quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Vender carro - hoje

Vender um carro hoje não é como no passado. Lembro do seu Arlindo vendendo seus carros. O comprador chegava perto e ele dizia: - Tem portas. Dá pra abrir. Bancos. Volante. Buzina. Freio. Retrovisor. Tem o socorro também com macaco e chave de roda. Ele dizia isso calmamente enquanto demonstrava como as portas abriam e fechavam. Ta certo que o caso do seu Arlindo era um tanto incomum, mas na maioria dos casos era mais ou menos assim. O futuro comprador perguntava primeiro pelos documentos do veículo. Depois o motor. Então vinha a lataria. Olhava embaixo do carro. Os pneus não significavam grandes problemas, se não estivessem em bom estado, trocá-los não era o “fim do mundo”. Agora a coisa mudou. Eu dirigi Uno Mille por 20 anos. Empurrei um fusca 1 ano. Voltei para um Uno e na hora de vender não encontro um comprador como os do passado. Os documentos em dia e sem multas. O motor em perfeito funcionamento. A lataria em bom estado. O fundo do carro está ótimo. Os pneus estão bem. Mais nada disso parece importar. As pessoas mudaram. As exigências são outras. Hoje os compradores primeiro querem no mínimo saber: tem ar condicionado? Direção hidráulica? É 4 portas e com vidro elétricos? Airbag? Sem contar outros muitos acessórios. Hoje um carro “sequinho”, mesmo com bom motor e lataria dá trabalho para vender No caso do fusca mencionado acima foi mais difícil. Comprei por 3 mil reais. Gastei 2 mil, e vendi por 1.700. Sem contar que antes de colocá-lo a venda um amigo ofereceu 3 mil. Eu disse que só venderia por 3.500. Quando finalmente resolvi vender só consegui 1.700, não levando em conta o quanto gastei de anúncio em jornais. Ah que saudades do seu Arlindo. Imagino ele vendendo meu carro. Teria tanto para falar. Mas pensando bem aquele velho bom vendedor estaria vendendo para os novos compradores. Mais exigentes. Um cara é capaz de passar a cavalo e se interessar por um carro, ele pensa: chega de andar a cavalo. Mas ao ver que o veículo não é “completo”, prefere ficar com seu cavalo. É seu Arlindo, vender carro hoje nunca foi tão difícil, ou melhor, nunca foi tão fácil - se não for “sequinho”.

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