A sociedade parece estar acostumada ao: “Ele rouba, mas faz.” Como se isso justificasse ações levianas. Não seria um caso parecido a essa situação?

“Um marido traído mantém seu casamento alegando que embora a esposa seja infiel ela é linda, cozinha bem, é boa mãe, cuida bem da casa e até se dá bem com a sogra”. Esse marido poderia crer que a infidelidade da esposa pode ser aceitável diante suas boas qualidades.

Os ingênuos costumam acreditar em qualquer coisa que lhe dizem; está na Bíblia, em Provérbios 14:15.

Sermos ingênuos ou experientes, tolos ou inteligentes não depende da simples escolha do que somos ou queremos ser. Parece haver a necessidade de estudos, pesquisas, boas conversas e “mente aberta”.

Os pobres escravos foram vítimas de mentiras, mas numa situação e época completamente diferente.

E de qual grupo o leitor e eu fazemos parte, dos ingênuos ou dos prudentes?

A resposta deve ter bem mais haver com o agir e não com o falar!

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

A cadeira

A cadeira

Uma vez perguntei a um psiquiatra: A pessoa que é ansiosa faz muitas coisas por ser ansiosa ou é ansiosa por fazer muitas coisas?

Elaborei essa pergunta reflexiva e talvez não tão profunda em outra: Não sei se eu bebo porque a minha mulher me deixou ou se ela me deixou porque eu bebo.

Toda essa minha reflexão veio a partir do momento em que me desfiz de um pedaço de mim.

Estivemos juntos desde outubro de 1996. Até ela manifestar dificuldades em manter seus serviços fomos companheiros de momentos especiais. Ouvimos e presenciamos muitas histórias; ora engraçadas, ora trágicas. Ela por sua vez colaborou de maneira direta em manter minha vida financeira por duas décadas. Ainda que uma vida modesta e simples, mas sem nada faltar.

Ela recebeu e acomodou centenas, talvez milhares de pessoas. Uma coisa é certa; quase 60 mil atendimentos foram realizados sobre seu confortável colo; colo de irmã, da amiga, de mãe. E dela tive a ideia em 2009 de entrar para a comunicação através de nossas experiências. Embora nunca tivesse lhe dado um nome específico, nem foi necessário.

Ela apareceu em fotografias de vários jornais, em imagens de diversos canais e programas de TV e foi mencionada em inúmeros programas de rádio.

Houve um momento em que várias pessoas passaram a me identificar por ela:

Na cadeira do barbeiro - Foi dela, nela e por ela que iniciei na comunicação; livros, colunas em jornais, blog, Portal Instituto Caros Ouvintes Para Pesquisa e Estudo de Mídia e o programa de rádio que seguiu o nome das colunas - Na cadeira do barbeiro.

Já no final de 2013, quando recebi meu registro profissional de jornalista ela estava um tanto cansada e um pouco desgastada. Deveria ter notado e dado mais atenção a minha antiga companheira. Mas o tempo passou e ela perdeu as condições de ser usada, ou melhor, de continuar servindo de colo a tantos amigos frequentadores ou mesmo os de passagem.

A pressão para vendê-la não foi à toa; havia pouco espaço. Ela tomava um pedaço de um espaço do qual por duas décadas fora a rainha; agora tratada como um estorvo, e já havia outra em seu lugar.

Venda, não venda, reforme, mas, por favor, a tire daqui; não há mais espaço para ela.

Certa manhã um colega barbeiro, dedicado e respeitado no ramo, me procurou e disse que ouvira que ela estava a venda. Sim; disse que estava. Ele a levou. Irá reformá-la.

Lá no início quando falei da pergunta feita ao psiquiatra, pensei sobre a minha cadeira: Por que nos apegamos a coisas inanimadas? Por que atribuímos certas qualidades que quase vivificam objetos? Talvez não tenha haver com ansiedade ou loucura; quem sabe nem explicação lógica haja. Mas quem de nós já não sentiu falta de um brinquedo de infância; de um carro; uma casa ou outro objeto ou móvel qualquer? Há os que nunca sentiram; normal, somos diferentes.

Mas aquela cadeira, da marca Status, que comprei em outubro de 1996 e paguei na ocasião 3 vezes de 233 reais; valor total da época de mais de 7 salários mínimos valeu muito mais do que isso.

Valeu mais que o sustento financeiro da família em 20 anos; valeu rumos e caminhos que mostraram que a maravilhosa profissão de barbeiro pode nos levar a conhecer outros “mundos” e ter incríveis experiências.

Ah, se a minha cadeira falasse… E quem disse que ela não fala? Basta prestar atenção!

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Novembro Azul. Calma, é só um toque.

Novembro Azul. Calma, é só um toque.

Álvaro e Juca estavam no bar do seu Arlindo falando sobre futebol; Avaí e Figueirense.

Álvaro, figueirense e Juca, avaiano. Cai, não cai, fica, volta..

Nesse momento chega Roberto. Ele se enche de coragem e diz:

- Vou falar sem vergonha. Fiz o tal do exame do toque. É, aquele mesmo.

Havia mais de 10 homens no bar. A maioria ficou perplexa; sobretudo com uma expressão de Roberto, “vou falar sem vergonha”. Aquilo soou estranho para eles. Seu Arlindo ofereceu uma rodada por conta da casa.

- Roberto, percebendo um certo preconceito, enfatizou:

- É isso aí. Fiz mesmo e não tenho vergonha. E vou fazer uma pergunta, quantos de vocês aqui fumam? Sabiam que depois do câncer de pulmão, o de próstata é o que mais mata homens no Brasil?

Quase todos eram fumantes, então, baixaram a cabeça e tentaram disfarçar.

Quando começaram as piadinhas sobre o exame que Roberto havia feito, Álvaro e Juca entraram na conversa. O primeiro foi Álvaro. Ele relatou:

- Qual é o problema? Eu mesmo fiz o exame e não sou menos homem por isso. O Roberto falou bem, o câncer de próstata é o segundo que mais mata em nosso país. E digo mais, foi tranquilo. Fiz pela primeira vez, não dói nada. E é bem rápido.

Juca entrou na discussão:

- É. Eu também fiz - Álvaro ficou surpreso. Seu bom amigo Juca não havia comentado nada até então. Ele acrescentou - Ninguém é menos homem por fazer o exame do toque, pelo contrário, tem que ser muito macho.

Roberto e Álvaro gostaram da defesa de Juca. Só não entenderam muito bem a parte de ser muito macho. Os bate papos de bares costumam ser francos, ainda que um tanto rudimentares.

Juca passou a explicar com calma e em detalhes como é feito o exame. Alguns se encolhiam. Havia os que riam. Outros respiravam fundo. Juca, Álvaro e Roberto não entenderam porque alguns respiraram fundo. Mas Juca comentou sobre a importância de se fazer o exame e como há possibilidades de cura se descoberto no início.

Roberto disse que o seu médico fora o doutor João Carlos. Álvaro disse que o seu fora o doutor Cláudio. Juca sorriu e disse que o seu também fora o doutor Cláudio.

Álvaro disse:

- O doutor Cláudio é um homem de uns 40 anos, moreno claro, 1,80 de altura, olhos verdes, voz de locutor de FM e muito atencioso.

Juca disse:

- Não, É outro. O doutor que fez meu exame é mais novo. No máximo 30 anos, loiro, olhos azuis, 1.90, parecia malhar muito. É solteiro e mora numa das praias da ilha.

Os demais homens se olharam com certo receio. Perceberam que o exame era fundamental para a vida e resolveram fazer também. Só havia uma dúvida; nunca haviam percebido como os amigos eram tão observadores.

Uns dois meses depois, os mesmos homens, no mesmo bar, falavam a respeito da importância do exame de toque; que não fazê-lo é tolice; ninguém é menos homem por se sujeitar ao teste. Estavam seguros e decididos a repetir no ano seguinte e incentivar todos os demais amigos e familiares a terem essa experiência.

Todos falavam da ausência da dor, do passageiro constrangimento, da importância da vida. Mas preferiram evitar dar detalhes sobre os médicos assim como os 3 primeiros amigos haviam feito. Pensavam que não deveriam expor tanto seus médicos. E vai que naquela roda de mais de 10 amigos o mesmo médico tivesse atendido mais de um deles. Era pessoal demais.

Concordaram que o mais importante é fazer o exame sem medo e sem preconceito. independente do médico!

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Dia de visitas

Dia de visitas

Visitar segundo o que sabemos e confirma o amigo dicionário é: ir ver alguém, por cortesia, dever, afeição e etc.

Há poucos meses recebi um vídeo onde um jovem falava de modo convincente sobre algo muito importante e uma grande verdade; o dia em que mais recebemos visitas, elogios e flores. Quando? No dia em que morremos, em nosso velório ou funeral.

Justamente naquele dia em que não poderemos dar um abraço, um aperto de mão, um beijo, sentir o cheiro das flores e muito menos agradecer.

A modernidade parece que nos aproximou. Pelo menos em algumas situações; questões profissionais e com amigos ou parentes distantes. Mas no sentido de - aproximação, afeição, carinho, encontros e reencontros, olhos nos olhos, o sentir e compartilhar sentimentos; será que as redes sociais cumprem bem esse papel?

Dia 02 de novembro é uma data marcada por muitas visitas, visitas àqueles a quem amamos e não estão mais entre nós. (Vale ressaltar que a coluna não está discutindo conceitos espirituais e religiosos; há diferentes opiniões e crenças que devem ser respeitadas)

Lembrar de visitas, amizades, apoio a ser dado e recebido me fez lembrar do vídeo ao qual mencionei no início da coluna - o dia que mais recebemos elogios e flores.

Por que resistimos a um impulso que lá no fundo nos diz que deveríamos pedir perdão?
Qual a razão de suportar um desejo ainda que tímido de expressar o quanto amamos a alguém?
O que nos impede de tocar e acariciar nosso cônjuge, pai, mãe, filhos, avós?

Um certo dia 02 de novembro é com certeza um dia simbólico, marcado por saudades e para muitos por remorsos.

Dias de visitas podem ser marcados por sorrisos vistos de perto, por abraços apertados, por beijos de verdade, pelo firme aperto de mão e olhos nos olhos, por saborear ainda que a mais simples comida e bebida; e toda comida e bebida com quem amamos torna-se um banquete.

Se um dia tivermos que visitar um amigo ou parente finado terá sido alguém que fora visitado em dias melhores. Dias onde houve trocas de experiências e todos os sentidos estavam em ação.

Dias em que os ouvidos, os braços, os olhos, a boca e o “coração” compartilharam o que há de melhor na dádiva da vida - a vida!

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Espiral do silêncio e a comunicação

Espiral do silêncio e a comunicação

“Espiral do silêncio” é uma teoria da ciência política e comunicação em massa proposta pela cientista alemã, Elisabeth Noelle-Neumann em 1977.

