segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O sofá do Aderbal

Aderbal sonhava em ter um sofá bonito em casa. Sempre que andava pela Felipe Schmidt, olhava as lojas que exibiam belos sofás. Quando ainda solteiro, mas já namorando, foi encontrar a amada no Shopping Itaguaçu, iriam ao cinema. Mas é claro, Aderbal primeiro admirou um belo sofá e pensou que quando casado, teria um daqueles em sua casa, mesmo que fosse uma humilde casa. De repente, lembra-se da namora e caminha em direção ao cinema. Aderbal é um sujeito um tanto romântico e pensa em comprar balas para a amada. Numa dessas lojas vê balas coloridas e mesmo sabendo que tem pouco dinheiro pede duzentos gramas de bala. Aderbal pensa que vira o preço do quilo, mas que nada, era o preço de cem gramas. Quando a simpática moça lhe dá o valor, ele fica pasmo. Envergonhado, não diz que confundiu o preço, achando que era preço do quilo, não de cem gramas; a bala era cara mesmo. Aderbal paga a conta e nota que sobrou exatamente o valor das entradas do cinema. Ele fica preocupado com a possibilidade de a namorada pedir pipocas ou algo parecido. Não tinha dinheiro nem para uma água. Assim que se encontram começam aquelas coisas de namorados: -Oi amor. -Oi meu lindo. Senti saudades. -Eu também. Você ta linda. Vamos? -Hum, vamos meu cheiro. Ela olha para a pequena lanchonete ali no cinema. Aderbal, vendo seu olhar, lembra que não tem mais um centavo. Antes que ela peça algo, ele diz: -Ta com sede, Helena? Porque se estiver com sede tem um bebedouro aqui. Aproveite e tome água agora e não terá de levantar depois. Mesmo sem entender o deselegante convite ela vai até o bebedouro e toma água. Três anos depois... Casados, Aderbal e Helena resolvem comprar um sofá. Havia chegado o dia tão aguardado por Aderbal. Assim que entram no Koerich, ele vê o sofá. O sofá é um sonho. Faz até lembrar aqueles sofás das novelas das nove. Aderbal senta, estica-se, Helena senta na outra ponta, o sofá forma um L. Chega o vendedor e diz: -Ah, vejo que gostaram. É muito confortável, não é mesmo? -O, e se é! – diz Aderbal, empolgado. -Querem ver outros? -Não, não, é esse mesmo, é o sofá que sempre sonhei! Feita a compra se despedem do vendedor e vão aguardar o sofá em casa. -Aderbal, Aderbal- grita a Helena- O caminhão chegou, o sofá chegou. Os entregadores pedem licença para entrar e tentam: -Pra lá, não, pra cá, vira, vira, não, não, ah meu Deus – diz um dos entregadores. O outro olha para Aderbal e diz: -Olha amigo, não entra de jeito nenhum, não vai caber na sua sala. Aderbal, desconsolado, mede daqui, mede dali e nota que não cabe mesmo. Tristes, olham os homens levarem de volta o esperado sofá. Aderbal senta no chão da pequena sala, da pequena casa. Helena com as mãos na cintura não sabe o que dizer. Mas Aderbal levanta-se e na tentativa de vencer a decepção convida a esposa para irem ao cinema. Antes de saírem, Aderbal olha para Helena e diz: -Se estiver com sede, tem água na geladeira.

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