terça-feira, 10 de julho de 2012

O pai do Toninho

O Toninho só tinha 7 anos e como qualquer criança nessa idade fazia muitas perguntas. O pai de Toninho, o Agenor, gostava de uma boa conversa e isso fascinava o pequeno filho. Agenor, arrogante, falava de futebol, política e até de religião. O homem falava de ciência e economia, saúde e gastronomia. Mas não era preciso muita atenção para perceber que o papo do Agenor era meio furado. Quando falava dos avanços da NASA, por exemplo, dizia com convicção: - A gastronomia está muito evoluída. Os amigos tinham vontade de corrigi-lo, mas, como explicar ao arrogante Agenor que gastronomia e astronomia não são amigas íntimas. Finalmente Agenor chegava em casa e o Toninho pulava de alegria. Na cabeça de Toninho Agenor era uma mistura de super-homem com um tal de Isaac Newton. Pelo menos ele havia ouvido que esse último sabia de tudo. Toninho começava com uma série de perguntas: - Pai. Posso fazer uma pergunta? - Claro filho. - Pai, por que as estrelas só aparecem à noite? - A filho isso é um assunto que você vai entender mais tarde quando tiver aulas de gastronomia. - Sério pai? O que é gastronomia? - É a ciência que estuda as coisas lá no céu, filho. - Pai. Por que as pessoas morrem afogadas e os peixinhos só morrem quando saem da água? - Filho, é que a respiração deles só funciona dentro da água. - Pai, por que aqui em São José nunca cai neve? - Ah filho, deve ser porque aqui é muito quente. Só esfria quando dá vento sul. - Pai, por que os feriados variam e a sexta-feira santa sempre cai numa sexta-feira? - Sabe filho, o papai precisa de mais tempo pra te explicar isso. - Pai, como é que a mamãe ficou grávida? - Ah filho. É que. Bem filho. Sabe de uma coisa? Ó a mamãe ta chamando pra jantar. - Pai. O pai não fica chateado por eu fazer tantas perguntas? - Claro que não filho. Se você não me fizer perguntas como vai aprender as coisas?

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