Afinal de contas, o que isso significa? Elisabeth entendeu que a opinião individual é de fato omitida, “abafada”, quando esta entre em conflito com a opinião da maioria; geralmente divulgada com ênfase na mídia. Ou seja, muitos deixam de expressar o que realmente sentem sobre certos temas por medo. Segundo a cientista, medo de entrar em isolamento social, talvez até se tornem vítimas de zombarias.

Essa teoria, elaborada e publicada há 40 anos, ainda se percebe hoje, talvez mais do que nos anos 70.

Quando assistimos a um programa onde há muitos convidados e plateia, temas polêmicos são levantados, não é incomum a maioria aplaudir qualquer coisa que se diga, principalmente se for alguém famoso.

Aí entra em cena, aliás, não entra em cena, permanece no anonimato, no isolamento, aquelas pessoas que têm um pensamento diferente. Talvez até batam palmas; o que não quer dizer que concordem com o que foi falado, mas por medo de serem ou pensarem - diferente acabam batendo palmas para qualquer bobagem.

A pergunta poderia ser: Os temas levantados em novelas, programas de auditório e outros refletem o que a maioria pensa, ou o que a mídia quer que as pessoas pensem?

A mídia com seus programas de baixa qualidade entende que quase ninguém quer ser taxado como diferente, “quadrado”, ou “mente fechada”; então, quem erguerá a voz e dirá de forma respeitosa o que realmente pensa, sem medo?

Quantos jornalistas já foram demitidos por dizerem ou a verdade ou simplesmente o que pensavam sobre certos assuntos?

As táticas de comunicação são poderosas: Um levantar de sobrancelhas ao final de uma notícia, um leve suspiro ou um breve movimento dos ombros ou mãos podem indicar um pensamento.

Mas quem os faz? Por que os faz? Quem os interpreta?

Vivemos momentos que dão o que pensar. Será que o que está em pauta nas novelas, telejornais, programas de auditório refletem com precisão o que a maioria pensa?

Desde assuntos de ordem política, familiar, sexual e até religiosos têm fornecido uma pauta para os bate papos entre colegas e amigos; e com que efeito? Abrir discussões?

Há diversas opiniões acerca de um mesmo tema; quem está certo, quem tem que engolir?

Quando a população recebe o direito de participação são poucos segundos e bem monitorados. E infelizmente muitos que têm essa participação ainda estão pouco preparados para expor com clareza suas ideias em tão pouco tempo.

Espiral do silêncio. Ele começa lá de cima e vem descendo até chegar na maior camada da sociedade. Então o medo, o receio de parecer - o antiquado, o careta; e volta lá para cima, para quem domina sobre as grandes massas.

Amanhã com certeza a maioria de nós terá algo para falar com os amigos. Alguém dará a pauta que mais lhes interessa.

Menos alguns do tipo, “duros de espírito”. Esses, mesmos que demitidos ou um tanto isolados defendem o que acreditam e procuram a verdade. Esses escrevem as suas próprias pautas e deixam espaço para que outros digam o que pensam e por quais motivos.

Esses estão fora da “espiral do silêncio”. São poucos, mas suas “vozes” ainda podem ser ouvidas por quem sabe as interpretar.



segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Da barbearia à comunicação




Tive uma boa infância e alcancei àquelas brincadeiras que deixaram saudades.

Mas uma das coisas na qual pensava na minha infância e adolescência era: qual será a minha profissão?

Passei por vários trabalhos desde os 6 anos quando comecei a vender deliciosas bananas recheadas feitas pela minha mãe, dona Olga.

No entanto, foi somente no dia 10 de outubro de 1996 que comecei a trabalhar na profissão que me levaria, e eu jamais imaginara, a outros lugares, ou a antigos sonhos.

Meu casamento com a profissão de barbeiro pode ser comparado a um daqueles casamentos por conveniência lá do passado; ou será que ainda acontecem?

Digo por conveniência porque sabia que queria me casar, ter filhos e ter uma profissão.

A ideia veio quase que por acaso. Fui em frente, fiz 2 cursos e lá se vão 21 anos. Creio que uns 55 mil atendimentos. Muitas amizades. Muitas saudades de clientes amigos que já faleceram. Me lembro de uns 50 talvez 60. Desses lembro desde seu corte de cabelo até para que time torciam ou que tipo de assuntos gostavam de conversar.

O tempo passou e algo me incomodava, alguma coisa faltava, mas o quê?

Resolvi escrever. Troquei ideias com a escritora e hoje especialista em gestão e segurança no trânsito, Irene Rios, o jornalista Luiz Carlos Prates e meti a cara.

O primeiro livro me trouxe uma grande lição: eu não sabia que não sabia escrever; pensei que fosse simples como falar. Daí o segundo e o terceiro, e ainda havia muito a aprender.

Em junho de 2009 por indicação do amigo jornalista, Fábio Machado, fui entrevistado pelo editor chefe dos jornais Em Foco, Ozias Alves Junior, que me convidou para ser colunista em seus jornais.

Em meio a estudos por conta própria o lançamento de mais livros, montagem do meu blog e um convite muito especial do nosso grande mestre do jornalismo e publicidade, Antunes Severo. Ele me convidou para ser colunista do Portal Instituto Caros Ouvintes Para Pesquisa e Estudo de Mídia.

Mas por esses dias eu estreava o programa de rádio - Na cadeira do barbeiro, na rádio comunitária Luar FM. Tive a alegria de criar, produzir e apresentar esse programa por quase 3 anos; espero voltar.

Antunes Severo, animado com teor do programa, entrevistas como nossos comunicadores, mais de 40 viriam a participar, passou também a reprisá-lo no Caros Ouvintes.

Em 2013 Severo perguntou se eu já havia feito meu registro de jornalista. Por uma decisão que causou polêmica, mas já não era sem tempo, em junho de 2009 o Supremo Tribunal Federal, por 8 votos a 1 entendeu que exigir o diploma de jornalista fere a Constituição Federal. Assim como nos Estados Unidos, em mais de 20 países da europa e outros países, embora haja boas faculdades de jornalismo, não há na maioria deles a obrigação de faculdade para exercer a profissão. Há os que concordam e os que discordam da decisão do STF. Deixo minha opinião pessoal e profissional para outra coluna.

Ainda em 2013, depois do incentivo de Antunes Severo, com as colunas nos jornais Em Foco, no Caros Ouvintes, meu blog, a produção e apresentação do programa de rádio, recebi meu registro de jornalista, conhecido como - MTB.

Hoje, além da barbearia e das colunas semanais também estou cursando licenciatura em Letras Língua Portuguesa pela faculdade Estácio de Sá. Não desisti de aprender a escrever e como recompensa muitos outros conhecimentos acompanham essa bela faculdade.

E foi assim, entre um cliente e outro; entre muitos relatos e histórias; de ouvir e de perguntar que acabei chegando à comunicação. Diga-se de passagem que a rádio na qual apresentei meu programa ficava na rua em que nasci e morei por 35 anos. A mesma rua de onde por inúmeras vezes saia em busca de um telefone público, o antigo, orelhão, para gastar fichas telefônicas e ligar para as rádios. Não era tanto pelos prêmios, mas pelo desejo de conhecê-las por dentro.

Por isso amigos leitores, sempre tente ver além. Além daquilo que está diante os nossos olhos. A profissão é em muitos casos um casamento, mas seja ele por amor ou por conveniência ele pode trazer grandes surpresas.

Tive vários momentos especiais nesses 21 anos de barbearia e 8 de comunicação; o que não teria ocorrido não tivesse arriscado. Talvez até hoje não teria descoberto que mal sabia escrever.

E no teu caso, como anda o seu casamento com a profissão? A quantas anda esse caso de amor? Pense, planeje, troque ideias com pessoas interessantes e viva feliz, seja no atual ou no novo casamento profissional!

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Quanto vale o tempo?

Quanto vale o tempo?

Com certeza a resposta tem haver com cada pessoa, seus valores, interesses, ambições, desejos, necessidades e crenças.

Se até num carro, numa casa ou apartamento colocamos um preço, parece comum a nós dar valor a coisas as quais consideramos importantes.

E o meu tempo, e o seu tempo, quanto vale? Como medir ou calcular?

A única tabela de valores parece estar em nossa mente, nosso “coração”.

Tempo todos nós temos; e há nisso certa democracia. São os mesmos 365 dias por ano, os 12 meses, ou 24 horas por dia. Há então pelo menos dois pontos:

Primeiro: Como o encaramos ou entendemos. Segundo: Como o usamos ou aproveitamos.

Quantas vezes ouvimos pessoas que passaram por uma grave doença ou acidente que quase lhes tirou a vida, dizerem: “Hoje, dou mais valor ao meu marido ou esposa, aos filhos, meus pais, aos amigos, ao cantar dos pássaros, ao fato de acordar e respirar”.

Há uma música que em parte diz: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer… devia arriscado mais, trabalhado menos…” Titãs: Epitáfio (Do grego: sobre o túmulo)

Poupar dinheiro parece ser uma decisão inteligente e coerente. Mas, e o tampo, por que poupá-lo?

Algo do tipo: Deixar para ser feliz amanhã. Trabalhar muito, fazer um “pé de meia” para curtir bem uma velhice que sejamos sinceros; não sabemos se chegará para nós.

Se até o dinheiro guardado pode não ser aproveitado que dizer do tempo?

Poucos dias antes de escrever essa coluna fui ao funeral de um amigo. Seu filho, também meu amigo, por vários minutos ficava acariciando os cabelos do pai, uma ou duas horas antes da cerimônia de cremação. Sei que na verdade, ele queria ter feito aquele afago, aquele cafuné no pai enquanto ele pudesse senti-lo. Mas por que relutamos em demonstrar o carinho, o amor, o perdão, até que o pior aconteça?

É ser dramático demais dizer que essa pode ser minha última coluna? Alguns dirão: “Ui, vire essa boca pra lá, estás louco?” Não. Apenas consciente que não temos certezas sobre minutos, horas e dias a frente; temos planos, talvez muitos planos, mas certezas fogem às nossas escolhas.

Creio que não há quem não concorde que o tempo parece estar passando rápido demais.

É impressão? Pode ser. Mas dá impressão que não é mera impressão. O excesso de informações, de atividades e preocupações fazem as horas, dias, meses e anos passarem “voando” diante os nossos olhos.

Já li há anos a história do menino que tinha um pai muito trabalhador, muito ocupado. Um dia o menino perguntou o quanto o pai ganhava. O pai respondeu. O menino fez um cálculo, poupou e surpreendeu o pai. Se aproximou dele e disse que queria muito falar com ele. Quando o pai disse que estava muito ocupado e com pressa para sair; o filho tirou o dinheiro do bolso e disse que pagaria por uma hora de atenção do pai. E pior que a história parece ser real. E não deve surpreender por ser real.

