domingo, 4 de março de 2012

O tempo

Dizem que o tempo não passa quem passa somos nós. Parece que foi ontem que vi dos altos do bairro Jardim Cidade a inauguração do shopping Center Itaguaçú. Já faz quase trinta anos. As lembranças da tenra idade, do primeiro dia de aula, das brincadeiras de bang bang, do futebol de rua. Tudo tem passado tão rápido que discordo de dizer que o tempo não passa. Penso que os bons e maus momentos se foram. Penso nos momentos atuais, principalmente nos bons. Tenho receio que continue a passar rápido. Logo os filhos serão adultos. Até aí tudo bem, é o ciclo natural, melhor assim. Outro dia quando perguntaram quando termino de pagar meu apartamento, respondi:
- Aos 65 anos quito o apartamento – A pessoa falou:
- Ah, passa rápido – Respondi:
- Não tenho pressa, tomara que demore.
É difícil imaginar-me aos 65 anos. Penso se estou fazendo o meu melhor. Com meus pais, com meus filhos, com minha esposa, com meus amigos. Aquilo que hoje me faz sentir saudade é também algo que hoje vivo e amanhã sentirei saudades. Como aproveitar? Viver com lembranças tão vivas que parece uma tela de TV. Como seria bom uma máquina do tempo, dessas de filmes de ficção. Escolheria três dias. Um seria na casa de meu falecido avô, em Paulo Frontin, no Paraná. Um maravilhoso sítio, todo a moda antiga, sem luz, sem água encanada. Que saudade. O segundo seria num dos dias com minhas irmãs, queria brincar até cair de sono e deixar que nossos pais nos levassem até nossas camas. O terceiro seria um dia em que não parei para ouvir um amigo. Ele bateu a minha porta, desabafou sobre uma briga de seus pais, esperava algo de mim. Não fiz nada que o ajudasse. Aos 17 anos deveria ser mais solidário, principalmente eu que entendia um pouco do assunto. Mas se pudesse pedir mais um dia, pediria o dia em que nasci, queria tudo de novo, gostaria de mexer em cada momento. Pior é lembrar que o tempo continua, prossegue, nós passamos, eu passo. Vejo um idoso na rua e tento imaginar suas recordações. Aliás, com uma máquina do tempo eu queria o passado, nada de ver o futuro. O passado, as escolhas, os erros e acertos me trouxeram a esse momento, a este texto. Espero que todos os leitores saibam aproveitar seu tempo. O passado, já era. O futuro, quem sabe? O presente é o tempo, o hoje. Um presente a ser usado como uma semente plantada e cultivada para um amanhã repleto de boas recordações e sem motivos de remorsos. Aproveitemos bem o tempo, porque se for verdade que nós é que passamos e não ele, então, agora é tempo de viver e “acertar”.

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