segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Quem tem tempo de morrer?

Ela é implacável. Atinge jovens e idosos, com boa ou má saúde. Não controlamos nosso tempo de duração. Há quem se contente com 70 ou 80 anos. Dizem que se chegarem lá (na casa dos 70 ou 80) estarão satisfeitas. Não acredito. Não me cabe julgar, mas por mais simples e despretensiosa que seja a pessoa, é muito pouco. Já ouvi homens na casa dos 50 dizendo que assim que se aposentassem iriam para sua casa de praia esperar a morte chegar. Que loucura. Por outro lado conheço gente que mesmo que quisesse não tem tempo de morrer. Trabalhos, estudos, planos, hobby, etc. Não sobra um tempinho pra morrer, ou como diria um bom Mané: não dá nem tempo de dar uma morridinha. O Oscar Niemeyer era um desses. Também se hoje alguém morresse com 120 anos não teria em seu funeral seus pais, seus amigos de infância, tios, primos, filhos, colegas de trabalho. Mas não faltariam pessoas para a despedida. É claro que a vida, ou nosso organismo, difere um do outro. Há os que se vão cedo, outros mais cedo ainda, quando ainda tanto queriam realizar, lamentável. O capitão Rodrigo Cambará, de O tempo e o vento, de Érico Veríssimo, pediu para sua amada Bibiana, dizer a seu filho o seguinte: Teu pai, o capitão Rodrigo, sugou a vida até deixar só o bagaço. Um amigo disse que no dia de sua morte quer estar bem consciente, afinal será o dia mais importante de sua vida. Com tantas coisas boas a fazer. Com tantas coisas lamentáveis a observar, ainda assim há os que dizem: Se viver é um cansaço quero ficar para sempre cansado. Tantas voltas só para dizer que é ruim pensar em morrer com tantas coisas a fazer. O leitor que há pouco perdeu alguém amado para o sono profundo pode se ressentir do assunto, mas enquanto há vida há esperança, já é velho o ditado. Nós, os que ainda estamos lendo, temos de pensar na vida e na morte. Complexo? Não pensar na morte é quase inevitável. Não me atreveria a ir tão longe quanto a um conhecido que já até comprou seu caixão, ui. Tomara que a correria do dia a dia. O trânsito infernal. Os compromissos com o trabalho e empresa. As expectativas da família. Nosso hobby. O retorno de nosso time a elite. Que tudo isso nos faça pensar mais na vida. Ou em como estamos a conduzindo. Definitivamente estou sem tempo de morrer. Pretendo arrumar mais algumas atividades. Mas se um dia ela chegar, e quem é louco para disso duvidar, quero que a vida seja bem aproveitada. E o leitor, como está seu tempo? Se tiver com tempo sobrando, sem planos e objetivos, tome cuidado, pode acabar sobrando tempo para...

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