Pais sobrecarregados. Filhos com tantas atividades que nem têm tempo de serem crianças.

Pais dedicados e preocupados com o futuro dos filhos e com medo que sejam vítimas das drogas lhes enchem de atividades, mas raramente se incluem nelas.

Há pouco tempo pensei: “Por que Deus fez o dia com apenas 24 horas?”

Só depois percebi o engano no meu pensamento. O dia de 24 horas, o ano de 12 meses ou de 365 dias está perfeito. Eu é que estava tão atarefado como quem está em uma loja, adquiri vários produtos legais, normais, mas as mãos estão ocupadas demais para abrir a porta e sair. Então notei que uma das mãos tinha que estar livre, pelo menos uma, para abrir a porta ver que há muito mais de belo e sem preço a apreciar.

Olhar um pôr-do-sol, um céu estrelado, o mar, o sorriso dos filhos, a voz dos pais, o carinho do cônjuge, o abraço dos amigos, a paz de Deus, a boa música, o canto dos pássaros, as brincadeiras do cachorro, o sabor de uma boa comida, o descer de uma boa bebida; o se permitir amar e ser amado, o perdoar e se perdoar; ah se somar tudo isso, quanto custaria?

Custaria tempo para usufruir e fazer acontecer. Só custaria isso - Tempo. E quanto ele vale?

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Há democracia?

Há milhões de pessoas que dirão que vivemos num país democrático; assim como também existem milhões de pessoas que falam de países que são comunistas. Talvez, aqueles que creem que há países comunistas até os citem por nome, mas se estudarem e entenderem o que significa dizer que um país é - comunista - vão repensar.

Historicamente falando a - democracia - foi criada em Atenas, Grécia.

Demos: povo. Kratos: poder. Deveria ser igual a: “poder do povo ou governo do povo”.

O velho e bom companheiro - Dicionário - nos faz lembrar que democracia é: “Governo do povo. Sistema político baseado na participação do povo, etc”.

Lá na Grécia antiga, em Atenas, berço da democracia, havia o costume de se estabelecer um certo padrão. Apenas homens podiam participar dos temas levantados, e não bastava ser homem, tinha que ter provas do seu poder financeiro. Se tivesse pouco, ou fosse muito pobre, ficava de fora. E claro que as mulheres, estrangeiros e escravos também eram excluídos.

Ainda assim é fato que na Grécia antiga se deu o “ponta-pé” inicial, que viria a se desenvolver em muitos lugares e trazendo benefícios. Já em outros países ficaria só no nome, assim como o comunismo, sistema que de acordo com o padrão e essência da palavra nunca houve e não há em nenhum país no mundo. O que há são adaptações; se leva o nome de comunismo, mas bem longe dos ideais daqueles que um dia o sonharam.

É fato que em muitos campos, seja na religião, em escolhas pessoais, ou certa medida de liberdade de expressão a democracia se demonstre, em outros ela dá o que pensar.

Em termos de democracia podemos pensar numa breve e simples história que me veio à mente. Imagine um casal saindo em busca de saborear uma deliciosa pizza. O casal toma conhecimento de que existem em sua região mais de 200 pizzarias. Imaginam quantas boas possibilidades têm a sua escolha. Mas no caminho são barrados por alguém que ao saber de sua busca lhes diz:

- Na realidade temos aqui uma lista com o nome de 6 pizzarias. Fiquem a vontade para escolher qualquer uma delas - O casal, pasmo com a notícia, argumenta:

- Mas sabemos que existem mais de 200, talvez mais de 300 pizzarias, porquê não podemos escolher?

- É que essas foram pré selecionadas e sua escolha se baseia nessa restrita lista.

- Restrita? Além de tu dizeres que é restrita onde fica nosso direito de escolha, nosso direito democrático? Veja bem, meu amigo. Dessas 6 possibilidades há duas completamente desconhecidas, vejo outras 2 que sei serem bastante questionáveis e as outras 2, não confio nem um pouco, aliás, sei que não valem a pena.

O marido olha para a esposa e pergunta:

- E agora, escolhemos a menos pior, ou vamos embora?

Na escolha de uma pizzaria, churrascaria, salão de barbeiro ou cabeleireiro, médico ou dentista parece haver muitas opções, e liberdade de eleger a melhor; não simplesmente a - menos pior.
Se elegemos uma pizzaria e chegando lá encontramos uma barbearia; ou escolhemos um bom médico e nos levam a um no qual não confiamos com certeza não sentiríamos respeito a nossa liberdade.

Obrigações em fazer assim… Obrigação em optar entre fracas opções… Escolher uma e cair em outra.

Se fosse em Atenas, na Grécia antiga, ficaria claro que apenas alguns decidem. Hoje mudou muito. Ou teria mudado pouco? Quem de fato decide? Se diante centenas de opções nos é apresentado apenas meia dúzia e de baixa qualidade, fica a pergunta:

A culpa é de quem? Há democracia? Talvez, mas com várias restrições!


sábado, 9 de setembro de 2017

Quando a morte ronda a mente



No Brasil são 32 pessoas por dia, é o 8º país no mundo. No mundo, a cada 40 segundos, uma pessoa é atingida por esse mal. O problema se intensifica a partir do momento em que as vítimas deixam outras vítimas; familiares e amigos. Esses se perguntam: “Por quê?”. “Como eu não percebi?”. “O que eu poderia ter feito para ajudar; eu poderia ter impedido?”.

Esses índices e pensamentos são dados alarmantes e não podem passar despercebidos, não podem ser “varridos para debaixo do tapete das ilusões e da indiferença”. Afinal de contas, se a morte em si já deixa dor, sofrimento e saudades, imagine lidar com a perda de alguém amado que tirou a própria vida.

Quem tira a própria vida? Quem se torna seu próprio assassino? Que tipo de problemas essas pessoas enfrentaram? Elas dão sinais de que as coisa não vão bem e podem se matar?

Segundo a psicóloga, Ana Cláudia de Souza: “As pessoas propensas ao suicídio, são aquelas que estão passando por dificuldades na sua vida de relações”. Ela acrescenta: “Não existe alguém com tendência biológica ao suicídio...o suicídio é uma saída inventada num momento de desespero”.

Ana Cláudia ainda explica: “As pessoas para entrarem numa situação de desespero estão experimentando uma situação de solidão; não tendo com quem contar… estão isoladas de certa forma… os sinais sempre existem, mas geralmente quem está ao redor não consegue perceber”.

Estão entre os que cometem suicídio; idosos, jovens entre 15 e 29 anos, além é claro de adultos e crianças.

Os sinais, para quem é da família ou amigo, parecem ficar claros após a tragédia.

Quando uma pessoa se decide pelo suicídio ela entra no que muitos terapeutas chamam de - falsa calmaria. Ou seja, aquela pessoa que parecia estar muito mal, de repente, demonstra uma súbita melhora. (Faz lembrar uma expressão popular da chamada - melhoradinha da morte, onde alguém muito doente parece apresentar uma rápida melhora em sua saúde e ânimo)

Por vezes o suicida dá sinais por resolver algumas coisas pendentes, organizar documentos e até distribuir presentes.

O psiquiatra, Guido Palomba, diz: “A questão do suicídio sempre está ligada a uma mente perturbada, que precisa de tratamento; sem transtornos mentais não há suicídio”

Os especialistas nos lembram de algo bastante lógico: “O instinto primário humano é o da preservação da vida e não tirá-la”.
E a imprensa? Um considerável número de psicólogos e jornalistas concordam que a imprensa não deve anunciar casos de suicídio, mas são a favor de boas campanhas de prevenção.

O psicólogo Manoel Marinho, também a favor de boas campanhas de prevenção, lembra da cautela que se deve ter ao mencionar o suicídio. Marinho alerta para o cuidado com expressões que podem ser - mal interpretadas por alguém propenso ao suicídio, por isso jornalistas, psicólogos e psiquiatras precisam trabalhar juntos a fim de evitar equívocos sobre o que dizer e escrever.

A religião. Por mais que cumpra um importante papel na sociedade certos conceitos e afirmações religiosas servem também como uma pancada nas famílias, um peso a mais.

Por exemplo, se religiosos vão até presídios realizarem suas evangelizações e dizem a um detento que já matou uma ou mais pessoas, estuprou, sequestrou e fez outras barbaridades, que ele, o criminoso, se arrepender dos seus crimes o Senhor a de perdoá-los; fica a questão: Se até criminosos têm direito ao perdão de Deus, por que alguém que num estado de perturbação mental chegou ao ponto de tirar a vida não teria direito ao perdão do Supremo Juiz do universo, amoroso e conhecedor dos “corações” humanos?

Ora, e quem se mata por ter ganhado na loteria, porque os filhos se formaram na faculdade, por ter se curado de uma grave doença ou por conseguir se aposentar? Nós nos matamos para nos aposentar?

Quem chega ao ponto de cometer suicídio está completamente doente, fugiu-lhe a razão, as esperanças; não quer dizer que não seja alguém que não tenha fé em Deus. Pessoas com fé também adoecem; câncer, diabetes e outras doenças. Só precisamos abrir a mente para entender que depressão e outros transtornos mentais são problemas que fogem ao controle dos que a têm.

A ajuda espiritual com certeza é importante, traz paz mental e equiíibrio. No entanto, na maioria dos casos se faz necessário ajuda profissional; psiquiatras e psicólogos, boa terapia e apoio da família.

Aí entra nosso “olhar” humano, amigo, sensível. Fazer de conta que não é nada de mais e dar exemplos horríveis do tipo: “Vou te levar para ver crianças com câncer ou outras doenças, aí tu me dizes se tens algum problema”. Que oportunidade de ficar com a boca fechada foi perdida. Frases do tipo só aumentam a dor de quem sofre a depressão.

Também se culpar por não ter percebido os sinais de um parente que se matou não é o caminho. A maioria de nós não o notaria. O que não podemos é fechar os olhos para essa triste realidade.

Pare e pense, a média é de que uma pessoa a cada 40 segundos comete suicídio em todo o mundo; 32 por dia só aqui no Brasil. Quantos se mataram durante os poucos minutos que leu essa coluna?

Há um ditado: “O pior cego é aquele que não quer ver”.

Esse “criminoso”, denominado, suicídio, pode atingir qualquer pessoa que tenha conflitos e perturbações mentais e não se tratar. É ir na contra-mão do extinto natural de sobrevivência.

Há pessoas lutando com tratamentos dolorosos para manter a vida. Outros aguardam a doação de um órgão. Alguém no mar que tivesse uma ou as duas pernas arrancadas por um tubarão ainda assim se esforçaria para sair de água e continuar vivo.

Por quê? Porque não há nada melhor do que respirar, ver, sentir aromas e sabores, receber beijos e abraços de pessoas amadas, cuidar da espiritualidade, produzir, viver.

Então, se estiver num momento especialmente difícil ou conhece alguém nessa situação saiba que há várias saídas. Procure por psicólogos e psiquiatras. Nada está perdido.

