terça-feira, 25 de julho de 2017

O amor e seus idiomas



Quando namoramos passamos horas conversando, ouvindo ele ou ela; seus planos e objetivos. Costumamos o incentivar com palavras animadoras: “Faça isso mesmo, vá em frente, tu tens potencial, não desista, estou do seu lado”.

Sem contar que beijos e abraços ocorrem em abundância; também as danças de rostos colados; não há dia cansativo capaz de nos impedir de namorar. Mas com o tempo para muitos casais as coisas mudam, ocorre um afastamento. Por quê?

Um marido disse: “Minha esposa chegava em casa do trabalho e me contava dos problemas do seu serviço. Eu a escutava e depois lhe dizia o que, em minha opinião, ela deveria fazer. Sempre dei conselhos”. Esse marido prosseguiu dizendo que mesmo com todos os seus conselhos sua esposa continuava chegando em casa a cada dia relatando os mesmos problemas.
Ele dava mais e mais conselhos. Depois de alguns dias ouvindo as reclamações da esposa e percebendo que ela não colocava em prática suas sugestões, ele disse:“Já falei várias vezes o que você deve fazer, mas como você não me ouve, não quero mais saber.
Poucos dias depois sua esposa foi embora.

Por quê? Ela não queria e nem precisava de conselhos; apenas ser ouvida e talvez abraçada. Queria saber que era compreendida e amada. Possivelmente uma frase do tipo: “Poxa, isso deve estar sendo muito desgastante para você, quero que saiba que estou do seu lado em tudo o que precisar”. O próprio marido chegou a essa conclusão depois de perder a esposa.

Essa é uma das muitas histórias do livro: As 5 Linguagens do Amor, de Gary Chapman.

O autor crê que há 5 linguagens do amor, ou seja, cada um de nós manifesta uma em especial, talvez duas.

São elas: Palavras de afirmação - Tempo de qualidade - Presentes - Atos de serviço - Toque físico.

Então, não é minha ou a sua língua, mas sim a do nosso cônjuge.

Qual língua fala a sua esposa ou seu marido? Somente aprendendo o seu idioma, a sua língua, é que iremos nos comunicar com sucesso, teremos um namoro por anos e décadas após estarmos casados, enfrentaremos juntos dificuldades e vamos colaborar com o que faz nossa esposa ou marido feliz.

Há de fato um certo egoísmo em cada um de nós. Note essa frase: “Buscando não somente os os seus próprios interesses, mas também os interesses dos outros”. Filipenses 2:4. Bíblia.

O que nos leva por vezes a sermos mais pacientes com estranhos do que com a esposa ou com o marido? Por que as qualidades do anterior namorado ou namorada, agora esposa ou marido parecem ter desaparecido ou diminuído? E se elas estiverem bem ali, onde sempre estiveram?

Por que ofensas em vez de palavras doces como nos tempos de namorados?

“Uma resposta quando branda faz recuar o furor, mas uma palavra dura atiça a ira”. Provérbios 15:1

Paixão é um sentimento forte onde idealizamos alguém como - perfeito. Ele ou ela parece ser a pessoa certa para mim. Mas se ela não souber e não falar a nossa língua/idioma; palavras de afirmação (elogiar, reconhecer e valorizar o que fazemos); tempo de qualidade (passar tempo juntos, não apenas assistindo televisão, mas conversando, passeando, namorando); presentes (receber presentes enche o tanque emocional de quem tem essa linguagem, o que não quer dizer presentes caros, ou que a pessoa só se interessa por coisas materiais); atos de serviço (ajudar o cônjuge em tarefas em que ele ou ela considere importante receber essa ajuda de maneira regular e com boa vontade); toque físico (pessoas que têm a necessidade primária do toque, carinho, beijos, abraços e sexo).

Na paixão, no namoro, é comum que nem nós mesmos saibamos qual é a nossa linguagem primária; quanto mais a do outro. Depois de casados, com os problemas e dificuldades e o “tanque emocional” não abastecido porque nem nós nem nosso cônjuge sabe como se comunicar conosco, a situação acaba por piorar.

Então, qual é a sua linguagem? Mais importante - qual é a língua ou o idioma principal do seu cônjuge? Eu descobri o meu e o da minha esposa. Note que pode ser mais de um, no entanto há o principal.

Aprenda um novo idioma, descubra a língua de quem tu amas. A comunicação será bem mais fácil e a compreensão levará a um namoro que durará anos.

Se eu soubesse cozinhar e fizesse uma lasanha deliciosa para quem eu amo, mas se essa pessoa tem como seu prato preferido o churrasco, qual ele ou ela preferiria?

Entre tantos idiomas vale a pena aprender o idioma do seu amor.

