terça-feira, 20 de outubro de 2009

Observando

Como é interessante e como faz bem observarmos as coisas a nossa volta. Uma caminhada logo cedo no último domingo, o primeiro com o horário de verão mostrava os bairros com suas casas fechadas e pessoas sonolentas nas ruas. As que estavam ativas comentavam o quanto foi difícil sair da cama. Passei por um conhecido, portador do mal de Parkinson. Esse rapaz é recordista duas vezes com sua doença, o mais jovem a ser atingido por ela e o que há mais tempo com ela convive em Santa Catarina. Caminhava nessa nublada manhã empurrando um carrinho de mão. Devia estar envolvido em alguma atividade com seu quintal apesar de estar muito debilitado. Passei também por um pobre rapaz conhecido no Bairro Bela Vista, comia com muita vontade alguns pães e bebia água, já passava do meio dia e perguntei a ele se estava tudo sobre controle, ele disse:
-Está. Essa é minha primeira refeição do dia, mas não reclamo.
Lembrei que observei esse mesmo rapaz uns cinco anos atrás em uma outra situação interessante, ele havia terminado sua função do dia como servente de pedreiro.
Eu notei que ele estava com muita fome, então ofereci a ele um lanche e ele prontamente aceitou. Não levem a mal esse comentário, sei que a Bíblia diz:
-Não deixe que sua direita saiba o quê tua esquerda tem feito.
Esse maravilhoso conselho serve para não nos gabar do bem que porventura façamos a alguém. Mas comento devido à atitude do tal rapaz. Ele depois de pegar seu lanche saiu imediatamente com o lanche não mão, e eu perguntei:
-Não vai comer? Ele então me olhou e disse:
-Vou comer em casa com minha mulher, vou dividir com ela, não vou comer sozinho.
Fiquei impressionado com seu senso de gratidão para com a mulher que tanto lhe havia ajudado. Mas com o tempo eles acabaram se separando e ali estava o pobre rapaz na sua primeira refeição do dia, após o meio dia.
Ainda nas primeiras horas do dia era possível observar aqueles que da “cana” dependem para seguir os seus passos, passos esses já entre tropeços devido aos efeitos da bebida tão cedo no dia. Como eles passariam o restante do dia, e seus filhos, e suas esposas?
Voltei para casa e comecei a escrever e vieram à mente todos os detalhes mencionados, mas o quê trás esperança é saber que ainda há a tarde e depois à noite e logo um novo dia vai surgir e quem sabe se com ele haverá melhoras, esperanças e sobriedade e pensar, quem mais está observando e vendo que a vida passa a nossa volta e nós passamos pela vida e por tantas pessoas e situações e muitas vezes não observamos.
Nesta terça-feira ao caminhar, observe a sua volta e reflita, mas não apenas sobre as pessoas e as situações. Observe sua própria maneira de viver. Observe!

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