segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Vítimas de quem?

Maus tratos são recentes ou só agora têm vindo à tona? Idosos sendo covardemente agredidos. Crianças têm passado por situações similares. As cenas que observamos na TV são de dar nojo. Denunciar com certeza é uma maneira de ajudar a salvar inocentes e punir criminosos. A culpa é de quem? Há alguns anos conheci um caso lamentável. Era uma família, pai, mãe, gêmeos de 3 anos e uma menina mais velha. O pai fora preso por tráfico de drogas. Dias depois a mãe foi presa por motivo similar. As crianças foram parar num abrigo para menores nessas situações. Na cadeia esse homem voltou a engravidar a mulher. Mais um filho. Os pais saíram da prisão. Voltei a conversar com os gêmeos. Perguntei para os meninos o que gostariam de ser quando fossem adultos. Um dos meninos, com 7anos, disse: - Quero matar bandidos. Perguntei se seu pai havia sido maltratado quando foi preso. Eles responderam que não. Insisti em por que matar se seu pai foi respeitado pelos policiais quando foi preso. Um deles insistiu que queria matar quando fosse adulto. O pai voltou a ser preso. Nunca mais voltou para casa. Com a perda definitiva do pai as crianças voltaram ao abrigo. Outro dia atendi um menino de 3 anos que naquele mesmo dia havia sido retirado de casa por mandado judicial. O menino chorava copiosamente. Estava em desespero. Perguntei por que ele havia sido retirado de casa. Responderam que ele era muito mal tratado. Surras, fome e outras privações. Em minha ignorância perguntei o porquê de tanto choro se afinal de contas em casa ele só era mal tratado. Responderam-me que ele estava com muita saudade de casa e queria voltar mesmo com aquela tormenta, afinal de contas, era sua casa, eram seus pais. Horrível sensação ouvir e ver aquela cena. Há poucos dias conversei com um menino de 10 anos que faria uma apresentação em público, uma leitura, e esperava sua mãe para vê-lo. O pai ele nunca conheceu. A mãe, tão esperada para sua apresentação não compareceu. Havia bebido muito. Os olhos do garoto viam sorrisos de apreço, mas não o da mãe, a pessoa mais esperada na plateia. Idosos, crianças, mulheres, vítimas de covardia, de impunidade. Pais mortos que deixam saudades. Pais vivos que deixam “buracos” na vida de quem mais precisa deles. Os mencionados acima têm deixado vítimas. Com certeza não de maneira intencional. Procurar por respostas pode ser interessante, mas frustrante quando notamos um formidável descaso em saber: são vítimas de quem?

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