terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O jeito de falar do Tonho

O Tonho além de viver correndo tem uma estranha maneira de falar, estranha mais não incomum. O “não” acompanha quase todas as suas frases. Outro dia ele passou em frente à barbearia de um amigo com sua bicicleta numa velocidade que deixaria até o Rubinho para trás. Minutos depois ele volta e diz olhando para um amigo que estava dentro da barbearia: - O João. Eu não vinha correndo com minha bicicleta rapaz. Eu não escorreguei no areão ali na frente. Eu não caí e não me ralei todo rapaz. João, mais que debochado, disse: - Que bom Tonho. Que bom que você não vinha correndo, não escorregou, não caiu, não se machucou. Tonho sem entender direito falou: - Mas foi isso que aconteceu rapaz, só que ao contrário. João sentiu pena e tentou ajudá-lo. Perguntou: - Onde você está morando, Tonho? - Tonho tentou responder: - João, não tem aquela rua que asfaltaram agora ali perto do posto de saúde? Não tem um supermercado? Não tem uma peixaria? Não tem uma casa de dois pisos nova? Então, eu moro ali do lado. João colocou a bicicleta toda torta e Tonho todo ralado dentro do seu carro e o levou até sua casa. Não pediu mais informações. Estava cansado daquela história do “não tem isso, não tem aquilo”. Quando chegaram à casa do Tonho sentiram um cheiro de churrasco de dar água na boca. Tonho desceu do carro, olhou para João e disse: - O João, tu não quer descer? Não quer entrar? Não quer comer uma carne e não quer tomar uma gelada com a gente? Assim que os dois entram na casa a mulher do Tonho pergunta: - O Tonho, tu não trouxe a carne? Não Trouxe a cerveja? Não Trouxe o carvão? O vizinho já não ta fazendo churrasco? Não ta sentindo? – Tonho, desconsolado, responde: - O mulher. Eu não tava indo? Eu não caí? Não me ralei todo? O João não me trouxe até aqui?

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