Jamais deixe esse vilão que parece a mais fácil alternativa levar vantagem…

Viva e viva!

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Barbearia - Cabelo, dente e testículos



No dia 06 de setembro é comemorado o dia do barbeiro e a pergunta é: O que o amigo leitor já disse, ouviu, trouxe ou deixou com o seu barbeiro? (Abre-se aqui o mesmo convite às leitoras em relação ao seu cabeleireiro (a), ou manicure)

Aparentemente deixamos somente os cabelos e barbas cortados, mas na verdade deixamos e trazemos muito mais.

Quantas coisas do dia a dia, problemas, dúvidas, perturbações, alegrias e realizações já compartilhamos nas barbearias, caso tenhamos frequentado muitas, algumas, ou mesmo uma única?

Nas barbearias expressamos nossas opiniões e com educação ouvimos a dos outros; que espaço democrático!

Para os que pensavam que as barbearias estavam em extinção se surpreenderam.

As barbearias e barbeiros estão em constantes avanços, e que avanços. Se antes os barbeiros ofereciam cabelo, barba e bigode com o tempo passaram a prestigiar seus clientes com uma TV colorida, depois com TV a cabo. As coisas foram evoluindo e até ar-condicionado já havia em muitas barbearias. Mas não parou por aí; chegou a internet, agora computadores também estavam a disposição dos fregueses e dos barbeiros para seus mais diversos usos. E como o progresso não para muitos salões instalaram videogames para seus clientes. Chegamos a um momento em que as velhas e boas revistas, ainda que bem vindas aos salões, cederam lugar ao WI-FI. Pronto, agora cada um acessa aquilo que quiser e nem vê o tempo passar. A menos é claro, aqueles que preferem marcar hora para cortar seus cabelos, o que em muitos salões de barbeiros se tornou comum.

No entanto, seja pela crise econômica ou para se ter uma nova e ascendente profissão muitos estão fazendo cursos e abrindo sua barbearia, mesmo que já tenham sua fonte de renda. Se há poucos anos a maior “briga” na concorrência era o preço, hoje não é mais.

Hoje, há barbearias que transformaram a antiga e simples sala/salão de barbeiro em espaços de um novo “universo masculino”. Cervejas, mesas de sinuca entre outros atrativos fazem o homem moderno sentir-se em três lugares ao mesmo tempo: Em casa, no clube e na barbearia.

Mas uma breve visão ou passeio ao passado nos mostra incríveis histórias desses profissionais.

Conta-nos a história que já houve há vários séculos os - Barbeiros-cirurgiões.

Além de cabelo, barba e bigode outros serviços eram prestados pelos barbeiros; entre eles, a extração de dentes, além de sangria, tratar de ferimentos de soldados em guerra, entre outros serviços médicos. Agora, para aqueles que resistem a ir cortar os cabelos, seja adulto ou criança que tenha certa preguiça de cortar os cabelos, pasmem com o que os barbeiros também já cortaram.

No império Bizantino, Constantinopla, havia os - castrati. Homens castrados que tinham voz aguda que cantavam e encantavam seus senhores no coral de palácios e igrejas.

Mas foi na Itália, a partir do século XVI, que os castrati ganharam destaque. O Papa Sisto V baniu as mulheres de cantar em público. A igreja abria assim um caminho sem volta e sem escolhas. As amputações só eram permitidas pela igreja se fosse questão de vida ou morte.

Já se sabia que meninos castrados, preferencialmente antes da puberdade, cresciam e ficavam com vozes agudas; muito importantes nos corais. E como a igreja não permitia meninas no coral, a função ficava para os meninos. Geralmente órfãos, abandonados, ou de famílias muito pobres que entregavam pelo menos um filho para o conservatório da igreja em Nápoles.

Em alguns lugares se lia: “Qui si castrano rapazz”. (Aqui se castram rapazes)

E quem castrava? Entre eles os - barbeiros. Consegue imaginar aquele menino que não quer ir cortar o cabelo nem a “pau”, porque não tem paciência, ou aqueles adultos que não têm tempo ou não querem gastar? Isso para cortar os cabelos; imagine os testículos.

Eunucos a força para o bem do coral de igreja. Belas vozes às custas de partes que os meninos não tinham a opção de dizer: “Não senhor, é só o cabelo mesmo!”

Faz tempo que isso mudou, que bom. Hoje, vamos à barbearia para - cabelo, barba e bigode e os confortos dos modernos salões ou mesmo os mais tradicionais.

Uma coisa é certa, o convívio barbeiro/cliente e cliente/barbeiro vai muito além de cortar cabelos e barbas. Claro que há salões em lugares de grande circulação onde não há tempo para muita conversa e convívio, mas mesmo nesses locais há grandes histórias.

Portanto, quando for ao seu barbeiro, se for possível, deixe sempre alguns minutos para essa troca de experiências e boas discussões, afinal de contas, lá na barbearia tudo pode ser discutido desde que haja respeito de ambas as partes. E não é isso o que precisamos, trocar e ouvir novas ideias?

Digo de “cadeira”, na cadeira de barbeiro na qual escrevi essa crônica que nesses 21 anos de profissão que os salões e os barbeiros atravessam gerações e evoluem. Não cheguei a ser um - barbeiro-cirurgião, mas graças às inúmeras possibilidades e observação me tornei escritor, radialista, jornalista e continuo estudando e pensando: O que mais teremos pela frente além do - cabelo, barba e bigode? O que mais veremos nas modernidades de estilos de cortes e salões?

Uma coisa a de permanecer: Só há barbeiro com cliente, e só existem histórias se mantivermos vivo esse vínculo.

Quando for ao seu barbeiro deixe que a cadeira vire seu divã, seu barbeiro um amigo e tu serás sempre um bom companheiro. De um jeito ou de outro nossas vidas e histórias passam pela - Cadeira de barbeiro.

De preferência com o tema reformulado: Barbearia - Cabelo, barba e bigode!

domingo, 27 de agosto de 2017

quarta-feira, 23 de agosto de 2017



Há pessoas que dizem que não têm fé, outros que a perderam. Mas de um jeito ou de outro, admitindo ou não, praticamente todos temos nossa medida de - fé.

O velho companheiro - Dicionário Prático de Língua Portuguesa - diz que fé é:

“Crenças, crenças nas doutrinas de alguma religião. Fidelidade a compromissos e promessas; confiança”. Nota-se que o termo fé é bastante abrangente e um tanto confuso para muitos.

O agricultor tem fé que as sementes lançadas darão os “frutos” esperados.

Astrônomos e cientistas têm fé de que não haverá alterações no universo sem motivos esperados em seus profundos estudos. Podem calcular que um foguete ou qualquer outro aparelho viajará por centenas de milhares ou até de milhões de quilômetros e mesmo com o passar do tempo e de certos movimentos seus objetivos darão certo, e dão mesmo.

Em tempos de dificuldades esportivas, como o futebol catarinense, por exemplo, a fé parece ser necessária. Avaí rumo a série B. Figueirense rumo a série C; haja fé.

A situação econômica exige ainda mais fé. Aqueles que deveriam estar trabalhando para melhorias do Brasil; no campo econômico, da saúde, da educação, da segurança, da cultura; enfim, de tudo o que a população precisa, estão trabalhando para não ir para a cadeia, para provar sua inocência. Eles têm uma forte fé ou que outra qualidade?

Nessa situação a população precisa de mais fé. Quem neste exato momento está “lutando” pela sociedade?

Confesso que sempre vi com espanto a fé demonstrada no esporte. O jogador que faz um gol levanta a camiseta e mostra o nome de Jesus. Então me pergunto, se o goleiro que sofreu o gol estivesse usando uma camiseta similar também deveria levantar a camiseta como protesto? Teria ele menos fé do que o outro jogador? Ou o Senhor tem um time preferido? O Senhor torce pelo Figueira ou pelo Avaí, pelo Brasil ou pela Argentina?

E sem contar aqueles que fazem uso de imagens religiosas, nome do senhor ou uma breve reza ou oração antes de esmurrar a cara do adversário. Talvez por isso sempre haja muito sangue e dor. E partidas de futebol terminem por vezes - empatadas.

Há outra expressão explicativa para fé: “A fé é a firme confiança de que virá o que se espera,a demonstração clara de realidades não vistas”. Bíblia. Hebreus 11:1

A fé parece ser abrangente; quando se refere à confiança, a fidelidade a compromissos; muitos parecem ter.

Já em termos de espiritualidade é algo ainda mais profundo. Fazer julgamento de juízo de valores é algo que não nos cabe. Até porque a fé pode ser demonstrada ou fingida.
Pode ser positiva ou questionável. Quando um corrupto é apanhado, mesmo diante de provas, gravações e filmagens, ele diante jornalistas e para todo o país, diz: “Eu sou inocente!”. Talvez até ele acredite nisso.

Então, quando um amigo ou amiga der aquele carinhoso tapinha nas nossas costas e sorrindo dizer: “Tenha fé, as coisas vão melhorar”.

E quem duvida que o futuro trará tristes desafios? E quem duvida que as coisas vão melhorar?

Em ambos os pensamentos há uma medida de -fé!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

domingo, 20 de agosto de 2017

Acompanhe também minhas crônicas e entrevistas nas colunas - Na cadeira do barbeiro - Portal Instituto Caros Ouvintes Para Pesquisa e Estudo de Mídia. Confira nesse link: http://www2.carosouvintes.org.br/author/deivison/
"Não me sinto obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de sensibilidade, inteligência e razão não queira que as utilizemos". Galileu Galilei.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Nossos melhores advogados



Há um dito popular pra lá de interessante: “De médico e louco todo mundo tem um pouco”.

E quem duvida é louco, mesmo que seja médico.

Uma coisa é certa; quando se trata da nossa defesa ou de quem gostamos, em assuntos do cotidiano, falhas, erros e faltas, defendemos e argumentamos como “verdadeiros advogados”.

O oposto é verdadeiro. Quando não gostamos de qualquer atitude de alguém que não seja nosso amigo somos os mais severos “promotores públicos, implacáveis advogados de acusação”.

Há uma breve história de uma mulher que agiu como “advogada e promotora”; o fato de ser uma sogra é coincidência, afinal de contas, ela entra nos dois papéis. A história:

Dona Florisbela recebeu a visita da filha, Ana, que disse de maneira animada:

- Oi mãe, eu tenho uma grande novidade. A senhora não vai acreditar, o Carlos comprou uma máquina de lavar roupas. Estou tão feliz.

A mãe de Ana, sua “advogada, e “promotora” do genro, disse:

- Estava mais do que na hora. Não és escrava para ficar lavando roupas na mão, no tanque!

No dia seguinte dona Florisbela recebeu a visita do filho, Otávio. Ele entra na casa da mãe e diz:

- Mãe, hoje vou comprar uma máquina de lavar roupas para a Julia. Ela está sofrendo para lavar roupas nas mãos e na água gelada do tanque.

