quarta-feira, 26 de junho de 2013

Blefe

O blefe não é usado apenas em jogos, como o de cartas, por exemplo. O blefe pode às vezes servir de saída de uma situação complicada, sem causar danos, principalmente para quem blefa. O fato aconteceu na bela cidade de São João Batista. Meu cunhado me convidou para ir a um supermercado. Fomos com o carro que eu usava que era do meu pai. Achei melhor deixar meu cunhado levar o carro por conhecer bem a região. Ao sairmos de certo comércio meu cunhado deu a marcha ré. Não viu que tinha uma moto estacionada logo atrás de nosso carro. A moto foi ao chão. O dono da moto e mais um amigo bebiam tranquilamente uma cerveja e levantaram assim que houve o incidente. Descemos do carro, aliás, no banco de trás estavam meus dois pequenos filhos. Imaginei que meu cunhado fosse pedir desculpas e se colocar a disposição para arcar com as despesas. Para minha surpresa ele disse: - Mas vocês também hein. Ali tomando cerveja e nem foram capazes de me dar um toque de que eu ia bater. Ele disse isso e “deu de ombros”. Entrou no carro como se nada de mais tivesse acontecido. Meio perdido com a situação também entrei no carro. Partimos. Uns 200 metros a frente os rapazes com a moto nos fecharam na rua. Desceram da moto e vieram em direção ao carro de meu pai. Nós também descemos e alertei os filhos a ficarem no carro. Os rapazes disseram ao meu cunhado, um de cada vez: - Tu és muito cara de pau. Derruba a moto e coloca a culpa em nós. - Vocês vão ver só, nós vamos quebrar esse carro todo essa noite. Nesse momento me preocupei. O carro era do pai. Seu único e bem cuidado Uno Mille. E agora? Como aparecer com o carro do meu pai todo quebrado? Meu cunhado voltou para o carro, tranquilo. Fiquei “congelado”. Pensei um pouco e me aproximei dos rapazes com calma e firmeza embora tentasse disfarçar o tremor das pernas. Eles fixaram os olhos em mim. Eu disse: - Prestem bem atenção. Vocês estão totalmente certos. Dou razão e apoio a vocês, mas quanto a causar qualquer dano a esse carro, pensem bem. Primeiro sugiro que procurem saber de quem é esse carro e a quem ele está ligado. Creio que há uma delegacia aqui perto. Podemos ir até lá e acessar o computador. Depois disso vocês decidirão se vão ou não tocar nesse carro. Vamos lá? Os rapazes subiram na moto e sumiram. Voltei para o carro e meu cunhado perguntou o que tínhamos conversado. Eu expliquei. Naquela ocasião o carro ficava fora do terreno de meu cunhado. Cada vez que ouvia uma moto passar sentia um forte aperto na barriga. Só podia imaginar o que teria acontecido se eles tivessem aceitado ir até a delegacia. Mesmo que eu tivesse conseguido usar o computador dos policiais tudo o que os dois rapazes descobririam, a quem o carro estava ligado, a quem pertencia. Era simplesmente de um barbeiro do bairro Bela Vista.

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