sexta-feira, 19 de outubro de 2012

“Na cara e na coragem”

Vez por outra depois de ouvir alguma coisa a meu respeito, alguém diz: Você conta histórias dos outros, quero ver escrever isso? Respondo: Publico minhas gafes com tranquilidade. Essa semana tem uma especial. Nesta quarta-feira, dia 17, completo 15 anos de casado com uma bela mulher chamada, Janaina. Acontece que o ano de 1997 foi um ano de algumas proezas. Primeiro, o noivo achou que não faria festa por falta de verba. Mas com apoio da família e amigos, saiu um ótimo churrasco, acompanhado dos pratos bem preparados pela minha mãe e as tias polacas. Segundo, a lua de mel. Sem dinheiro para bancar um passeio pela Europa, Estados Unidos, qualquer canto do país e nem do bairro, tive uma ideia. Um amigo de meu pai tinha um bom apartamento em Canasvieiras. Ele disse que só poderia me alugar seu AP se sua esposa concordasse. Falei isso a ela e a senhora sentiu-se bem em ouvir isso, que a palavra final seria a sua. Eu sabia que ela com certeza cobraria um valor justo pelo aluguel, mas também sabia que ele, o marido, não teria coragem de me cobrar o aluguel. Então a convenci de deixar que ele estipulasse o valor, alegando que ele estava mais “por dentro” dos valores. Ela concordou. (Espero que esta semana eles não recebam este jornal, ficaria mal) Quando disse a ele que ela havia concordado e que ele é que deveria dizer o valor do aluguel, ele respondeu: - Mas de jeito nenhum, rapaz. Use a vontade o apartamento. Não vou cobrar nada. A única recomendação da dona do AP era quanto a uma bonequinha que ela havia trazido do Caribe. Intocável. Terceiro problema. Eu não tinha carro quando me casei. Meu amigo Alemão e sua esposa levaram Janaina e eu até nosso local especial. Uma chuva fina e fria não me atrapalhou mais que um maldito cadeado que não abria de jeito nenhum. Já não sabia se mordia ou chutava o desgraçado do cadeado que queria destruir nossa tão esperada noite de núpcias. O Alemão foi à salvação. Abriu o cadeado e finalmente ficamos a sós, quero dizer, Janaina e eu. Enquanto a noiva delicadamente arrumava algumas coisas no quarto, eu, para ajudar, resolvi abrir espaço numa cômoda. Quando passei o braço com rapidez senti que algo havia voado e se espatifado ao chão. Era a bonequinha vinda do Caribe, xodó da dona do AP. Dali Super Bonder. Um dia um amigo, o Juca, disse que minha mulher casou comigo na cara e na coragem. Será? Poderia dizer que me fiz de pobre só para testar se ela me amava de verdade ou se tinha interesse em meus bens materiais. Conversava fiada. Acredito que foi o amor que a levou a ter essa coragem. E hoje, 15 anos depois, começo o dia entregando a ela belas rosas. Sei que ela irá sorrir ao ver as rosas e então as rosas é que serão presenteadas com seu lindo sorriso.

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