Dona Florisbela, mãe e “advogada” de Ana e “promotora” da nora, Julia, diz:

- Mas é só o que me faltava. Tu vais te meter em dívidas porque a donzela não quer molhar as mãos com água fria. Lavei roupas na mão, no tanque, por anos e não morri por isso.

“Advogados e promotores” quando nos convém. Quem melhor do que eu para me defender? Agi assim por isso… Falei aquilo porque ele me disse assim… Não fiz aquele trabalho devido a… Até concordo com o que ele me disse, mas falar dessa maneira…

Desculpas e acusações desenvolvemos bem cedo. Admitir erros e aprender deles é um processo mais lento, mas traz madureza.

Um breve texto para reflexão quanto a nos ofendermos com facilidade:

“Também, não dê atenção a todas as palavras que as pessoas dizem, senão você poderá ouvir seu servo amaldiçoá-lo, pois você no íntimo bem sabe que você mesmo, muitas vezes, amaldiçoou outros”. Bíblia. Eclesiastes 7:21,22.

Isso porque nem falamos em agirmos como “juízes”. Seja nos papéis de “advogados, promotores e juízes”, quando simplesmente defendemos, acusamos ou julgamos de acordo com os nossos critérios, o que na maioria das vezes é fortemente influenciado por sentimos pessoais, parciais e até tendenciosos só facilitam “julgamentos injustos”.

Até a imprensa por vezes faz esses papéis. E por quê?

A dona Florisbela opera em nós mais do que imaginamos. Talvez se formos mais “fiscais” de nós mesmos vamos conseguir calar ou equilibrar esses “advogados” parciais e tendenciosos.

Se a nossa memória estiver boa nos lembraremos agora mesmo qual foi a nossa última defesa ou acusação. Talvez dê tempo de pensar mais e julgar menos!

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Justo no mínimo?



Há uma frase elaborada e pronunciada por um homem muito sábio: “Quem é fiel no mínimo é também fiel no muito, e quem é injusto no mínimo é também injusto no muito”. Jesus Cristo - Lucas 16:10

Seja no famoso jeitinho brasileiro na Lei de Gérson, ou ainda na Lei de Murphy, muitos se perdem quanto aquilo que é aceitável e honesto ou incorreto e o agir de má fé.

Na Lei de Murphy, “se algo pode dar errado, algo dará errado”.

Na Lei de Gérson, “se algo pode dar errado, não tem problema, pois mesmo que der errado, a gente dá um jeitinho de fazer dar certo”. Daí o famoso “jeitinho brasileiro”.

E por falar em justiça lembrei de um ato de sabedoria do saudoso pai do jornalista e radialista, Mário Motta. O Mário contou que seu pai fazia o seguinte com ele e seu único irmão.

O pai do Mário comprava uma Maria Mole e mandava o irmão do Mário cortá-la ao meio. E aí vinha a lição: O irmão cortava, mas o Mário era o primeiro a escolher com qual parte ficaria. A lição dispensa explicações. Que sabedoria em atos de justiça!

Hoje, a inversão de valores têm levado pessoas a passarem por cima de muitos valores. Valores esses que muitas vezes elas próprias criticam: A falta de honestidade, a imprudência, o agir com má fé. Como praticamente todos nós temos “telhado de vidro”; sejamos sinceros; quem de nós nunca fez algo que se tivesse pensado melhor não teria feito?

Mas em geral as pessoas têm um bom comportamento. Ou será que só o temos quando nos convém?

Há poucos dias conversei com um funcionário de uma conhecida rede de supermercados sobre clientes que agem de maneira indevida. Confesso que prefiro usar a expressão, agem de uma maneira de dar nojo.

Existem pessoas, e não são tão poucas, que vão aos supermercados e procuram exaustivamente por produtos que estejam com a data de validade vencida. Então, com a maior “cara de pau”, ou não, vão até um funcionário e exigem levar o produto ou produtos de graça. Se sentem enganadas. Coitadinhas. Quantos desses reclamam da corrupção no Brasil?

Ouvi vários relatos sobre desvio, roubo de produtos doados a asilos e orfanatos. Roubos praticados por pessoas que trabalham nesses lugares. Mas os que contaram, que presenciaram, têm medo de denunciar, medo de retaliações.

Os famosos “gatos” na corrente elétrica e na água e tantas outras atitudes revelam o que há de pior em muitas pessoas.

As sábias palavras dão o que pensar: “Quem é infiel ou injusto em pequenas coisas é também em grandes coisas. O oposto é verdadeiro, ainda bem; quem é fiel e justo em coisas pequenas também o é em grandes coisas”.

É tempo de pensar nas famosas lições que deixamos para os nossos filhos e os filhos dos outros. Eles serão o futuro de uma geração que segue as leis que lhes convém ou daqueles que mantém a integridade?

O presente tem falado e o futuro o dirá!

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Ditados questionáveis



Há ditados que “caem como uma luva”; servem para alertar que “seguro morreu de velho”. Ou ainda, nos faz ver que “o chapéu serviu”.

Já outros nos deixam com “uma pulga atrás da orelha” quando ouvimos o famoso “faça o que digo, mas não faça o que eu faço”.

Tem aqueles que nos abrem os olhos, “quem vê cara não vê coração”.

Mas, aqui entre nós, há ditados que não descem nem com uma Coca-Cola bem gelada.

Alguns que tenho ouvido ao longo dos anos e particularmente considero muito questionáveis:

“A ocasião faz o ladrão”. Bem, se assim fosse, isso significaria que todos somos ladrões em potencial. Seus filhos, meus filhos, minha mãe e seu pai. Caráter e integridade se têm ou não. Quem não é ladrão, quem não é desonesto jamais aproveitaria uma - suposta oportunidade para roubar. Logo, a ocasião parece não fazer o ladrão, antes, “a ocasião revela o ladrão. Revela; não faz. Quem é desonesto é revelado na primeira oportunidade, a procura, a cria.

“Em time que está ganhando não se mexe”. Grandes empreendedores discordam desse ditado. Ele dá entender que se parece que as coisas vão bem, pra que mexer? Acontece no concorrido mercado de trabalho ou quaisquer outras situações. Parece cômodo deixar como está. Pensar ou dizer: “Ah, tá bom assim, pra que mexer, pra que ter trabalho se está dando certo?” Com certeza sempre há o que aprimorar, mesmo que o “time” esteja ou pareça estar ganhando.

“Política, futebol e religião não se discutem”. O que se discute então, novelas, programas de TV de baixa qualidade, a cor da casa do vizinho? Parece que muitos entendem que - discutir - seja sinônimo de brigar, de falar mais alto, de ser o dono da razão, sem contar o medo de ouvir uma opinião ou ideia diferente da nossa ou das que nos empurraram “guela abaixo” ao longo da vida, sem nos dar o direito que perguntar o por quê?

E pensando bem, a quem interessa que tais temas não sejam discutidos de forma inteligente, respeitosa e adequada senão aos que dominam e lucram sobre a ignorância?

“Deus é pai não é padrasto”. Os bons padrastos e madrastas que o digam; como é cruel esse ditado. Há padrastos e madrastas que são mais que verdadeiros pais e mães. E nem é só porque também sou padrasto. Sou pai assim como outros que não são pai ou mãe de sangue; qual a diferença?

“Era para ser assim. Tinha que acontecer”. Se ouve muito isso após tragédias, até no trânsito. Se fosse verdade não haveria culpados ou responsáveis e irresponsáveis; afinal de contas, se era para ser...tinha que acontecer.

Questionar de forma respeitosa e com interesse em aumentar a compreensão é algo necessário.

Algumas frases que são mais do que ditados: “O homem nasce livre e por toda parte é acorrentado”. Jean-Jacques Rousseau. O que leitor tem em mente quando lê isso?

“A pessoa ingênua acredita em qualquer palavra, mas quem é prudente pensa bem antes de cada passo”. Provérbios 14:15. Qual o significado dessas palavras?

Ditados interessantes e questionáveis estão por aí. Chegamos numa época em que se diz:
“Ele rouba, mas faz”.

“A voz do povo é a voz de Deus”. Esse me faz escorregar na cadeira ao escrevê-lo; quando o escuto sinto o estômago embrulhado. Quem disse esse absurdo? Uma coisa é respeitar o povo, a população, seus direitos e deveres, ouvir sua voz, mas o ditado em si é horrível.

Quando as opções são poucas e ruins qualquer ditado pode ser aceito. Eles acabam caindo como uma luva nas mãos de quem prefere que nada se discuta, que nada mude; afinal de contas, se em time que está ganhando não se mexe...

Mas qual o time que está ganhando? E quem vai questionar?




terça-feira, 25 de julho de 2017

O amor e seus idiomas



Quando namoramos passamos horas conversando, ouvindo ele ou ela; seus planos e objetivos. Costumamos o incentivar com palavras animadoras: “Faça isso mesmo, vá em frente, tu tens potencial, não desista, estou do seu lado”.

Sem contar que beijos e abraços ocorrem em abundância; também as danças de rostos colados; não há dia cansativo capaz de nos impedir de namorar. Mas com o tempo para muitos casais as coisas mudam, ocorre um afastamento. Por quê?

Um marido disse: “Minha esposa chegava em casa do trabalho e me contava dos problemas do seu serviço. Eu a escutava e depois lhe dizia o que, em minha opinião, ela deveria fazer. Sempre dei conselhos”. Esse marido prosseguiu dizendo que mesmo com todos os seus conselhos sua esposa continuava chegando em casa a cada dia relatando os mesmos problemas.
Ele dava mais e mais conselhos. Depois de alguns dias ouvindo as reclamações da esposa e percebendo que ela não colocava em prática suas sugestões, ele disse:“Já falei várias vezes o que você deve fazer, mas como você não me ouve, não quero mais saber.
Poucos dias depois sua esposa foi embora.

Por quê? Ela não queria e nem precisava de conselhos; apenas ser ouvida e talvez abraçada. Queria saber que era compreendida e amada. Possivelmente uma frase do tipo: “Poxa, isso deve estar sendo muito desgastante para você, quero que saiba que estou do seu lado em tudo o que precisar”. O próprio marido chegou a essa conclusão depois de perder a esposa.

Essa é uma das muitas histórias do livro: As 5 Linguagens do Amor, de Gary Chapman.

O autor crê que há 5 linguagens do amor, ou seja, cada um de nós manifesta uma em especial, talvez duas.

São elas: Palavras de afirmação - Tempo de qualidade - Presentes - Atos de serviço - Toque físico.

Então, não é minha ou a sua língua, mas sim a do nosso cônjuge.

Qual língua fala a sua esposa ou seu marido? Somente aprendendo o seu idioma, a sua língua, é que iremos nos comunicar com sucesso, teremos um namoro por anos e décadas após estarmos casados, enfrentaremos juntos dificuldades e vamos colaborar com o que faz nossa esposa ou marido feliz.

