segunda-feira, 24 de outubro de 2011

“Invisibilidade pública”

Li há poucos dias uma matéria que meu filho trouxe do colégio sobre invisibilidade pública. A matéria de Plínio Delphino, Diário de São Paulo, trazia a experiência do psicólogo social Fernando Braga da Costa. Fernando vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. O psicólogo constatou que ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são “seres invisíveis, sem nome”. Fernando durante os oito anos trabalhava meio período como gari e não recebia salário, mas garante que teve a maior experiência de sua vida. Ele disse que sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. Comentou que professores que o abraçavam nos corredores da USP passavam por ele e não o reconheciam por causa do uniforme. Ás vezes até esbarravam nele, mas nunca pediam desculpas.
Fernando comenta ainda que no primeiro dia quando pararam para tomar café não havia canecas. Então, um dos garis foi até uma lixeira, retirou dali duas latas de refrigerante, cortou as duas e serviu ali o café para ele. Ele sabia que na lixeira tinham formigas, baratas, etc. Foi só a partir desse momento que os garis passaram a conversar com ele, pois sabiam que ele estava ali apenas realizando uma experiência. Fernando finaliza sua entrevista dizendo que quando volta para o mundo real chora, diz que é triste observar essa dura realidade. Hoje, passada a experiência, ele se tornou amigo daqueles homens, frequenta suas casas. Diz ainda que mudou, que ficou curado de sua doença burguesa. Hoje faz questão de cumprimentar um trabalhador.
E eu? E o amigo leitor? Costumamos cumprimentar trabalhadores nas ruas, garis, faxineiros dos banheiros do shopping Center? Vale a pena ver mais do que uniforme ou condição social, vale a pena ver mais pessoas, mais humanos. Que tal experimentar fazer disso um hábito? Há anos percebo que quando cumprimento e converso com faxineiros de banheiros, por exemplo, noto suas expressões carinhosas e por vezes infelizmente surpresas. Eles não são invisíveis, nós é que por vezes somos “míopes”.

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