sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Encontro saudoso

Foi puro acaso. No calçadão da Felipe Schmidt todos se encontraram, um a um. Vinha da Praça XV seu “Bom Dia” e logo avistou dona “Boa Tarde”. Emocionaram-se e disseram um ao outro: - “Bom Dia”. - “Boa Tarde”. - Que bom te ver! - Eu é que digo! - Como tem passado “Dona Boa Tarde”? - Ah meu amigo, que saudades dos bons tempos, de quando éramos reconhecidos e tão bem usados. - Calma dona “Boa Tarde”. Tenho Esperança que os bons tempos voltarão. - Por falar em Esperança, essa não morre mais, olha quem vem lá. - O “dona Esperança”. Estávamos justamente falando na senhora. - Que surpresa, alguém falando em mim! - Ah, não diga isso “dona Esperança”. Tenho certeza que nós estamos bem menos em moda – disse “dona Boa Tarde”. - Olha quem vem logo ali – disse “seu Bom Dia” – É o “Por Favor”. - “Bom Dia, Boa Tarde, Esperança”, que prazer tenho em vê-los! - Ah, essa sua Educação é maravilhosa “seu Por favor” – falou “dona Esperança” – Aliás, alguém tem visto a “dona Educação”? - Vejam que coincidência – disse “dona Boa Tarde” – Olhem quem se aproxima. - “Seu Bom Dia, dona Boa Tarde, seu Por Favor, dona Esperança”, sinto imensa satisfação em estar aqui com vocês. Me orgulho de conhecê-los e de tê-los encontrado hoje. - A “dona Educação” de sempre. Não mudou nada – Disse “seu Por favor”, havia até um ar meio de galã, mas talvez fosse só cortesia. - Vocês nem vão acreditar em quem está vindo para cá. Estávamos a pouco conversando em frente o edifício Dias Velho – Quem? – Perguntaram todos curiosos. - O seu “Obrigado” – respondeu “dona Educação”. - Meus queridos e preciosos amigos – falou vigorosamente seu “Obrigado” – Quem bom encontrá-los! - Seu Obrigado, tem visto “dona Gentileza”? – Perguntou “dona Educação”. - A vi ontem. Está muito desanimada. Foi aposentada quase que a força. É lamentável! “Seu Bom Dia”, cheio de recordações, disse: - Ah que saudades dos tempos em que éramos populares. As pessoas nos usavam a todo o momento. Bons tempos aqueles. - Calma “seu Bom Dia”. Ainda há os que não nos abandonaram – disse “dona Esperança”. Ela continuou: - Ontem mesmo fiquei observando um casal com cerca de 50 anos de idade. Falaram em nós todo o dia e em todos os lugares os quais frequentaram. - Sério? – Perguntou seu “Por Favor”. - Sim, é sério. O marido assim que viu a esposa abrir os olhos disse “Bom Dia”. Foram juntos a padaria e além de repetir essa preciosidade disseram a moça atrás do balcão “Por favor”, dois pães. Em seguida disseram muito “Obrigado”. No almoço quando foram servir-se, o marido disse a esposa por “Gentileza” me alcance o arroz. Depois do almoço disseram a várias pessoas “Boa Tarde”. Ao caminharem por um supermercado lembraram até da dona “Com licença”. Logo depois do pôr-do-sol, deram “Boa Noite” a vizinhos. Ah, mas a parte mais tocante veio depois. - E o que foi? – Perguntou curioso seu Por Favor. - O marido olhou para a esposa e disse: Sabe meu bem, com toda falta de respeito que há hoje, eu sempre mantive viva a “Esperança” de encontrar alguém como você. A esposa olhou para o marido e disse: Dentre todas as suas maravilhosas qualidades o que mais me encanta é sua incomparável “Educação”. Confesso que ao ouvir esse casal senti saudades do seu “Elogio” - Seu Bom Dia, dona Boa Tarde, seu Por Favor, dona Esperança, dona Educação, seu Obrigado se abraçaram e combinaram uma visita a dona Gentileza e a dona Com licença que se sentem muito esquecidas. A Esperança é manterem-se unidos e fazê-los voltar à boca e a vida dos que as esqueceram. Talvez até encontrem o Elogio pelo caminho.

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