terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Amanhã

Que dia é hoje? Quando falamos que vamos deixar para resolver algo amanhã pode ser o dia seguinte ou uma forma de dizer futuramente. Há o velho ditado “não deixe para amanhã o que pode fazer hoje”. Embora haja também aqueles que dizem com tranquilidade “ah, deixa isso pra depois”. Nem sempre é prático deixar as coisas para “amanhã”. Um pedido de desculpas. Um, eu te amo. Até um, muito obrigado, amanhã pode ser tarde demais. No último sábado de setembro estive numa bela festa de casamento numa churrascaria aqui em São José. Entre os animados bate-papos, bebidas e boa comida tornou-se notório o comportamento de dois homens. Um deles com cerca de 43 anos, o outro, de cabelos totalmente brancos na casa dos 70. O mais jovem que era o pai do noivo aproximou-se do mais velho, pegou em sua mão e a beijou. Em seguida beijou seu rosto e por alguns instantes manteve a cabeça desse senhor encostada em seu peito enquanto acariciava seu rosto. Pai e filho numa demonstração de carinho. Minutos depois, minha esposa e eu elogiamos sua atitude. O belo gesto de carinho era discreto, mas tocante. Trinta dias se passaram e recebemos a notícia da repentina morte do pai, um infarto. A imagem que nos veio à mente era aquela. Pai e filho numa bela demonstração de carinho.
Sabemos que os dias continuam com as mesmas 24 horas de sempre. Os anos continuam com 365 dias e o mesmo período de duração. Por que a impressão de que está passando tão rápido, muitos se perguntam. Essa louca “correria” do dia-a-dia pode ser uma armadilha. Armadilha de nos tirar não a liberdade, mas de nos prender em um sentimento de “por que não passei mais tempo com ele ou ela”, “por que não a visitei”, ‘por que não disse aquilo que seria tão importante”? Parece que quando se trata de nossos mais importantes relacionamentos “amanhã” pode ser tarde demais. Que dia é hoje? É dia de fazer o que tem de ser feito e dizer o que tem de ser dito. É dia de calar-se diante do que não é importante e demonstrar os melhores sentimentos. O presente é hoje. Amanhã é um talvez. Aquele último sábado de setembro foi a última oportunidade de pai e filho demonstrarem o que sentiam. Que bom que aquele filho não deixou a demonstração de seus sentimentos para um “amanhã”.

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