sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Convite à reflexão: Festa ou velório?

Convite à reflexão: Na festa ou no velório?

Se alguém te convidasse para ir a um lugar para refletir sobre a vida, a tua existência, teus desafetos, tuas qualidade e defeitos; qual seria o melhor lugar, uma festa ou um funeral?

A pergunta não é indiscreta, mas pode causar calafrios ou indignação; até aí tudo bem.

Mas estamos falando sério. Vamos pular o porquê da pergunta e ir direto aos fatos.

Numa festa se come, se bebe, se dança, se paquera, se namora; enfim, as pessoas se divertem. Nos soltamos numa festa; alguns, depois de umas e outras.

Na festa se deixa de lado as dificuldades nos estudos, no trabalho, nos relacionamentos, no casamento, atritos entre pais e filhos, a situação do país, dúvidas sobre o futuro e aí vai.

Festa é festa; não é hora e nem momento de amargura, de se procurar respostas e resolver questões; é diversão e pronto.

Sem contar os que ultrapassam nas bebidas e no dia seguinte é dor de cabeça garantida.

Mas a questão é refletir, então a festa fica para a hora da diversão. Para uma profunda reflexão, por mais estranho que possa parecer um velório é o lugar certo.

Ainda há pessoas que dizem: “eu não gosto de velório”. Ora, e quem em seu juízo perfeito pode gostar de velório? Os donos de funerárias gostam dos lucros, mas creio que nem eles gostam de funerais, principalmente de familiares. Só doido para gostar.

O fato é que vamos à velórios por vários motivos: Prestar uma última homenagem ao falecido, consolar a família e etc. Nos sentimos um tanto obrigados a comparecer perante alguém amado ou colega para compartilhar a tristeza dos familiares e de algum modo dar um forte abraço, oferecer nosso ombro amigo e compartilhar sua tristeza; até onde sei só humanos seguem rituais dos mais variados em todo o mundo, mas basicamente com o mesmo objetivo; despedida e consolo.

Mas a grande verdade é que quando nos deparamos com o caixão, vimos a face do falecido, as flores, às vezes fotografias ou vídeos; paramos por uns instantes e reservamos um tempo para nós, ainda que ninguém saiba, ninguém perceba. Paramos ali diante o finado e lembramos dele ativo, com planos, parecia até imortal.

Então os pensamentos vêm: Quando será a minha vez? Haverá muitas pessoas? Terei uma morte rápida? (um certo desejo de todos que sabemos que um dia morreremos; não sofrer e não fazer outros sofrerem).

Pensamos na esposa ou marido. Nos filhos. Nos amigos. Naquilo que estamos há tempo querendo e adiando; férias, viagem, realizar um sonho, pedir perdão e fazer as pazes com quem precisamos.

Um breve texto diz:: “O dia da morte é melhor do que o dia do nascimento… melhor é ir a uma casa onde há luto do que a casa onde há festa”. Eclesiastes 7:1,2. Bíblia.

Confesso que quando li a primeira vez achei no mínimo estranho; hoje, entendo.
Quando alguém nasce é uma alegria, mas é bem verdade que não se sabe que tipo de pessoa será ou seremos; no dia do velório estará evidente que tipo de pessoa fomos.

“Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer. Devia ter perdoado mais, fazer o que queria fazer…” Epitáfio - Titãs; linda música. (Sugiro ler o texto bíblico e ouvir a música).

Mas e se houver uma terceira possibilidade; nem festa e nem velório?
Talvez haja sim, e tenho procurado por ela. Não aguardar uma festa para me divertir deixando de lado os problemas e nem o funeral para avaliar minha vida e meus “passos”.

Quem sabe passaremos a rir, chorar, pedir perdão, perdoar, sonhar e buscar a realização dos sonhos, ver o sol nascer. Abraçar mais, dizer que amamos; tudo isso sem festa e sem velório.

As festas e velórios continuariam a cumprir seus papéis; mas as nossas reflexões estariam em outro lugar. Na sensibilidade de quem não espera por farras ou choros, mas que se dá ao prazer de ver como é bom viver e em paz, em qualquer momento e lugar. Sempre!

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