Há de fato um certo egoísmo em cada um de nós. Note essa frase: “Buscando não somente os os seus próprios interesses, mas também os interesses dos outros”. Filipenses 2:4. Bíblia.

O que nos leva por vezes a sermos mais pacientes com estranhos do que com a esposa ou com o marido? Por que as qualidades do anterior namorado ou namorada, agora esposa ou marido parecem ter desaparecido ou diminuído? E se elas estiverem bem ali, onde sempre estiveram?

Por que ofensas em vez de palavras doces como nos tempos de namorados?

“Uma resposta quando branda faz recuar o furor, mas uma palavra dura atiça a ira”. Provérbios 15:1

Paixão é um sentimento forte onde idealizamos alguém como - perfeito. Ele ou ela parece ser a pessoa certa para mim. Mas se ela não souber e não falar a nossa língua/idioma; palavras de afirmação (elogiar, reconhecer e valorizar o que fazemos); tempo de qualidade (passar tempo juntos, não apenas assistindo televisão, mas conversando, passeando, namorando); presentes (receber presentes enche o tanque emocional de quem tem essa linguagem, o que não quer dizer presentes caros, ou que a pessoa só se interessa por coisas materiais); atos de serviço (ajudar o cônjuge em tarefas em que ele ou ela considere importante receber essa ajuda de maneira regular e com boa vontade); toque físico (pessoas que têm a necessidade primária do toque, carinho, beijos, abraços e sexo).

Na paixão, no namoro, é comum que nem nós mesmos saibamos qual é a nossa linguagem primária; quanto mais a do outro. Depois de casados, com os problemas e dificuldades e o “tanque emocional” não abastecido porque nem nós nem nosso cônjuge sabe como se comunicar conosco, a situação acaba por piorar.

Então, qual é a sua linguagem? Mais importante - qual é a língua ou o idioma principal do seu cônjuge? Eu descobri o meu e o da minha esposa. Note que pode ser mais de um, no entanto há o principal.

Aprenda um novo idioma, descubra a língua de quem tu amas. A comunicação será bem mais fácil e a compreensão levará a um namoro que durará anos.

Se eu soubesse cozinhar e fizesse uma lasanha deliciosa para quem eu amo, mas se essa pessoa tem como seu prato preferido o churrasco, qual ele ou ela preferiria?

Entre tantos idiomas vale a pena aprender o idioma do seu amor.

Quando entendemos o idioma de quem amamos e o usamos o “tanque emocional de cada um fica abastecido. O resultado é uma feliz união!

terça-feira, 18 de julho de 2017

No berço da intolerância



O berço traz a ideia de algo esperado, alguém desejado, de todo um futuro a ser percorrido com a garantia humana de liberdade.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) disse que “o homem nasce livre e por toda parte é acorrentado”. “Correntes” intelectuais, sociais e pedagógicas servem inevitavelmente a governos que desejam perpetuar seu poder e suas incalculáveis vantagens.

Mas no século XXI e na reta final da segunda década ainda há modelos que horrorizam pela intolerância, qualidade tão desprezível que aceita fazer uso de quaisquer critérios para manter seu poder absoluto.

Há exatos 100 anos à Rússia passou por uma revolução; a implantação do primeiro - regime socialista - da história. Como em todas as revoluções, inclusive as ocorridas no Brasil, espera-se por mudanças para melhor, o que na prática não ocorre para a população; tanto que muitos estudiosos as chamam de “contra-revolução”.

O “berço” da Rússia, com promessas de melhoras não trouxe ideias e ideais de liberdade, ao contrário, de repressões.

Faz muitos anos que a organização religiosa das Testemunhas de Jeová na Rússia enfrenta dificuldades para efetuar suas atividades; outras religiões também têm passado por isso.

Depois de várias ações contra as Testemunhas de Jeová, no último mês de abril, o Supremo Tribunal Federal da Rússia decidiu proibir por completo as atividades da religião conhecida em todo o mundo por sua; evangelização realizada de casa em casa, atividades com carrinhos de publicações bíblicas e suas reuniões conhecidas como pacíficas.

Acusadas de extremistas, sem nenhuma prova clara, tiveram seus mais de 395 locais de encontros religiosos confiscados e seu site oficial e reconhecido em todo o mundo, bloqueado.

Digno de nota: Desde maio de 2008 a Rússia aprovou um programa chamado - Glória dos pais. A ideia é premiar os pais de famílias russas que tenham pelo menos 7 filhos e sejam considerados exemplares na maneira de criar seus filhos, principalmente no campo da educação, saúde, boa moral e que sirvam de modelo para a sociedade russa.

Encontrei informações e detalhes no site oficial das Testemunhas de Jeová: https://www.jw.org/pt/

A família que recebeu esse prêmio, pelas mãos do próprio presidente russo, Vladimir Putin, no último dia 31 de maio, foi justamente uma família de Testemunhas de Jeová que tem 8 filhos.

Inúmeras pessoas reconhecidas e respeitadas na Rússia falaram em favor das Testemunhas de Jeová; até mesmo alguns que admitem não simpatizar com suas crenças comentaram que dizer que são - extremistas, proibir suas atividades e confiscar seus prédios - é algo horrível.

O “amigo dicionário” define berço também como lugar de nascimento. O ser humano nasce livre ou não? Parece que o pensamento de Jean-Jacques Rousseau nos mostra algo ainda mais profundo: “O homem nasce livre e por toda parte é acorrentado”.

Acorrentado é símbolo de prisão, de restrição, de não dar o direito de ir e vir e expor ideias e pensamentos, o que pode nos levar ao crescimento intelectual, absolutamente necessário para todas as pessoas e em todas as épocas e culturas.

Será que a humanidade começa a “engatar a marcha ré” em termos de verdadeira liberdade?

O Supremo Tribunal Federal da Rússia aceitou ouvir apelação da decisão anterior no dia 17 de julho de 2017.

Que os berços continuem sendo o lugar de algo esperado, de alguém desejado e com um belo caminho a ser percorrido com liberdade. Com liberdade!


terça-feira, 11 de julho de 2017

Trocarias de vida com alguém?



Quem já não se extasiou com o cheiro do churrasco do vizinho, quem sabe aquele feijão cozinhando? E o perfume do café enquanto está sendo passado.

E quantas mulheres já disseram: Ah, se o meu marido fosse assim…

E quantos homens já suspiraram: Ah, que mulher, hein…

E os pais: Se meus filhos obedecessem assim, me sentiria rico.

E os filhos: Poxa, como os teus pais são gente boa.

E lá vai: Que emprego, hein. Que casa. Que vida!

Mas, e se pudesse trocar, trocaria ou mudaria alguma coisa?

Leia, por gentileza, essa breve história, de autoria do poeta, Olavo Bilac (1865-1918)

O dono de um pequeno comércio, amigo do poeta Olavo Bilac o abordou na rua:

Senhor Bilac, que bom que o encontrei. Estou precisando vender o meu sítio o qual o senhor bem conhece. Poderia redigir um anúncio no jornal?

Bilac escreveu:

“ Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros ao amanhecer. Há um extenso arvoredo cortado pelas cristalinas águas de um ribeirão. A casa é banhada pelo sol nascente e oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”.

Meses depois o poeta perguntou ao homem se ele havia vendido o sítio. O homem respondeu:

-Nem pense mais nisso. Depois que li o seu anúncio é que percebi a maravilha que tenho.

Então, se alguém me perguntasse hoje: Trocarias de vida com alguém? Bem, se eu tenho bom senso e ainda assim algo a reclamar, preferiria ser como o poeta que escreveu o texto acima.

O modo como encaramos as coisas; a gratidão e alegria por cada conquista; o valor do aprendizado de cada erro; poderiam nos fazer ver que a questão não é trocar, e sim como encarar.

Prefiro pensar que nossos olhos ficam embaçados com problemas e não visualizamos quão belo é o nosso “sítio”. E sabe lá quantos o desejam.

Que tal trocar a maneira de olhar?


terça-feira, 4 de julho de 2017

Qual lição marcou sua infância?



Um conhecido ditado diz: “É de pequenino que se torce o pepino”.

A informação é clara: As crianças precisam ser ensinadas, educadas; o que inclui bons modos, respeito aos mais velhos, as autoridades, pais, policiais e professores.

Essas ações com certeza produzem jovens e adultos educados; e quem não aprecia conviver com alguém realmente - educado?

Mas há uma certa confusão quando falamos em educar crianças. Cabe a quem, aos pais, escola, professores?

Émile Durkheim, sociólogo e antropólogo francês (1858-1917), entre tantas frases e elaborações pedagógicas, disse:

“Se professores e pais sentissem , de uma forma mais constante, que nada se pode passar diante da criança sem deixar nela alguma marca, que o moldar do seu espírito e do seu caráter depende destes milhares de pequenas ações insensíveis que se produzem a cada instante e aos quais não prestamos atenção por causa da sua insignificante aparência, como zelariam mais pela sua linguagem e pela sua conduta! Seguramente, a educação não pode chegar a grandes resultados quando procede por safanões bruscos e intermitentes.”

Há mais de 100 anos, Durkheim, em seus estudos e pesquisas percebeu algo que até hoje acontece. “Se pais e professores realmente soubessem que nada passa despercebido aos olhos e ouvidos de uma criança que não venha a influenciar em sua vida adulta; como iríamos cuidar mais e melhor do que nossas crianças ouvem e presenciam.

Friedrich Froebel, pedagogo alemão (1782-1852) foi responsável pela criação do - Jardim de infância, em alusão ao jardineiro cuidando da planta desde pequenina para que cresça bem.

Uma passagem registrada há milhares de anos, diz: “E vocês (pais), devem inculcar (ensinamentos) em seus filhos… andando pela estrada, ao deitar e ao levantar”. Bíblia. Deuteronômio 6:7

E mais essa: “Eduque a criança no caminho em que ela deve andar, mesmo quando ela envelhecer, não se desviará dele”. Bíblia. Provérbios 22:6

Diante esses pensamentos tão profundamente elaborados, qual a lição que marcou a sua vida? Partiu da mãe, do pai, de um professor, ou de outra pessoa?

Lembro que quando eu tinha uns 13 anos e acompanhava meu pai em algumas manutenções de elevadores aconteceu algo importante. Certa tarde de sábado, enquanto testava os botões dentro de um elevador, encontrei um Carnê do Baú da Felicidade, do Silvio Santos. Quem lembra? Bem, encontrei o carnê com uma quantia muito elevada para um garoto de 13 anos. Coloquei o carnê com o dinheiro por baixo da camisa. Assim que meu pai entrou no elevador descemos até o andar térreo. Lá avistamos o porteiro do condomínio tentando consolar uma mulher que chorava muito. Meu pai perguntou o que houve e ela explicou que trabalhava a semana toda como empregada doméstica e aos finais de semana vendia os carnês, mas acabara de perder tudo. Imediatamente peguei o carnê e o devolvi.