Quando entendemos o idioma de quem amamos e o usamos o “tanque emocional de cada um fica abastecido. O resultado é uma feliz união!

terça-feira, 18 de julho de 2017

No berço da intolerância



O berço traz a ideia de algo esperado, alguém desejado, de todo um futuro a ser percorrido com a garantia humana de liberdade.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) disse que “o homem nasce livre e por toda parte é acorrentado”. “Correntes” intelectuais, sociais e pedagógicas servem inevitavelmente a governos que desejam perpetuar seu poder e suas incalculáveis vantagens.

Mas no século XXI e na reta final da segunda década ainda há modelos que horrorizam pela intolerância, qualidade tão desprezível que aceita fazer uso de quaisquer critérios para manter seu poder absoluto.

Há exatos 100 anos à Rússia passou por uma revolução; a implantação do primeiro - regime socialista - da história. Como em todas as revoluções, inclusive as ocorridas no Brasil, espera-se por mudanças para melhor, o que na prática não ocorre para a população; tanto que muitos estudiosos as chamam de “contra-revolução”.

O “berço” da Rússia, com promessas de melhoras não trouxe ideias e ideais de liberdade, ao contrário, de repressões.

Faz muitos anos que a organização religiosa das Testemunhas de Jeová na Rússia enfrenta dificuldades para efetuar suas atividades; outras religiões também têm passado por isso.

Depois de várias ações contra as Testemunhas de Jeová, no último mês de abril, o Supremo Tribunal Federal da Rússia decidiu proibir por completo as atividades da religião conhecida em todo o mundo por sua; evangelização realizada de casa em casa, atividades com carrinhos de publicações bíblicas e suas reuniões conhecidas como pacíficas.

Acusadas de extremistas, sem nenhuma prova clara, tiveram seus mais de 395 locais de encontros religiosos confiscados e seu site oficial e reconhecido em todo o mundo, bloqueado.

Digno de nota: Desde maio de 2008 a Rússia aprovou um programa chamado - Glória dos pais. A ideia é premiar os pais de famílias russas que tenham pelo menos 7 filhos e sejam considerados exemplares na maneira de criar seus filhos, principalmente no campo da educação, saúde, boa moral e que sirvam de modelo para a sociedade russa.

Encontrei informações e detalhes no site oficial das Testemunhas de Jeová: https://www.jw.org/pt/

A família que recebeu esse prêmio, pelas mãos do próprio presidente russo, Vladimir Putin, no último dia 31 de maio, foi justamente uma família de Testemunhas de Jeová que tem 8 filhos.

Inúmeras pessoas reconhecidas e respeitadas na Rússia falaram em favor das Testemunhas de Jeová; até mesmo alguns que admitem não simpatizar com suas crenças comentaram que dizer que são - extremistas, proibir suas atividades e confiscar seus prédios - é algo horrível.

O “amigo dicionário” define berço também como lugar de nascimento. O ser humano nasce livre ou não? Parece que o pensamento de Jean-Jacques Rousseau nos mostra algo ainda mais profundo: “O homem nasce livre e por toda parte é acorrentado”.

Acorrentado é símbolo de prisão, de restrição, de não dar o direito de ir e vir e expor ideias e pensamentos, o que pode nos levar ao crescimento intelectual, absolutamente necessário para todas as pessoas e em todas as épocas e culturas.

Será que a humanidade começa a “engatar a marcha ré” em termos de verdadeira liberdade?

O Supremo Tribunal Federal da Rússia aceitou ouvir apelação da decisão anterior no dia 17 de julho de 2017.

Que os berços continuem sendo o lugar de algo esperado, de alguém desejado e com um belo caminho a ser percorrido com liberdade. Com liberdade!


terça-feira, 11 de julho de 2017

Trocarias de vida com alguém?



Quem já não se extasiou com o cheiro do churrasco do vizinho, quem sabe aquele feijão cozinhando? E o perfume do café enquanto está sendo passado.

E quantas mulheres já disseram: Ah, se o meu marido fosse assim…

E quantos homens já suspiraram: Ah, que mulher, hein…

E os pais: Se meus filhos obedecessem assim, me sentiria rico.

E os filhos: Poxa, como os teus pais são gente boa.

E lá vai: Que emprego, hein. Que casa. Que vida!

Mas, e se pudesse trocar, trocaria ou mudaria alguma coisa?

Leia, por gentileza, essa breve história, de autoria do poeta, Olavo Bilac (1865-1918)

O dono de um pequeno comércio, amigo do poeta Olavo Bilac o abordou na rua:

Senhor Bilac, que bom que o encontrei. Estou precisando vender o meu sítio o qual o senhor bem conhece. Poderia redigir um anúncio no jornal?

Bilac escreveu:

“ Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros ao amanhecer. Há um extenso arvoredo cortado pelas cristalinas águas de um ribeirão. A casa é banhada pelo sol nascente e oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”.

