sábado, 9 de setembro de 2017

Quando a morte ronda a mente



No Brasil são 32 pessoas por dia, é o 8º país no mundo. No mundo, a cada 40 segundos, uma pessoa é atingida por esse mal. O problema se intensifica a partir do momento em que as vítimas deixam outras vítimas; familiares e amigos. Esses se perguntam: “Por quê?”. “Como eu não percebi?”. “O que eu poderia ter feito para ajudar; eu poderia ter impedido?”.

Esses índices e pensamentos são dados alarmantes e não podem passar despercebidos, não podem ser “varridos para debaixo do tapete das ilusões e da indiferença”. Afinal de contas, se a morte em si já deixa dor, sofrimento e saudades, imagine lidar com a perda de alguém amado que tirou a própria vida.

Quem tira a própria vida? Quem se torna seu próprio assassino? Que tipo de problemas essas pessoas enfrentaram? Elas dão sinais de que as coisa não vão bem e podem se matar?

Segundo a psicóloga, Ana Cláudia de Souza: “As pessoas propensas ao suicídio, são aquelas que estão passando por dificuldades na sua vida de relações”. Ela acrescenta: “Não existe alguém com tendência biológica ao suicídio...o suicídio é uma saída inventada num momento de desespero”.

Ana Cláudia ainda explica: “As pessoas para entrarem numa situação de desespero estão experimentando uma situação de solidão; não tendo com quem contar… estão isoladas de certa forma… os sinais sempre existem, mas geralmente quem está ao redor não consegue perceber”.

Estão entre os que cometem suicídio; idosos, jovens entre 15 e 29 anos, além é claro de adultos e crianças.

Os sinais, para quem é da família ou amigo, parecem ficar claros após a tragédia.

Quando uma pessoa se decide pelo suicídio ela entra no que muitos terapeutas chamam de - falsa calmaria. Ou seja, aquela pessoa que parecia estar muito mal, de repente, demonstra uma súbita melhora. (Faz lembrar uma expressão popular da chamada - melhoradinha da morte, onde alguém muito doente parece apresentar uma rápida melhora em sua saúde e ânimo)

Por vezes o suicida dá sinais por resolver algumas coisas pendentes, organizar documentos e até distribuir presentes.

O psiquiatra, Guido Palomba, diz: “A questão do suicídio sempre está ligada a uma mente perturbada, que precisa de tratamento; sem transtornos mentais não há suicídio”

Os especialistas nos lembram de algo bastante lógico: “O instinto primário humano é o da preservação da vida e não tirá-la”.
E a imprensa? Um considerável número de psicólogos e jornalistas concordam que a imprensa não deve anunciar casos de suicídio, mas são a favor de boas campanhas de prevenção.

O psicólogo Manoel Marinho, também a favor de boas campanhas de prevenção, lembra da cautela que se deve ter ao mencionar o suicídio. Marinho alerta para o cuidado com expressões que podem ser - mal interpretadas por alguém propenso ao suicídio, por isso jornalistas, psicólogos e psiquiatras precisam trabalhar juntos a fim de evitar equívocos sobre o que dizer e escrever.

A religião. Por mais que cumpra um importante papel na sociedade certos conceitos e afirmações religiosas servem também como uma pancada nas famílias, um peso a mais.

Por exemplo, se religiosos vão até presídios realizarem suas evangelizações e dizem a um detento que já matou uma ou mais pessoas, estuprou, sequestrou e fez outras barbaridades, que ele, o criminoso, se arrepender dos seus crimes o Senhor a de perdoá-los; fica a questão: Se até criminosos têm direito ao perdão de Deus, por que alguém que num estado de perturbação mental chegou ao ponto de tirar a vida não teria direito ao perdão do Supremo Juiz do universo, amoroso e conhecedor dos “corações” humanos?

Ora, e quem se mata por ter ganhado na loteria, porque os filhos se formaram na faculdade, por ter se curado de uma grave doença ou por conseguir se aposentar? Nós nos matamos para nos aposentar?

Quem chega ao ponto de cometer suicídio está completamente doente, fugiu-lhe a razão, as esperanças; não quer dizer que não seja alguém que não tenha fé em Deus. Pessoas com fé também adoecem; câncer, diabetes e outras doenças. Só precisamos abrir a mente para entender que depressão e outros transtornos mentais são problemas que fogem ao controle dos que a têm.

A ajuda espiritual com certeza é importante, traz paz mental e equiíibrio. No entanto, na maioria dos casos se faz necessário ajuda profissional; psiquiatras e psicólogos, boa terapia e apoio da família.

Aí entra nosso “olhar” humano, amigo, sensível. Fazer de conta que não é nada de mais e dar exemplos horríveis do tipo: “Vou te levar para ver crianças com câncer ou outras doenças, aí tu me dizes se tens algum problema”. Que oportunidade de ficar com a boca fechada foi perdida. Frases do tipo só aumentam a dor de quem sofre a depressão.

Também se culpar por não ter percebido os sinais de um parente que se matou não é o caminho. A maioria de nós não o notaria. O que não podemos é fechar os olhos para essa triste realidade.

Pare e pense, a média é de que uma pessoa a cada 40 segundos comete suicídio em todo o mundo; 32 por dia só aqui no Brasil. Quantos se mataram durante os poucos minutos que leu essa coluna?

Há um ditado: “O pior cego é aquele que não quer ver”.

Esse “criminoso”, denominado, suicídio, pode atingir qualquer pessoa que tenha conflitos e perturbações mentais e não se tratar. É ir na contra-mão do extinto natural de sobrevivência.

Há pessoas lutando com tratamentos dolorosos para manter a vida. Outros aguardam a doação de um órgão. Alguém no mar que tivesse uma ou as duas pernas arrancadas por um tubarão ainda assim se esforçaria para sair de água e continuar vivo.

Por quê? Porque não há nada melhor do que respirar, ver, sentir aromas e sabores, receber beijos e abraços de pessoas amadas, cuidar da espiritualidade, produzir, viver.

Então, se estiver num momento especialmente difícil ou conhece alguém nessa situação saiba que há várias saídas. Procure por psicólogos e psiquiatras. Nada está perdido.

Jamais deixe esse vilão que parece a mais fácil alternativa levar vantagem…

Viva e viva!

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