Lá fora, antes de subir na moto do meu pai, ele me olhou e disse: “Parabéns filho. Hoje você mostrou que é um homem de verdade. Devolver o dinheiro foi a coisa certa a fazer. Estou orgulhoso de você”.

Não creio que a mulher tivesse me recompensado em dinheiro, mas o elogio do meu pai valeu mais do que qualquer recompensa financeira. Que lição!

E o amigo leitor e leitora, qual a lição que marcou sua infância e te tornou uma pessoa melhor? Diga, por favor.

E quais lições nós estamos deixando para nossos filhos e outras crianças que marcarão a sua infância?

Ora somos pais, ora professores, outras tantas vezes um modelo para alguém imitar. Um alguém bem pequeno em tamanho, mas grande em inteligência e sensibilidade a ponto de copiar nosso exemplo por anos a frente.

Então, qual será a lição?

terça-feira, 27 de junho de 2017

Quando será a hora?



“Quando eu era criança tinha muito tempo e muita energia, mas não tinha dinheiro para fazer nada do que eu queria. Quando me tornei adulto passei a ganhar muito dinheiro e tinha muita energia, mas não tinha tempo para fazer o que eu gostaria. Hoje, tenho tempo e dinheiro, mas acabou completamente a minha energia”.

Ouvi algo parecido de um amigo há muito tempo e reescrevi do modo que acreditei ser o mais próximo dessa brilhante conclusão.

Quando é a hora, o momento, o instante de fazer aquilo que nos deixa felizes?

Na infância do passado havia diferenças. Não era incomum trabalhar e estudar; embora haja muitos que só trabalharam, se privando dos estudos.

Na infância atual quem escolhe o que fazer, os pais ou os filhos? Muitos vão dizer: “Ah, hoje os filhos fazem o que bem entendem”. Em muitos casos sim, já em outros, não. Há casos em que os pais, é que escolhem. O escritor Augusto Cury tem repetido em alguns de seus livros que uma criança de 7 anos hoje tem tantas informações quanto um imperador romano no auge do poder. Por quê?

Os pais, nas melhores das intenções, querem ver os filhos em bons colégios. Em outros horários querem que eles aprendam outro idioma. Também tem os esportes, futebol ou artes marciais, quando não, ambas. E pode-se arrumar tempo para aulas de música ou pintura. Na intenção de que os filhos tenham “um bom futuro” e fiquem longe das drogas, sobrecarregam os filhos.

Na vida adulta não há descanso. Trabalho. Crescimento profissional. Status. Dinheiro.

Aquela primeira casa ou apartamento precisa ser substituído por uma moradia melhor. O carro nem se fala. A cada ano, talvez a cada dois ou três e olha lá, tem que ser trocado.

E os idosos? Muitos estão largados em asilos, e nem todos recebem visitas.
Há aqueles vistos nas casas lotéricas fazendo suas apostas. Pra quê?

Ah, para ajudar os filhos, os netos. Pra quê? Tudo bem, cada um cuida da sua vida, mas a que custos? Homens e mulheres depois dos 70 ou 80 anos ainda buscando mais dinheiro.

Agora, as coisas que são verdadeiramente boas, que nos fazem rir, rir por dentro, no íntimo, aquilo que nos faz felizes, quando fazemos? Quando temos tempo?

Segundo o curto texto ali em cima, talvez curto como a nossa vida, nos mostre que nunca temos tudo, não ao mesmo tempo.

Ora energia e tempo, ora tempo e energia, ora tempo e dinheiro, mas, energia, tempo e dinheiro não é para todos, talvez para bem poucos.

Então me pergunto e também ao leitor: Ser feliz, ajudar outros a serem felizes; quando?

Pode ser num futuro distante. Pode ser que ele não chegue. Pode ser amanhã, quem sabe?

Mas, por que não hoje? O que nos impede?

Quando será a hora? Talvez assim que - decidirmos!

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Saber - Pra quê?


 
Há quase 50 anos acredita-se que o homem pela primeira vez pisou na lua. Há quem acredite com tranquilidade e quem duvida seriamente, mas há também quem diz: “Que diferença faz saber? O que mudaria em minha vida?”
 
Muitas pessoas e cientistas creem em Deus, outros não. E existem muitos que creem que o homem foi criado diretamente por Deus, outros acreditam que somos frutos de uma evolução.
 
Existem pessoas que defendem a pena de morte, outros são contra.
 
O Brasil e o mundo vivem um momento especial; grandes avanços tecnológicos e científicos e um declínio moral, social, de respeito a própria vida e a dos semelhantes; um incrível paradoxo de contra-evolução.
 
Diante todos os conhecimentos e desconhecimentos vivemos numa época em que podemos escolher: Saber - Pra quê?
 
Considerado o fundador da filosofia moderna, René Descartes (1596-1650), nos deixou essa frase de forte impacto, por mais simples que pareça: “ Penso, logo existo”.
 
Jean-Jaques Rousseau (1712-1778), também deixou frases aparentemente simples, porém, com o poder de levar a profundas reflexões. Pelo menos duas delas: “O homem nasce bom, a sociedade o corrompe”. E essa: “O homem nasce livre e por toda a parte é acorrentado”.
 
Auguste Comte (1798-1857) considerado o pai da sociologia, com o lema da “filosofia positiva”, tinha como objetivo em sua filosofia: “ Conhecer para prever, prever para prover”.
 
Linda lógica de Comte. De que adiantaria muitos conhecimentos se eles não fossem bem utilizados para prever e prover?
 
Entre tantos pensamentos, dúvidas e ansiedades podemos nos perguntar: Até que ponto as pessoas desejam realmente conhecimento? Que conhecimentos desejam? E para que o desejam?
 
Já nos foi explicado há tempo que a - educação vem de casa, pelo menos, deveria. A escola nos passa ensinamentos e certos conhecimentos. No mais, é ir atrás, desejar, buscar, abrir a mente, entender, deixar de lado nosso modo todo pessoal de ver o mundo, ou mesmo vê-lo à maneira como nos foi ensinado.
 
O filósofo brasileiro, Renato Janine, nascido em 1949, em seu livro: O afeto autoritário, diz algo que nos leva a refletir. Falando a respeito da programação da TV brasileira, Janine diz que ela - oferece a sociedade a pauta de suas conversas. O autor destaca que - basta ouvir o que as pessoas estão falando numa segunda-feira para saber o que foi ao ar nos principais programas dominicais.
 
E aí entra a questão: Qual a qualidade da programação? Ela tem ajudado a desenvolver nosso intelecto? Tem nos incentivado a entender o que é cidadania, ser melhores pais, professores e filhos? Ela, a mídia, tem interesse em ter uma sociedade inteligente o bastante para evitar fazer a pergunta tema dessa coluna?
 
Quem sabe responder: Os brasileiros têm uma verdadeira democracia? A imprensa é totalmente livre? Se não é, quais os motivos? Por que não como carne na sexta-feira santa? E por que essa sexta sempre cai numa sexta e não varia como as demais datas? Por que razão grande parte da população é escravizada por inúmeras datas comemorativas e imposta a gastos sem nem saber o motivo real daquela data; se concorda ou não?
 
Outra importante frase de reflexão: “ A pessoa ingênua, inexperiente, acredita em qualquer palavra, mas quem é prudente pensa bem antes de cada passo”. Bíblia. Provérbios 14:15
 
Então, se o homem foi ou não a lua pode não fazer diferença. Mas a verdade sobre isso tem peso. Afinal de contas, optamos por crer ou não crer naquilo que nos dizem.
 
Em tempos de contra-evolução, do paradoxo entre avanços e declínios, das conversas das redações de jornais a bares e barbearias; dizer o que pensamos é importante, é direito adquirido de um pouquinho de democracia.
 
Agora, buscar ouvir outras ideias, estudar, abrir a mente, ter pensamento crítico baseado no conhecimento mais concreto possível não é para qualquer um. Pensar - Pra quê?
 
Saber - Pra quê? Ora, o saber traz grandes responsabilidades.
 
Saber? Claro que sim!

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Aquela voz no rádio


 
Nasci em janeiro de 1973, em Florianópolis, mas sempre morei em São José.
 
A infância dos meninos dos anos 70 e 80 foi muito especial.
 
É claro que a das meninas também foi muito diferente das de hoje, especial.
 
Futebol de rua; 5 vira 10 ganha, pipas, bang bang, pega-pega, esconde-esconde, bilboquê e peão; nesse último nunca foi bom, e nos demais mais ou menos, mas era divertido e era só o que importava.
 
Certa manhã do ano de 1981 algo diferente aconteceu. Na escola onde estudava chegou um repórter com um daqueles gravadores que logicamente não caberia no bolso.
 
Ele falou com vários alunos e cada um pedia uma música e oferecia a alguém. Participei. Não lembro a música e nem para quem ofereci, mas no dia marcado para ir ao ar as participações fiquei sentado esperando ouvir minha voz no rádio.
Para a infeliz surpresa do leitor e também minha creio que a gravação não foi exibida ou me passou despercebida.
 
O tempo passou e mantive as brincadeiras com os amigos. E eis um mistério, não sei a data exata e nem o motivo, mas de repente eu estava apaixonado. Era mais uma paixão; havia a Daniela, uma linda loirinha da escola. A nova paixão aconteceu dentro de casa, na cozinha, em cima de um lindo balcão, daqueles feitos para durar décadas. Em cima dele entre outros apetrechos de minha mãe, dona Olga, havia um lindo rádio. Devia ter uns 20 centímetros de comprimento por uns 10 de largura e altura. Com aquele revestimento de madeira e a classe dos rádios dos anos 70, tinha um charme especial.
 
Mas é bem verdade que a beleza de um rádio é acrescida de vida com a voz do radialista.
 
E foi nessa vida dada ao rádio, ora pela música ora pela voz do locutor que me via por inúmeras vezes parado diante ele, outras vezes o ouvia fora da cozinha, debruçado na janela.
 
Passei a ouvir alguns programas nos horários em que não estava na escola ou em dias sem aula. Diário da Manhã, com o Walter Filho e seu “assustador” quadro - Aconteceu; Guarujá, Cultura, mas em especial a rádio Santa Catarina.
 
Naquela rádio havia ótimos programas, grandes comunicadores e um em especial me chamou a atenção; Nabor Prazeres. Sua voz, seu modo de conduzir o programa, a ênfase nas notícias. Foi uma espécie de cupido nessa paixão que nascia.
 
Nabor Prazeres apresentava um programa durante as manhãs. Aquela voz no rádio encantava as pessoas em muitas regiões.
 
Devido aos muitos prêmios que a rádio sorteava; ingressos para o cinema, circo, parque de diversões e até tortas percebi duas oportunidades. Como se diz: “Matar dois coelhos com uma só paulada”. Não levem a frase tão a sério, afinal de contas, é linguagem conotativa.
 
