segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Assunto “indigesto”?
Difícil de digerir. Que causa indigestão. Ou ainda confuso, enfadonho e intragável. Pra que falar então em assuntos indigestos? Porque quando envolve coisas que afetam a nossa vida, nossa maneira de ser, de nossos filhos e de escolhas, parece que vale mais deixar pra lá.
Já imaginei em certa ocasião que somos nossos “melhores advogados”. Quando é comigo ou com um dos meus, ah, aí a coisa é diferente. É como aquela situação: “Eu posso criticar meus filhos, mas experimente outro fazer isso”.  Ou a frase: “Se conselho fosse bom ninguém dava, vendia”.
Quantos de nós estamos de fato preparados para ouvir críticas a nosso respeito ou a alguém amado? Não é fácil, mas “cabeças boas” tiram bom proveito disso. Já foi dito por alguém: “Conselho é como dinheiro, receba, mesmo que não use agora, um dia vai precisar”.
Coisa fácil é observar e ser como “técnicos” dos defeitos dos outros e dos filhos dos outros.
Ouvindo na TV uma filósofa e psicanalista dizer que “as pessoas parecem ter medo de falar em assuntos que envolvem moral” me coloquei a pensar nas palavras do texto de hoje.
Sexo. O incentivo é tomar cuidado. Não engravidar e não ser engravidada. Não contrair doenças sexualmente transmissíveis.
Bebidas. Conselhos: beba com moderação. Se beber não dirija.
 Aborto. O corpo é seu, a vida é sua. Decida o que achar melhor.
Indigesto dizer que o sexo é algo sério e para ser levado com seriedade. Que é para pessoas que têm uma verdadeira união, casados. Indigesto, não?
Indigesto dizer que é um absurdo distribuir preservativos a todos e pronto, “fizemos a nossa parte”.
Indigesto dizer que uma gravidez é alegria, que com seis semanas de gestação o coração da criança, da pessoa, do filho, já bate mais de cem vezes por minuto. Como é mesmo que chamam alguém que tira a vida da outra pessoa sem dar a ela a chance de defesa? Quanto eufemismo usei até aqui. Ah, claro, é assunto indigesto.
O que será da próxima geração? Por um lado tanta evolução e por outro tanta permissividade.
Há pessoas que criticam certos programas de TV, mas os assistem. Músicas então. Coisas e frases totalmente imorais são repetidas e pais acham bonitinho o filho ou a filha cantando e dançando.
Quando as virtudes viram matéria de jornal. Um ato de bondade preenche a pauta de certos programas, é porque a coisa está feia. E não é culpa só da imprensa. A imprensa faz parte da roda da vida e das coisas da vida e não tem tanta liberdade assim.
Não é preciso ser um moralista, um antiquado, um careta, um chato, um atrasado. É preciso só ter consciência do que estamos “plantando”. A situação de hoje foi plantada “ontem”.
Alguns em desespero disparam frases sem nexo: “Devia voltar o militarismo”. Que isso?
É bom atuar na comunicação em ambientes livres para expressar e ouvir. Se assim não fosse que valor teria ser jornalista, para que mais serviria a imprensa? Se sentir o estômago embrulhado, um enjoo, talvez não seja por ter comido algo de ruim. Pode ser o que tem visto e ouvido por aí. Melhor sentir a indigestão. É sinal de que ainda temos certa medida de sensibilidade a “assuntos indigestos”.


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