sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Unidos e separados

Depois de anos de união, seu Álvaro e dona Maria decidiram pela separação. Diálogos, discussões, desacordos, e talvez desilusões levaram um casamento de 15 anos ao triste fim. Separações são sempre dolorosas, sempre deixam cicatrizes e como essas marcas não precisam ser físicas, nem sempre são tratadas. Marido sofre, esposa sofre e filhos sofrem muito. Três meses haviam se passado desde a separação quando a família foi surpreendida por uma notícia mais difícil que a primeira. Dona Maria fora diagnosticada com uma doença degenerativa. Grave, sem cura, penosa. Seu Álvaro levou consolo a ex-esposa e a filha Bruna de 14 anos. Ao olhar para a ex-companheira percebeu que apenas um consolo, um abraço e um tudo vai ficar bem, seria pouco, muito pouco. Seu Álvaro decidiu que a partir daquele dia, embora divorciado, cuidaria de dona Maria sempre, quanto tempo e com o que fosse necessário. Com o tempo lhe apareceu um novo relacionamento, uma nova união. Com uma condição inegociável. A nova esposa teria de concordar plenamente com seu apoio a dona Maria. Os anos foram passando e a doença aos poucos destruindo a qualidade de vida de dona Maria. Precisava de ajuda para praticamente tudo. Até ficar sentada já era difícil. A única resistência dela era quando ia ao banheiro. Mesmo com todo o apoio de seu Álvaro e sua anterior convivência, isso não lhe conformava. Ele também nisso a respeitava. Criou mecanismos simples e úteis para ela ficar mais a vontade. Treze anos se passaram. Dona Maria descansou. Seu Álvaro chorou ao lado daquela que um dia fora sua namorada, um dia sua esposa, um dia sua amiga e paciente. Hoje seu Álvaro diz que se lhe perguntassem por que eles se separaram não mais encontraria uma resposta cabível. Ele apenas sabe que estiveram sempre unidos.

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