Além de ganhar prêmios teria a oportunidade de conhecer a rádio por dentro, e até de conhecer o radialista. Já pensou - ver de perto Nabor Prazeres; saber se era alto ou baixo, gordo ou magro, negro ou branco, cabelos escuros ou grisalhos, se era gente boa ou um sujeito ranzinza. Isso seria demais. Ganhei muitos prêmios, de todos os quais mencionei.
Quase sempre quem me levava até a emissora, que ficava no bairro, Coqueiros, na rua: Jaú Guedes da Fonseca, era meu cunhado e amigo Lindomar.
 
Enquanto os amigos diziam: Lá vai ele outra vez ligar para a rádio, parece mulherzinha, parece maricas… E lá ia eu. Descia até o bairro Bela Vista, onde eu morava, no Jardim Cidade, não havia os orelhões, os famosos e muito usados telefones públicos. Eram várias fichas telefônicas todas as semanas, pelo menos uma ou duas por dia.
 
Na rádio havia uma secretária muito bonita. Era alta, magra, cabelos negros e muito atenciosa. A sala de recepção onde aguardávamos os prêmios era pequena e muito aconchegante.
E na minha garganta, quase na ponta da língua, o desejo de pedir para entrar e conhecer o estúdio, e o Nabor (nem sempre quando íamos na emissora era a hora do seu programa, às vezes era outro locutor naquele momento), mesmo assim não tinha coragem de pedir para entrar.
 
Quantos telefonemas, quantos brindes ganhei, quantas vezes o Nabor Prazeres disse o meu nome ao oferecer uma música ou citar que eu havia ganhado um prêmio.
 
Muitos anos se passaram. O menino cresceu. Trabalhou muito e se tornou barbeiro.
 
Mas quando alguém é “tocado” pela comunicação, isso fica no íntimo, como que num lugar secreto até que algo a mais aconteça para libertar e viver essa paixão com seus prazeres e dores.
 
Depois de uns 13 anos na barbearia comecei a escrever: Livros, colunas em jornais, blog, e fui convidado para dar muitas entrevistas, em jornais, TVs e para emissoras de rádio.
 
Passei a entrar com certa frequência em estúdios de rádios; CBN, na Guarujá muitas vezes. Estive também na rádio Record, Guararema e outras.
 
Já havia se passado 5 anos que eu tinha me mudado da rua Santa Luzia, onde vivi por 35 anos. Então, aos 40 anos de idade, passava pela rua que me havia deixado tantas boas recordações. Para minha surpresa e despertar de sonhos e desejos ao caminhar por ali vi uma placa de uma rádio - Rádio Comunitária - Luar FM 98,3. Aquela rádio na esquina da rua onde passei a maior parte da minha vida, uns 50 ou 60 metros de onde eu morava. Aquilo não me saía da cabeça.
 
Pensei, troquei ideias com o amigo repórter cinematográfico, Agenor Neto e o coordenador da rádio, Cristiano Souza, elaborei um programa, busquei apoiadores culturais. Joia, havia um projeto bem adiantado e modesto. O programa se chamaria - Na cadeira do barbeiro. Teria músicas antigas, nacionais e internacionais e em especial, entrevistas. Queria levar para o rádio a vida, as histórias de vida e das profissões daqueles que costumam estar do outro lado; de ouvintes a participantes com suas histórias. A ideia evoluiria para entrevistas com comunicadores de todas as áreas.
 
Mas faltava algo, as vinhetas. Num estalo me veio à mente: Já pensou se eu conseguisse falar com o Nabor Prazeres e pedisse para ele gravar as vinhetas; a voz dele anunciando meu programa.
 
Fiz alguns contatos e o Rubens Flores, mais conhecido como Rubinho, me passou o número de telefone do Nabor.
 
A ligação. Do outro lado da linha quase 30 anos depois não era a secretária para anotar meu nome, era ele, o Nabor. Claro que ele não me conhecia. Disse a ele que gostaria de ter sua voz em minhas vinhetas. Ele, educadamente, disse que estava aposentado e não gravaria as vinhetas.
 
Então, diferente de 30 e tantos anos antes quando queria conhecê-lo e não falava, dessa vez falei. Eu disse ao Nabor: “Sabe seu Nabor, eu costumava ouvir o senhor quando apresentava seus programas na rádio Santa Catarina. Ganhei muitos prêmios com a intenção de conhecê-lo e estive na emissora muitas vezes e nunca tive coragem de pedir para conhecer o senhor e os estúdios. Agora, aos 40 anos, vou estrear no rádio e a emissora em que eu vou apresentar o programa fica exatamente na esquina da rua onde morei por 35 anos e que por tantas vezes saí para ligar para a rádio. Então, seu Nabor, eu apenas havia pensado na honra que seria ter sua voz em minhas vinhetas, mas se está aposentado e não pode, entendo”.
 
Do outro lado da linha o homem que eu nunca havia visto pessoalmente falou: “Do que mesmo você precisa? Vou gravar suas vinhetas”. Fiquei emocionado e perguntei o preço, talvez eu nem pudesse pegar. Ele disse: “Não vou te cobrar nada, será uma honra para mim”.
 
Eu enviei a ele por e-mail os textos das vinhetas, abertura, passagem e etc. Dias depois ele me enviou as gravações. Não me cansava de ouvir o Nabor dizendo: “Agora, na rádio Luar FM o melhor da música e bate-papo - Na cadeira do barbeiro com Deivison Pereira”. “Você está acompanhando o programa - Na cadeira do barbeiro com Deivison Pereira”. “Você acompanhou pela rádio Luar FM o programa Na cadeira do barbeiro com Deivison Pereira”.
 
Por maior que fosse a expectativa de ouvir o primeiro programa que iria ao ar no domingo, dia 02 de junho de 2013, às 22h, gravado dias antes com o primeiro convidado, o jornalista, Clayton Ramos; só de ouvir as vinhetas já me sentia realizado. Quando imaginária isso?
 
Uma entrevista mais do que especial. Finalmente, uns 3 meses depois da estreia do programa, eu iria entrevistar o dono da voz e da competência que tanto havia contribuído para o desejo de trabalhar em rádio. Fui até buscá-lo em sua casa. Inacreditável. Ele estava ali no estúdio, não no da rádio Santa Catarina onde os estúdios eu nunca conheci, e sim na rádio onde eu apresentava o programa e agora o entrevistava.
Ouvir sua história, trajetória, inúmeros fatos interessantes sobre sua atuação como radialista e coordenador de várias emissoras, sua opinião sobre a qualidade do rádio atualmente; foi mais que especial. Ao sairmos do estúdio pude mostrar para ele a casa na qual havia morado por 35 anos.
 
Em 1981 não lembro de ter ouvido a minha voz no rádio naquela gravação feita na escola.
 
Mas em meados dos anos 80 a voz do Nabor marcou algo em minha vida; o amor pelo rádio e a comunicação.
 
Até hoje, quando paro para ouvir algumas das mais de 50 entrevistas é marcante a presença do Nabor Prazeres em cada programa, em cada vinheta. Na verdade o nome do programa - Na cadeira do barbeiro - ganhou força na voz do Nabor - Aquela voz no rádio!
 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Mãos ao alto, Bela Vista!

Quem sabe se essa frase ainda é usada pelos bandidos; inúmeras outras expressões podem ser usadas, e nada mudará a sensação de impotência, de frustração, decepção, raiva; um desejo por justiça, mas onde ela está?
 
Moradores de todo e qualquer bairro que passe pela crescente violência não fique se perguntando o motivo do nome: Bela Vista. É apenas porque escrevo essa coluna a partir do bairro onde moro desde que nasci, há 44 anos.
 
Se antes ouvíamos relatos de casos de violência do eixo - Rio de Janeira e São Paulo, já não é novidade que ela chegou na Grande Florianópolis; e pior do que isso, é difícil quem não passou por um ato de violência/roubo/assalto, ou não conheça alguém que tenha passado.
 
Como se não bastasse uma crise ética, moral, política e econômica a população ainda passa por uma onda de crimes entre assassinatos, estupros, furtos e muitos, muitos casos de assaltos a mão armada.
 
Passei por isso há pouco mais de dois anos, na ocasião estava o meu filho caçula que tinha 15 anos. Estávamos comprando cachorro quente. Pai e filho que trabalhavam duro, a noite, foram roubados e humilhados. O filho, um adolescente que devia ter a idade do meu, após o assalto se ajoelhou para juntar as moedas que o ladrão havia deixado cair. Não é humilhante?
 
E eu? Já estava com a carteira na mão e a altura do rosto quanto começou o assalto. Lembro que havia 90 reais na minha carteira; uma de 50 e duas de 20 reais. Por incrível que pareça, lógico que não foi por coragem ou ousadia; apenas fiquei pensando: “Estamos em dezembro, um mês de muita correria no trabalho, parar para refazer os documentos, entregar na mão dele, se ele quiser ele que pegue, não vou dar na sua mão. E se eu disser para ele deixar pelo menos o dinheiro para pagar nosso lanche, será que o ladrão vai ficar irritado? Meu filho está tranquilo. E se eu tentar desarmá-lo?”
 
Sério, tudo isso passou pela minha cabeça em segundos. Por isso não critico quem reage. Passei a entender que quem reage não o faz de maneira consciente, pelo menos não em todos os casos, é um lapso; não fomos e não somos e nem deveríamos estar preparados para isso. Quem bom que não reagi. Também não entreguei a carteira. Mantive meus 90 reais e meus documentos numa calmaria de dar medo.
 
Certo dia, um especialista em Segurança Pública, na melhor das intenções, dava conselhos no programa da Fátima Bernardes de como agir ao ser assaltado. Isso mesmo: Dicas e orientações sobre o que fazer e o que não fazer na hora de um assalto. Claro que visa nossa segurança, mas é rídiculo que tudo que o Estado tenha para oferecer seja isso.
 
Ou será que há mais? Na comunicação podemos fazer algo? Pessoas são assaltadas em pontos de ônibus antes de ir para um duro dia de trabalho. Outros são assaltados à luz do dia ou nas ruas ou em seus comércios. E ainda outros ao fecharem suas lojas ou ao chegarem em casa.
 
Importante lembrar que a polícia Militar tem feito seu trabalho. É comum policiais ficarem por mais de 4 horas numa delegacia para efetuar uma prisão de um bandido que será solto no máximo no dia seguinte.
 
São José costuma ter uma média de 4 viaturas circulando (muitas vezes menos) quando segundo estudiosos deveria ter 60. E quando dois policiais ficam mais de 4 horas para efetuar uma prisão é uma viatura a menos.
 
Por ora é isso, só isso; dizer para tomar cuidado.
 
Em todo caso já estamos com a sensação de - mãos ao alto!