Meses depois o poeta perguntou ao homem se ele havia vendido o sítio. O homem respondeu:

-Nem pense mais nisso. Depois que li o seu anúncio é que percebi a maravilha que tenho.

Então, se alguém me perguntasse hoje: Trocarias de vida com alguém? Bem, se eu tenho bom senso e ainda assim algo a reclamar, preferiria ser como o poeta que escreveu o texto acima.

O modo como encaramos as coisas; a gratidão e alegria por cada conquista; o valor do aprendizado de cada erro; poderiam nos fazer ver que a questão não é trocar, e sim como encarar.

Prefiro pensar que nossos olhos ficam embaçados com problemas e não visualizamos quão belo é o nosso “sítio”. E sabe lá quantos o desejam.

Que tal trocar a maneira de olhar?


terça-feira, 4 de julho de 2017

Qual lição marcou sua infância?



Um conhecido ditado diz: “É de pequenino que se torce o pepino”.

A informação é clara: As crianças precisam ser ensinadas, educadas; o que inclui bons modos, respeito aos mais velhos, as autoridades, pais, policiais e professores.

Essas ações com certeza produzem jovens e adultos educados; e quem não aprecia conviver com alguém realmente - educado?

Mas há uma certa confusão quando falamos em educar crianças. Cabe a quem, aos pais, escola, professores?

Émile Durkheim, sociólogo e antropólogo francês (1858-1917), entre tantas frases e elaborações pedagógicas, disse:

“Se professores e pais sentissem , de uma forma mais constante, que nada se pode passar diante da criança sem deixar nela alguma marca, que o moldar do seu espírito e do seu caráter depende destes milhares de pequenas ações insensíveis que se produzem a cada instante e aos quais não prestamos atenção por causa da sua insignificante aparência, como zelariam mais pela sua linguagem e pela sua conduta! Seguramente, a educação não pode chegar a grandes resultados quando procede por safanões bruscos e intermitentes.”

Há mais de 100 anos, Durkheim, em seus estudos e pesquisas percebeu algo que até hoje acontece. “Se pais e professores realmente soubessem que nada passa despercebido aos olhos e ouvidos de uma criança que não venha a influenciar em sua vida adulta; como iríamos cuidar mais e melhor do que nossas crianças ouvem e presenciam.

Friedrich Froebel, pedagogo alemão (1782-1852) foi responsável pela criação do - Jardim de infância, em alusão ao jardineiro cuidando da planta desde pequenina para que cresça bem.

Uma passagem registrada há milhares de anos, diz: “E vocês (pais), devem inculcar (ensinamentos) em seus filhos… andando pela estrada, ao deitar e ao levantar”. Bíblia. Deuteronômio 6:7

E mais essa: “Eduque a criança no caminho em que ela deve andar, mesmo quando ela envelhecer, não se desviará dele”. Bíblia. Provérbios 22:6

Diante esses pensamentos tão profundamente elaborados, qual a lição que marcou a sua vida? Partiu da mãe, do pai, de um professor, ou de outra pessoa?

Lembro que quando eu tinha uns 13 anos e acompanhava meu pai em algumas manutenções de elevadores aconteceu algo importante. Certa tarde de sábado, enquanto testava os botões dentro de um elevador, encontrei um Carnê do Baú da Felicidade, do Silvio Santos. Quem lembra? Bem, encontrei o carnê com uma quantia muito elevada para um garoto de 13 anos. Coloquei o carnê com o dinheiro por baixo da camisa. Assim que meu pai entrou no elevador descemos até o andar térreo. Lá avistamos o porteiro do condomínio tentando consolar uma mulher que chorava muito. Meu pai perguntou o que houve e ela explicou que trabalhava a semana toda como empregada doméstica e aos finais de semana vendia os carnês, mas acabara de perder tudo. Imediatamente peguei o carnê e o devolvi.

Lá fora, antes de subir na moto do meu pai, ele me olhou e disse: “Parabéns filho. Hoje você mostrou que é um homem de verdade. Devolver o dinheiro foi a coisa certa a fazer. Estou orgulhoso de você”.

Não creio que a mulher tivesse me recompensado em dinheiro, mas o elogio do meu pai valeu mais do que qualquer recompensa financeira. Que lição!

E o amigo leitor e leitora, qual a lição que marcou sua infância e te tornou uma pessoa melhor? Diga, por favor.

E quais lições nós estamos deixando para nossos filhos e outras crianças que marcarão a sua infância?

Ora somos pais, ora professores, outras tantas vezes um modelo para alguém imitar. Um alguém bem pequeno em tamanho, mas grande em inteligência e sensibilidade a ponto de copiar nosso exemplo por anos a frente.

Então, qual será a lição?